O olhar de vovó fixou nos meus com pesar e dor por minha escolha, então ela correu ao meu encontro envolvendo seus braços em um abraço apertado em mim. — Não, eu não vou permitir. — Sua voz era chorosa e desesperada. Eu a abracei e vi o Henry compartilhando do mesmo desespero que ela e tentando se libertar do círculo, mas não importava o que ele fazia era em vão. Somente magia romperia o círculo e o deixaria livre, porém quando ele atravessasse o Edrick assumiria. — Tem que ser a última vez. Por favor… — Implorei a ela pois não deseja mais pessoas sofrendo ou morrendo por causa de mim e de Amélia. Vovó mesmo contrariada aceitou minha decisão. Ela não tinha muita escolha a não ser torcer para que tudo desse certo dessa vez. Virei para Amélia e me afastei de minha vó. Eu sabia o que devia fazer , repetia mentalmente as instruções da vovó e não era difícil afinal ela já havia explicado que deveríamos realizar a mesma magia do passado, mas desta vez juntas. Mesmo assim fo
Eu conheci Henry aos oito anos, correndo pelo campo atrás de borboletas, acreditando que eram fadas disfarçadas. Era primavera, o campo repleto de flores, girassóis plantados por papai e seu sócio. — Espera, fadinha, quero um desejo. — disse pulando, tentando alcançar uma borboleta monarca que fugia. — Para de ser egoísta, só um pedido bem pequenininho. — Argumentei com a borboleta, fazendo sinal de mínimo. Pulei alto para pegá-la, tropecei e caí de barriga no chão, sujando meu vestido e machucando os joelhos. Com lágrimas nos olhos, procurei meu pai, mas ele estava longe. Tentei engolir o choro, cabeça baixa, chateada por a fada não ter me ajudado. — Você é muito feia, podia ter virado fada e concedido um pedido. — reclamei, olhando para o chão. Repentinamente, uma sombra se aproximou, encheu meu coração de esperança e alegria. “A fadinha me ouviu.” Diante do sol, um menino loiro de olhos azuis, dois anos mais velho, sorria amigavelmente e segurava um pote de vidro com
Alguns meses se passaram, e Acácias parecia um lugar... diferente. Bom, não tão diferente. Eu me acostumei e aceitei o fato de ser uma bruxa, ter um vampiro como meu melhor amigo, e já ter tido um fantasma como ex. Afinal, como eu poderia lutar contra isso? Estava feliz ao lado de Henry, finalmente compreendendo que ele era meu destino e meu amor. Às vezes, seguimos caminhos opostos na vida, escolhendo o mais fácil para evitar as tempestades. Optar pelo caminho fácil apenas cria uma curva na estrada, nos levando de volta ao mesmo lugar. Enfrentar os desafios é fundamental para o crescimento. Foi exatamente o que fiz ao vir para Acácias, buscando minha tempestade. Poderia ter ignorado aquele cartaz e ter ouvido os que me diziam ser loucura, mas isso apenas adiaria tudo de bom que encontrei aqui. A maldição chegou ao fim, embora nem toda magia seja perfeita. As barreiras de Acácias se abriram, permitindo-nos entrar e sair livremente, mas o portal ainda aparecia em diferentes lug
Já estava quase anoitecendo, sem notícias, e para me acalmar, já havia pedido meu vício e fonte de relaxamento: café. Ouvi batidas na porta e corri para atender, mas quando abri, não havia ninguém, apenas um envelope branco. Ao abrir, já pensando no pior após tudo o que passei, fui surpreendida ao ler o cartão: “Kaya, que minha ausência tenha deixado saudades e que agora ela grite para vir aos meus braços. Aguardo você no quarto 905. Henry.” Corri para o elevador, pressionando repetidamente o botão do nono andar. Mas quando se tem pressa, tudo parece se arrastar com uma lentidão torturante. Queria encontrá-lo e cobri-lo de beijos por um bilhete tão fofo, mas o maldito elevador parecia estar contra mim, subindo vagarosamente, pelo menos era o que parecia. Assim que o elevador parou no nono andar, a música "Always" da Sofia Carson, minha favorita, ecoava no corredor, facilitando a localização do quarto pela melodia. Cheguei em frente ao quarto 905, a porta entreaberta e um
