ANA MARIA
Estou sem palavras pelo seu gesto.
Já disse que são nessas pequenas atitudes que eu enxergo seu caráter?
Ele é um homem lindo, não só por fora, como por dentro também. Eu o abracei e depois voltamos a nos deitar para dormir. Senti seus dedos me acariciando por todos os lugares do meu corpo e com isso, adormeci.
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— Mamãe, eu estou bem. Tchau, que agora o tio vai me levar na praia.
— É assim, mocinha? Sem mais?
— Só, mamãe, dá um beijo no tio Miguel.
— Vou dar, quando ele chegar.
Hoje, assim que acordamos, Miguel decidiu sair para correr.
Ele não falou nada sobre o pesadelo da noite passada, mas acho que isso afetou na sua decisão de ficar só dentro de casa. Ele colocou umas roupas leves e tênis e saiu.
Fico feliz por esse progresso, dia após dia ele está se soltando e sorrindo mais.
Duas semanas que ele está conosco e parece que eu o conheço de uma eternidade. Agora sei que é verdade quando dizem que não é o tempo e sim a pessoa.
Eu me sinto bem quando estou com ele, especial, ele me faz sentir especial. A forma como demonstra interesse por cada coisa que falo, fazendo perguntas pertinentes. Com certeza ele era uma pessoa culta. Seu jeito sempre educado, suas falas, opiniões para tudo, mesmo que não perceba, que o está fazendo.
Sempre tão delicado comigo.
E o seu gesto ontem, não passa despercebido por mim.
Qualquer outro não pensaria duas vezes, antes de recusar a proposta que lhe fiz, mas ele não, pensou em mim.
Ai meu Deus do céu. Eu estou aqui toda boba sorrindo para o nada e pensando nele.
Ele me falou que está apaixonado por mim, será isso possível? Assim tão rápido? Ainda mais para uma pessoa sem memória?
Eu tenho certeza que eu estou.
Não sei se é preocupante, só estou me permitindo viver.
Pela casa já estar limpa, porque Miguel é um homem muito caprichoso no que faz, não tive muita coisa a fazer no sábado. Apenas lavei umas roupas e troquei os lençóis da cama. Estava terminando de colocá-los na máquina quando ele chegou, todo suado.
Lindo. Maravilhoso.
Depois do almoço, ficamos sentados na área, conversando enquanto eu cortava seu cabelo, seguidas por muitas carícias e mãos bobas, da parte dele, que não me deixava concluir meu trabalho.
Final da tarde, estava lhe contando sobre a minha infância no interior e sobre a minha mãe, a mulher incrível que ela é.
Ele ouvia atentamente a tudo e sempre de forma inteligente, sabia insistir num assunto quando era confortável para mim, não foi o caso quando falei do meu pai, quando descobriu a minha gravidez. Não foi um momento muito bom na minha vida, ter a sua rejeição, mas eu sei que um dia ele vai me perdoar e voltaremos a ser como antes.
Contava-lhe também sobre a ajuda que Fátima e Rodrigo me deram no início, quando ouvimos batidas no portão. Eu me levantei surpresa, porque não estava esperando ninguém e o dia estava indo embora.
Preocupado, Miguel saiu junto comigo.
Eu me espantei quando vi um Felipe nada bem, de olhos vermelhos.
Acho que já sei o motivo.
Abracei o meu amigo, que sempre cheio de prosas e alegrias, neste momento estava abatido.
— Tá tudo bem! Vem.
Puxei a sua mão, acenando para o Miguel fechar o portão, e segui com Felipe para dentro de casa. Como já havia feito esse caminho outras vezes, me puxou direto para o quarto e se deitou na minha cama, me puxando.
Num emaranhado de corpos, o ouvi chorar, calada. Sei que ele só precisa disso. Depois de muito chorar e senti-lo mais calmo, enfim pudemos conversar.
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— Fala.
— Falar o quê? Odeio essa porra toda. Ela sabe que eu não escolhi ser assim, me trata como uma aberração, está toda fodida, ninguém querendo saber de cuidar dela e eu que me disponho, ela vem fazer isso. Tá foda, pequena, não sei se aguento mais. — Ele voltou a chorar.
