6

ANA MARIA

Como a vida é linda.

Bela, quando vivida intensamente.

Estava tão feliz, que nada tirava o sorriso do meu rosto. 

— Olha aqui para mim. — Felipe parou do meu lado no caixa e me abraçou de lado.

— Quê?

— Devo me preocupar? 

— Com o quê?

— Com o cara por quemtá apaixonada. 

— Eu não estou apaixonada, estou feliz. 

— Eu conheço este sorriso bobo. muito feliz, consegue nem esconder o sorriso. feliz por você, só quero saber se devo me preocupar. Ele é do bem?

— Acho que sim, ele tem sido uma ótima pessoa, tanto para mim quanto para minha filha. 

— É isso que importa. Qualquer coisa já sabe, né? Mando os mano colar e nós têm um teti a teti com o vacilão. 

— Não vai precisar.

— E mais tarde, Chopada? Malú não está aí, então não tem desculpa. 

— Acho que não vai dá, tenho compromisso.

— Qual foi? Abandonando as amizades por causa de macho, piranha?

Impossível não se dar bem com esses meninos.

— Para, Fê. — Empurrei seu ombro de leve, rindo da sua reação.

— Leva ele, , pra nós conhecer o comédia.

— Vou pensar no seu caso.

*****************************************************************

Final da tarde eu saí do trabalho, devendo uma mensagem de confirmação para os meninos, que insistiram muito pela nossa presença. Não confirmei porque não sei qual é a do Miguel, e se ele não se sentir bem, se afetar alguma coisa em sua mente?

Ele, até o momento, não saiu para nada, apenas na casa da Fátima e comigo. Deixo a chave do portão com ele e mesmo assim: Ele não sai.

Assim que cheguei em casa abri o portão e estava um silêncio.

Até sei onde ele está. 

Seu corpo tem ganhado forma, e percebi que ele está bem focado em sua alimentação, seus gostos por besteira são nulos. 

Talvez na rua ele tenha sofrido por causa disso. Afinal, não tinha muito o que escolher, mas aqui em casa ele sempre dá preferência para os legumes e verduras.

Eu agradeço, porque Malú vendo ele comer essas coisas, se interessa, já que a mamãe aqui não consegue ter uma alimentação saudável. 

— Oi.

Encostei na parede, vendo ele subir e desce na barra com as pernas cruzadas e as costas suada.

— Olá. Como você está? — Veio em minha direção com um sorriso maroto.

— Bem e você? 

— Muito solitário. — Me abraçou e eu não me importei que estivesse todo molhado. — Linda. Notícias da alteza real?

— Daqui a pouco vou ligar para o Rodrigo. E, eu recebi um convite para um Chopp com os caras do trabalho.

Ele ficou sério e tirou os braços da minha cintura. Passou uma das mãos no cabelo, em um claro sinal de desconforto.

— Legal.

— O convite é para você também. Claro, se quiser ir. 

— Você quer ir? 

— Ah, seria bom curtir a noite. Faz tanto tempo que eu não saio.

— Então vamos.

— Miguel, ei... se você se sentir desconfortável, é só falar.

— Sair na rua me dá medo, mas se você está do meu lado, fica tudo bem, meu mel. 

— Hummmm. — Eu o abracei, pois quando ele me chama assim, é totalmente mágico. — Vou falar com o Rodrigo e depois me arrumar. 

— Posso falar com a Malú? Só dar um oi? 

Liguei para meu amigo e ele já estava queimado do sol, hoje fez um calor absurdo. Que bom que eles aproveitaram. Recebi muitas fotos, ouvi a euforia da minha pequena, contando que a tia Katy ajudou a achar conchas do mar. 

Contou, encantada, dos cachotes que levou na água e Miguel ria. 

Depois de um tempo, Kátia a levou para o banho, ela estava totalmente cansada. 

— Vou tomar banho e deixar vocês conversarem. 

— Não, Miguel, queria trocar ideia contigo — disse Rodrigo. Estávamos em chamada de vídeo.

— Sim. 

— É seguro eu permanecer? — questionei.

— De boa, Nana. Malú falou bem de você! Vou te falar que eu não gostei nada da Nana te colocar dentro da casa dela assim. Mas, a minha sobrinha falou bem de você, que cuida dos ursinhos e pá. Contou um monte de parada e é aquelas coisas, Malú é minha vida, eu não vou pensar duas vezes para fazer uma besteira caso você pise na bola com ela ou com a Nana, papo de sujeito homem. 

— Eu te entendo, Rodrigo. Não quero o mal delas, isso não é do meu caráter. Prefiro que aconteça comigo, do que com elas. 

— Tranquilidade. Sempre bom trocar ideia pra ciente dos bagulhos. E assim, né, nada certo, mas é um pingado, tinha falado com a Nana sobre trabalho pra você e comonão tem documento nenhum, fica foda, tendeu? Mas, eu desenrolei com um conhecido e ele disse quepode ajudar no depósito de bebidas dele, é lá na Brasilândia. Não é registrado, mas toda semana pinga um.

