Dante: O que você fez foi irresponsável. Eu estava ali para te proteger e você quase me fez falhar em uma missão.
Sua voz mansa não escondia a repreensão.
E eu pude senti-la também no olhar de Miguel que não falava nada, mas observava enquanto Dante o fazia.
Acho que eles pensam que sou de vidro, porque? Por causa da gravidez?
_ Eu sei, só queria ajudar.
Dante: Poderia ter nos falado que conversou com ele. Eu notei você estranha, sabia que iria fazer algo, mas fugir e direto para os braços do inimigo Ana?
Estávamos no escritório de Miguel, depois de eu muito insistir para que eles me contassem o que aconteceu depois que eu recebi a pancada na cabeça, mas é claro que primeiro eu tive que ser chamada a atenção.
_ A minha mãe estava em perigo. Eu não ia deixar ela sozinha com ele.
Miguel: Meu mel. Foi muito arriscado.
Felipe _ Acorda amor, eu estou sentindo tanto a sua falta. Meus dias tem sido tão sombrio. Nunca pensei que fosse amar alguém da mesma maneira que amo Pedro e vê-lo assim sem vida me abalaria tanto. Desde que os médicos disseram que ele poderia acordar a qualquer momento, então eu vivo em uma expectativa gigantesca. Cida já não tem idade para ficar em hospital então eu a mandei para casa, no período da tarde ela sempre vem para visitá-lo. E ele continua assim, na mesma. Para seu prognóstico é bom. Ele não podia mexer um músculo para não mover a coluna, e ela ter uma boa recuperação, mas eu não consigo ficar sem ouvir sua voz, ou até mesmo sentir seus beijos. É uma agonia inexplicável. Pedro: Sentiu muito minha falta? Sua voz baixa chamou a minha atenção, estava segurando sua mão com a cabeça abaixada, mais uma vez
Miguel Dante: Ela pegou uma arma e um rastreador. Eu não precisei dizer muito, porque ele já sabia o que fazer. Aliás, já estava fazendo. Ruy estava ativando o rastreador. Ah, Ana, a vontade que tenho agora é te pegar sobre meus joelhos e te encher de palmadas. Como você faz uma loucura dessas sabendo que eu perdi meu pai a pouco tempo? Angustiado, foi assim que fiquei até que Ruy me mostrou a sua localização. Achei estranho ela estar indo em direção a sua mãe, foi então que me recordei, eu falhei. Eu reforcei a segurança de todos e esqueci da minha sogra. E claro, Ana com o coração que tem não iria pensar nas consequências antes de agir para proteger a mãe. _ É a casa da mãe dela. Dante: Certo, vamos atrás, você fica aqui. _ Eu vou. Não está claro para você
Assim que eu saí do apartamento de Gabriela eu entrei em contato com a corregedoria para prestar mais uma denúncia. Apesar de ser um investigador, eu tinha provas suficientes para provar que ele esteve envolvido com toda essa sujeira. Era a prova que faltava. Uma confissão de alguém que estava envolvido. Quando eles me pediram para prender Gabriela junto com o pai eu pedi um tempo. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela acabaria falando. E eu tinha razão. Assim que o mandato de prisão foi expedido pelo juiz eu fiz questão de ir até Vinícius. De todas as traições essa era a que eu menos esperava, ele sempre se mostrou leal. A verdade é que quando os mais velhos dizem que mais devemos temer o amigo que abraça do que o inimigo que nos ameaça, eles têm razão. Chegando na porta de seu prédio junto com os agentes eu liguei para ter certeza que ele ainda estava em casa. _ Surgiu uma prova nova contra Daniel.
