Assim, ela ficou incomunicável e em pequenos momentos de confronto, eu me via igual ao meu pai! Sem conseguir me controlar, pois quando dava por mim, já estava lhe castigando. Não que me agrade totalmente punir a minha mulher, mas um lado meu se sente satisfeito, pleno e feliz. Na noite em que saí para comemorar a assinatura de um grande contrato, encontrei Marieta e estava aproveitando com ela quando fui visto pelo idiota pomposo. Acabamos discutindo e sem esperar, ele me acertou um soco. Antes que eu pudesse reagir, ele já estava em cima de mim, distribuindo mais socos, e acabei inventando uma pequena mentirinha. Mas com a minha mulher, ele não teria essa chance, e naquele momento, a minha noite havia acabado.
Chego em casa cheio de ódio e a encontro na sala sentada lendo um livro. O silêncio da casa é cortado apenas pelo som das páginas viradas e pelo tic-tac do relógio na parede. Quando conto que seu amigo voltou, observo seus olhos escurecerem e brilharem, sinto mais ódio. Eles têm a cor de chocolate amargo, mas agora parecem carvão em brasa. Ela não tem o direito de amar outro além de mim. Na verdade, eu já sei há um tempo, mas agora ela é minha. Só minha! Sinto o cheiro do seu perfume no ar, uma mistura de flores e frutas que me enlouquece. Pego-a pelo braço e a arrasto até o quarto, ignorando seus protestos e sua resistência. A jogo na cama e subo em cima dela, sentindo a maciez da sua pele e o calor do seu corpo.
Temos uma discussão, e no momento em que vou tirar satisfação, ela j**a a bomba. Lembro-me da minha mãe e não quero isso nem para mim, nem para ela. A discussão muda de foco, e agora é sobre seu desejo doentio. Sem saber o que fazer, saio de casa para pensar e me dou conta de que esqueci o celular. Volto e o celular não está onde o deixei, procuro por ela, mas não há encontro. Vou ao quarto e escuto sua voz sussurrada mencionar o nome dele.
Entro no banheiro com um sorriso no rosto por saber qual será sua reação. O celular está em suas mãos, e ela me olha com lágrimas escorrendo em seu rosto e os olhos vermelhos. Caminho até ela e, quando pego o aparelho levando-o ao ouvido, ouço a voz daquele imbecil chamando minha mulher. No mesmo instante, o monstro em mim aparece, e eu abraço aquele sentimento, cansado de não deixá-lo se divertir.
Com fúria, arremesso o aparelho contra a parede e a agarro pelos cabelos, dizendo: — Agora cuidarei de você, querida!
Arrasto-a para o quarto, e ela se debate com todas as suas forças, desesperada. Sem hesitar, dou-lhe um tapa forte em seu rosto. Ela perde o equilíbrio, tombando e batendo a cabeça na quina do criado-mudo. Assim que a vejo estendida no chão, atordoada, monto em cima dela, apertando seu rosto.
— Hora do seu castigo, meu bem! Você vai aprender a não mentir para mim e nem me trair.
Levanto a mão…
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Pisco os meus olhos e vejo minha mãe implorando para não apanhar. Contudo, meu pai é implacável em cada tapa e em cada soco. Fechei os meus olhos para não assistir ao meu pai castigando a minha mãe, mas não adianta muito porque mais uma vez ela grita, e grita muito.
— Abra os olhos, moleque — ele diz, mas ainda permaneço com os olhos fechados e minhas mãos estão tapando os meus ouvidos. Em menos de alguns segundos, minhas mãos são arrancadas de meus ouvidos com força e ele mais uma vez grita: — Abra… Aprenda a ser homem!
Abro os meus olhos e ele volta para perto dela, sobe em cima do corpo já sem forças e começa a castigá-la novamente. A cada golpe ouço menos os gemidos dolorosos de minha mãe. Ele se levanta e começa a chutar seu corpo inerte, e depois do último chute, ele se vira e caminha na minha direção…
Será que ele também vai me agredir? Será que eu mereço? Será que eu desejo? Uma mistura de medo e excitação me invade. Admiro o sangue que escorre do rosto dela, como um verniz vermelho reluzente. Aprecio o som dos ossos que se partem, como uma melodia macabra. Encanto-me com o olhar dele, tão gélido e impiedoso, como um caçador esfomeado. Ele é vigoroso, é imponente! Ele é o meu pai… E eu anseio por ser igual a ele.
