Apenas um dia, e a esperança estava diminuindo dando lugar a uma angústia e um medo que me apavorava. Minha avó tentava feitiços para localizar Amélia todos os dias, porém, mesmo sem seu poder estar completo, ela ainda conseguia dar um jeito de se esconder. Como última tentativa, minha avó lançou um feitiço mensageiro, esperando que uma mensagem escrita aparecesse para minha irmã e que Amélia ouvisse a voz da minha avó. Henry e Drake rompiam a trégua, algumas vezes parecendo prestes a se confrontar. Na pousada, apenas Belle permanecia; embora Soya estivesse livre do controle da Amélia, Charles decidiu mantê-la por perto para garantir que novos desaparecimentos não ocorressem. — Acha que vai dar certo dessa vez? — ergui a colher de sopa, assoprando-a antes de levar à boca. — Como em todas as vezes, Chicletinha, torço para que sim. — respondeu minha avó, provando a sopa de Belle e fazendo careta. — Essa menina exagera no sal. — Eu não tenho dúvidas de que iremos conseguir, ju
Quando desci, minha avó estava à nossa espera, e os três juntos seguimos rumo à mansão antiga. Durante todo o trajeto a sensação de que era um bezerro indo para o abatedouro não me deixava. Eu estava com medo e ao mesmo tempo determinada a dar um fim a essa maldição de um jeito ou de outro. Dessa vez o trajeto pareceu mais rápido do que da outra vez em que fui nessa direção, talvez por passar o caminho preocupada com o que estava por vir e nem mesmo vi o tempo passar. Quando menos esperei estava no lugar onde tudo começou e onde tudo deveria terminar. Inspirei fundo e ergui minhas mãos espalmadas para cima ao sair do carro, não sentia a energia de Amélia. — Vó, não a sinto aqui. — Olhei para minha avó, que ainda descia do carro. Minha avó colocou-se ao meu lado, segurando uma das minhas mãos, enquanto a outra se voltava para a casa. — Tente mais uma vez. — ordenou. Fechei os olhos novamente, canalizei a magia da minha avó e consegui visualizar minha irmã no interior da c
— VÓÓÓ! — gritei e corri até ela temendo o pior e segurei em suas mãos frágeis e frias. Henry tentou fazer o mesmo, mas estava preso no círculo mágico e foi impedido. Meu coração só se aliviou quando sua pele voltou a se aquecer e ela foi abrindo os olhos. Tudo aconteceu em questão de minutos, porém para mim foi como em um filme em câmera lenta. — Estou bem, Chicletinha. — Vovó disse acariciando meu rosto com carinho e isso tranquilizou-me e sorri por alívio. — Patético. — Disse Amélia com riso em sua voz. Ela se divertia com nosso desespero. — Como pode fazer isso com ela. — perguntei sentindo meu coração começar a se encher de raiva. — É o que os traidores merecem. — rebateu indiferente. — Kaya, precisa se concentrar em bons sentimentos. — Murmurou vovó e assenti com a cabeça. Embora eu não soubesse como manter o equilíbrio entre tudo o que eu sentia. — O perdão, somente ele a liberta de maus sentimentos. — Acrescentou vovó e embora o Drake fosse o que lesse pensam
O olhar de vovó fixou nos meus com pesar e dor por minha escolha, então ela correu ao meu encontro envolvendo seus braços em um abraço apertado em mim. — Não, eu não vou permitir. — Sua voz era chorosa e desesperada. Eu a abracei e vi o Henry compartilhando do mesmo desespero que ela e tentando se libertar do círculo, mas não importava o que ele fazia era em vão. Somente magia romperia o círculo e o deixaria livre, porém quando ele atravessasse o Edrick assumiria. — Tem que ser a última vez. Por favor… — Implorei a ela pois não deseja mais pessoas sofrendo ou morrendo por causa de mim e de Amélia. Vovó mesmo contrariada aceitou minha decisão. Ela não tinha muita escolha a não ser torcer para que tudo desse certo dessa vez. Virei para Amélia e me afastei de minha vó. Eu sabia o que devia fazer , repetia mentalmente as instruções da vovó e não era difícil afinal ela já havia explicado que deveríamos realizar a mesma magia do passado, mas desta vez juntas. Mesmo assim fo
