10

ANA MARIA

Depois que Pedro foi embora, ficou um clima meio estranho entre nós dois. 

Não sei explicar. 

Malú preferiu que Miguel contasse a história naquela noite e foi melhor assim.

Fui para o quarto e me deitei pensativa.

Eu sei que queria muito que Miguel fosse uma pessoa simples, com uma história não muito complicada.

Mas a sua família tem poder aquisitivo, ele é uma pessoa poderosa, e como a própria mãe falou, foi noticiado na TV e tudo, não ia demorar muito para a mídia descobrir sobre seu paradeiro e começar a persegui-lo, atrás de respostas. E ainda tem a noiva ou ex-noiva, não sei.

— Não pensa muito, meu mel, vai ficar tudo bem— disse, fechando a porta do quarto e se achegando na cama.

— Não sei se vai, Miguel. A realidade pode não ter chegado para você, mas nós dois somos de mundos completamente diferentes. Uma hora isso vai pesar. 

— Ana, eu sou muito grato a você por tudo que me fez e não só isso, sou completamente apaixonado por você. Em tão pouco tempo você me fez ter sentimentos tão intensos, não sei se sou capaz de te esquecer fácil assim.

— Eu não quero que você esqueça... E eu quero que você saiba, que juro que não sabia quem você era, eu nunca tinha ouvido falar de você.

— Para, para agora. Eu sei do seu caráter, meu mel, por que eu duvidaria? — Ele montou em cima de mim, abrindo minhas pernas e beijando meu pescoço. — Pequena, nunca vou te abandonar, você é a melhor coisa que me aconteceu. Onde eu estiver, você vai estar. 

Rebolei o quadril e ambos gememos.

— Não aguento mais, Miguel. Eu quero te sentir. 

Ele segurou firme meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos. 

— Não tem nada que eu queira mais, nesta vida, do que isso. Eu duro, dentro de você. Essa semana, meu mel, essa semana.

Ele deu uma rebolada, fazendo o atrito aumentar e logo em seguida tomou meus lábios, faminto, cheio de luxúria. 

Sua boca me devorava e eu não me fazia de rogada, o incentivava a buscar mais. Até um gemido rouco sair do fundo de minha garganta.

— Gostosa. Linda. Você é perfeita, meu mel. 

Sua língua roçou pelos meus lábios, me instigando a procurá-lo. 

Ele segurou minhas duas mãos acima da minha cabeça e tornou a roçar. 

— Miguel. 

Veio com a língua novamente e lambeu meus lábios. Agora rebolando o quadril em cima da minha intimidade, ora fazendo o movimento de penetração. 

Meu corpo estava cedendo, acabei jogando a cabeça para trás, porque meu orgasmo estava vindo violento. 

Uma de suas mãos desceu pelo meu braço e chegou no meu pescoço fazendo pressão no lugar certo, ele estava me enforcando e isso estava gostoso demais. Seus quadris eram cada vez mais duros.

Sentir seu membro enrijecido me causava arrepios, e só de imaginá-lo dentro de mim, me levava a loucura.

— Migue... Ahhhhhh.

— Goza para mim, meu mel, goza gostoso em cima do meu pau. 

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Estava etiquetando alguns produtos, enquanto a loja estava vazia, pensando em tudo que aconteceu no dia anterior. 

Miguel hoje acordou como se nada tivesse acontecido. 

Ele acordou Malú e deu café para ela, enquanto eu arrumava as camas, e logo depois a colocou no transporte. 

Quando saí de casa, ele ficou fazendo a musculação na área de lavar roupas. Como entra mais tarde no trabalho, me despedi e vim para a loja. 

Tentei esconder ao máximo de Felipe toda essa história, mas ele não é bobo, já me perguntou umas duas vezes se estava tudo bem. 

Desde que saiu de lá de casa, depois daquele fatídico episódio, procurou um lugar para morar e hoje está mais tranquilo. Eu fico feliz por ele. E ainda mais por mim, porque é perto de casa e de vez em “sempre”, aparece para jantar conosco. 

E está se dando super bem com Miguel, eu fico feliz.

