Maldito e mentiroso! Tento ligar mais uma vez para o número do desgraçado, mas só cai na caixa postal. Deveria ter pedido o novo endereço desse infeliz ao Mayke, isso é, se ele não mentiu para o MK também sobre sua localização. Mas agora ele não tem para onde correr. Disco o número do meu amigo.— Cara, você me ama muito. — Atende brincalhão como sempre, mas o assunto agora é sério.— Ayumi me ligou! — Digo rápido, não dando espaço para mais brincadeiras. Ele fica em silêncio, então continuo: — Ela está com aquele merda, ele mentiu! Você precisa me ajudar ou ele irá matá-la! — Minha respiração está acelerada, meu coração parece que a qualquer momento sairá do meu peito, minhas mãos estão tremendo.— Calma, Kaléo! Fale mais devagar e me conte desde o começo, estou de plantão no departamento há mais de 24 horas, estou meio lento. — Respiro fundo e começo a contar.— Depois que desligamos, resolvi me afundar no trabalho. Mas não consegui e aí você me mandou o e-mail com os dados dele e
Quando olhei para a casa novamente, o fogo já estava apagado e um policial veio em nossa direção, deixando minha boca seca.— Senhor, os bombeiros acharam um corpo carbonizado no meio dos escombros e tudo indica ser de uma mulher. Já chamamos o médico legista. — Olho para Mayke e todo aquele fio de esperança de que ela poderia ter conseguido fugir, se vai.— Obrigado, Filip. Kaléo, é melhor você ir para casa. Pode ficar tranquilo que te ligo assim que arrumarmos toda papelada para o enterro. Vou pedir para o Filip te levar. — Não sei nem o que falar e só sigo o tal de Filip. Entramos no carro e vejo um carro preto com um símbolo de perícia chegar. Eles tiram da parte de trás uma maca, nela há uma espécie de saco preto e seguem para os escombros.Nesse momento, arrependimento é o que me define. Arrependimento de não ter ficado ao seu lado… Tudo o que eu queria era o poder de voltar no tempo e poder vê-la novamente. Minha mente está uma bagunça, meu coração está em pedaços. Sou tirado d
Após contar tudo o que aconteceu, todos ficaram muito tristes. As meninas choraram muito e não aceitam que Ayumi se foi. Jackson está em choque, por conhecer Carl desde pequeno e nos contou que o pai de Carl matou a mãe dele. Ele foi obrigado a ver tudo, e quando o pai de Carl foi preso, a mãe de Jackson o adotou e o criou como se fosse um filho, ele o tinha como um irmão.Depois que todos foram embora, fiquei sozinho com a dor esmagadora em meu peito e a saudade como minha única companhia. ••••••• 🌺🦋🌺 ••••••••Já são 10 horas da manhã e não consegui dormir. Me levanto e vou para o banheiro, preciso de um banho. Tiro minha calça de moletom e a minha camiseta, indo para o box. Abro o chuveiro e não espero a água esquentar, já me enfio debaixo dela. Deixo a água gelada cair em mim para ver se tira essa dor horrível, mas não funciona. Parece que piora e me sinto como se estivesse em uma gaiola preso. Não sei o que me dá e começo a dar socos na parede e no vidro do box, até que ele se
Em seguida, vou até a gaveta e pego o colar que ela me deu quando éramos crianças. Mais uma lembrança vem, como se isso tivesse acontecido ontem e não há quase 17 anos…Lembranças… Faz seis meses que estou morando na casa da Havah e estou indo ver a Ayumi. Assim que avisto a casa, já a vejo no portão com um vestido rodado rosa, com seu longo cabelo castanho solto e com uma tiara de princesa. Quando Jhon para o carro e destrava a porta, já desço e ela abre um lindo sorriso, o que me alegra tanto. Amo os sorrisos dela e aqueles olhos castanhos cristalinos iluminam meu dia. Ayumi vem correndo e me abraça, depois pega minha mão e me leva para dentro. Seguimos até nosso balanço favorito, com ela dizendo: — Que bom que veio me visitar, Léo! Estava com saudade!Sorrio porque ela ainda não consegue falar meu nome direito, mesmo eu tentando ensinar várias vezes a pronúncia com a letra K, ela nunca consegue.— Eu também estava, Ayumi.Ela sorri e sobe no balanço. Faço