— Ei, não fica assim, Fê. Se te machuca tanto e ela não reconhece o que você faz, por que continuar lá?
— Ela está doente, e é minha mãe. É minha obrigação cuidar dela.
— E nesse processo todo, você sair mais ferido e doente do que ela, pode? Abuso psicológico também é grave. É isso que ela faz com você. Acha que não amo meu pai, mesmo depois de tudo? O amo e se um dia ele precisar de um rim, eu doarei sem pensar duas vezes, porque é meu pai, mas eu não sou obrigada a ouvir as grosserias que me falava, independente do que eu tenha feito. Com você é a mesma coisa, Fê. Você é maravilhoso, o ser mais iluminado que eu já vi e independente de sua orientação sexual, ela não tem o direito de te tratar como trata. Quantas vezes mais ela vai te destruir até acontecer uma besteira? Vai ter válido a pena? Se ela não enxerga o ser maravilhoso que você é, sinto muito, quem perde é ela.
— É difícil me afastar.
— Não é difícil, se ela mesma não reconhece que precisa de você, para que vai ficar lá aguentando humilhação? Você merece mais. Não estou falando para você abandoná-la, dê um tempo a vocês dois. Se afaste para o seu próprio bem. Você não merece isso. Eu já te disse muitas vezes e volto a repetir, ela é a única que está perdendo nessa história toda.
— Foda que ela tem que tomar os remédios na hora certa e nem consegue ir tomar banho sozinha.
— E mesmo sendo você a fazer isso, ela vive te humilhando. Tem certas pessoas que merecem perder para aprender a dar valor. Nós não podemos segurar na mão de pessoas mesquinhas para sempre. Ajudamos porque é o certo a fazer, mas se elas não sabem valorizar, não somos nós que devemos nos abater. Porque são eles que perdem.
— Obrigado, pequena. Você é foda, sabia?
— Uns caras me falam isso.
— Caras, e o boy aí? Não vai desgrudar mais? Ele está caidinho por você.
— Eu também estou caidinha por ele.
— Boa sorte! Mas vou continuar de olho.
— Eu sei.
Fiquei com Felipe mais um tempo no quarto, até que ele cochilou.
Meu amigo é tão forte, mais forte do que ele imagina. Passa por uma tremenda dificuldade e a mãe não ajuda, e mesmo assim, não perde o humor, a alegria. Odeio as vezes em que ele vem aqui em casa chorando pelo mesmo motivo. Parte o meu coração, saber que alguém tão próximo faz o seu coração sofrer dessa maneira. Na minha concepção, mães deveriam amar e proteger seus filhos independente do caminho que ele escolheu seguir, por causa de sua sabedoria e seu amor comparado ao de Deus.
Saí do quarto e fechei a porta, deixando-o descansar em paz. Ele precisa desse momento, já que na casa da bruxa não tem isso.
Fui até a sala procurar Miguel e nada.
Da janela, o vi sentado na mureta que tem na área da frente.
Fui até lá, de cabeça baixa, ele não percebeu quando me aproximei.
— Ei.
Ele me olhou sem falar nada, seus olhos tristes pareciam.... Decepcionados?
— O que houve?
— Estou com ciúmes.
— Miguel?
— Um homem chegou aqui e você o levou para nossa cama, onde há pouco estávamos deitados juntos.
— Miguel, não é nada disso que você está pensando. Felipe é meu amigo.
— Não importa, é nossa cama.
— Ele precisava da minha ajuda. Sempre que um amigo precisar de mim, eu o ajudarei. Nunca virei as costas para nenhum e não vai ser agora.
Ele parecia não ter respostas e eu também fiquei chateada por ele duvidar de mim. Ainda mais com o Felipe, que sabe bem que é meu amigo. Eu me afastei e ele também não fez questão de impedir. Do mesmo jeito que eu o encontrei, ele permaneceu, agora novamente de cabeça baixa.
— Isso acontece sempre que ele tem problemas, problemas esses que não diz respeito a mim, contar. Mas, se lhe interessar, ele é gay. Nossa amizade é apenas amizade.
Por fim, me cedeu um pouco de seu olhar surpreso e logo depois desviou.