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Pisco os olhos repetidas vezes e lá está ela, a minha mulher no chão, apagada e ensanguentada. Olho para as minhas mãos e estão cheias de sangue. Levanto-me e me viro, indo em direção ao banheiro. Lavo as mãos e me olho no espelho, vendo minhas roupas sujas de sangue. Tiro-as e vou até o closet. Coloco outra roupa e me aproximo dela. Me abaixo para tentar sentir a sua pulsação e não há nada! Então, tenho a certeza de que ela se foi!
— Ah! Meu amor, olha o que você me fez fazer. Agora ficarei sem você, minha doce menina. — Passo os meus dedos em seus cabelos ensanguentados e, se eu não soubesse que era a minha princesa ali, eu não a reconheceria.
Respiro fundo, olhando-a e guardando essa imagem em minha memória, eternizando aquele cheiro de sangue e o silêncio que ele trazia.
A floresta que cercava nossa casa parecia observar atentamente pelas sombras nas vidraças, com as árvores majestosas que se erguiam em meio à neblina, suas copas densas filtrando a luz da lua e lançando sombras misteriosas ao nosso redor pela janela.
— Sentirei a sua falta, meu amor!
Olho para o seu corpo estirado, irreconhecível, e balanço a minha cabeça. Mesmo sabendo que ela não iria me ouvir, eu digo: — Agora você está bem e, como prometido, ninguém mais terá o que é meu. Teria né, já que você se foi…
Pego um lençol no armário e o abro em cima da cama. Pego Ayumi e a coloco em cima do lençol, enrolando-a nele. Pego-a no colo novamente e saio de dentro da casa, indo até o carro. Coloco-a no banco de trás e vou até a garagem, onde pego uma pá e a jogo no porta-malas. Entro no carro em seguida. Descubro o seu rosto e sorrio. Dou a partida e saio da garagem, batendo um papo animado com a minha falecida mulher durante todo o caminho.
A estrada sinuosa me leva através de densas florestas, cujas árvores antigas e imponentes parecem sussurrar histórias antigas enquanto passo por elas. Os raios do luar atravessam as folhagens, criando uma trama dourada de luz e sombras ao meu redor. Sigo para um lugar que gostava muito de ir e, assim que chego à reserva florestal, estaciono o carro e saio dele. Como está escuro, deixo o farol ligado para iluminar o caminho. A floresta exala um perfume terroso e fresco, enquanto a brisa suave acaricia meu rosto, trazendo uma sensação reconfortante. Ando poucos quilômetros com a pá na mão e assobio, minha trilha sonora solitária ecoando suavemente entre as árvores altas.
O corpo de Ayumi está sobre os meus ombros e acho o local perfeito. Uma pequena clareira surge entre as árvores, coberta por uma manta de musgo macio. Os raios do luar filtram-se entre as copas das árvores, criando um espetáculo de luz e sombras no terreno. Coloco-a com cuidado no chão e começo a cavar. Assim que está numa profundidade boa, arrasto o seu corpo para a vala. Olho para os lados e não vejo nada, nem escuto nenhum ruído. Tudo aqui faz silêncio para observar minha pequena obra de arte. Minha atenção volta para a pessoa que um dia eu poderia dizer que amei.
— Um lugar perfeito para o descanso eterno, você procurou e encontrou, Ayumi — pego a pá e começo a jogar terra em cima dela, enquanto assobio. Me viro e começo a andar, mas lembro-me de algo. — Avisarei ao Coleman que você deixou lembranças! — Sorrio, voltando para o carro.
A floresta parece acompanhar cada movimento meu, os sons suaves dos animais noturnos misturando-se ao meu assobio, como uma melodia sombria que ecoa através dos seus recantos verdejantes.