A viagem transcorreu em silêncio. Tayson estava de folga e vim dirigindo. Foi muito difícil devido às lágrimas. Assim que cheguei, Mayke já estava à minha espera e entramos. Assinei toda a papelada para liberarem o corpo e meu amigo disse que comprou o caixão, que quando liberarem o corpo poderíamos ir para o cemitério e que todos já estavam lá. Agradeci e, depois de 20 minutos, liberaram o corpo de Yumi. O carro da funerária já estava à nossa espera e, deste modo, seguimos para o cemitério.Mayke está comigo no meu carro e diz: — Aonde irão sepultá-la?— Ela irá para o jazigo da minha família.— Ok. Não consegui falar com a Amora.— Me passe o número dela que ligarei. — Mayke digita no painel o número dela e ligo. Chama e, no terceiro toque, ela atende: — Alô?— Amora?— Sim, é ela! Quem fala?— Kaléo, você se lembra de mim? Eu era do orfanato da sua mãe.— Ah sim! Oi! Kaléo, tudo bem com você? Quanto tempo?— Amora, estou ligando para te falar sobre a Ayumi.— O que ela aprontou de
Ele coloca o boné em cima do caixão e volta para junto dos nossos amigos. Todos recitaram alguns versos que a Ayumi sempre lia. Ela era fã de poemas e versos. Vivia recitando alguns para nós.O reverendo começa o seu discurso e, quando já está acabando, diz: — Ouçam estas palavras sobre nosso grande e imutável Deus. Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem, ouvirá o seu clamor, e os salvará. O Senhor guarda a todos os que o amam, mas todos os ímpios serão destruídos. A minha boca falará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu santo nome pelos séculos dos séculos e para sempre (Salmos 145:17-21).Assim que ele termina, ele me olha e faz um gesto positivo com a cabeça. Então coloco minha mão no caixão e digo: — “A despedida é um momento de tristeza em que corações se preparam para viver uma saudade.” Sentirei tanta a sua f
Alguns dias antes…Meu nome é Evelyn, tenho vinte e cinco anos, casada com o Paul e estamos juntos há oito anos. Nós nos conhecemos no ensino médio e não nos desgrudamos mais! Temos um filho de quatro aninhos que se chama Thomas. Ele é um amorzinho e muito ciumento. Paul é um excelente pai e um ótimo marido. Está sempre inovando para que o nosso casamento não caia na rotina e, claro, para conseguirmos ter um tempo para nós dois, pois Thom não deixa. Acabamos de deixar Thom com os pais de Paul e ele me disse que será surpresa para onde vamos. Entramos no carro e ele liga o som começando a tocar uma música linda. Ele pega a minha mão que está na minha perna. Olho para ele que a beija e sinto meu coração disparar, como acontecia quando éramos namorados no colégio. Chegamos na reserva e entramos com a caminhonete por um caminho escuro. Começamos a subir por uma estrada e, depois de um tempo, Paul estaciona em cima de uma montanha. A vista daqui é linda! Conseguimos avis
Acordo suando e, quando olho para o relógio, vejo que já são 7 h da manhã e Paul ainda dorme ao meu lado. Me sento na cama e passo as mãos pelo meu rosto e aquela sensação de morte não sai de mim, o que aconteceu com aquela moça mexeu muito comigo. Me levanto e vou para o banheiro, tiro minha camisola e a jogo no cesto de roupa suja, entro no box ligando o chuveiro e entro sem esperar a água esquentar, para ver se essa sensação ruim sai de mim. Mas depois de um tempo tomo consciência de que isto que estou sentindo, essa sensação de aperto no peito, o sufocamento é o mesmo que aquela moça sentiu e começo a chorar. Imaginando o quão desesperador deve ter sido para aquela mulher e me assusto com as mãos de Paul em minha cintura. — Amor, você está bem? Por que está chorando? — Ele me vira e me abraça, choro em seus braços e nem sei o porquê, mas essa sensação está me sufocando. Depois de um tempo, ele desliga o chuveiro e me tira dali, coloca o roupão em mim e ele está com o pijama todo