Carioca Assim que voltamos da praia, eu nem fiquei em casa, brigar com a Fernanda me baqueia legal. Será que ela não entende que esse filho com a Susana não vai mudar absolutamente nada entre nós? Nem sei se é meu realmente e isso ela vai ter que provar, mas ela não seria louca de inventar uma parada dessas, não pra mim. Tava tudo pronto pro casamento, as coisas organizadas nos mínimos detalhes com a ajuda da minha mãe, ela adora um evento, por menor que seja. Aí do nada, aparece a Susana com esse papo de filho. Ela nem mora mais no morro desde a invasão, e quando saiu da cadeia não voltou pra cá. Será que entre eu e a Fernanda sempre vai ter algo pra atrapalhar? Meu telefone pessoal toca, olho na tela. E era minha mãe. Penso em não atender mais uma vez, ela já ligou 1 milhão de vezes. Atendo. — Fala, mãe! — Que história é essa de filho, Felipe? Suspiro. — Mãe, depois a gente conversa sobre isso, tá? Tô com a mente cheia! Você conseguiu colocar alguma coisa na cabeça da Fer
FernandaDepois que a Ângela foi embora, eu refleti muito, chorei muito, mas saber que o Felipe terá um filho com outra é algo que não vou conseguir passar por cima.Fico pensando, analisando cada detalhe para tentar saber quando foi que ele me traiu. Realmente eu sou muito masoquista. Que diferença faz? Ele traiu e pronto.Chego a conclusão de que só pode ter sido no período em que estive no hospital ou nos dias em que fiquei me recuperando no apartamento da Ângela. Era isso, enquanto eu me recuperava de ter quase morrido e ter perdido o nosso filho, ele estava na farra, sabe-se lá com quantas mulheres. Eu vivia o luto de ter perdido alguém que carreguei por tão pouco tempo dentro de mim, porque sim, foi um curto espaço de tempo e eu nem pude comemorar. E enquanto isso, ele se divertia com outras, pelo fato de ser um canalha que não consegue manter o pau sem funcionar.Felipe passou o dia todo fora de casa, anoiteceu e nada dele voltar. Gabriel já dormiu e eu não comi nada, não ten
Fernanda— O que você disse? — perguntei.Não acredito que estou passando por isso.Eu estava tão nervosa que pensei ter escutado errado. Não sei o que seria pior, um filho de 03 anos ou um que ainda não tenha nascido.— Deixa eu te explicar!— Sai daqui, Felipe! Não tem mais nada pra me explicar. — falei, levantando da cama e indo até o closet pegar um pijama e ele veio atrás.— Não tem exatamente 03 anos, vai fazer eu acho, eu não tenho certeza! Nasceu um pouco depois que o Gabriel, mas isso não importa. — ele falou me impedindo de sair do cômodo do closet.— Realmente não importa, Felipe! Até porque eu já entendi tudo e sai da minha frente que eu vou tomar um banho.— Não entendeu nada, caralh*! Eu não te traí! — Ele grita e eu tento passar por ele, que segurou meus braços, me impedindo.— Você tá percebendo as mentiras que está falando? Pode não ter me traído agora, mas traiu lá no passado! Presta atenção Felipe, o garoto tem a mesma idade do Gabriel!— Eu não tava com você nessa
LCMe aproximei e apontei o fuzil na testa da mulher, que se assustou com a minha reação.— CALA ESSA BOCA! Muito pior é uma mulher que abandona um filho por droga. Ninguém fala mal do meu velho na minha frente, ele foi um pai da hora.Nesse momento vinha entrando o carro da Rebeca, só me faltava essa. Ela tinha ido fazer compras e estava de volta, e vendo a situação, para o carro ao nosso lado.— Lucas? — Ela me chama assustada com o que está vendo.— Vai pra casa, Rebeca! — ordenei sem deixar de olhar pra tal mulher e sem baixar o fuzil. — Vai logo caralh*! — repeti, falando exaltado quando percebi que a Rebeca continuava ali! Ela ligou o carro e foi.— É a sua mulher? Ela é linda — A mulher fala.— Não é da sua conta! Tá fazendo o que ainda aqui? Mete o pé!— Seu pai me batia meu filho, por isso eu fui embora.— É? Você não acabou de dizer que ele te expulsou? Tá confusa você! — falei irônico.— Me batia e me expulsou de casa, me proibindo de me aproximar de novo de você.— Te bat