Ficamos em silêncio, porque eu não tinha mais o que falar e ele pelo visto, também não.
Como pode querer ver maldade quando não há?
Talvez por estar de fora, viu a situação totalmente diferente de como ela aconteceu. Eu sei que Felipe não aparenta ser gay, quem vê de longe não diz que é, porque ele é cheio de atitudes e ações totalmente normais para um homem heterossexual.
Olhei pro Miguel novamente, esperando uma resposta, uma atitude e nada.
Sério, Miguel?
Sério que vai desconfiar de mim assim?
Cansada de seu silêncio, dei as costas e ia entrando para a casa, porém fui impedida por sua mão, que me puxou e me fez ir de encontro com seu corpo.
— Desculpa, não estou duvidando de você, só que eu não gosto da ideia de outro cara no lugar onde eu tenho você só para mim.
— Ele é só meu amigo.
— Poderia ser seu avô. Nossa cama é nossa, me desculpa meu mel, acho que sou egoísta nesse sentido.
Depois de me explicar seu ponto de vista, eu consegui compreendê-lo, mas pedi que entendesse o meu também, pois minhas amizades não estão acostumadas a me ver com um companheiro. São pequenas coisas que vão mudando conforme o tempo. Enfim, depois do mal-entendido, nos resolvemos, ficamos de namorico no sofá da sala.
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— Não vai embora não, cara?
Tomei um susto, pois eu estava me deliciando com os beijos de Miguel e nem percebi meu amigo entrar na cozinha, que é dividida com a sala.
— Felipe! — chamei a sua atenção, depois, me levantei do colo do Miguel.
— Qual foi? Desde ontem o cara está contigo. Não desgruda? Ficar muito tempo juntos é sufocante, desgasta o relacionamento logo de início, fora que não é nada maneiro a mina descobrir os podres do cara assim logo de início.
— Você de boca calada engana até um sábio, sabia? Ele vai dormir aqui.
— Certo, então não façam muito barulho, tá? Meus ouvidos puros não tão no clima pra sexo. Aliás, acho que eu estou precisando, já que o de ontem furou. Enfim, vou ser a vela de vocês hoje. Posso dormir aqui? Não estou afim de voltar pra casa.
Olhei para o Miguel e ele estava inexpressível.
— Vou arrumar o quarto da Malú.
— De boa, cara, pra você eu ficar por aqui? — Ele perguntou, percebendo o clima desconfortável que se formou.
— Se a Ana disse que sim, é sim.
— Valeu. Me livrou de ter que voltar praquele purgatório. Ana te contou? Claro que não, pequena é a melhor pessoa no mundo, ela não vacila com os dela — disse abrindo a geladeira e pegando o suco e dois copos e indo para o sofá onde estávamos agora pouco.
Por segundos, até pensei no que Miguel iria falar, mas por incrível que pareça, eles entraram num papo, Felipe contando da doença da mãe e sobre as dificuldades que ele passa por ela não aceitar sua orientação sexual.
Do quarto eu ouvia eles conversarem e parece que o clima tenso deu lugar a um diálogo de pessoas amigas. Acho que o egoísmo era só com a cama.
Anotarei mentalmente, já que Rodrigo também deita na minha cama, quando Malú quer ouvir uma história.
Depois de arrumar o quarto para Felipe dormir, eu me juntei com eles na sala e entrei no assunto. Os dois chegaram até a rir juntos. Miguel contou que estava sem memória e Felipe, como a pessoa que eu sei como é, compreendeu e não foi inconveniente.
Que bom que eles estão se dando bem.
Pedimos pizza para finalizar a noite, já que o assunto rendeu e agora eles pareciam velhos amigos. Só não entramos no assunto do Miguel ter morado na rua e agora estar morando aqui em casa. Não creio que isso seja pertinente, contar a todo mundo. Isso só diz respeito a ele.
