Fernanda Nunca mais sai de casa, não sei nada do que está acontecendo no morro e essa história de filho com a Susana não sai da minha cabeça. Após mais uma noite mal dormida, levanto cedo, pois nos poucos momentos em que eu conseguia pegar no sono, tinha pesadelos com brigas, sangue e mortes, e em todos estes pesadelos estava o Felipe. Tomo um banho, me olho no espelho e percebo que minha cara está péssima aliás, eu estou péssima. Não dá mais, tomo uma decisão: vou falar com ele. Felipe é como uma droga, altamente viciante e destruidora, e eu sou uma viciada, daquelas que até tenta, mas não consegue ficar longe, prefiro ter a dose diária letal e perigosa do que sofrer de abstinência. E eu sofro.... minha crise de abstinência é ficar longe dele... Então decido ir até a boca, agora sei o caminho. Deixo a Josefa tomando conta do Gabriel, pego meu carro e vou para lá. Durante o caminho, fico com raiva das vielas estreitas e suas subidas intermináveis, precisei estacionar muito ante
Carioca Meu relacionamento com a Fernanda acabou, simplesmente não tem mais volta. Eu tentei de tudo, mas nem falar comigo ela quer. Então não vou insistir mais, se ela quiser assim, então assim vai ser. Ela é marrenta demais, e uma hora isso cansa, vou voltar pra minha vida de putari*. Mulher não falta, claro que ter o que a Fernanda teve de mim, nenhuma outra terá, essa coisa de pele e sentimento que a gente teve, eu sei que foi só com ela. Mas se ela quer ficar de c* doce, então eu vou viver a minha vida. Todos os dias vejo meu filho, ele tá cada dia maior e mais esperto, vai ser sagaz igual ao pai. Cada noite durmo em uma das minhas casas espalhadas pelo morro, faço esse rodízio por estratégia e somente os meus seguranças noturnos é que ficam sabendo onde vou dormir em cada noite e só sabem na hora que eu vou. Bobeira igual aquela vez em que fui preso, nunca mais. Acordo, tomo um banho e vou pra boca, muita coisa pra resolver hoje. Tô em contato direto com o Turco, meu f
FernandaChego em casa tentando esconder o choro que insistia em continuar. Josefa está com o Gabi no tapete da sala e quando percebe meu descontrole, ela levanta e vem até mim no primeiro degrau da escada, que dá acesso ao segundo andar da casa.— Aconteceu alguma, dona Fernanda?Já disse a ela milhares de vezes para me chamar apenas de Fernanda, sem nenhuma formalidade. Mas ela insiste em continuar me chamando assim, segundo ela, é por respeito.— Nada não, Josefa! Só fica mais um pouquinho com o Gabi, por favor?Terminei de falar, meus olhos lacrimejando.Ela entendeu, aliás, Josefa sabe tudo o que acontece, mas é uma pessoa muito discreta e confiável, sei que tudo que ela ouve ou presencia, não sai desta casa .— Claro, minha querida! Vou levar ele para brincar lá fora.Abro um sorriso forçado, agradecendo e subi para o quarto com a decisão tomada: eu pediria o divórcio e voltaria com o Gabriel para minha casa. Era isso, era o fim.RebecaHoje é mais um daqueles dias em
LCRobertão chegou na VK e de perto ele é ainda maior do que parecia ser pelas chamadas de vídeos que fizemos, o cara é enorme, tipo 4x4 mesmo, parece aqueles seguranças de celebridade. Se ele vestir um terno, tenho certeza que fica idêntico.Ele era segurança de carro forte na cidade onde morava e após ser demitido do emprego, sem conseguir outro trabalho, começou a se envolver aos poucos no mundo do crime, participando inclusive, a assaltos a carros fortes em estradas, já que ele conhecia bem como funcionava o esquema.Robertão é um cara muito na dele. Calado, discreto, bastante observador e que entende absolutamente tudo de armas, ele tem um perfil excelente para termos no nosso bonde, e ficaria, a princípio, aqui na VK, mas o Carioca quer ele na Penha, então ele vai pra lá.Japah tá junto e assim como o Carioca, ele tem o hábito de avaliar cada movimento das pessoas, e foi o que ele fez com o Robertão. Japah ainda não tinha entendido porque o irmão queria que o cara fosse leva