— Co-como assim? — Ele me olhou confuso.

— Trabalho, Miguel, é um trabalho para você. Você aceita?

— Claro! Eu aceito o que for — respondeu nem esperando eu acabar de falar. 

— É nós, então! Segunda-feira, quando sair do trampo, eu colo aí para te levar lá no mano. Sei lá o que é para fazer, chegando lá tu desenrola.

— Obrigado, Rodrigo. Fico grato.

— Tem de que, não. É pelas minhas meninas. 

Rodrigo como sempre sério. Nem parece que vira uma marionete nas mãos da Malú. Ele desligou e Miguel não se continha de felicidade.

— Está dando tudo certo na minha vida, depois de muita dor e desespero, está dando tudo certo, meu mel. 

— Estou tão feliz por isso, que bom que está dando certo. Fico até com medo dessa felicidade toda acabar.

— Não vai. Eu te prometo aqui, eu vou reconstruir a minha vida aqui com vocês. Vou procurar uma delegacia e vou tirar outros documentos. Vai dar tudo certo. 

***********************************************************************

Chegamos no bar que ficava próximo à Avenida Itaberaba, não olhei o bairro direito, pois Felipe só passou a localização. 

Pegamos um ônibus e viemos. Miguel olhou aquele monte de gente e ficou inseguro. Ele segurou firme em minha mão e eu o encarei para que se acalmasse, ele então me assentiu.

— Oiê!

— Minha gatinha veio. —Felipe foi o primeiro a se levantar e vir me abraçar. 

— Caralhooooooo, viado. Maior honra a pequena aparecer no nosso encontro. — Logo depois foi o Tales.

Tive que abraçá-los, segurando na mão do Miguel, que não tinha a menor intenção de soltar.

— Este é Miguel. 

— E aí? — disse Felipe.

— Boa noite — respondeu Miguel.

— Não falou nada para a gente que estava namorando? — Tales me questionou. — De onde você tirou esse cara? É algum jogador de basquete aposentado?

— Modera. — Felipe deu um tapa na nuca de Tales.

— Foi mal, foi mal. Camila, vem conhecer a pequena. 

Nessa hora, Felipe se afastou e voltou a sentar.

— Ana, essa é Camila, minha namorada. E amor, essa é a nossa pequena e o namorado dela, o Miguel. 

O Tales me mata de vergonha, mas foi a única hora até o momento, que eu vi o Miguel relaxar, até me puxou pela cintura e me deu um beijo na bochecha, rindo. 

— Gostei — sussurrou no meu ouvido. 

— É um prazer, Tales fala muito de você.

— O prazer é todo meu.

— Não sei, cara, parece que eu já te vi em algum lugar. — Ela se virou para o Miguel e falou.

— Eu? Onde? — As perguntas dele foram repletas de esperança.

— Não sei. Se eu lembrar... eu falo.

— Bora sentar, Felipe falou que ia trazer um cara, mas ele até agora não chegou.

Sentamos na mesa e eles pediram uma rodada de cerveja e porções.

Um grupo de pagode começou a tocar ao vivo e foi tudo de bom. Os meninos são muito alegres, até eles mesmos entrarem em discussões bobas. Quem fica de fora garante a risada, porque são coisas tão fúteis, mas eles não podem parar de se pirraçar. É o lema.

Miguel não bebia cerveja, então achei melhor não abusar muito.

— Não vai beber mesmo?

— Acho melhor não, tem álcool. Não sei se vai fazer bem e não quero te envergonhar na frente dos seus colegas de trabalho.

— Lindo.

Dei um selinho nele e em troca, ele me roubou vários. Seus gestos carinhosos e sua preocupação, sempre comigo, dizem muito a seu respeito. 

A noite foi muito agradável, arrisquei alguns passos, fiz disputa para ver quem bebe o copo mais rápido, dei muita risada, ouvi a Camila contar sobre ela e o Tales, enquanto Felipe debochava. 

Muito abusado, meu amigo. Guarda um segredo que não sei por que guarda. Já disse para ele que a vida é muito curta para não viver como nós queremos, por medo da repreensão do próximo. Ainda que esse próximo seja família ou amigos. Deixei bem claro que tem meu total apoio pra tudo. 

Estávamos rindo, quando os caras da mesa do lado começaram a se alterar. 

Um deles deu um tapa na mesa, que as garrafas vazias caíram no chão. Uma chuva de caco de vidros se formou e tivemos que levantar as pressas, com Miguel me colocando atrás dele, porque logo os dois caras começaram a trocar socos, e em seguida caíram pelo chão coberto de vidros.

Ver aquele monte de sangue me causava agonia. Enquanto isso, duas mulheres gritavam desesperadas para os mesmos pararem. 

Miguel me deixou no canto e foi até o meio da briga, puxou o mais valentão, enquanto as outras pessoas tentavam segurar o outro.

— Eu vou te matar seu filho da puta! 

— Para, nego.

Uma das mulheres correu até o homem que ameaçou o outro de morte.

