Capítulo 01

            (Cidade Minerva, 934 D.G.M* )

 Litoral de Minerva...

      Seus olhos queimavam devido ao brilho intenso, a areia sufocava sua respiração, o som das águas batendo nos rochedos à frente confundia os seus sentidos, seu corpo caído ao chão negava-se a obedecê-lo.

      Reunindo as últimas forças que tinha conseguiu sentar-se na praia. Pelos deuses que lugar era aquele? A geografia era diferente de tudo o que já vira.

      Tentava lembrar seu nome, de onde viera? O que estava fazendo ali? Mas sua mente parecia uma folha em branco.

       Olhou ao longe e percebeu que além das folhagens erguiam-se imensas muralhas de pedras.

       Aquela visão encheu seu peito de esperança, onde quer que ele estivesse não estava sozinho. Poderia conseguir ajuda. Tentou gritar, mas assustado percebeu que sua voz se tornara um grito gutural diferente de tudo que se pudesse imaginar, chegando a causa-lhe arrepios.

       A vegetação ao longe se moveu e a praia inteira foi tomada por seres humanos, vestindo estranhas roupas de metal, portando lanças afiadas e falando um dialeto incompreensível para ele.

       Em poucos segundos estava cercado, eram dezenas o ameaçando, tentou falar com eles, mas só conseguiu emitir um esturro agigantado, alguns homens recuaram assustados, mas um deles que parecia o líder os instigou a seguir em frente.

       Ele tentou libertar-se do cerco, atacando alguns dos homens, derrubando-os facilmente como se fossem folhas secas. Eles, no entanto, pareciam um verdadeiro enxame e não o deixavam escapar do cerco.

       Foi acertado por pontas metálicas, seu sangue manchava a areia, sentiu quando uma lança perfurou seu tórax roubando-lhe o ar e fazendo-o cair sobre os joelhos.

       Laços foram jogados sobre o seu corpo amarrando-lhe os membros e roubando-lhe o pouco de equilíbrio que lhe restava, lutou com todas as forças que possuía e conseguiu romper os grilhões que o prendiam.

       Ergueu-se com rapidez e correu em direção ao mar tentando fugir de seus algozes, mas os humanos não desistiram da perseguição, interpuseram-se entre ele e o oceano barrando-lhe outra vez o caminho.

        Uma nova enxurrada de lanças veio ao seu encontro esquivou de algumas, quebrou outras, porém estava perdendo muito sangue e caiu novamente ao chão.

        O som do impacto silenciou os humanos, sentiu que a razão o deixava, o corpo quase inerte foi amarrado novamente.

        - Isfahan - tentou articular- Meu nome é Isfahan.

         Soltou outro esturro antes da escuridão se abater sobre os seus sentidos.

                                                                           ***

Praça central de Minerva...

        Isfahan acordou com uma dor dilacerando seu peito, sabia que não estava mais na praia, pois já não sentia o cheiro da maresia nem a areia sobre seus pés. Olhou rapidamente ao redor e chocado percebeu que se encontrava dentro de uma imensa jaula de ferro. Desesperado tentou arrebentar as barras, mas percebeu que era impossível.

         Seu movimento chamou a atenção de algumas pessoas que de longe o observavam com medo. De repente iniciou-se uma balburdia e várias pessoas correram formando uma multidão ao seu redor

         Isfahan podia ver o medo e o ódio nos olhos daquelas pessoas e afastou-se para o fundo da jaula.

         Observou o ambiente ao seu redor, parecia uma praça, cercada por edifícios rústicos construídos em pedra imponentes e frias como as muralhas que avistara da praia.

         Será que aqueles humanos eram tão duros e insensíveis quanto as pedras que usavam para construir seus lares? Perguntou-se Isfahan desanimado.

         Continuou observando os arredores na esperança de encontrar algo que pudesse ajuda-lo. Percebeu que ao contrário da praia ali havia fêmeas e filhotes.

         Isfahan sempre ouvira dizer que em qualquer espécie a fêmea era sempre mais dotada de sensibilidade por isso tentou se comunicar com algumas delas, mas a única coisa que conseguiu foi que saíssem correndo com suas crianças nos braços.

         Desanimado deixou-se cair no chão da jaula, sentia dores, mas percebeu que os cortes mais profundos haviam sido estancados. Isso significava que os humanos ainda não queriam que ele morresse, isso, no entanto lhe causava mais preocupação do que alivio.

         Estava ainda meditando sobre o que aquelas pessoas pretendiam fazer com ele quando a multidão ao seu redor abriu-se dando passagem a uma elegante carruagem, com um brasão esculpido no centro que mostrava uma coroa atravessada por uma espada sobre um campo de margaridas.

          O veículo estacionou no centro da praça, Isfahan viu descer do seu interior um homem elegante trajando luxuosas vestes negras. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo, o rosto de feições másculas era emoldurado por uma barbicha bem aparada, seus olhos castanhos deixavam entrever uma alma inteligente e voluntariosa.

          O pretenso líder do grupo que aprisionara Isfahan foi ao seu encontro e prostou-se de joelho, o que fez com que Isfahan percebesse que sua sorte dependeria apenas da compaixão daquele homem.

         Os homens começaram a conversar mais para seu desespero percebeu que não era capaz de entender uma palavra sequer do diálogo que se iniciou.

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