Acerto De Contas — Máfia
Acerto De Contas — Máfia
Por: Nicolle
Epílogo

Quinta-feira 21h45.

Famiglia Colombo.

— Você é uma imprestável que não serve para nada, não vale nada, sua vadia. Você é um elemento neutro na minha vida. — os gritos estridentes do meu pai ressoam por toda casa, entre t***s e empurrões, minha mãe tenta se defender da agressão do meu pai. O que não é muito efetivo , visto que ele é muito mais forte que ela, é como um gigante lutando contra um mero mortal. Fatídico.

A chuva violenta, ressoando contra o telhado, relâmpagos que fazem as luzes da casa oscilarem, como se esses todos elementos tivessem sido reunidos propositalmente para este dia, para esta ocasião. Meu pai alcoolizado, acusando minha mãe de traição. Eu tentei acudir minha mãe, tentei os separar, mas a única coisa que ganhei foram surras, e um empurrão que me colocou longe deles. Entre talheres, pratos quebrados, e a mesa virada ao avesso, meu pai ergue seu revólver, apontando para a cabeça da minha mãe.

Encolhida , abraçando os meus pés, debaixo do balcão da cozinha, vendo o cenário acontecendo lentamente diante dos meus olhos. Começo a transpirar quando vejo a arma, as lágrimas violentas embaçam minha visão, eu quero me levantar, quero ajudar minha mãe, mas eu sinto medo, estou com medo de morrer. Eu não quero que minha mãe morra, mas eu sou fraca, já ganhei uma surra, tentando a ajudar, o que eu poderei fazer.

Deus. Por favor. Me ajude.

Click Bum!

Senti meu coração querendo rasgar o meu peito, fechei os olhos durante alguns segundos que pareceram séculos. E de repente tudo ficou num tremendo silêncio, estranhamente a chuva avia cessado, eu sequer conseguia ouvir o som da minha respiração. É como quando se desliga a tevê, não há mais nada que assistir.

Não ouvia a voz da minha mãe, nem do meu pai, ou talvez de algum funcionário, ninguém se importando com uma garota de 12 anos que precisava violação doméstica. Também, quem iria se atrever a se envolver em assuntos de um casal da máfia? Quem seria o louco para colocar sua própria vida a risca?  No mesmo estante que abria os meus olhos, eu sentia minha garganta seca, como se eu tivesse percorrido quilómetros sem beber, sequer uma gota de água. Com o nó na garganta dei um grito de pavor, meu corpo começou a convulsionar, assim que vi o corpo da minha mãe estendido no chão, com um buraco em sua têmpora.

— Pare de gritar. Pare de gritar. Pare de gritar ou matarei você também. Quer se juntar a sua mãe porra!!— com as mãos trémulas ele aponta sua arma em minha direção, qualquer deslize uma bala pode atravessar o meu corpo. Mesmo soluçando decidi me calar, ele começou a andar pelos cantos da casa, pegou no seu charuto, fumou, apanhou sua garrafa de whisky escocês no chão e bebeu.

Olhou para o corpo morto da minha mãe com repudia, chutou-a chamando-a nomes. Voltou-se para mim, gritou-me enquanto apontava sua arma para mim. Ele ameaçou me matar para recomeçar sua vida do zero. Ter um novo filho, uma esposa respeitável. Enquanto ele delirava a chuva voltou com intensidade, eu só sabia chorar, por não ter conseguido proteger minha mãe.

Repentinamente a sala de jantar foi invadida, um grupo de homens armados comandados por um jovem moreno e alto quem eu conhecia muito bem por ser, o herdeiro da Famiglia Marchetti. A família mais influente entre as quatro máfias. O jovem não aparentava ter mais que 20 anos.

— Você é um miserável — o herdeiro falou com escárnio, ignorando todo o cenário sangrento — Você está acusando de traição e desvio de dinheiro.

— Isso...isso não é verdade. É uma tremenda calúnia.— meu pai negasse transpirando.