Sou imensamente grato por tudo que Deus me concedeu, valorizando cada bênção que recebi. Agradeço a todos e a todas as coisas que contribuíram para a minha jornada. Minha família, sim, minha família é verdadeiramente o meu alicerce. E quando menciono família, incluo também meus amigos queridos, especialmente aquela que sempre ilumina meu caminho com seu sorriso radiante. Como sinto saudades da minha querida smile. Se eu tivesse conhecimento de que vir para Nova York resultaria em tamanha saudade e nos afastaria, talvez reconsiderasse essa decisão. No entanto, a determinação de crescer profissionalmente por conta própria, sem depender de ninguém, foi mais forte em mim. Minha jornada aqui na cidade não foi perfeita, mas teve seus momentos positivos: pude desenvolver minha carreira, desfrutei de momentos de pura diversão. No entanto, renunciaria a todas as noites de sexo que vivi apenas para estar ao lado das pessoas que amo. E isso é exatamente o que farei! Chega de Nova York. Tenho a c
— Olly, eu preciso desligar. Depois nos falamos. — Mas eu…Desligo e nem ligo se desliguei na cara dela. Se ela ia falar algo importante, não interessa! Olho para a coisa linda, sentada no meu sofá, com as pernas cruzadas e com um salto agulha nos pés, me olhando. — Gata, me espera no quarto.— Mas… — Me espera no quarto ou pode ir embora. Você quem sabe. — Digo sem paciência e disco o número da Ayumi. — Oi! Léo, tudo bem com você? Quanto tempo? — Ela atende animada. — Você tem algo para me contar? — Eu também estou morrendo de saudades, Kaléo. Como está? — Diz debochada e respiro fundo. — O assunto é sério, Ayumi! Nós nos falamos sempre e fico sabendo por terceiros que você está namorando aquele idiota. Pensei que fossemos amigos! — Eu ia te contar. Só estava esperando para ver se iria dar certo esse relacionamento. Não queria me antecipar. — Pois não dará! Clarck, esse cara não presta e você sabe disso! — Isso é ciúme, Kaléo? Nada abalará e nem acabará com a nossa amizade.
Ao me perguntar o que eu desejo, solicito uma dose dupla de uísque escocês. Com habilidade, ele serve a bebida rapidamente, e eu levo o copo aos lábios, consumindo-o de uma só vez. Sinto a ardência reconfortante descer pela minha garganta e coloco o copo de volta no balcão, recebendo outra dose em seguida. — Um dia difícil? — Pergunta o barman, demonstrando interesse. — Sim! Eu adoraria resolver tudo isso, mas não faço ideia por onde começar. Engajamos em uma breve conversa, e percebo que, sem prestar atenção, já estou extremamente embriagado. Saio do bar e olho para a rua, estranhamente calma esta noite. Um sorriso se forma em meus lábios ao imaginar Ayumi parada ali, na minha frente, com as mãos na cintura, lançando-me um olhar sério ou até brigando comigo por beber. Ela nunca aprovou me ver nesse estado, muitas vezes pegava o copo da minha mão e o esvaziava, sem nem mesmo saber o que era, apenas para me incentivar a ir embora. Eu sempre lhe dizia que queria terminar a bebida, m
Abro os olhos e estou em uma rua com poucas casas, algumas são bem simples e outras nem ao menos possuem vidros nas janelas. Vou caminhando e paro em frente a uma casa. O quintal é pequeno, a grama está mal cuidada e queimada pelo sol, tem um pequeno quadrado de tijolos pintados de vermelho que é uma caixa de areia, com alguns brinquedos que reconheço. Mais adiante, tem um balanço improvisado em algumas vigas e um escorregador de metal. Meu coração dispara e abro o pequeno portão, entrando. Ando pelo caminho de grama e olho pela janela, vendo-a. Lágrimas inundam os meus olhos, ela me olha e sorri. Corro até a porta, abrindo-a, e ela está de braços abertos.Vou até ela e a abraço, choro ali sentindo a dor da saudade crescer ainda mais em meu peito. — Que saudade, mamãe! — Falo em meio ao choro. — Também estava com saudade, meu pequeno — ela me afasta e limpa as minhas lágrimas. — Quero que seja forte, que nunca mude o que você é aqui dentro… — ela diz, colocando a palma de sua mão s