REBECA— Não me meti em nada, apenas passei por ali! Tá estressado assim por quê, Lucas? — falei, levantando o olhar enquanto estava sentada no sofá.— Porque você tá se metendo em algo que não te diz respeito, por isso. — Ele foi direto para o barzinho servir uma bebida.— Te conheço o suficiente pra saber que ali tinha coisa errada, não parecia assunto de trabalho, até porque se fosse, você não estaria resolvendo na entrada da comunidade. — falei e ele apenas me olhou, ficando um tempo calado. Depois, bebeu tudo em um único gole.— E tem alguma coisa que eu faça que não é errada? — disse sem me olhar e subiu para o quarto a passos pesados, e eu fui atrás.— O que está acontecendo, Lucas? Me fala, a gente sempre conversou sobre tudo.Ele tava muito nervoso, não respondeu nada e foi para o banho. Essa história está cheirando mal, o Lucas nunca perde o controle por absolutamente nada. Ele é muito frio e centrado, então é algo grave e eu vou descobrir o que é.CariocaFoi até bom o Gabr
Fernanda Nunca mais sai de casa, não sei nada do que está acontecendo no morro e essa história de filho com a Susana não sai da minha cabeça. Após mais uma noite mal dormida, levanto cedo, pois nos poucos momentos em que eu conseguia pegar no sono, tinha pesadelos com brigas, sangue e mortes, e em todos estes pesadelos estava o Felipe. Tomo um banho, me olho no espelho e percebo que minha cara está péssima aliás, eu estou péssima. Não dá mais, tomo uma decisão: vou falar com ele. Felipe é como uma droga, altamente viciante e destruidora, e eu sou uma viciada, daquelas que até tenta, mas não consegue ficar longe, prefiro ter a dose diária letal e perigosa do que sofrer de abstinência. E eu sofro.... minha crise de abstinência é ficar longe dele... Então decido ir até a boca, agora sei o caminho. Deixo a Josefa tomando conta do Gabriel, pego meu carro e vou para lá. Durante o caminho, fico com raiva das vielas estreitas e suas subidas intermináveis, precisei estacionar muito ante
Carioca Meu relacionamento com a Fernanda acabou, simplesmente não tem mais volta. Eu tentei de tudo, mas nem falar comigo ela quer. Então não vou insistir mais, se ela quiser assim, então assim vai ser. Ela é marrenta demais, e uma hora isso cansa, vou voltar pra minha vida de putari*. Mulher não falta, claro que ter o que a Fernanda teve de mim, nenhuma outra terá, essa coisa de pele e sentimento que a gente teve, eu sei que foi só com ela. Mas se ela quer ficar de c* doce, então eu vou viver a minha vida. Todos os dias vejo meu filho, ele tá cada dia maior e mais esperto, vai ser sagaz igual ao pai. Cada noite durmo em uma das minhas casas espalhadas pelo morro, faço esse rodízio por estratégia e somente os meus seguranças noturnos é que ficam sabendo onde vou dormir em cada noite e só sabem na hora que eu vou. Bobeira igual aquela vez em que fui preso, nunca mais. Acordo, tomo um banho e vou pra boca, muita coisa pra resolver hoje. Tô em contato direto com o Turco, meu f
FernandaChego em casa tentando esconder o choro que insistia em continuar. Josefa está com o Gabi no tapete da sala e quando percebe meu descontrole, ela levanta e vem até mim no primeiro degrau da escada, que dá acesso ao segundo andar da casa.— Aconteceu alguma, dona Fernanda?Já disse a ela milhares de vezes para me chamar apenas de Fernanda, sem nenhuma formalidade. Mas ela insiste em continuar me chamando assim, segundo ela, é por respeito.— Nada não, Josefa! Só fica mais um pouquinho com o Gabi, por favor?Terminei de falar, meus olhos lacrimejando.Ela entendeu, aliás, Josefa sabe tudo o que acontece, mas é uma pessoa muito discreta e confiável, sei que tudo que ela ouve ou presencia, não sai desta casa .— Claro, minha querida! Vou levar ele para brincar lá fora.Abro um sorriso forçado, agradecendo e subi para o quarto com a decisão tomada: eu pediria o divórcio e voltaria com o Gabriel para minha casa. Era isso, era o fim.RebecaHoje é mais um daqueles dias em