CAPÍTULO 118

AYLA

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Eu me lembro do cheiro primeiro. Um cheiro acre, pesado, queimando o fundo da garganta. Depois, o calor. Um calor sufocante que se espalhou pela casa antes mesmo que eu pudesse ter uma chance. Quando pensei em fazer algo, tudo já estava tomado.

Chamas lambiam as paredes. A madeira rangia como se chorasse, implorando para não ruir. A fumaça entrava pelos meus pulmões como se quisesse me arrancar a alma. Ouvi gritos. Gritos da minha mãe. Do meu pai. Mas eu não os via.

— Mãe!

Eu tentei gritar.

— Pai!

Mas minha voz se perdeu entre o estalar do fogo.

Corri, tropeçando em cacos, tentando encontrar alguma saída, alguma luz. Meus pés descalços ardiam com o calor do chão. Meu corpo tremia inteiro. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu queria voltar no tempo. Voltar para quando tudo estava intacto. Para quando minha família ainda existia.

Foi quando meus pais pararam de responder.

A dor que senti não tinha nome. Gritei como nunca antes. Gritei até minha garganta se ferir. O mundo p
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