O que era para ter sido uma noite de diversão, acabou sendo uma grande confusão, o bar teve que fechar, pois apareceu uma viatura da polícia e uma ambulância para levar o homem ferido. 

Depois disso, me despedi dos meninos, entregando um valor para eles acertarem na conta, Felipe quis recusar, porém, eu gosto das coisas certas. Como não havia mais clima para permanecer, fui embora em silêncio com um Miguel também em silêncio. Desde que voltou de onde estava segurando um dos homens que brigava, não deu uma palavra.

Chegamos em casa ainda em silêncio e fui direto para o chuveiro, depois que saí, ele também foi. Quando ele saiu, eu já estava na cama. 

— Não estou bem, acho melhor dormir na outra cama. — Ele falou da porta do quarto.

Eu me levantei, percebi que ele não estava bem, não querendo ser indelicada, pedi: 

— Dorme aqui, eu cuido de você. 

Primeiro veio a insegurança, me olhou por longos minutos e depois seus dedos alisaram meu rosto. Seus braços me circularam e senti o aperto desesperado.

— Ei, tá tudo bem. Esqueceu que eu estou aqui?

— Nunca, meu mel. Nunca.

— Vem. — Deitamos agarrados um no outro. Ele estava agitado. — Quer falar? 

— Eu não sei o que falar, só não estou bem. 

— Então fecha os olhos e durme, eu estou aqui.

**********************************************************

Acordei assustada no meio de uma escuridão, porém sendo agitada, já que durmo em cima do braço de Miguel. Ele gemia com muita dor. Não falava nada, mas eu sentia cada gemido dentro de mim.

— Arrrrrrgh! 

Corri para acender a luz do quarto e ele estava suado, travava os dentes em seus lábios, em tamanha força, que se não parasse, ia feri-los. 

— Miguel, acorda.

Eu não ia tocá-lo, ele estava muito agitado e comparado a mim, ele era muito mais forte. Corria o risco dele me agredir. 

— Miguel? — gritei mais alto. 

Nada dele acordar. Então toquei em seu pé. 

— Acorda por favor! 

Ele levantou assustado. Olhando tudo ao redor como se tivesse mais alguém na casa.

— Miguel?

Veio até mim e me abraçou forte, seguido de um beijo esmagador. Ele parecia desesperado, pois me suspendeu e me jogou na cama. Não dando mais espaço, rasgou meu baby doll e chupou a minha intimidade.

— Miguel! — Arfei, pois o medo foi substituído pelo tesão.

Dois de seus dedos me penetraram, fazendo meu corpo arquear, enquanto sua boca não perdoava meu clitóris. Segurei em seus cabelos na parte de cima que eram altos o suficiente para meus dedos o controlarem.

Ele parecia faminto e meu corpo agradecia. Sua língua começou a tremer em cima do meu monte sensível, enquanto seus dedos alisavam a parte interna da minha intimidade.

Ele era muito bom nisso, sabia exatamente onde ir.

— Ah, Miguel! Eu ...

Não tive tempo de falar, e lá estava eu... gozando em sua boca, mais uma vez.

Então subiu, roçando nossos corpos e deitando em cima de mim, beijando meu pescoço, já estava virando um hábito, ele esperar meu corpo relaxar, deitado em cima de mim.

Até que minha respiração acalmou e então eu pude perguntar.

— Está tudo bem?

— Você me acalma, meu mel. Desculpa, eu precisava disso. 

— Eu que agradeço, você é fantástico. 

Recebi um selinho, mas logo em seguida ele voltou a deitar a cabeça no vão do meu ombro.

— Sobre o que era o sonho? — perguntei alisando seus cabelos, onde puxei recentemente. 

— Vários caras me batendo, socos... tinha um com metal pontiagudo na mão, parecendo um soco inglês e batia no meu rosto. Já estava quase desacordado, sentindo uma enorme dor e então recebi a primeira facada. 

Ele se sentou e apontou para as costas, quase não alcançando o lugar, eu me sentei junto e vi uma cicatriz lá, era a entrada de uma faca. Alisei o lugar e logo em seguida dei um beijo. Não era só seu corpo que estava ferido, sua alma também. Talvez a briga no bar tenha trazido alguma memória do passado e feito com que ele se lembrasse disso. Foi inevitável não derramar uma lágrima.

— Meu mel, independente do que passou, eu estou bem, estou vivo.

— Eu ouvi seus gemidos, era de muita dor.

— Agora está tudo bem. Eu estou bem. Como não poderia estar, olha a mulher linda por quem eu estou me apaixonando.

— Você está? — Ele me puxou para o seu colo. 

— Estou e não é pouco.

— Então...

Desci minha mão pelo seu abdômen até o limite da sua cueca, mas ele me impediu.

— Meu mel, não. Eu quero, mas eu não posso fazer isso com você. — Olhei para ele confusa. — Eu sofri essa violência e perdi a minha memória, vaguei na rua e não sei mais nada de mim. Não posso te expor a esse risco, eu não sei se estou limpo para te foder como eu quero. 

Capítulos gratis disponibles en la App >

Capítulos relacionados

Último capítulo