Ana Maria A vida tem sido generosa nesses três anos em que vivemos nesta casa. Eu e Miguel temos sido mais cúmplices a cada dia e o nosso amor cada dia mais forte. A maternidade que para mim havia sido algo assustador no passado dessa vez foi incrível. Eu tive alguém ao meu lado para me ajudar, para me apoiar e isso fez toda a diferença. Malu no início sentiu um enorme ciúme de irmãzinha, Maria Vitória. Nossa Mavi. E foi difícil para ela se acostumar a nos dividir com a irmã, mas hoje uma mocinha já entende e a ama demais. Segui sendo mãe, cuidando da minha família e dando o devido apoio a todos, porém eu sabia que algo estava faltando. Sabia que era devido ao momento, já que somos outras pessoas aqui. Temos outra vida. A maior novidade de todas foi o casamento de Felipe e Pedro, sim eles se casaram no civil, e adotaram um casal de irmãos, são amiguinhos das minhas princesas e eu fico feliz pelos dois. Rodrigo e Kátia estão bem, em uma de nossas conversas Kátia acabou soltan
ANA MARIA Estava saindo do meu trabalho e seguindo para uma padaria ali próxima. Sempre faço este mesmo trajeto. Trabalho numa loja de material de construção e artigos para obra há oito meses, foi a avó da minha filha quem me arranjou. Desde que o seu filho mais velho sumiu sem se importar com a filha, ela me ajuda como pode, e não reclamo. Assim que meus pais souberam que estava grávida e que o pai não ia me ajudar, fui enxotada da família. Suei muito, passei noites de fome, poupando o pouco que tinha para que minha filha pudesse comer e hoje, depois de seis anos, digamos que nos encontramos numa boa situação. Temos uma casa, é nossa, pequena e confortável e agora que estou trabalhando de carteira registrada, minha situação mudou um pouco. — Me vê dois pães e 200 gramas de presunto, por favor. Peço ao atendente que está atrás do balcão, e logo em seguida vou para o caixa, não posso demorar, pois daqui a pouco o transporte escolar passa para deixar minha Malú. Estava distraída,
Coloquei Maria Luiza no transporte que a leva para a escola, onde fica o dia todo. É um alívio para mim, pois eu saio do trabalho e venho correndo para pegá-la, não preciso pagar ninguém por fora. Saí de casa tranquila para mais um dia de trabalho. Avisei a Miguel que ia trancar o portão, mas que ele ficasse sossegado. Não fiquei com medo de ser roubada, até porque, a única coisa de valor da minha casa estava na escola naquele momento, o restante eram bens materiais que assim como vieram um dia, também poderiam ir embora. Cheguei na loja de material de construção e encontrei os meninos do balcão. Tales e Felipe. Pessoas maravilhosas, e que fazem do meu trabalho o melhor lugar do mundo. Eu fico no caixa, e o senhor e a senhora Berna, donos da loja, fazem de tudo um pouco quando estão por aqui. — E aí? Tales estava de rolo com uma menina, e os dois tinham muita história para nos contar. — Nada — responde Tales —, ela acha que eu sou palhaço. — Se ela acha... eu tenho ce
ANA MARIA A minha rotina matinal era sempre a mesma. Só que agora tínhamos companhia. Miguel estava acordado, antes mesmo de eu levantar, estava na cozinha passando o café. Quando eu entrei no quarto da Malú, para pegar roupas para colocar na mochila, a cama estava bem arrumada e os cobertores dobrados. Fui até a cozinha e ele me deu um “bom dia” tímido, me olhou por poucos segundos e foi sentar na mesa. Sempre muito silencioso quando era eu e ele. — Bom dia, tio. Eu dormi na parte que a girafa se apaixona pela hipopótama. Eles foram felizes para sempre? — Ela foi como um foguete para cima dele. — Calma, mocinha, acabou de acordar e já está assim? — Só quero saber, mamãe. — Eles são amigos e permaneceram assim. — Puxa! Então não teve felizes para sempre? — Teve porque eles continuaram juntos. — Ahhh. Assim que ouvi a buzina, coloquei ela no transporte. Em seguida, me troquei e fui para o meu trabalho. Talvez a minha confiança no Miguel tenha aumentado, porque dessa vez e
ANA MARIA Estava esperando Malú se preparar para dormir, colocou os ursinhos no meio e se deitou também no meio da cama de casal, deixando o canto livre. — Deita lá, mamãe, o tio vai contar a história hoje. — Ele não vai dormir conosco, filha. — Só hoje, mamãe, para contar a história. Amanhã não tem aula e eu quero ouvir tudinho. Ela foi chamar Miguel, que entrou no quarto, sem graça. Eu me deitei no canto e puxei a coberta. Sei que ele não vai nos fazer mal, mas é uma situação totalmente desconfortável. Quando Rodrigo dormia conosco para contar a história de nanar era diferente, alguém com quem eu já convivia há muito mais tempo e meu corpo não reagia da mesma forma que reajo quando Miguel está perto. Ela deitou no meio e ele apenas sentou na ponta. — Deita, tio, para contar história de nanar tem que deitar igual o tio Digo. Ele procurou o meu olhar e eu apenas assenti. Timidamente puxou a coberta e deitou o mais afastado possível e começou a contar a história. A voz g