CAPÍTULO 04

Fernanda

Nesta hora eu fiquei estarrecida com o que ouvi, nos olhamos alguns segundos e apertei firme a mão dela para que ela entendesse que poderia se abrir comigo, se ela se sentisse confortável para isso.

— Fernanda, os primeiros anos do meu casamento foram de total infelicidade. Desde que conheci o Jorge, ele ficava com várias mulheres, mas eu me apaixonei perdidamente por ele e engravidei tão novinha que precisei casar, ou melhor, morar junto, pois sendo menor de idade eu precisaria de autorização dos meus pais e isso não era possível. Eu morava na pista com eles, não éramos ricos, mas tínhamos uma vida confortável e quando meu pai soube da gravidez, descobrindo ser de um traficante, me expulsou de casa e eu não tive outra opção, a não ser morar no morro com o Jorge.

— Meu Deus, Ângela! E como o Jorge reagiu?

— Ele ficou muito feliz com a gravidez, é claro, desde o começo dizia ser um menino, me levou para viver com ele no Jacarezinho e aí começou o inferno que foi o início da nossa vida juntos. Foram tantas traições e humilhações... Até hoje me pergunto como não apareceram filhos dessas traições.

Nessa agora uma lágrima escorreu do meu olho e ela saiu da espécie de transe em que se encontrava, provavelmente se recordando das lembranças tristes e eu ainda segurava sua mão.

— Mas o que eu quero dizer com tudo isso minha querida, é que você precisa ser forte, se envolver com um homem como meu filho não é fácil, sempre haverão situações turbulentas.

— Eu não vou aceitar traições, Ângela, isso não! Eu não mereço!

— Eu sei que não merece e nem quero que você aceite, porém se prepare!

— Me preparar para quê? — me assustei com o que ela disse.

— Felipe é igual ao pai dele! — ela respondeu.

— Você quer dizer o quê com isso? Eu já deixei claro a ele que não aceito e vou pedir a separação!

— Você vai precisar ser muito forte, ele nunca vai aceitar isso!

— Como assim, não vai aceitar? Se eu não quero mais, ele tem que aceitar!

— O Felipe é possessivo, Fernanda!

— Mais do que ninguém, eu sei o quanto ele é! — respondi e amarrei meu cabelo como se fosse fazer um coque, mas soltei rapidamente. Eu estava inquieta, com raiva e meus movimentos estavam totalmente no automático.

— Ele não é meu dono não, Ângela! Somos pais do Gabriel, isso é fato, e é um vínculo entre nós para vida toda, mas como homem e mulher, não dá mais!

— O Felipe é idêntico ao Jorge e por experiência própria, digo a você: é quase impossível se livrar disso, ele não vai deixar e você tem que estar preparada para o que está por vir.

ANDREY, DANI E REBECA NO QUIOSQUE A BEIRA DA PISCINA NA CASA DE REBECA:

— Mas então amores, é isso! O boy está vindo ao Brasil para me conhecer!

— Sua louca! Você não tem medo não? Vai que ele é um louco psicopata?

— Mas é por isso que ele vem pra cá primeiro e também não posso perder a oportunidade de conquistar uma cidadania europeia, né Rebequinha? — ele fala e beija o ombro, Dani e Rebeca riem.

— Andrey, você não presta mesmo! Agora mudando de assunto, o casamento da Fernanda e do Carioca tava lindo, mas vocês não acharam ela um pouco estranha no final do dia? – Dani perguntou.

— Não reparei não! Você acha que aconteceu alguma coisa? – Andrey responde e Rebeca se remexe incomodada na cadeira.

— Fala o que você sabe! – Dani pressiona Rebeca.

— Sei de nada não, eu hein? – Rebeca se defende.

— Claro que sabe! Está escrito na sua cara que sabe! — Andrey argumenta.

— A gente te conhece bem, pode abrindo essa boca. — Dani continua.

— Gente, vocês são fogo hein? Eu soube de algo, mas não tenho certeza. É só uma conversa que escutei do Lucas falando no telefone com o Carioca. — ela se rende e fala.

— FALA, CRIATURA! – Andrey e Dani falam juntos como em um coro.

— Ai, tá bom! Não sei se tem a ver, mas parece que a Susana foi atrás do Carioca na Penha.

— Como assim? Tá viva ainda? Nunca mais tinha ouvido falar daquela lá. — Andrey fala.

— Depois de tudo que ela passou? Até presa por causa dele ela foi. – Dani completa.

— Pois é, mas tem mulher pra tudo nesse mundo e o Lucas nem sabe que eu ouvi, hein?

— Ah, isso é verdade! Mas é uma pena que a Fernandinha ainda não tem os macetes da Dani. — Andrey diz malicioso.

— Como assim? — Rebeca perguntou e olhou para os dois. Andrey sorri debochado, sugando o suco de melancia pelo canudinho.

— Tá muito fofoqueira, biba! Rebeca, o Japah, né? Com os pulos dele...

— Achei que ele tinha sossegado.

— Sossegou por uns tempos, Rebeca, mas andei descobrindo umas puladas dele.

— E você amiga, não fez nada? — Rebeca pergunta.

— Ah tá bom, né ruiva? Até parece que você não conhece a sua amiga aí. — Andrey responde antes de Dani.

— O que você fez, sua danada? — Rebeca pergunta sorrindo curiosa.

ACONTECIMENTO DE ALGUMAS SEMANAS ATRÁS NA MEMÓRIA DE DANI:

O Eduardo anda estranho, conheço bem e sei que ele tá aprontando, mas se ele pensa que vai fazer o que quiser sem que eu tome atitude, somente porque estou grávida, ele está muito enganado. Não quis que eu virasse a fiel? Então ele que tome jeito.

Peguei algumas mensagens de uma vagabund* no telefone dele, de mais uma no caso, eu já estava desconfiada, mulher tem sexto sentido... Salvei o número dela. E ser mulher do sub dono, me traz algumas vantagens, então não foi difícil descobrir quem ela é.

É uma piranha Maria Fuzil, já passou na mão de vários vapor e soldados, mas eu não sou do nível dela e ela vai se arrepender de se envolver com meu marido.

Assim que ela está saindo do salão de beleza, onde claramente acabou de colocar o megahair, eu a espero.

— Vem comigo, vagabund*! Vamos dar um passeio de carro. — falei assim que ela entrou no beco próximo a casa dela, a puxando pelo braço.

— Eu hein?! Tá maluca? Vou a lugar nenhum contigo não.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo