Em seguida, vou até a gaveta e pego o colar que ela me deu quando éramos crianças. Mais uma lembrança vem, como se isso tivesse acontecido ontem e não há quase 17 anos…Lembranças… Faz seis meses que estou morando na casa da Havah e estou indo ver a Ayumi. Assim que avisto a casa, já a vejo no portão com um vestido rodado rosa, com seu longo cabelo castanho solto e com uma tiara de princesa. Quando Jhon para o carro e destrava a porta, já desço e ela abre um lindo sorriso, o que me alegra tanto. Amo os sorrisos dela e aqueles olhos castanhos cristalinos iluminam meu dia. Ayumi vem correndo e me abraça, depois pega minha mão e me leva para dentro. Seguimos até nosso balanço favorito, com ela dizendo: — Que bom que veio me visitar, Léo! Estava com saudade!Sorrio porque ela ainda não consegue falar meu nome direito, mesmo eu tentando ensinar várias vezes a pronúncia com a letra K, ela nunca consegue.— Eu também estava, Ayumi.Ela sorri e sobe no balanço. Faço
A viagem transcorreu em silêncio. Tayson estava de folga e vim dirigindo. Foi muito difícil devido às lágrimas. Assim que cheguei, Mayke já estava à minha espera e entramos. Assinei toda a papelada para liberarem o corpo e meu amigo disse que comprou o caixão, que quando liberarem o corpo poderíamos ir para o cemitério e que todos já estavam lá. Agradeci e, depois de 20 minutos, liberaram o corpo de Yumi. O carro da funerária já estava à nossa espera e, deste modo, seguimos para o cemitério.Mayke está comigo no meu carro e diz: — Aonde irão sepultá-la?— Ela irá para o jazigo da minha família.— Ok. Não consegui falar com a Amora.— Me passe o número dela que ligarei. — Mayke digita no painel o número dela e ligo. Chama e, no terceiro toque, ela atende: — Alô?— Amora?— Sim, é ela! Quem fala?— Kaléo, você se lembra de mim? Eu era do orfanato da sua mãe.— Ah sim! Oi! Kaléo, tudo bem com você? Quanto tempo?— Amora, estou ligando para te falar sobre a Ayumi.— O que ela aprontou de
Ele coloca o boné em cima do caixão e volta para junto dos nossos amigos. Todos recitaram alguns versos que a Ayumi sempre lia. Ela era fã de poemas e versos. Vivia recitando alguns para nós.O reverendo começa o seu discurso e, quando já está acabando, diz: — Ouçam estas palavras sobre nosso grande e imutável Deus. Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem, ouvirá o seu clamor, e os salvará. O Senhor guarda a todos os que o amam, mas todos os ímpios serão destruídos. A minha boca falará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu santo nome pelos séculos dos séculos e para sempre (Salmos 145:17-21).Assim que ele termina, ele me olha e faz um gesto positivo com a cabeça. Então coloco minha mão no caixão e digo: — “A despedida é um momento de tristeza em que corações se preparam para viver uma saudade.” Sentirei tanta a sua f
Alguns dias antes…Meu nome é Evelyn, tenho vinte e cinco anos, casada com o Paul e estamos juntos há oito anos. Nós nos conhecemos no ensino médio e não nos desgrudamos mais! Temos um filho de quatro aninhos que se chama Thomas. Ele é um amorzinho e muito ciumento. Paul é um excelente pai e um ótimo marido. Está sempre inovando para que o nosso casamento não caia na rotina e, claro, para conseguirmos ter um tempo para nós dois, pois Thom não deixa. Acabamos de deixar Thom com os pais de Paul e ele me disse que será surpresa para onde vamos. Entramos no carro e ele liga o som começando a tocar uma música linda. Ele pega a minha mão que está na minha perna. Olho para ele que a beija e sinto meu coração disparar, como acontecia quando éramos namorados no colégio. Chegamos na reserva e entramos com a caminhonete por um caminho escuro. Começamos a subir por uma estrada e, depois de um tempo, Paul estaciona em cima de uma montanha. A vista daqui é linda! Conseguimos avis
