Quando desci, minha avó estava à nossa espera, e os três juntos seguimos rumo à mansão antiga. Durante todo o trajeto a sensação de que era um bezerro indo para o abatedouro não me deixava. Eu estava com medo e ao mesmo tempo determinada a dar um fim a essa maldição de um jeito ou de outro. Dessa vez o trajeto pareceu mais rápido do que da outra vez em que fui nessa direção, talvez por passar o caminho preocupada com o que estava por vir e nem mesmo vi o tempo passar. Quando menos esperei estava no lugar onde tudo começou e onde tudo deveria terminar. Inspirei fundo e ergui minhas mãos espalmadas para cima ao sair do carro, não sentia a energia de Amélia. — Vó, não a sinto aqui. — Olhei para minha avó, que ainda descia do carro. Minha avó colocou-se ao meu lado, segurando uma das minhas mãos, enquanto a outra se voltava para a casa. — Tente mais uma vez. — ordenou. Fechei os olhos novamente, canalizei a magia da minha avó e consegui visualizar minha irmã no interior da c
— VÓÓÓ! — gritei e corri até ela temendo o pior e segurei em suas mãos frágeis e frias. Henry tentou fazer o mesmo, mas estava preso no círculo mágico e foi impedido. Meu coração só se aliviou quando sua pele voltou a se aquecer e ela foi abrindo os olhos. Tudo aconteceu em questão de minutos, porém para mim foi como em um filme em câmera lenta. — Estou bem, Chicletinha. — Vovó disse acariciando meu rosto com carinho e isso tranquilizou-me e sorri por alívio. — Patético. — Disse Amélia com riso em sua voz. Ela se divertia com nosso desespero. — Como pode fazer isso com ela. — perguntei sentindo meu coração começar a se encher de raiva. — É o que os traidores merecem. — rebateu indiferente. — Kaya, precisa se concentrar em bons sentimentos. — Murmurou vovó e assenti com a cabeça. Embora eu não soubesse como manter o equilíbrio entre tudo o que eu sentia. — O perdão, somente ele a liberta de maus sentimentos. — Acrescentou vovó e embora o Drake fosse o que lesse pensam
O olhar de vovó fixou nos meus com pesar e dor por minha escolha, então ela correu ao meu encontro envolvendo seus braços em um abraço apertado em mim. — Não, eu não vou permitir. — Sua voz era chorosa e desesperada. Eu a abracei e vi o Henry compartilhando do mesmo desespero que ela e tentando se libertar do círculo, mas não importava o que ele fazia era em vão. Somente magia romperia o círculo e o deixaria livre, porém quando ele atravessasse o Edrick assumiria. — Tem que ser a última vez. Por favor… — Implorei a ela pois não deseja mais pessoas sofrendo ou morrendo por causa de mim e de Amélia. Vovó mesmo contrariada aceitou minha decisão. Ela não tinha muita escolha a não ser torcer para que tudo desse certo dessa vez. Virei para Amélia e me afastei de minha vó. Eu sabia o que devia fazer , repetia mentalmente as instruções da vovó e não era difícil afinal ela já havia explicado que deveríamos realizar a mesma magia do passado, mas desta vez juntas. Mesmo assim fo
Eu conheci Henry aos oito anos, correndo pelo campo atrás de borboletas, acreditando que eram fadas disfarçadas. Era primavera, o campo repleto de flores, girassóis plantados por papai e seu sócio. — Espera, fadinha, quero um desejo. — disse pulando, tentando alcançar uma borboleta monarca que fugia. — Para de ser egoísta, só um pedido bem pequenininho. — Argumentei com a borboleta, fazendo sinal de mínimo. Pulei alto para pegá-la, tropecei e caí de barriga no chão, sujando meu vestido e machucando os joelhos. Com lágrimas nos olhos, procurei meu pai, mas ele estava longe. Tentei engolir o choro, cabeça baixa, chateada por a fada não ter me ajudado. — Você é muito feia, podia ter virado fada e concedido um pedido. — reclamei, olhando para o chão. Repentinamente, uma sombra se aproximou, encheu meu coração de esperança e alegria. “A fadinha me ouviu.” Diante do sol, um menino loiro de olhos azuis, dois anos mais velho, sorria amigavelmente e segurava um pote de vidro com