ANA MARIA Felipe passou conosco o domingo até o finalzinho da tarde, quando minha princesa chegou dormindo. Com certeza, amanhã ela estará cheia de novidades e eu mais que pronta para ouvir tudo. Ela é um peixinho. Ama o mar, se fosse do querer dela, moraríamos perto de uma praia. Antes da princesa leoa, e da princesa unicórnio, e da princesa Tiana, e da princesa Rapunzel, era a princesa sereia. Enfim, mais uma semana chegou e muitas expectativas com ela também. Passei o dia no trabalho ansiosa pela entrevista que Miguel ia fazer. Tomara que dê tudo certo. Eu quero muito que tenha a sua independência, ele merece muito isso. À noite, quando cheguei, não demorou muito Rodrigo buzinou e ele saiu. Desejei toda sorte do mundo e para que pudesse ir confiante. Parece até um sonho toda essa felicidade. Eu sei que parecem ser valores invertidos, que eu vá trabalhar e ele fique em casa, torço para que consiga o trabalho por ele mesmo, porque mal ou bem, eu consigo ajudar com o básico, por
ANA MARIA Pedro nos convidou para almoçar, mesmo ressabido, Miguel concordou. Percebi que ele não ficou muito à vontade depois de saber da existência de uma noiva. Eu também estou desconfortável e, mesmo sabendo que não fizemos nada de errado, meu lado consciente me acusa. Pedro ligou para os pais de Miguel e pediram para que eles viessem com urgência, enquanto isso, Cida paparicava Malú, a elogiando por sua boa alimentação. E ela se gabava. A essa altura já havia conquistado a todos, inclusive, foi a única a arrancar um sorriso de Miguel, que sempre que Pedro iniciava um assunto, voltava a ser aquele homem sério. Permaneci calada e só respondia aquilo que me era perguntado. Neste momento, eu queria a minha casa, a minha segurança de que tudo ia ficar bem, e aqui, sabendo de todas essas coisas, eu não me sentia dessa maneira. Estava brincando com um pedaço de bife e com os pensamentos longe, quando senti a mão de Miguel buscando a minha. — Vai ficar tudo bem. Nós já vamos e
ANA MARIA Depois que Pedro foi embora, ficou um clima meio estranho entre nós dois. Não sei explicar. Malú preferiu que Miguel contasse a história naquela noite e foi melhor assim. Fui para o quarto e me deitei pensativa. Eu sei que queria muito que Miguel fosse uma pessoa simples, com uma história não muito complicada. Mas a sua família tem poder aquisitivo, ele é uma pessoa poderosa, e como a própria mãe falou, foi noticiado na TV e tudo, não ia demorar muito para a mídia descobrir sobre seu paradeiro e começar a persegui-lo, atrás de respostas. E ainda tem a noiva ou ex-noiva, não sei. — Não pensa muito, meu mel, vai ficar tudo bem— disse, fechando a porta do quarto e se achegando na cama. — Não sei se vai, Miguel. A realidade pode não ter chegado para você, mas nós dois somos de mundos completamente diferentes. Uma hora isso vai pesar. — Ana, eu sou muito grato a você por tudo que me fez e não só isso, sou completamente apaixonado por você. Em tão pouco tempo você me fe
ANA MARIA Eu prometi estar com ele. E foi por essas palavras que liguei para Felipe e pedi para ele me justificar no trabalho, coloquei Malú no transporte escolar e agora estamos aqui, chegando na rua onde Pedro mora. Chegamos na portaria e Miguel apertou a campainha. — Por gentileza, viemos ver o Pedro Monteiro. — Doutor Miguel, o senhor pode subir, o senhor nunca pediu para ser anunciado antes, já é de casa. Miguel me olhou confuso e segurou minha mão. Entramos pelo elevador no qual Pedro nos trouxe da última vez e subimos até o vigésimo terceiro andar. O frio na barriga era incontrolável, minhas mãos suavam mais que o habitual. — Que bom ter vocês aqui. Fico feliz que aceitou minha proposta, irmão. Miguel o cumprimentou com um aperto de mão e assentiu com a cabeça. — Entre, vamos tomar café, enquanto esperamos a chave. Queria te falar antes, que tio Antônio quer muito falar com você. — Não tenho nada para falar com eles. — Miguel, tio Antônio gosta muito de você
