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Capítulo 4: Kaléo Coleman - O pesadelo - Parte 1

Abro os olhos e estou em uma rua com poucas casas, algumas são bem simples e outras nem ao menos possuem vidros nas janelas. Vou caminhando e paro em frente a uma casa. O quintal é pequeno, a grama está mal cuidada e queimada pelo sol, tem um pequeno quadrado de tijolos pintados de vermelho que é uma caixa de areia, com alguns brinquedos que reconheço. Mais adiante, tem um balanço improvisado em algumas vigas e um escorregador de metal. 

Meu coração dispara e abro o pequeno portão, entrando. Ando pelo caminho de grama e olho pela janela, vendo-a. Lágrimas inundam os meus olhos, ela me olha e sorri. Corro até a porta, abrindo-a, e ela está de braços abertos.

Vou até ela e a abraço, choro ali sentindo a dor da saudade crescer ainda mais em meu peito. 

— Que saudade, mamãe! — Falo em meio ao choro. 

— Também estava com saudade, meu pequeno — ela me afasta e limpa as minhas lágrimas. — Quero que seja forte, que nunca mude o que você é aqui dentro… — ela diz, colocando a palma de sua mão sobre o meu peito. — Você é especial, Kaléo, e nunca se culpe… Eu te amo, filho. 

Assim que termina de dizer, me vejo em meio ao furacão que era a minha infância. Mamãe tranca a porta e depois fecha as cortinas da sala, ela se aproxima fazendo sinal de silêncio. 

— Ele voltou, mamãe, ele voltou! — Digo com medo.

— Eu sei, filho, vamos ficar quietinhos que ele vai embora. — Ela diz, e as batidas na porta começam. 

— Ella, abra essa porta agora! Aqui é a minha casa. — Ele grita do lado de fora, tentando abrir a porta.

— Vem, Léo — ela me pega no colo e abre a portinha que tem no chão. — Filho, fica aqui quietinho, não chora e nem grita, ok? — Faço um sinal positivo com a cabeça, descemos as escadas. — Vamos brincar de esconde-esconde, a mamãe sabe onde você está, mas o Arnold não sabe, então não deixe que ele te ache — ela abre outra portinha e me coloca dentro. — Fique aí e não se mexa. 

— Mamãe, ele parece estar bravo com a gente, ele vai brigar com a senhora. 

— Não se preocupe, meu amor, a mamãe vai falar com ele e aí ele vai embora de novo. 

— Por que ele voltou, mamãe?

— Não sei, meu amor, agora fica aí quietinho, não faça nenhum barulho se não ele vai te achar. 

— Tá bom, mamãe. — Falo e ela me olha, se abaixa e me abraça. 

— Te amo, vida, mais que tudo nesse mundo e me perdoe por não ter te dado uma vida decente, muito menos ter te feito feliz. — Ela se afasta e está chorando.

— Não chora, mamãe. — Falo passando a mão em seu rosto e ela sorri segurando a minha mão e a beija.

— Fique aí e não se mexa, caso ele venha aqui, você finca isso no olho dele, está me ouvindo, Kaléo! Não o deixe pegar você — ela me arruma no lugar, pega algo e me entrega, é comprido e de ferro. — Se ele te achar, faça o que mandei e depois vá até a casa da Diana, peça para ela chamar a polícia. — Fala e fecha a porta, pelas aberturas posso ver ela jogando algo em cima de onde estou e fico quietinho como ela disse. 

Aqui está um pouco escuro e não gosto do escuro, o papai Arnold é mau.

Ele b**e na mamãe e em mim, ele não gosta que eu fique brincando e nem falando quando ele está em casa. Mamãe tinha falado que ele tinha ido embora… Escuto um barulho e olho para cima, escuto ele gritando com ela e vejo quando mamãe cai no chão, cubro minha boca com as minhas mãos para não falar nada e o papai descobrir que estou aqui, ele está b**endo nela…

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Mamãe está deitada no chão, ela não levanta. Escuto quando a porta se abre e o som dele andando, fico quieto. Depois não escuto nada, o vejo perto da mamãe e ele sai. Fico parado ali sentado com o meu coração batendo forte e mamãe não levanta do chão, ela não vem me tirar daqui.

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Não aguento mais ficar aqui dentro, minhas perninhas doem e choro quietinho. Estou com fome, sono e com sede, eu não consegui esperar para ir ao banheiro e mamãe vai ficar triste comigo porque fiz xixi aqui dentro.

Ouço um barulho alto e depois vejo várias pessoas passando, uma toca na mamãe e vejo a Diana chorando, por que ela está chorando? Ouço outro barulho e pego o ferro que a mamãe me deu, fico o segurando.

— Ela deve ter escondido o filho aqui embaixo para que o marido não o achasse. — Escuto a voz da Diana. 

— Ana, eu tô aqui. — Falo, mas a minha voz não sai. Então começo a bater com o ferro que a mamãe me deu e o pano é tirado. 

Meus olhinhos doem por causa da luz e tem alguns policiais ao lado da Diana, ela abre a porta, me pega no colo chorando e me abraçando. Me coloca sentado em cima de alguma coisa e me olha.

— Você está bem, Léo? Está machucado? — Ela fala me olhando.

— Ana, a mamãe vai brigar porque fiz xixi ali. — Falo apontando e olhando para onde eu estava. 

Olho para ela que está chorando.

— Me desculpa, Ana, eu sei que não podia ter feito… — Falo tentando não chorar, porque papai disse que homem não chora. 

— Oh, pequeno, não tem problema… — ela fala fazendo um carinho no meu rosto. — Posso dar um banho nele e dar algo para ele comer e beber? — Pergunta ao policial.

— Claro, senhorita — Ele diz e ela me pega no colo me tirando dali, quando vamos passar perto da mamãe ela tapa os meus olhos com a mão.

— Não olha, Léo. 

— Por quê? Mas eu quero a mamãe. — Falo chorando.

— Primeiro vai tomar água, comer e aí tomar um banho. — Diz e me leva para a cozinha, me dá água e bebo até minha barriguinha ficar cheia e minha garganta parar de doer. 

Ana me dá biscoito e suco, depois me leva para tomar banho e assim que vamos sair da casa, vejo onde mamãe está e tem um pano em cima dela. 

— Mamãe, acorda! Ele foi embora, mamãe. — Digo tentando esticar o meu braço até ela para a chamar…

Acordo assustado, olho para todos os lados e a sensação de ter passado por tudo aquilo de novo me faz levantar em um pulo, me sento na cama tentando fazer com que o meu coração se acalme. O sumiço da Ayumi está mexendo comigo, faz anos que não sonho com a morte da minha mãe, e faz muito tempo que essas lembranças não vinham com tanta força assim… eu nem mesmo me lembrava de como era o rosto dela. Mas isso serviu para me lembrar que mais uma vez falhei em proteger alguém que amo.

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