FernandaFalei ao Felipe que quero o divórcio, porque é exatamente essa a minha vontade agora.— NUNCA! — Ele fala firme e grosso.— Felipe, não tem mais sentido continuarmos casados, o divórcio é inevitável, aliás, podemos pedir a anulação desse casamento!— Eu nunca vou te dar o divórcio, tá entendendo? Nunca! Você é minha mulher e vai continuar sendo! — Ele se aproximou, me empurrando até a parede e ficou ali, me pressionando, apontando o dedo indicador para a minha cara. — Você pode até ficar viúva, mas divorciada jamais! — falou e nós nos olhamos olho no olho.— Qual o sentido disso tudo, hein? Esse relacionamento acabou, você fez as suas escolhas, Felipe!— Você é quem fez essas escolhas!— Eu fiz? A única escolha que fiz foi ir falar com você hoje quando acordei. Mas para minha surpresa, ou não, você estava comendo a primeira put* barata que foi lá se oferecer! Então não venha me dizer que eu fiz escolhas, porque quem as fez, aliás, sempre faz, é você.— E você acha que
CariocaSaio da minha casa, ou melhor, casa da Fernanda agora, putä pra carälho. Ela consegue me tontear legal, mas chega de ser palhaço na mão dela.Ela fod€ com psicológico, na moral. O mês todo sem falar comigo, sem nem olhar na minha cara, aí quando resolvo dar uma aliviada com uma piranha, ela vê, só pode ser coisa do demônio uma parada dessas.Tudo que eu queria era estar com ela, fazer logo outro moleque. Eu sou louco por essa mulher e não entra na minha mente ela ser apenas a mãe do meu filho. Não que isso seja pouco, muito pelo contrário, ela ocupa o posto de mulher mais importante pra mim por esse motivo. Mas não consigo imaginar ela sequer pensando em outro, ficando então? Jamais, sem chance, ela é minha e pronto.Parto com minha moto no pique corrida de fórmula 1 e em poucos minutos tô na boca da 12.O Japah tá do lado de fora conversando com alguns soldados e um cara diferente, provavelmente o homem que o LC trouxe de outro estado.— Fala tropa! — chego fazendo o to
CariocaTô dando um giro pelo morro com o Robertão pra ele conhecer tudo, eu na minha moto e ele numa que foi fornecida pra ele fazer os corres de agora em diante. Ele é caladão, mas pega tudo muito rápido, pouca conversa e muita ação, isso me agrada.Paro no bar da subida do morro, com esse calor de 34 graus antes das 11 da manhã, só uma cerveja estupidamente gelada pra amenizar.Nem preciso chamar o pessoal que tá atrás do balcão, logo vem uma mina com short curto, cabelo preso num coque, brincos enormes nas orelhas e rebolando, enquanto traz na bandeja dois copos e as duas cervejas. Robertão ia beber comigo, dei essa moral a ele.A mulher serve a mesa se inclinando de uma maneira que seus peitos fiquem diante dos meus olhos, sem cerimônia alguma. Claramente com segundas e terceiras intenções, ela pergunta me olhando:— Mais alguma coisa?— Só isso mesmo! Por enquanto... respondi, enquanto olhava pra ela de cima a baixo, analisando que ela é bem gostosa.Nos encaramos.— Pr
LCSilêncio entre Rebeca e eu.— De overdose Rebeca! — repito. — Morreu enchendo o corpo de droga, ela não tinha mudado nada! — Eu ria alto e acho que também chorava ao mesmo tempo, afinal, não era engraçado.— Você podia ter perdoado ela. Era sua mãe e você não estaria nesse estado agora.— Cala a boca! — gritei.— Não é vergonha amar a sua mãe, mesmo ela tendo errado tanto, Lucas!— Eu não amava ela porrä! — gritei e joguei a garrafa na parede, deixando Rebeca apavorada.— Pra quê tanto ódio? — pergunta.— Esse sou eu. E quer saber? Eu não ligo, não tô nem aí! Nunca precisei dela pra nada! — Rebeca tenta me abraçar. Empurro ela novamente e saio feito maluco pela porta, batendo com força.Vou até a boca principal e lá uso várias paradas. Misturei tudo, não sou de misturar, não costumo usar pó, mas hoje eu precisava. Eu queria não sentir dor, queria não sentir a consciência pesada, queria não lembrar...E fico nessa onda por horas, viajando em tudo que já passei, lembrando d