Miguel
Dante: Ela pegou uma arma e um rastreador.Eu não precisei dizer muito, porque ele já sabia o que fazer. Aliás, já estava fazendo.
Ruy estava ativando o rastreador.
Ah, Ana, a vontade que tenho agora é te pegar sobre meus joelhos e te encher de palmadas.
Como você faz uma loucura dessas sabendo que eu perdi meu pai a pouco tempo?
Angustiado, foi assim que fiquei até que Ruy me mostrou a sua localização.
Achei estranho ela estar indo em direção a sua mãe, foi então que me recordei, eu falhei.
Eu reforcei a segurança de todos e esqueci da minha sogra. E claro, Ana com o coração que tem não iria pensar nas consequências antes de agir para proteger a mãe.
_ É a casa da mãe dela.
Dante: Certo, vamos atrás, você fica aqui.
_ Eu vou. Não está claro para você
Assim que eu saí do apartamento de Gabriela eu entrei em contato com a corregedoria para prestar mais uma denúncia. Apesar de ser um investigador, eu tinha provas suficientes para provar que ele esteve envolvido com toda essa sujeira. Era a prova que faltava. Uma confissão de alguém que estava envolvido. Quando eles me pediram para prender Gabriela junto com o pai eu pedi um tempo. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela acabaria falando. E eu tinha razão. Assim que o mandato de prisão foi expedido pelo juiz eu fiz questão de ir até Vinícius. De todas as traições essa era a que eu menos esperava, ele sempre se mostrou leal. A verdade é que quando os mais velhos dizem que mais devemos temer o amigo que abraça do que o inimigo que nos ameaça, eles têm razão. Chegando na porta de seu prédio junto com os agentes eu liguei para ter certeza que ele ainda estava em casa. _ Surgiu uma prova nova contra Daniel.
Ana Maria A vida tem sido generosa nesses três anos em que vivemos nesta casa. Eu e Miguel temos sido mais cúmplices a cada dia e o nosso amor cada dia mais forte. A maternidade que para mim havia sido algo assustador no passado dessa vez foi incrível. Eu tive alguém ao meu lado para me ajudar, para me apoiar e isso fez toda a diferença. Malu no início sentiu um enorme ciúme de irmãzinha, Maria Vitória. Nossa Mavi. E foi difícil para ela se acostumar a nos dividir com a irmã, mas hoje uma mocinha já entende e a ama demais. Segui sendo mãe, cuidando da minha família e dando o devido apoio a todos, porém eu sabia que algo estava faltando. Sabia que era devido ao momento, já que somos outras pessoas aqui. Temos outra vida. A maior novidade de todas foi o casamento de Felipe e Pedro, sim eles se casaram no civil, e adotaram um casal de irmãos, são amiguinhos das minhas princesas e eu fico feliz pelos dois. Rodrigo e Kátia estão bem, em uma de nossas conversas Kátia acabou soltan
ANA MARIA Estava saindo do meu trabalho e seguindo para uma padaria ali próxima. Sempre faço este mesmo trajeto. Trabalho numa loja de material de construção e artigos para obra há oito meses, foi a avó da minha filha quem me arranjou. Desde que o seu filho mais velho sumiu sem se importar com a filha, ela me ajuda como pode, e não reclamo. Assim que meus pais souberam que estava grávida e que o pai não ia me ajudar, fui enxotada da família. Suei muito, passei noites de fome, poupando o pouco que tinha para que minha filha pudesse comer e hoje, depois de seis anos, digamos que nos encontramos numa boa situação. Temos uma casa, é nossa, pequena e confortável e agora que estou trabalhando de carteira registrada, minha situação mudou um pouco. — Me vê dois pães e 200 gramas de presunto, por favor. Peço ao atendente que está atrás do balcão, e logo em seguida vou para o caixa, não posso demorar, pois daqui a pouco o transporte escolar passa para deixar minha Malú. Estava distraída,
Coloquei Maria Luiza no transporte que a leva para a escola, onde fica o dia todo. É um alívio para mim, pois eu saio do trabalho e venho correndo para pegá-la, não preciso pagar ninguém por fora. Saí de casa tranquila para mais um dia de trabalho. Avisei a Miguel que ia trancar o portão, mas que ele ficasse sossegado. Não fiquei com medo de ser roubada, até porque, a única coisa de valor da minha casa estava na escola naquele momento, o restante eram bens materiais que assim como vieram um dia, também poderiam ir embora. Cheguei na loja de material de construção e encontrei os meninos do balcão. Tales e Felipe. Pessoas maravilhosas, e que fazem do meu trabalho o melhor lugar do mundo. Eu fico no caixa, e o senhor e a senhora Berna, donos da loja, fazem de tudo um pouco quando estão por aqui. — E aí? Tales estava de rolo com uma menina, e os dois tinham muita história para nos contar. — Nada — responde Tales —, ela acha que eu sou palhaço. — Se ela acha... eu tenho ce
