Acácias : Libertando corações amaldiçoados
Acácias : Libertando corações amaldiçoados
Por: Dione Oliveira
Capítulo 1

A vida às vezes é tão monótona, ou será que era apenas a minha?

Muitas vezes, a rotina te aprisiona, deixando você ansiando por mudanças, talvez uma promoção no trabalho, um novo amor, ou qualquer coisa que transforme sua vida.

Seja o que for, eu estava sentindo que algo faltava na minha vida. Acreditava ser uma realização profissional... Como eu estava enganada.

O fato é que desde que me mudei para Albuquerque para estudar Jornalismo, sempre foi assim.

Primeiramente, vieram os anos de faculdade, nos quais tive que lidar com a solidão e a saudade da vovó; em seguida, veio o trabalho, e aos poucos, criei raízes aqui. Apesar da saudade ainda persistir, aprendi a conviver com ela, tudo isso em busca de um sonho: ter minha própria coluna na revista Star Models.

Essa revista foi uma companheira desde a infância, e foi por esse motivo que escolhi estudar jornalismo. Essa decisão se mostrou acertada, pois consegui um emprego como assistente de redação, ou seja, ainda não escrevia minhas próprias matérias, mas estava muito próxima disso.

Em uma terça-feira, acordei cheia de esperança, já que havia feito um trabalho excelente no dia anterior, pelo qual meu editor-chefe me elogiou. Tinha certeza de que sairia da minha rotina com uma promoção, que aguardava há dois anos. Finalmente teria a oportunidade de realizar meu sonho...

Levantei cantarolando naquela manhã; tudo parecia perfeito do meu ponto de vista. O sol estava revigorante, brilhando com todo o esplendor na minha janela, iluminando meu pequeno apartamento.

Era como se o ar estivesse diferente, eu inspirava felicidade ansiosa por uma nova etapa da minha vida. Mudar de cargo para mim representava mais que um novo trabalho, era minha saída da rotina chata que marcaram esses últimos anos.

Tomei um banho rápido e troquei de roupa, sentindo a ansiedade fluir dentro de mim, mas não daquela ruim que te deixa sem ar. Era mais alegria, ao esperar algo bom.

Saí de casa mais cedo do que o habitual, com um sorriso amplo nos lábios, ainda refletindo as palavras do Senhor Williams no dia anterior, durante uma reunião na frente de todos.

“Você fez um excelente trabalho, Kaya. Meus parabéns.”

Após a reunião, ele teve outras, mas me avisou que gostaria de falar comigo.

Por esse motivo, estava tão feliz; eu tinha tanta certeza de que viria uma boa notícia. É uma pena que eu estava enganada.

Desci o elevador do meu prédio e cumprimentei o novo porteiro, sem tempo para aprender seu nome.

Ao cruzar o portão do prédio, uma rajada de vento veio ao meu encontro. Parei quando uma voz, que parecia ser trazida com o vento, sussurrou meu nome como um assobio arrepiante.

Eu sabia que isso era improvável, mas tinha certeza de que ouvi.

Olhei para os lados buscando alguém que pudesse ter me chamado, mas não havia nenhum conhecido próximo.

— Olá...— cumprimentei quem quer que tivesse me chamado.

“Kaya” — sussurrou mais uma vez.

Girei no mesmo lugar buscando a origem e mais uma vez nada.

— Que estranho! — resmunguei baixinho, sentindo um arrepio subir pela minha coluna.

Esfreguei meus braços afastando essa sensação estranha e entrei no meu carro, protegendo-me do vento.

Dirigi até meu trabalho, e pouco a pouco tudo dentro de mim foi se acalmando, e minha alegria retornando.

Convenci-me de que aquilo não era nada, e com o tempo até esqueci desse acontecimento.

Ao chegar à revista, o Senhor Williams já estava no cubículo que era meu espaço de trabalho; achei isso estranho. Ele não era do tipo que ia atrás, muito pelo contrário, se acomodava em sua cadeira e de lá só saía se fosse realmente necessário.

— Bom dia, Senhor Williams. — Cumprimentei ao passar pela porta e ao tirar minha bolsa transversal.

— Bom dia. — respondeu de forma seca e diria até mal educada.

Mais uma vez, estranhei o comportamento dele, que sempre foi um poço de simpatia e educação.

— O senhor disse ontem que gostaria de me ver. — Dei um sorriso simpático. — Bom, aqui estou.

— Está demitida! — disse de uma vez, e senti como se uma bomba tivesse sido jogada em minha cabeça, desmoronando meu mundo, meus sonhos e expectativas.

— Mas... eu fiz algo errado? — questionei, com voz trêmula.

— Muito pelo contrário, seu trabalho é excelente, porém sabe que o senhor Smith há tempos vem se recusando a modernizar a revista. Infelizmente, recebi um telefonema hoje cedo comunicando a falência. Ele respirou fundo antes de continuar.

— Sendo claro. Estamos desempregados. — Ele falou de forma mais informal, ficando cabisbaixo. — Foi um golpe para mim também e será para todos os demais.

Ele concluiu, e eu fiquei ali parada, sentindo as lágrimas querendo rolar, tendo que controlar. Não queria chorar perto do meu chefe, ou melhor, meu ex-chefe.

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