— Quer passar a perna a famiglia porra!— num movimento rápido meu pai volta a erguer sua arma, com intenção de mata-lo. Mas sendo mais rápido Marchetti e seus capangas disparam contra meu pai incontáveis vezes, que caiu como se fosse uma girafa próximo aos meus pés. Não sei se grito ou se permaneço calada, estou com medo de morrer. Eu não quero morrer. Mesmo que ninguém me salve , eu não quero morrer.

— É para matar toda a família ou todos os envolvidos?

— Sério Enzo? Como se isso fizesse diferença.

— Claro que faz. Tem uma bambina dagli acchi viola. — o herdeiro diz olhando diretamente para mim, como se tivesse visto algo interessante.— Não são lindos esses olhos?

— Pode parar com as gracinhas, tá fedendo a morte aqui. Quero ir dormir.

— E desde quando dormir é transar Pietro?— os dois caem na risada, como se fosse o momento ideal para falarem de sua vida pessoal, mas depois o herdeiro, quem eu descobri se chamar Enzo, ficou sério.—  Eliminem os que ainda estiverem vivos. — Dito isto, seus capangas se espalharam pela mansão — e você garotinha de olhos violetas, se se comportar mal, como seus falecidos pais, terá o mesmo fim que eles. Entende?— não importa o quão eu tente, eu não consigo parar de chorar. Olho para ele, depositando todo meu ódio nele. Ele matou meu pai, agora está matando o resto da minha família. — Não me olhe assim criança. É muito frio uma garota encarar desse jeito. — cutucou minha testa.

— Ela te odeia.— Pietro disse me encarando.

— Ódio não faz bem para o coração sabia?— zomba.

— Você mata a família dela, e espera que ele te agradeça? — se entre-olharam — e o louco ainda sou eu nessa história.— riram. Eles estão rindo de mim, estão rindo da minha desgraça, ninguém se importa comigo.

— Senhor já terminamos.

— Yuh! Queimem a mansão.— ordenou sem o encarar , por nenhum segundo desceu o meu olhar dele. Ele está tirando tudo de mim. Está esmagando tudo que sobrou. Enzo Marchetti eu ti odeio e juro que você irá me pagar.

Sobre protestos e gritos de súplica fui arrastada para fora da mansão.

— Pai... mãe...tio NAOOOOOO, POR FAVOR ME DEIXEM...ELES PRECISAM DE MIM. MAEEEEEEE....TONYYYYYY....TIO

— Esqueça os mortos. Eles não precisam de ti. — Enzo disse me colocando sobre o seu ombro.

— ME SOLTA. VOCÊ NÃO SABE DE NADA. ÉRAMOS FELIZES E VOCÊ ESTRAGOU TUDO. — disse batendo em suas costas e o tórax com os pés.

— Feliz só na sua cabecinha inocente. Ninguém era feliz aqui, ninguém é feliz onde há desconfiança.

— Você não sabe de nada...tirou eles de mim...EU TE ODEIO.— ele me jogou no banco de trás.

— Eu sei que me odeia. — disse sem remorso parado do lado de fora do carro, encostando suas mãos na porta. Quando simulei me levantar ele fechou a porta na minha cara.

— Eu juro que você vai me pagar. EU VOU TE MATAR. EU JURO QUE VOU TE MATAR — tento destrancar a porta — você vai pagar pelo que fez a minha família.

— Nada mais honroso que ser morto pela bambina dagli acchi viola — coçou e no mesmo estante ouvi uma explosão vindo da mansão — Leve ela para Roma.

— Eu ti odeio — balbuciei entre choros — eu juro que irei te matar — sussurrei para mim mesma, enquanto o motorista se afastava do cenário de chamas que consomem toda mansão. Entre as chamas Enzo acenava para mim seus lábios se movimentavam dizendo "até mais crianças de olhos violetas" seu amigo Pietro b**e na sua nuca dizendo "ela vai te matar" cansada de olhar a expressão deles de gozo, virei-me aceitando minhas circunstâncias. Mas nunca esse distinto de merda.

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