AYLA..Eu saí do banheiro com o rosto molhado e vermelho, consequência de um choro que parecia ter esgotado todas as forças que ainda restavam em mim. As lágrimas secaram, mas a dor ainda queimava em algum lugar profundo. Quando abri a porta, vi Caio ali parado, encostado na parede ao lado. Ele me olhou, preocupado, mas não disse nada de imediato.Baixei a cabeça, incapaz de sustentar o olhar dele. Parecia que eu estava carregando todo o peso da vergonha do mundo.— Está precisando de algo? Ele perguntou, com a voz tão calma que quase me fez chorar novamente.— Não. Murmurei, tentando me recompor. Eu queria parecer mais forte, mas as palavras saíam fracas, como se fossem quebrar no ar.Caminhei devagar pelo corredor, sentindo os passos dele atrás de mim. A cada passo que eu dava, minha mente martelava o que tinha acabado de acontecer. As marcas da violência ainda estavam presentes, mas a ideia de estar sozinha novamente era ainda mais aterrorizante.Quando cheguei à cabine e abri
Por um instante, meu coração acelerou. Será que ele tinha ido embora? Será que tudo o que aconteceu na noite passada foi só mais uma ilusão em meio ao caos que a minha vida havia se tornado? Não poderia ser ilusão, as colchas estavam lá pra comprovar.Eu não tinha muito tempo para questionar, porque a porta da cabine se abriu devagar, e lá estava ele.Caio entrou carregando uma xícara de café fumegante em uma mão e um pequeno prato com um pãozinho na outra. Ele me olhou com aquele sorriso calmo, como se tudo estivesse perfeitamente bem no mundo.— Bom dia, Ayla. Trouxe isso pra você. Não é nada muito elaborado, o pão é de ontem,mas vai te ajudar a começar o dia.Fiquei emocionada com o gesto. Por tanto tempo, ninguém tinha se preocupado comigo desse jeito. Sentei-me devagar na cama e aceitei o café e o pãozinho, olhando para ele com um misto de gratidão e curiosidade.— Obrigada, Caio. Minha voz saiu baixa, mas sincera. Comecei a comer, ainda observando-o enquanto ele se sentava na
AYLA..Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das pare
Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde
Ele baixou a cabeça, o rosto perto do meu, seus olhos brilhando com um calor inexplicável. Seus dedos começaram a deslizar suavemente sobre meu pescoço, descendo pelo meu colo até chegarem aos meus seios. Quando ele os tocou, senti um arrepio intenso percorrer meu corpo, como se sua pele estivesse carregada de eletricidade. Era um toque delicado e ao mesmo tempo possessivo, que fazia minha pele queimar e minha respiração acelerar.— Você sente isso, Ayla?Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de promessas perigosas. — Sente como seu corpo responde ao meu? É isso que você deseja, mesmo que tente negar.Eu queria gritar, afastá-lo, mas as palavras se prendiam na minha garganta. Meu corpo parecia estar fora do meu controle, reagindo ao toque dele de maneiras que eu não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando bloquear as sensações, mas era impossível. Cada movimento dos dedos dele sobre minha pele fazia com que eu perdesse um pouco mais do controle.— Pare... Consegui murmurar, mas
Na manhã seguinte, acordei com a mente pesada, o corpo ainda cansado da luta interna da noite anterior. Eu me arrastei para fora da cama, tentando ignorar as lembranças dos sonhos perturbadores e do toque de Azrael, mas era impossível afastá-los completamente. Enquanto me preparava para o dia, um sentimento de inquietação persistia, como se algo sombrio estivesse à espreita.Minha mãe estava na cozinha quando desci para tomar café, e me lançou um sorriso caloroso assim que me viu. — Bom dia, Ayla.— Bom dia mãe.Respondi após beijá-la no rosto.— Sua cara não está boa, não dormiu bem?— Na verdade não.— Então acho que você vai se sentir melhor agora. Recebemos uma visita especial hoje.Ela disse, com uma ponta de entusiasmo na voz. Antes que eu pudesse perguntar quem era, ouvi passos firmes na entrada da casa. Ao me virar, vi Daniel, um dos pretendentes mais respeitáveis e conhecidos da nossa família. Ele era um jovem bonito, com cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes,
Assim que entramos pela porta, minha mãe nos recebeu com um sorriso, mas a expressão dela logo mudou ao perceber que havíamos voltado mais cedo do que o esperado.— Já estão de volta? Ela perguntou, surpresa, os olhos passando de Daniel para mim com uma leve curiosidade. — O passeio foi tão rápido assim?Meu pai também apareceu na sala, e havia uma leve preocupação em seu olhar.— Aconteceu alguma coisa, Daniel? Ele questionou, claramente querendo entender por que o passeio terminou tão abruptamente.Daniel, sempre educado e cortês, apressou-se em responder, tentando dissipar qualquer preocupação.— Não, senhor, senhora. Ayla mencionou que estava um pouco cansada, então achei melhor voltarmos mais cedo. Ele sorriu para mim, tentando me tranquilizar. — Foi um passeio muito agradável, mas acho que o calor do dia acabou nos deixando um pouco exaustos.Meus pais trocaram um olhar, ainda um pouco desconfiados, mas não pressionaram mais. — Entendo. Meu pai disse, finalmente assentind
A presença de Azrael era como uma sombra que pairava sobre mim, e a sensação de que ele podia aparecer a qualquer momento me deixava inquieta.Mas, enquanto eu estava ali, sozinha com meus pensamentos, uma coisa ficou clara: Eu não podia continuar assim, à mercê dos caprichos de um anjo obsessor. Não podia permitir que ele continuasse a me controlar, a me aterrorizar. Eu precisava reagir, descobrir mais sobre ele e, de alguma forma, encontrar uma maneira de impedi-lo.No dia seguinte, após uma noite de sono conturbada, decidi que precisava visitar minha avó novamente. Ela sempre foi uma mulher sábia, conhecedora das antigas tradições e lendas que cercavam nossa família. Se alguém pudesse me ajudar a entender o que estava acontecendo, seria ela.A caminhada até a casa da minha avó foi rápida, mas cada passo parecia ser guiado por uma determinação nova, como se o próprio ato de me mover em direção a ela já fosse um desafio contra Azrael. Ao chegar, ela me recebeu com um sorriso acol