AYLA..A porta da cabine se fechou atrás de mim, e o som da tranca girando ecoou em meus ouvidos como um alívio desesperado. Finalmente sozinha. Minhas mãos tremiam enquanto eu me encostava na madeira fria, deslizando até o chão. Meu corpo estava pesado, minha alma esgotada.Olhei para mim mesma, para as roupas rasgadas que mal cobriam minha pele. O tecido pendia em fiapos inúteis, expondo partes de mim que eu nunca permitira que ninguém visse. Meus seios estavam à mostra, um lembrete cruel do que tinha acabado de acontecer. Meu coração apertava ao pensar nas mãos daquele homem imundo, nos sussurros ásperos, nos olhares repulsivos. Um nó se formou em minha garganta, e as lágrimas finalmente vieram, quentes e implacáveis.— Onde você está? Murmurei entre soluços, minha voz embargada pela dor. — Azrael, por favor... onde você está?Meus choros ecoaram pela cabine, preenchendo o espaço vazio com minha angústia. Cada soluço parecia arrancar algo de dentro de mim, como se eu estivess
A minha mente corria em círculos, buscando desesperadamente uma saída que não existia. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava a barra do vestido. O homem à minha frente, com aquele sorriso cruel e os olhos cheios de malícia, parecia se alimentar do meu medo.— Anda logo, tire a roupa! Ele ordenou outra vez, pressionando a lâmina do canivete contra minha pele.Meu corpo congelou. Cada parte de mim gritava para reagir, mas eu não sabia como. Estava encurralada, fraca, à mercê de alguém que não tinha nenhum resquício de compaixão.— Por favor... não faça isso.Pedi, minha voz tão frágil que mal me reconheci.— Cala a boca! Ele retrucou, aproximando-se ainda mais. O cheiro dele, de suor e álcool, me fez querer vomitar.Havia uma pontada de esperança em mim, esperando que Azrael colocasse aquele homem pra correr dali, mas parecia que eu teria que lidar com aquilo sozinha.Minha mente girava, buscando desesperadamente uma saída, mas não havia muito o que fazer.— Olha, você não precisa
AZRAEL . . Depois do jantar, Ethan se levantou, enquanto eu fiquei preso nos meus pensamentos, havia algo muito forte me alertando que as respostas que eu buscava estava ao alcance de minhas mãos. Ethan me chamou até o quarto, sua voz carregando uma seriedade que eu raramente ouvia, então eu me levantei da mesa e fui ao encontro dele. Ele estava dentro do meu quarto, quando entrei, ele já havia preparado o ambiente. A luz estava apagada, exceto por uma pequena vela no canto, cuja chama tremulava, lançando sombras nas paredes. Um tapete macio estava estendido no chão, com almofadas ao redor. Ele gesticulou para que eu me sentasse. — Vamos começar, mas quero que leve isso a sério, Azrael. Ele disse, sentando-se à minha frente. — Essa não é uma brincadeira, e se não estiver preparado mentalmente, as coisas podem sair do controle. — Estou preparado. Respondi, embora uma parte de mim estivesse tomada pela ansiedade, mas eu estava feliz por ter tido a sorte de conhec
Depois que Ethan foi dormir, o silêncio tomou conta da casa. Fiquei sozinho, tentando processar tudo o que havia acontecido. Havia uma tensão no ar, algo que parecia mais denso do que o normal. Eu me sentia exausto, mesmo tendo passado boa parte do dia dormindo. Era como se aquela experiência, aquela conexão com o desconhecido, tivesse sugado toda a minha energia.Decidi que precisava tomar um banho antes de deitar. Talvez a água quente ajudasse a aliviar a carga que pesava em meus ombros. No banheiro, o som do chuveiro preenchia o ambiente, abafando os pensamentos que martelavam na minha mente. Mas enquanto a água caía sobre mim, algo estranho aconteceu.Fechei os olhos, tentando relaxar, mas fui tomado por flashes. Imagens nítidas, quase reais, invadiram minha mente. Era Ayla. Ela estava completamente nua, em um banheiro iluminado por uma luz suave, como se estivesse me chamando, como se aquele momento fosse exclusivamente para mim. Senti um arrepio percorrer meu corpo, não de pra
AYLA..Eu saí do banheiro com o rosto molhado e vermelho, consequência de um choro que parecia ter esgotado todas as forças que ainda restavam em mim. As lágrimas secaram, mas a dor ainda queimava em algum lugar profundo. Quando abri a porta, vi Caio ali parado, encostado na parede ao lado. Ele me olhou, preocupado, mas não disse nada de imediato.Baixei a cabeça, incapaz de sustentar o olhar dele. Parecia que eu estava carregando todo o peso da vergonha do mundo.— Está precisando de algo? Ele perguntou, com a voz tão calma que quase me fez chorar novamente.— Não. Murmurei, tentando me recompor. Eu queria parecer mais forte, mas as palavras saíam fracas, como se fossem quebrar no ar.Caminhei devagar pelo corredor, sentindo os passos dele atrás de mim. A cada passo que eu dava, minha mente martelava o que tinha acabado de acontecer. As marcas da violência ainda estavam presentes, mas a ideia de estar sozinha novamente era ainda mais aterrorizante.Quando cheguei à cabine e abri
Por um instante, meu coração acelerou. Será que ele tinha ido embora? Será que tudo o que aconteceu na noite passada foi só mais uma ilusão em meio ao caos que a minha vida havia se tornado? Não poderia ser ilusão, as colchas estavam lá pra comprovar.Eu não tinha muito tempo para questionar, porque a porta da cabine se abriu devagar, e lá estava ele.Caio entrou carregando uma xícara de café fumegante em uma mão e um pequeno prato com um pãozinho na outra. Ele me olhou com aquele sorriso calmo, como se tudo estivesse perfeitamente bem no mundo.— Bom dia, Ayla. Trouxe isso pra você. Não é nada muito elaborado, o pão é de ontem,mas vai te ajudar a começar o dia.Fiquei emocionada com o gesto. Por tanto tempo, ninguém tinha se preocupado comigo desse jeito. Sentei-me devagar na cama e aceitei o café e o pãozinho, olhando para ele com um misto de gratidão e curiosidade.— Obrigada, Caio. Minha voz saiu baixa, mas sincera. Comecei a comer, ainda observando-o enquanto ele se sentava na
AYLA..Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das pare
Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde