LCSilêncio entre Rebeca e eu.— De overdose Rebeca! — repito. — Morreu enchendo o corpo de droga, ela não tinha mudado nada! — Eu ria alto e acho que também chorava ao mesmo tempo, afinal, não era engraçado.— Você podia ter perdoado ela. Era sua mãe e você não estaria nesse estado agora.— Cala a boca! — gritei.— Não é vergonha amar a sua mãe, mesmo ela tendo errado tanto, Lucas!— Eu não amava ela porrä! — gritei e joguei a garrafa na parede, deixando Rebeca apavorada.— Pra quê tanto ódio? — pergunta.— Esse sou eu. E quer saber? Eu não ligo, não tô nem aí! Nunca precisei dela pra nada! — Rebeca tenta me abraçar. Empurro ela novamente e saio feito maluco pela porta, batendo com força.Vou até a boca principal e lá uso várias paradas. Misturei tudo, não sou de misturar, não costumo usar pó, mas hoje eu precisava. Eu queria não sentir dor, queria não sentir a consciência pesada, queria não lembrar...E fico nessa onda por horas, viajando em tudo que já passei, lembrando d
Fernanda A noite está tranquila, hoje o Felipe não veio ver o Gabriel, e eu achei isso estranho, afinal, ele vem diariamente. Estou assistindo uma série quando o Andrey me liga e ficamos falando sobre o boy italiano que ele conheceu pela internet, enquanto desço para preparar o leite para o Gabriel. Andrey fala sem parar e eu rio do jeito dele, que está muito empolgado com o seu pretendente europeu. Abro a geladeira e procuro algo gelado para tomar, pois com o calor de hoje, eu preciso. Pego uma caixinha de suco de soja, sirvo e vou tomando, enquanto continuo ouvindo as coisas que o Andrey conta. Após desligarmos, me viro para voltar para o quarto e ali está ele, o Felipe. Sorrateiro e lindo como sempre, silencioso como nunca. Me pergunto mentalmente quantas vezes ele já deve ter feito isso, entrar aqui à noite sem que eu perceba. Ele se aproxima e vai jogando aquele charme que só ele tem, aquela mistura de cafajestagem com cara de bravo que me enlouquece. Ele sabe o que
FernandaPela manhã, lembro vagamente do Felipe beijando a lateral do meu rosto, dizendo que tinha coisas a resolver. Devia ser muito cedo, eu estava cansada, então voltei a dormir.Acordo horas depois, tomo um banho, passo pelo quarto do Gabriel que ali não está. Desço e uma mesa linda de café estava posta. Josefa me olha com um sorriso largo.— Bom dia dona... Quero dizer, bom dia Fernanda! Fico muito feliz que estejam se entendendo.Devolvo o sorriso a ela, que havia percebido que aconteceu algo entre o Felipe e eu.— Vamos com calma, tudo no seu tempo! Onde está o Gabi? — falei gesticulando, afinal, foi apenas uma noite e há muitos problemas ainda entre nós.— Está lá fora com o Felipe, já tomaram café.Comi um pão de queijo e tomei um copo de iogurte natural, com banana e mel e depois fui até o jardim.Chego lá, eles estão sentados no gramado. Gabriel está brincando com um jogo de lego e o Felipe falando ao celular.— Como assim, mãe? Ela devia estar aí a quase 01 hora a
DaniNão tive dificuldade em passar, afinal, não iam querer arrumar confusão com a mulher de um dos chefes e também o Japah nunca me proibiu de ir e vir em qualquer lugar que fosse. Óbvio que os soldados devem ter tentado avisá-lo, mas ele estava com o rádio e os celulares desligados, então até conseguirem contato de outra forma, eu já estaria lá.Segui indo pelo caminho que o GPS indicava e também pedi informações a algumas pessoas pelo caminho.Chegando lá, vi que estava no local certo, era uma casa bonita com muros altos e a cor batia com a informação que recebi. Saía fumaça e o cheiro de churrasco exalava até onde eu estava. Havia música alta e alguns soldados que faziam a segurança, vieram até mim.Mais uma vez me identifiquei e permaneci dentro do carro, um deles entrou pelo portão, e alguns minutos depois apareceu o Japah.A imagem me enoja.Eduardo estava com os pés descalços, somente de bermuda e sem camisa. Aliás, a camisa estava amarrada na cintura, no cós da bermuda.
ÂngelaEstou na clínica de teste de DNA e muito tempo se passou do horário marcado para o exame. Já perdi a conta de quantos copos de água já tomei na recepção do laboratório, enquanto o Robertão me aguarda na parte de fora do prédio. Eu sei me cuidar mas o Felipe insistiu.Fico pensando o que pode ter acontecido para esta moça não aparecer, e a única explicação é que o filho não seja do Felipe. Mas o que ela ganharia inventando isso? Não faz sentido.Ligo para meu filho, avisando que ela não veio e decidimos que vou embora, mas antes, vou até o toalete e assim que saio, sou puxada pelo braço. Me assusto ao ver que diante de mim, estava o Juninho, mais conhecido como capitão Barreto agora. Tento ignorá-lo, mas ele me puxa com força.— Tá pensando que vai aonde? — Ele fala, colado ao meu ouvido.— Me solta! – respondi.Aqui o Robertão não poderia ver o que estava acontecendo, pois ele ficou na porta do prédio, afinal, está armado. E o Barreto, por ser policial, tem livre acesso a
ÂngelaBarreto me encara com ódio enquanto continua a falar:— Quem devia estar aqui era ele doce Ângela, o seu filho, mas ele é esperto, né? Mandou você para fazer o DNA, com a avó da criança é óbvio que poderia ser feito o exame. Tudo o que eu queria era que ele viesse pra eu poder acabar com a raça dele de uma vez por todas. Mandei a Susana pressionar e tentar fazer ele vir realizar o teste, eu queria ele fora do morro. Não funcionou, mas eu sempre tenho dois planos, queria ele aqui ou você, afinal, há anos eu tenho tudo entalado na garganta pra largar nessa sua cara ordinária. — Barreto come mais um biscoito e toma o restante do café.— Você estava usando essa moça o tempo todo? — perguntei, sentindo um nó se formar na minha garganta. Eu não conseguiria comer mais nada.— A Susana foi só uma peça no meu tabuleiro. A idiota foi presa junto com o Carioca e eu descobri tudo sobre ela, inclusive que ela tem um irmão que entra e sai da cadeia toda hora, um marginalzinho de quinta c
JapahAmanhã volto pra casa antes mesmo do combinado que eu ficaria aqui. Depois que a Dani veio, eu não parei de pensar nela, acabou a resenha pra mim.Fui pro quarto relaxar a mente. A Dani tá muito neurótica, ciumenta, mas ver ela me bateu saudade de passar a mão no barrigão dela, sentir o Marcelinho mexer. Minha loira e eu brigamos, as vezes me sinto preso, mas sou paradão nela, Dani foi a única mulher que amei até hoje, aliás amo. Talvez eu não deixe isso totalmente claro por isso bate essa insegurança toda nela ultimamente.Ela saiu acelerada do morro e eu nem fui atrás, tava cheio de álcool no corpo e paradas na mente, ia dar ruim.Penso em ligar pra ela e vejo que meus celulares estão sem bateria. Conecto no carregador e vou pro banho.Quando tô saindo, o Doca vem me trazer o telefone dele, era o Carioca me passando um esculacho e avisando que meu filho tá nascendo.Como assim, nascendo? Ainda faltam algumas semanas e um choque de realidade veio a minha mente. Era culpa
JapahLevanto do chão, a onda já tinha passado e meu irmão me abraça.— Parabéns Eduardo, teu moleque é lindão!— Tu já viu ele? — perguntei sorrindo.— Claro, pô! Você saiu feito maluco, deixou o celular comigo, a avó babona já mandou um monte de fotos, bora lá.— E a Dani? — Eu precisava saber da minha mulher, mas a cara do meu irmão não foi boa quando perguntei.— Liga lá! — A coroa já ligou um milhão de vezes querendo falar com você. — Ele falou, entregando o meu celular e troca um olhar comigo.Olho todas as fotos, meu moleque é lindo, muito pequeno, afinal, nasceu algumas semanas antes da hora. Mas é bonito pra caralho, que vontade de ter ele nos meus braços.Quero ser forte, o sempre inabalável Japah, mas sem condições nessa hora, as lágrimas começam escorrer pelos meus olhos enquanto eu passo e repasso várias vezes as mesmas fotos. Carioca parado ao meu lado, com os braços cruzados na altura do peito, me olha sorrindo.— Sei qual é essa emoção aí, meu irmão, melhor s