Capítulo 2

Por Kim Jin-Hoo

Quando termino de encher a taça com o vinho, Ha-na me encara com curiosidade. Agora, de perto, consigo ver o quanto ela é realmente linda e sexy. Seu cabelo longo e escuro estava levemente ondulado, caindo sobre os ombros como se moldasse seu rosto de propósito. A maquiagem suave apenas acentuava a intensidade dos olhos escuros e misteriosos, mas a boca... Ah, essa boca. Sempre foi minha fraqueza. Carnuda, perfeitamente delineada, parece um convite para o pecado.

Não posso evitar. Minha mente vagou por um instante, imaginando como seria passar a língua por entre aqueles lábios, mordê-los, senti-los.

O perfume dela chega até mim, uma mistura de notas doces e marcantes. Sexy. Tentador. Ela é perigosa e, no fundo, acho que gosto disso.

— Só de olhar para você, eu me sinto impaciente, senhor Kim. — A voz dela corta meus devaneios, desafiadora. Seus olhos brilham com aquela ousadia que sempre me irritou e... me atraiu. — Não achei que estivesse na Coreia.

Pego minha taça, girando suavemente o vinho, e dou um sorriso de lado.

— Pelo visto, você não presta atenção às revistas de fofocas. Tem uma semana que cheguei. Estou assumindo a presidência.

— Hm… — Ela dá de ombros, pegando a taça e levando aos lábios. — Meus parabéns, mas ainda não entendi por que está aqui. E, principalmente, na minha mesa.

— Estou aqui no restaurante pelo mesmo motivo que você. Mas na sua mesa... por outro.

Sua sobrancelha arqueia, intrigada, mas ela não me pressiona. Melhor assim. A verdade é que aceitei vir a este encontro às cegas porque sabia que precisava considerar o casamento. Mas no momento em que a vi aqui, enviei uma mensagem cancelando a mulher com quem deveria me encontrar.

Eu já queria falar com Ha-na, e agora tinha o pretexto perfeito.

— Qual seria ele? — ela pergunta, com aquele olhar desafiador que só me faz querer provocá-la mais.

— Ha-na, é do nosso conhecimento — e acredito que de todos — que nossas famílias se odeiam. — Dou um gole no vinho antes de me inclinar levemente na direção dela. Meu tom fica mais baixo, mais íntimo. — Mas não acho que precisamos seguir os mesmos passos. Eu sei reconhecer quando tenho alguém à altura. Seria um desperdício ignorar isso.

— Devo agradecer pelo elogio? — Ela estreita os olhos, desconfiada.

— Não. Isso foi de graça. Mas o que eu tenho para lhe oferecer não será. — Cruzo os dedos e apoio os cotovelos sobre a mesa, prendendo seu olhar com o meu. — Estou abrindo uma nova empresa. Quero você como minha sócia.

A testa dela se franze de leve, formando aquela ruguinha que, por algum motivo, acho adorável.

— Desculpe, acho que não entendi. Você quer abrir uma empresa comigo? Foi isso mesmo?

— Exatamente.

Ela ri. Não de mim, mas da surpresa.

— Jin-Hoo, você acabou de dizer que nossas famílias se odeiam. E nós dois… — Ela gesticula entre nós. — Bem, nunca fomos exatamente amigos. Como isso pode dar certo?

— Talvez porque nunca tentamos. — Respondo com naturalidade. — Sei de tudo isso, mas também sei que você é a melhor no que faz. Quero me associar a você, Ha-na.

Seus olhos me estudam, e por um segundo, vejo algo quebrar na fachada impassível dela.

— Mesmo assim, já pensou no inferno que será se nossos pais descobrirem?

— Não descobrirão. Nosso acordo será sigiloso. — Meu tom é firme. — Nós dois podemos nos beneficiar disso. Além disso, sei que você está com dificuldades para assumir a presidência. Eu posso ajudá-la.

Ela ergue uma sobrancelha, desafiadora.

— E como exatamente?

— Comprando ações. Eu sou mais persistente que meu pai, Ha-na, e mais flexível. Posso garantir o apoio que você precisa. — Dou um gole no vinho e observo o brilho em seus olhos mudar. — Seu tio está disputando com você, e, mesmo sendo uma CEO excelente, o cargo de presidência exige... um jogo político. Além disso, há o machismo enraizado. Eles não vão facilitar para você.