ANA MARIA A minha rotina matinal era sempre a mesma. Só que agora tínhamos companhia. Miguel estava acordado, antes mesmo de eu levantar, estava na cozinha passando o café. Quando eu entrei no quarto da Malú, para pegar roupas para colocar na mochila, a cama estava bem arrumada e os cobertores dobrados. Fui até a cozinha e ele me deu um “bom dia” tímido, me olhou por poucos segundos e foi sentar na mesa. Sempre muito silencioso quando era eu e ele. — Bom dia, tio. Eu dormi na parte que a girafa se apaixona pela hipopótama. Eles foram felizes para sempre? — Ela foi como um foguete para cima dele. — Calma, mocinha, acabou de acordar e já está assim? — Só quero saber, mamãe. — Eles são amigos e permaneceram assim. — Puxa! Então não teve felizes para sempre? — Teve porque eles continuaram juntos. — Ahhh. Assim que ouvi a buzina, coloquei ela no transporte. Em seguida, me troquei e fui para o meu trabalho. Talvez a minha confiança no Miguel tenha aumentado, porque dessa vez e
ANA MARIA Estava esperando Malú se preparar para dormir, colocou os ursinhos no meio e se deitou também no meio da cama de casal, deixando o canto livre. — Deita lá, mamãe, o tio vai contar a história hoje. — Ele não vai dormir conosco, filha. — Só hoje, mamãe, para contar a história. Amanhã não tem aula e eu quero ouvir tudinho. Ela foi chamar Miguel, que entrou no quarto, sem graça. Eu me deitei no canto e puxei a coberta. Sei que ele não vai nos fazer mal, mas é uma situação totalmente desconfortável. Quando Rodrigo dormia conosco para contar a história de nanar era diferente, alguém com quem eu já convivia há muito mais tempo e meu corpo não reagia da mesma forma que reajo quando Miguel está perto. Ela deitou no meio e ele apenas sentou na ponta. — Deita, tio, para contar história de nanar tem que deitar igual o tio Digo. Ele procurou o meu olhar e eu apenas assenti. Timidamente puxou a coberta e deitou o mais afastado possível e começou a contar a história. A voz g
ANA MARIA Depois daquela noite, eu me mantive afastada. Quando chegava do trabalho, não o ignorava, conversava normalmente. Apesar da vontade, de quando ficávamos a sós, era de lhe dar um beijo daqueles que só ele me dá e que me acende por inteira. Na quarta eu o pedi para que ficasse com a Malú depois da aula, porque iria chegar tarde. Ia passar numa loja para comprar uns biquínis para ela. Aproveitei e comprei algumas camisas e cuecas que estavam na promoção, pro Miguel também. Porque amanhã eu vou contar a minha princesa que ela vai à praia, se eu conto antes, vira um poço de ansiedade e toda hora sai um: “Já está na hora de ir para a praia?” E aí já viu, né? Cheguei em casa e encontrei os dois brincando de chá com os ursinhos e dessa vez fui recebida com entusiasmo por minha princesa. Amo muito. Depois de toda a recepção, fui para o quarto e guardei as sacolas no lugar mais alto do guarda roupa, depois entreguei as sacolas do Miguel. — Ana, por favor, não gaste mais comigo.
ANA MARIA Como a vida é linda. Bela, quando vivida intensamente. Estava tão feliz, que nada tirava o sorriso do meu rosto. — Olha aqui para mim. — Felipe parou do meu lado no caixa e me abraçou de lado. — Quê? — Devo me preocupar? — Com o quê? — Com o cara por quem cê tá apaixonada. — Eu não estou apaixonada, estou feliz. — Eu conheço este sorriso bobo. Tá muito feliz, consegue nem esconder o sorriso. Tô feliz por você, só quero saber se devo me preocupar. Ele é do bem? — Acho que sim, ele tem sido uma ótima pessoa, tanto para mim quanto para minha filha. — É isso que importa. Qualquer coisa já sabe, né? Mando os mano colar e nós têm um teti a teti com o vacilão. — Não vai precisar. — E mais tarde, Chopada? Malú não está aí, então não tem desculpa. — Acho que não vai dá, tenho compromisso. — Qual foi? Abandonando as amizades por causa de macho, piranha? Impossível não se dar bem com esses meninos. — Para, Fê. — Empurrei seu ombro de leve, rindo da sua reação.