No final do expediente, Felipe me fez companhia até o portão de casa, onde dois carros conhecidos estavam parados.

— Mamãe. — Ela desceu muito animada. 

Eu me despedi dos tios, agradecendo por mais um dia. 

— Quem é o cara de terno, ali te olhando? 

Virei o rosto para ver quem era e não me surpreendi, pois reconheci seu carro do dia anterior.

— Olá, Pedro. 

Ele acenou com a cabeça, depois apertou um botão e o carro ativou o alarme.

Veio caminhando em nossa direção, cheio de charme em seu terno cor de grafite e uma blusa branca, que ardia os olhos quando o sol de final de tarde batia. 

— Ana, vim conversar com o Miguel. 

— Meu tio não está. Ele chega depois, não é mamãe?

— É isso mocinha, entra e vai direto para o banho.

 Abri o portão e ela correu para dentro. Quando voltei, notei Pedro e Felipe se encarando. 

— Bom, se quiser aguardar ele chegar, Pedro, lá pelas 19 horas ele costuma chegar. 

— Se não for incômodo. 

— Claro que não. — Dei lugar para que ele pudesse passar. — Entra, faz sala para ele enquanto eu e Malú tomamos banho, por favor. — Pedi ao meu amigo, sabendo que não seria nenhum sacrifício.

— Miguel vai cozinhar hoje? — Felipe me pergunta.

— Não é certeza. 

— A esperança é a última que morre, não é? 

— Eu não cozinho tão mal assim, Felipe. Você é um ingrato. E todas as marmitas que eu já levei para você — reclamei, enquanto passávamos pela varanda da frente de casa.

— Sou seu amigo, jamais te desanimaria de algo quando você está fazendo com as melhores das intenções, mas eu prefiro a comida do Miguel, com todo respeito, amiga, o boy é seu. 

— Ele é um cozinheiro de mão cheia— disse Pedro, parado próximo ao sofá.

— Realmente — confirmei. — Bom... fique à vontade, eu vou colocar algumas coisas em ordem, este é meu amigo Felipe.

— É um prazer, Felipe. Pedro.

Ainda bem que Felipe é uma pessoa alto astral e ficou com ele, enquanto eu cumpria meus afazeres.

 Quando Miguel chegou, eu estava estendendo umas roupas na área de serviço, ele provavelmente ouviu, porque apareceu me abraçando por trás, ainda com a mochila nas costas.

— Tenho uma surpresa. 

— Ai, Miguel, que susto. — Ele me estendeu alguns papéis. — O que é isso?

— Resultado dos exames. Estou limpo. 

Não me contive e pulei em seu colo, beijando sua boca. 

— Hoje você vai ser minha.

— Sempre. Amor, é ... Pedro está aí — falei, descendo do seu colo, percebendo seu ânimo se esvair.

— O que ele quer? Já disse que não quero contato com essas pessoas.

— Miguel, não é assim. Ele gosta de você. E independente de qualquer coisa, você tinha uma vida antes de tudo isso.

— Eles não te aceitam. 

— Sua mãe não me aceita. Você precisa saber quem você foi, Miguel. Não pode se anular assim e pronto. Você tem uma profissão, tem uma vida, além do mais, eu não ficaria bem, sabendo que você está de mal com sua família por minha causa.

— Se você prometer que vai estar comigo, eu vou. 

— Eu vou estar com você. Nem que eu queira, consigo te deixar.

— Independente de qualquer coisa, Ana, não me abandona. 

— Nunca. 

— Tá, vou lá conversar com ele.

— Felipe também está aí. Disse que só aceita jantar aqui se for sua comida. 

— Só cozinho para minha mulher – disse com sorriso no rosto.

Entrei na casa com ele e Pedro o encarou com esperança. 

Os dois iniciaram timidamente alguns assuntos do passado, com Pedro mostrando fotos e vídeos deles. Alguns, Miguel me chamava para ver. 

Jantamos e mesmo com toda a pompa, Pedro não implicou com nossa comida simples, sempre muito educado e simpático, percebi que ele tem um sorriso largo para tudo. 