Eu conheci Henry aos oito anos, correndo pelo campo atrás de borboletas, acreditando que eram fadas disfarçadas. Era primavera, o campo repleto de flores, girassóis plantados por papai e seu sócio. — Espera, fadinha, quero um desejo. — disse pulando, tentando alcançar uma borboleta monarca que fugia. — Para de ser egoísta, só um pedido bem pequenininho. — Argumentei com a borboleta, fazendo sinal de mínimo. Pulei alto para pegá-la, tropecei e caí de barriga no chão, sujando meu vestido e machucando os joelhos. Com lágrimas nos olhos, procurei meu pai, mas ele estava longe. Tentei engolir o choro, cabeça baixa, chateada por a fada não ter me ajudado. — Você é muito feia, podia ter virado fada e concedido um pedido. — reclamei, olhando para o chão. Repentinamente, uma sombra se aproximou, encheu meu coração de esperança e alegria. “A fadinha me ouviu.” Diante do sol, um menino loiro de olhos azuis, dois anos mais velho, sorria amigavelmente e segurava um pote de vidro com
Alguns meses se passaram, e Acácias parecia um lugar... diferente. Bom, não tão diferente. Eu me acostumei e aceitei o fato de ser uma bruxa, ter um vampiro como meu melhor amigo, e já ter tido um fantasma como ex. Afinal, como eu poderia lutar contra isso? Estava feliz ao lado de Henry, finalmente compreendendo que ele era meu destino e meu amor. Às vezes, seguimos caminhos opostos na vida, escolhendo o mais fácil para evitar as tempestades. Optar pelo caminho fácil apenas cria uma curva na estrada, nos levando de volta ao mesmo lugar. Enfrentar os desafios é fundamental para o crescimento. Foi exatamente o que fiz ao vir para Acácias, buscando minha tempestade. Poderia ter ignorado aquele cartaz e ter ouvido os que me diziam ser loucura, mas isso apenas adiaria tudo de bom que encontrei aqui. A maldição chegou ao fim, embora nem toda magia seja perfeita. As barreiras de Acácias se abriram, permitindo-nos entrar e sair livremente, mas o portal ainda aparecia em diferentes lug
Já estava quase anoitecendo, sem notícias, e para me acalmar, já havia pedido meu vício e fonte de relaxamento: café. Ouvi batidas na porta e corri para atender, mas quando abri, não havia ninguém, apenas um envelope branco. Ao abrir, já pensando no pior após tudo o que passei, fui surpreendida ao ler o cartão: “Kaya, que minha ausência tenha deixado saudades e que agora ela grite para vir aos meus braços. Aguardo você no quarto 905. Henry.” Corri para o elevador, pressionando repetidamente o botão do nono andar. Mas quando se tem pressa, tudo parece se arrastar com uma lentidão torturante. Queria encontrá-lo e cobri-lo de beijos por um bilhete tão fofo, mas o maldito elevador parecia estar contra mim, subindo vagarosamente, pelo menos era o que parecia. Assim que o elevador parou no nono andar, a música "Always" da Sofia Carson, minha favorita, ecoava no corredor, facilitando a localização do quarto pela melodia. Cheguei em frente ao quarto 905, a porta entreaberta e um
Minhas costas se chocaram contra alguém que amorteceu o impacto, minhas forças se esvaíram e tudo escureceu, e minha mente clareou, trazendo lembranças que há muito havia esquecido, como, por exemplo, o dia em que conheci Henry.Meus sentimentos finalmente eram claros, e tudo fazia sentido. Estava presa em uma maldição que me fez confundir tudo o que sentia. Henry sempre foi um amigo protetor e companheiro de leitura, compartilhávamos gostos parecidos, porém não os mesmos sentimentos. Eu não o amava, e meu coração estava apertado por ter que enfrentar essa verdade.Senti meu corpo todo dolorido como se tivesse levado uma surra. Abri os olhos, e Drake me encarava cheio de preocupação, com seus braços envolvendo meu corpo. Sentia um nó atravessado na minha garganta, a verdade era que desde que cheguei em Acácias havia me habituado a enfrentar meus medos.— Obrigada. — Apoiei minhas mãos no chão, buscando forças e me afastando dos braços de Drake.— Ferrou! Não conseguiu se livrar de mim