Minhas costas se chocaram contra alguém que amorteceu o impacto, minhas forças se esvaíram e tudo escureceu, e minha mente clareou, trazendo lembranças que há muito havia esquecido, como, por exemplo, o dia em que conheci Henry.Meus sentimentos finalmente eram claros, e tudo fazia sentido. Estava presa em uma maldição que me fez confundir tudo o que sentia. Henry sempre foi um amigo protetor e companheiro de leitura, compartilhávamos gostos parecidos, porém não os mesmos sentimentos. Eu não o amava, e meu coração estava apertado por ter que enfrentar essa verdade.Senti meu corpo todo dolorido como se tivesse levado uma surra. Abri os olhos, e Drake me encarava cheio de preocupação, com seus braços envolvendo meu corpo. Sentia um nó atravessado na minha garganta, a verdade era que desde que cheguei em Acácias havia me habituado a enfrentar meus medos.— Obrigada. — Apoiei minhas mãos no chão, buscando forças e me afastando dos braços de Drake.— Ferrou! Não conseguiu se livrar de mim
Minhas costas se chocaram contra alguém que amorteceu o impacto, minhas forças se esvaíram e tudo escureceu por um momento, enquanto minha mente clareava, trazendo lembranças que havia esquecido há muito tempo, como o dia em que conheci Henry. Lembrava de tudo o que vivi com o Edrick e Henry, e, assim como a maldição acabou, meus sentimentos por eles também se encerraram. Nada do que estava vivendo atualmente era meu, tudo reflexo da magia que me prendia aos Wessex; todos os sentimentos que pensei ter eram apenas ilusões. Ali, caída e amparada por braços grandes e fortes capazes de transmitir tanto calor, mesmo sendo gélidos, reconheci a única verdade de todo esse tempo. Estava apaixonada pelo Drake, e a maldição havia me deixado de olhos vendados. Quando ergui o olhar, encontrei os olhos acinzentados de Drake, que me encaravam com o temor de me perder. Tudo o que vivemos ao longo dessa jornada passou por meus pensamentos como um filme de romance, no qual eu era uma protagonis
A vida às vezes é tão monótona, ou será que era apenas a minha?Muitas vezes, a rotina te aprisiona, deixando você ansiando por mudanças, talvez uma promoção no trabalho, um novo amor, ou qualquer coisa que transforme sua vida.Seja o que for, eu estava sentindo que algo faltava na minha vida. Acreditava ser uma realização profissional... Como eu estava enganada.O fato é que desde que me mudei para Albuquerque para estudar Jornalismo, sempre foi assim. Primeiramente, vieram os anos de faculdade, nos quais tive que lidar com a solidão e a saudade da vovó; em seguida, veio o trabalho, e aos poucos, criei raízes aqui. Apesar da saudade ainda persistir, aprendi a conviver com ela, tudo isso em busca de um sonho: ter minha própria coluna na revista Star Models.Essa revista foi uma companheira desde a infância, e foi por esse motivo que escolhi estudar jornalismo. Essa decisão se mostrou acertada, pois consegui um emprego como assistente de redação, ou seja, ainda não escrevia minhas pró
Os dias passaram tão rapidamente desde que perdi meu trabalho, mas ainda é difícil acreditar que meu sonho tenha chegado ao fim. Tudo isso devido à má administração e à recusa dos proprietários em modernizar e transformar a revista em formato digital, levando eventualmente à falência, e junto com ela, a destruição dos meus sonhos de infância. Às vezes, ainda me recordo vividamente de como essa revista marcou minha infância, das vezes em que corria pela enorme sala da vovó ao ouvir o som do correio chegando. Minha avó costumava sentar comigo, e juntas folheávamos as páginas grossas com modelos de todo o mundo. Ela então me contava histórias sobre quando minha mãe trabalhava lá antes de se casar com meu pai, o que me fazia sentir mais próxima deles. Acho que me apeguei a esse sonho para manter viva uma parte da minha mãe junto a mim. Foi o jeito que uma criança de oito anos conseguiu lidar com o luto, e agora o vazio era ainda pior. Esse foi o verdadeir