Ouvindo suas histórias com o amigo, descobri a cumplicidade dos dois. Depois que Felipe foi embora, eu fui para o quarto com Malú e brinquei com seus brinquedos, enquanto os dois permaneciam na sala. Ouvindo Pedro contar as histórias, percebi que os dois eram muito amigos, e não só isso, eles se amavam muito.

Fico feliz por Miguel ter alguém em sua vida, assim. 

Estava ficando tarde e como não queria atrapalhar a conversa dos dois, coloquei Malú para dormir e logo em seguida fui para minha cama. 

Tentei agarrar no sono, mas meu corpo já estava acostumado com o do Miguel me abraçando.

Estava em uma imensidão longe, não sei se no sono ou realidade, quando senti ele me abraçar.

— Meu mel?

— Hummmm.

— Ele é legal, gosto de conversar com ele.

— Que bom, eu também gosto de conversar com ele — respondi meio sonolenta.

— Durma, meu amor, você está cansada.

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Acordei no outro dia, como sempre, Miguel deitado atrás de mim, acariciando meu corpo.

Uma de suas mãos levantou minha perna, apoiando na sua, fazendo com que a minha abertura dependesse totalmente dela.

Sua mão logo achou minha intimidade fazendo meu quadril girar em resposta.

— Bom dia. 

— Bom dia — respondi.

— Está quase na hora do trabalho, mas eu queria conversar com você.

E como num súbito, eu levantei, saindo de suas garras. Era nossa noite ontem e não foi.

— Miguel?

Ele percebendo, porque é bom em me conhecer, eu não preciso de muitas palavras porque ele me decifra só com um olhar, riu.

— Relaxa, meu mel, teremos outras noites para aproveitar. 

Levantei zangada e ele ficou rindo na cama.

Sim estou brava, frustrada e decepcionada.

Emburrada, entrei no chuveiro, quando olhei no relógio, estava marcado uma hora mais cedo do que eu costumava levantar.

E ainda mais essa! 

Miguel abriu a porta do chuveiro e se juntou comigo, me abraçando.

Tomamos banho juntos, debaixo de muitas carícias, beijos e abraços. Amo esses momentos simples com ele, porque em cada gesto seu, me sinto importante, ele me faz sentir amada.

— Vem, preciso falar algo contigo.

Ele me estendeu a toalha e eu senti seu rosto um pouco tenso. 

Voltamos para o quarto e enquanto eu me vestia, ele sentou na cama de cabeça baixa.

— Ontem, eu e Pedro conversamos bastante.

— Eu sei. Você veio para o quarto bem tarde.

— Eu decidi que vou voltar para o meu apartamento e procurar ajuda médica.

Nesse momento, eu colocava minha blusa, mas parei, o encarando.

— Certo, se é algo que você quer, eu te apoio.

— Quero que você venha comigo, meu mel. Eu não conheço essas pessoas e...

— Também não me conhece.

— Ana, eu confio em você e eu te conheço muito mais que eles. Eu queria que você viesse comigo. Pelo que Pedro me falou, eu tenho uma boa condição, poderia muito bem cuidar de você e da Malú.

— Não sei, eu tenho minha vida aqui, foi muito difícil para mim, ter que recomeçar do zero e passar por certas situações, não sei se sou capaz de largar tudo dessa maneira.

— Por mim não vale a pena?

— Miguel, por favor, não é sobre você. Você agora vai saber de onde veio, como era sua vida, não quero atrapalhar nesse processo. E se os médicos que você buscar tratamento forem bons a ponto de te recuperar a memória e você perceber que eu não sou suficiente para sua nova realidade. Prefiro esperar aqui.

— Meu mel, não diz isso. O fato de eu dizer sempre que estou apaixonado por você não é suficiente?

— Até agora, para mim, foi mais que suficiente, mas não sei se para você vai ser. E eu tenho medo de me decepcionar novamente.

— Nunca vou te decepcionar, Ana. Você prometeu que ia ficar do meu lado. São só por uns dias.

— Eu vou estar do seu lado, só não posso abandonar meu trabalho.

— Por mim, Ana. Por mim. Eu preciso de você do meu lado.

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