Alguns meses se passaram, e Acácias parecia um lugar... diferente. Bom, não tão diferente. Eu me acostumei e aceitei o fato de ser uma bruxa, ter um vampiro como meu melhor amigo, e já ter tido um fantasma como ex. Afinal, como eu poderia lutar contra isso? Estava feliz ao lado de Henry, finalmente compreendendo que ele era meu destino e meu amor. Às vezes, seguimos caminhos opostos na vida, escolhendo o mais fácil para evitar as tempestades. Optar pelo caminho fácil apenas cria uma curva na estrada, nos levando de volta ao mesmo lugar. Enfrentar os desafios é fundamental para o crescimento. Foi exatamente o que fiz ao vir para Acácias, buscando minha tempestade. Poderia ter ignorado aquele cartaz e ter ouvido os que me diziam ser loucura, mas isso apenas adiaria tudo de bom que encontrei aqui. A maldição chegou ao fim, embora nem toda magia seja perfeita. As barreiras de Acácias se abriram, permitindo-nos entrar e sair livremente, mas o portal ainda aparecia em diferentes lug
Já estava quase anoitecendo, sem notícias, e para me acalmar, já havia pedido meu vício e fonte de relaxamento: café. Ouvi batidas na porta e corri para atender, mas quando abri, não havia ninguém, apenas um envelope branco. Ao abrir, já pensando no pior após tudo o que passei, fui surpreendida ao ler o cartão: “Kaya, que minha ausência tenha deixado saudades e que agora ela grite para vir aos meus braços. Aguardo você no quarto 905. Henry.” Corri para o elevador, pressionando repetidamente o botão do nono andar. Mas quando se tem pressa, tudo parece se arrastar com uma lentidão torturante. Queria encontrá-lo e cobri-lo de beijos por um bilhete tão fofo, mas o maldito elevador parecia estar contra mim, subindo vagarosamente, pelo menos era o que parecia. Assim que o elevador parou no nono andar, a música "Always" da Sofia Carson, minha favorita, ecoava no corredor, facilitando a localização do quarto pela melodia. Cheguei em frente ao quarto 905, a porta entreaberta e um
Minhas costas se chocaram contra alguém que amorteceu o impacto, minhas forças se esvaíram e tudo escureceu, e minha mente clareou, trazendo lembranças que há muito havia esquecido, como, por exemplo, o dia em que conheci Henry.Meus sentimentos finalmente eram claros, e tudo fazia sentido. Estava presa em uma maldição que me fez confundir tudo o que sentia. Henry sempre foi um amigo protetor e companheiro de leitura, compartilhávamos gostos parecidos, porém não os mesmos sentimentos. Eu não o amava, e meu coração estava apertado por ter que enfrentar essa verdade.Senti meu corpo todo dolorido como se tivesse levado uma surra. Abri os olhos, e Drake me encarava cheio de preocupação, com seus braços envolvendo meu corpo. Sentia um nó atravessado na minha garganta, a verdade era que desde que cheguei em Acácias havia me habituado a enfrentar meus medos.— Obrigada. — Apoiei minhas mãos no chão, buscando forças e me afastando dos braços de Drake.— Ferrou! Não conseguiu se livrar de mim
Minhas costas se chocaram contra alguém que amorteceu o impacto, minhas forças se esvaíram e tudo escureceu por um momento, enquanto minha mente clareava, trazendo lembranças que havia esquecido há muito tempo, como o dia em que conheci Henry. Lembrava de tudo o que vivi com o Edrick e Henry, e, assim como a maldição acabou, meus sentimentos por eles também se encerraram. Nada do que estava vivendo atualmente era meu, tudo reflexo da magia que me prendia aos Wessex; todos os sentimentos que pensei ter eram apenas ilusões. Ali, caída e amparada por braços grandes e fortes capazes de transmitir tanto calor, mesmo sendo gélidos, reconheci a única verdade de todo esse tempo. Estava apaixonada pelo Drake, e a maldição havia me deixado de olhos vendados. Quando ergui o olhar, encontrei os olhos acinzentados de Drake, que me encaravam com o temor de me perder. Tudo o que vivemos ao longo dessa jornada passou por meus pensamentos como um filme de romance, no qual eu era uma protagonis