Acordo suando e, quando olho para o relógio, vejo que já são 7 h da manhã e Paul ainda dorme ao meu lado. Me sento na cama e passo as mãos pelo meu rosto e aquela sensação de morte não sai de mim, o que aconteceu com aquela moça mexeu muito comigo. Me levanto e vou para o banheiro, tiro minha camisola e a jogo no cesto de roupa suja, entro no box ligando o chuveiro e entro sem esperar a água esquentar, para ver se essa sensação ruim sai de mim. Mas depois de um tempo tomo consciência de que isto que estou sentindo, essa sensação de aperto no peito, o sufocamento é o mesmo que aquela moça sentiu e começo a chorar. Imaginando o quão desesperador deve ter sido para aquela mulher e me assusto com as mãos de Paul em minha cintura. — Amor, você está bem? Por que está chorando? — Ele me vira e me abraça, choro em seus braços e nem sei o porquê, mas essa sensação está me sufocando. Depois de um tempo, ele desliga o chuveiro e me tira dali, coloca o roupão em mim e ele está com o pijama todo
Algum Tempos Depois…Dias atuais.Hoje faz um mês que Ayumi nos deixou e estou encabulado com algo que me disseram no departamento e preocupado com o Kaléo. Ele não está bem e não sei mais o que fazer para tirá-lo de dentro daquela cobertura, mas vou tentar mais uma vez. Pego o meu celular e ligo para ele, que já atende no primeiro toque. — Alô! — E aí, cara, como você está? — Estou vivendo um dia de cada vez, cara! Alguma novidade? Encontraram o desgraçado? — Ainda não, o cara parece que tomou chá de sumiço. Ele simplesmente evaporou. — Ele não foi para nenhum outro planeta, Mayke. Ele está por aí e irei encontrá-lo! Já tenho um pessoal nisso. — Imaginava isso, mas te liguei porque descobri algo e preciso te contar. Te espero no Cafe Royale. — Mayke! Eu não estou a fim de sair daqui nem hoje, nem nunca. — Estarei te esperando lá e sem desculpas. Você precisa sair um pouco. Existe um mundo lá fora, Coleman. — Ele respira fundo e sei que ele está irritado. — Ok, estarei lá em
Já faz um tempo que não saio desse apartamento, quer dizer, desde que ela foi tirada de mim. Nem para a minha empresa fui. Pedi para a Senhorita Stuart vir da sede de Nova York para San Diego, para poder ficar um tempo em casa. Chamei também a Anelize, que trabalha na minha filial em New York, para me ajudar, porque preciso desse tempo. Aliás, nem sei o tempo determinado deste afastamento e nem estou a fim de saber. Estou no escritório do meu apartamento atolado de contratos enviados pela Srt.ª Stuart, para que eu possa assinar e, claro, acompanhado desde daquele dia com o meu bom e velho amigo Whisky Chivas Royal Salute vinte e um anos vermelho. O meu celular toca, olho para ele e não quero atendê-lo. Mas o Mayke insiste e não tenho outra opção senão atendê-lo. Atendo e ele me diz que não tem notícias do canalha, mas que é para nos encontrarmos no café Royale. E não estou a fim de ir, mas ele me diz que tem algo a me contar e a minha curiosidade aguça. Então resolvo ir. Saio do meu e
Alguns dias antesNão sei onde estou, mas quero dormir mais. Estou cansada, tudo dói, e o bip chato não para de tocar. De repente, sinto alguém pegar na minha mão. Fico com medo e não vejo nada. Grito muito e tento me soltar da mão estranha. O bip fica mais rápido junto com meu coração. — Chame um médico! Ela está nervosa! — Um homem fala alto. — O que será que deu nela? — Uma mulher pergunta, sem saber. — Não sei. Eu só peguei na mão dela e ela ficou assim. — Escuto um barulho e passos correndo. Depois, fica tudo quieto, sem som nenhum. De novo, durmo no escuro, sem saber de nada, enquanto minha cabeça fica confusa.Evelyn WilliamsDias atuais.Desde que trouxemos “minha irmã” para o hospital, não sabemos o que vai acontecer. Ela fica nervosa quando pegamos na mão dela, como se tivesse medo de alguma coisa. Ela ficou um mês aqui, e ontem à noite, pararam de dar o remédio que a fazia dormir. Ficamos felizes quando os médicos disseram que o inchaço no cérebro dela havia sumido, mas