MIGUEL Acordei num quarto branco e com um acesso no braço. Ouvia sons de batimentos e ninguém no quarto. Parecia hospital. Olhei tudo ao redor e nada se parecia com o que passei, quando estava na rua. Em silêncio, aguardei que alguém viesse, sempre aparece, mesmo que eu não queira. A verdade é que eu queria apenas uma, naquele momento: Ana. Onde ela está? Procurei alguma coisa que fizesse alguém entrar no quarto e não encontrei, ainda bem que a porta se abriu, revelando Antônio e Agnes. — Meu filho, como você está? Seu pai me ligou, avisando que você tinha desmaiado. Está tudo bem, querido? — Eu estou bem. A Ana? — Ela teve que ir para casa. Não pôde ficar, disse que tinha que pegar a Malú, me pediu para dar notícias sobre você, assim que acordasse. —: Mais tarde, Antônio. Não vamos perturbar a mente do nosso filho agora. Ele teve um desmaio, com certeza é sua lucidez voltando. Devemos deixá-lo respirar. Um outro homem entrou no quarto. — Boa noite. — Doutor Brancco, alguma
FELIPE Malú, muito espertinha, já correu para o carro. Adora passear. Eu amo essa menina, amo a mãe dela. Ana foi a família que eu não tive desde que me assumi, e apesar do meu jeito hétero, que tive que aprender a ser, porque não é só da parte da minha mãe que sofria retaliação, tive que me virar com primos e tios também. Tive que esconder desde sempre minha orientação, por medo do que as pessoas pudessem pensar, pois aqueles que deveriam me dar apoio, me humilhavam e cuspiam barbaridades. Foi duro me descobrir gay e não ter nenhum tipo de suporte de nenhum lado onde eu morava. E por saber disso, meus primos achavam que podiam fazer o que quisessem comigo, tive que me livrar de muitos deles no soco, e de um tio meu também, que encheu a porra do cu de cachaça e achou que tinha liberdades comigo. Por morar em barraco e num quintal compartilhado, ele foi parar dentro da nossa casa, no canto onde eu dormia. Dei uma surra no capeta que queria abusar de mim, quando era um adolescente
ANA MARIA Miguel dormia calmamente na cama do hospital, enquanto eu o observava. Na noite passada o médico fez alguns exames e disse que hoje, na parte da manhã, nos traria todos os resultados juntos para dar um diagnóstico claro sobre seu estado. Espero que fique tudo bem, desejo o melhor para ele. Uma enfermeira passou e me entregou um kit para a minha higiene pessoal, agora de manhã. Nem para isso eu tinha me preparado. Quando o carro chegou lá em casa, eu apenas troquei Malú e Felipe, que estava comigo, também veio. Ainda bem que ele veio e pôde passar a noite cuidando da minha filha, para que eu pudesse acompanhar Miguel. Ainda cheguei aqui e encontramos sua mãe no corredor, ela não fez questão de ser gentil e foi embora logo em seguida. Não entendo como o pai, uma pessoa tão agradável e gentil, suporta uma mulher tão mesquinha e amarga como ela. Depois de usar o banheiro, que ficava no quarto, voltei e Miguel já estava acordado. — Bom dia, meu mel. — Bom dia. — Vem cá,
ANA MARIA O momento dos dois foi tão lindo. A Íris chorou, e eu compreendo. Depois de todo o desespero que foi o desaparecimento do irmão e agora esse bálsamo, quando até túmulo já havia sido construído. São tantas coisas na vida de Miguel que precisam ser colocadas no lugar, que eu espero que sobre um espaço para mim. Eles ficaram conversando enquanto eu arrumava as coisas da Malú, para o tio levá-la. Não preciso nem dizer que minha princesa fica super animada quando vai para a casa do Rodrigo e da Kátia. Quando foi à tardezinha, Rodrigo foi anunciado na portaria. Miguel, claro, liberou sua passagem e ele chegou no apartamento com o queixo no chão, exatamente como eu fiquei. — E aí, cara? Que fita braba é essa? — Nem me fale, está sendo uma verdadeira confusão. Veio ver minhas meninas? — Ele veio busca a Malú. — Miguel me olhou junto com a irmã. — Para eu poder cuidar de você melhor, sem me preocupar se ela vai estar bem. — Não quero que ela vá. Ela precisa das história