Alguns Dias Depois…Não consegui ficar me divertindo com o pessoal. O que Carl disse não sai da minha cabeça. Ayumi não iria embora com outra pessoa sem nos falar e muito menos nos trair. Ela não é assim! A conheço como a palma da minha mão! É um absurdo. Tem algo aí e descobrirei. Chego no meu apartamento após mais um dia cansativo na empresa e subo direto para o meu quarto. Preciso de um banho e assim o faço. Depois visto uma calça do conjunto do pijama e desço as escadas indo direto para a cozinha, onde encontro um bilhete da Dona Havah na geladeira.Oi querido! Tem macarrão com queijo na geladeira, salada e filé de peixe grelhado. Coma! Saberei se não comer e descanse. Beijos da mamãe… Te amo!Sorrio para o bilhete, o pego e vou até um grande quadro que tenho no meu escritório aqui em casa, abro a tampa de vidro e o coloco no quadro junto com os outros, fecho o quadro e me lembro de quando essa ideia surgiu. Lembranças…— A nossa mãe enfeita tanto a sua geladeira de bilhetes, qu
— Oi!— Te chamei várias vezes, mas você não respondia.— Me desculpe, é que eu estava me lembrando do dia em que cheguei na casa dela. — Minto, pois essa parte meus amigos não sabem e os únicos são meus pais e irmãos.— Ah! Cara, eu me lembro da minha mãe dizendo que a sua ia acabar indo parar no hospital de tanta ansiedade. — Acabo rindo e conversamos mais um pouco. Depois desligo, pego a foto à frente e fico a olhando, me lembrando do dia em que a Ayumi chegou no orfanato.Lembranças… Anos atrásA neve está começando a cair. Hoje está mais frio e cinzento. Gosto da cor cinza no céu, é tão linda! Sempre que a saudade dela aperta, venho até a janela e fico admirando o começo do anoitecer. As outras crianças maiores sempre encrencam comigo porque gosto de ficar aqui na janela do sótão admirando a rua e observando as pessoas passarem. Tem uma menina que mora aqui que não gosta de mim, ela vive implicando comigo e fujo dela. Foi assim que descobri esse lugar.Gosto de olhar a paisagem,
Maldito e mentiroso! Tento ligar mais uma vez para o número do desgraçado, mas só cai na caixa postal. Deveria ter pedido o novo endereço desse infeliz ao Mayke, isso é, se ele não mentiu para o MK também sobre sua localização. Mas agora ele não tem para onde correr. Disco o número do meu amigo.— Cara, você me ama muito. — Atende brincalhão como sempre, mas o assunto agora é sério.— Ayumi me ligou! — Digo rápido, não dando espaço para mais brincadeiras. Ele fica em silêncio, então continuo: — Ela está com aquele merda, ele mentiu! Você precisa me ajudar ou ele irá matá-la! — Minha respiração está acelerada, meu coração parece que a qualquer momento sairá do meu peito, minhas mãos estão tremendo.— Calma, Kaléo! Fale mais devagar e me conte desde o começo, estou de plantão no departamento há mais de 24 horas, estou meio lento. — Respiro fundo e começo a contar.— Depois que desligamos, resolvi me afundar no trabalho. Mas não consegui e aí você me mandou o e-mail com os dados dele e
Quando olhei para a casa novamente, o fogo já estava apagado e um policial veio em nossa direção, deixando minha boca seca.— Senhor, os bombeiros acharam um corpo carbonizado no meio dos escombros e tudo indica ser de uma mulher. Já chamamos o médico legista. — Olho para Mayke e todo aquele fio de esperança de que ela poderia ter conseguido fugir, se vai.— Obrigado, Filip. Kaléo, é melhor você ir para casa. Pode ficar tranquilo que te ligo assim que arrumarmos toda papelada para o enterro. Vou pedir para o Filip te levar. — Não sei nem o que falar e só sigo o tal de Filip. Entramos no carro e vejo um carro preto com um símbolo de perícia chegar. Eles tiram da parte de trás uma maca, nela há uma espécie de saco preto e seguem para os escombros.Nesse momento, arrependimento é o que me define. Arrependimento de não ter ficado ao seu lado… Tudo o que eu queria era o poder de voltar no tempo e poder vê-la novamente. Minha mente está uma bagunça, meu coração está em pedaços. Sou tirado d