— E como você tem tanta certeza disso? — Ela pergunta, cética, mas curiosa.

— Um dos acionistas me contou. Ele é o mesmo que trabalha para a nossa empresa.

Seus olhos se estreitam, e eu vejo a raiva tomar conta dela.

— Filho da puta.

Seu palavrão é música para os meus ouvidos. É fascinante ver essa mulher, normalmente tão controlada, mostrar um lado tão visceral.

— Tenho provas. — Digo, enquanto pego o celular e mostro a gravação da conversa. — Então, o que me diz? Podemos nos ajudar. Não somos nossos pais, Ha-na. Podemos ser melhores.

Ela toma mais um gole de vinho, deixando um sorriso escapar.

— Isso não é um golpe seu, é?

— Podemos fazer um contrato com cláusulas rígidas. — Respondo, tranquilo.

— E se eu usar isso contra você no futuro?

Dou um sorriso. Ela sabe que somos mais parecidos do que gostaria de admitir.

— Vou correr o risco. Então, o que me diz?

Um silêncio se instala, mas não é desconfortável. Nossos olhares se cruzam, intensos, como se pudéssemos ver além das palavras.

— Está bem, Jin-Hoo. Vamos elaborar isso. Quero participar de tudo, nada de me deixar de fora.

Dou um sorriso satisfeito.

— Nossos encontros podem ser em algum lugar mais calmo.

— Não aqui. Não quero que pensem que há algo entre nós. — Ela diz, brincando com a borda da taça. — Tenho um hotel reservado.

— Perfeito.

O garçom chega com o pedido e nos serve. O silêncio se instala enquanto comemos, mas não é desconfortável. Na verdade, é quase como uma partida de xadrez onde cada movimento é calculado.

Enquanto ela corta o prato com elegância, aproveito o momento para analisá-la com atenção. Ha-na é realmente uma mulher de tirar o fôlego. O conjunto que veste abraça suas curvas com perfeição. Apesar de delicadas, há algo irresistivelmente provocante em seu corpo, como se tivesse sido feito para o pecado.

Quando terminamos, ela levanta o olhar e me encara. Não como eu a observo, mas de uma forma mais intensa, como se estivesse tentando decifrar cada parte de mim. E então reconheço a expressão em seus olhos. Eu já a vi antes em outras mulheres. Desejo.

— Sabe, Ha-na, lembra do que eu disse uma vez para você?

Ela inclina a cabeça levemente, curiosa.

— Qual delas?

Meu sorriso surge de canto, mas minha voz sai rouca, carregada de uma tensão que não consigo esconder.

— Pegue o que você quer, sem medo.

Ela não desvia o olhar, e um sorriso perigoso brinca em seus lábios.

— E o que você quer no momento, Ha-na?

Ela passa a língua lentamente pelos lábios, como se quisesse me provocar.

— Você. — Ela responde sem hesitar, sem jogos, sem rodeios. Sua voz baixa, mas firme, carrega uma determinação que só aumenta meu desejo. — Não posso negar que hoje estou desejando você. No momento, o que eu quero é um lugar a sós... e descobrir se você é tão sexy quanto imagino.

O brilho em seus olhos se intensifica, e sinto o ar entre nós pesar não diga e ela continua:

— Porque eu sei que você me quer também, Jin-Hoo. Sua expressão é fria, mas o seu olhar… O seu olhar está queimando de tesão.

O sangue ferve em minhas veias, e meu pau pulsa na calça, endurecendo quase de imediato. Não há espaço para joguinhos. Não com ela. Quero tê-la agora, de todas as formas, descarregar esse desejo acumulado de uma vez por todas.

— Então o que está esperando? Venha pegar o que você quer.

— Antes disso, devo deixar claro. — Ela diz com um sorriso cheio de malícia, os olhos fixos nos meus. — É apenas uma transa. Nada mais.

Meu sorriso se abre, ainda mais provocador.

— Pelo jeito somos mais parecidos do que imaginávamos. Vamos?

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