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Depois de um dia cansativo as atividades da escola e uma visita obrigatória na casa da sua mãe, finalmente, ela estava de volta em seu quarto. Tirou sua camisa longa e sua calça apertada, terminou de se despir completamente no banheiro e, como de costume, parou em frente ao espelho comprido, que ia do chão ao teto em seu banheiro. Novamente, observou seu corpo deslumbrante em frente a ele.

Ela sorriu, assistindo sua pele maravilhosa brilhar com a luz do cômodo, Emelly amava seu corpo de todas as formas. Por um impulso escrupuloso, pensou outra vez naqueles olhos negros e penetrantes, fitando-a com malícia e tocando em seu corpo da cabeça aos pés, venerando-a. Emelly entreabriu os lábios e gemeu com aquele pensamento. Por que desde que o viu não parava de pensar nele? Desejava poder um dia olhá-lo novamente, admirar sua beleza, tocar em seu cabelo longo e negro e descer as mãos pelo seu rosto lindo, esculpido e adorado pelos anjos. Seria ótimo poder tocá-lo e sentir seu toque.

Porém, tudo aquilo não passava de uma ilusão. O que aconteceu naquela noite foi sorte, nunca mais o veria e não encontraria alguém parecido com ele, com toda aquela beleza e que a fez sentir-se tão intimidada por ele ser tão lindo e transferir um desequilíbrio mental. Ela tratou de esquecer aqueles olhos, tentou esquecer a boca vistosa chamando seu nome. Como ela quis beijar aquela boca.

Vamos parar Emelly, isso é impossível.

Ela respirou novamente e deu de ombros entrando no chuveiro, deixando a água lavar as lembranças de ter encontrado com aqueles olhos intensos e profundos na outra noite. Depois do banho, Emelly saiu do banheiro com uma toalha na cabeça e com outra enrolada em seu corpo. Ao chegar ao quarto, ela olhou em volta e seus olhos pararam sobre a caixa que sua mãe havia lhe dado de presente. Ela sorriu meio boba, adorava os presentes de sua mãe, mesmo achando eles tão... Idiotas. Ela parou ao pé da cama, começou a rasgar o plástico que envolvia a caixa e ao abrir Emelly deu um de seus sorrisos mais glamorosos. Era uma grande foto dela mesma. Não era muito antiga e sim de dois ou três meses atrás, quando saiu em uma viagem com sua mãe e amigas. Estava na praia, sentada no chão com um sorriso gigantesco em seus lábios. A rosada sorriu e tratou de acomodar o quadro em algum lugar daquele quarto médio, porém bem decorado por ela e suas amigas.

Às 22h em ponto, as três saíram de casa com um sorriso no rosto.

**+**

— Você odiou tanto esse lugar e está aqui novamente além da garota? – Rafael brincou andando pelo meio daquele povo, sendo seguido pelo amigo logo atrás. — Então, o motivo é muito importante, você nunca faz um sacrifício.

— Isso não é um sacrifício – Respondeu ele, dando uma olhada geral pelo estabelecimento em busca de sua rosada.

— Não minta para mim eu conheço você – Rafael olhou para trás encarando o amigo. – Enfim, eu vou procurar por aquela garota nem que eu incomode uma por uma.

Nicolas parou olhando o amigo cruzar os braços à sua frente e parecer uma criança falando e falando sobre aquele fato. Sim, ele havia odiado o lugar e ainda odiava, mas para poder ver novamente aqueles olhos brilhando e aquele sorriso irresistível, ele abriria mão de seu orgulho para deixar entrar a humildade. Mas além da menina, ele poderia está ali para… Beber?

Ah, isso não.

— Cala a boca Rafael – Respondeu somente isso, voltando a caminhar, e dessa vez foi em direção ao bar.

Quando chegaram ao bar da boate, o garçom da noite anterior abriu um sorriso irônico, o que não passou despercebido pelo Santinelli que virou o rosto. Sabia que ele havia cuspido para cima.

— O que vão querer essa noite? – O garçom perguntou diretamente para Nicolas que franziu a sobrancelha e resmungou um “mesmo de ontem” e virou-se para a multidão.

Seu grande desejo era encontrar a mesma garota da noite anterior, queria poder vê-la, conversar com ela se possível e, não somente trocar algumas frases como fizera. Queria poder tocar em seu rosto, ou pelo menos receber um sorriso, sorriso aquele que não deixou Nicolas dormir. Ele queria vê-la novamente.

— Droga... – Nicolas resmungou. Seu uísque chegou e ele o pegou tomando logo um gole enquanto se virava de novo para ver se conseguia enxergá-la. E em meio a tanta gente ele pode ver alguns fios cor-de-rosa voarem por aquele lugar.

No primeiro momento ele pensou ser apenas uma alucinação. Talvez estivesse pensando tanto nela que já estava vendo-a por aí. Mas então, ele pode vê-la por completo e o sorriso brotou de seus lábios grossos, seu peito parecia pegar fogo com cada olhada para aquela mulher. Ela tinha algo que ele queria muito descobrir, só a viu uma única vez, mas ela despertava algo dentro dele que nem ele mesmo sabia o que era. Um desejo avassalador o consumia, sentimentos devassos passavam por sua cabeça. Uma sensação latejante em seu coração confundiu-o com a própria realidade.

Com todo esse latejo por seu corpo, foi muito difícil ele mudar seus pensamentos. Foi quando ele viu que ela não estava sozinha. Estava com alguém dançando logo atrás, sorrindo alegremente enquanto ele sussurrava algo em seu ouvido e virando-se em seguida para dar-lhe atenção e começar a rir para abraçá-lo, chegando até a beijar o seu pescoço. Nicolas se empertigou naquele momento, uma ira tomou seu coração repentinamente. Vários pensamentos maldosos passaram por sua cabeça, como se ele já fantasiasse a morte mais horripilante e desumana daquele cara que a tocava. Daquele que tocava o corpo tão inocente quanto seu sorriso.

Ele respirou fundo tentando conter o ódio que irradiava seu corpo contra aquele homem, seja lá ele quem for. Nicolas perdeu o brilho no olhar. Queria tanto vê-la, que acabou se equivocando. De repente, em sua mente veio às palavras do garçom da noite passada. Emelly não ficava com ninguém, dispensava todos que tentavam dar em cima dela. Sim, aquele poderia ser o motivo, por ela não se deixar atrair por alguém. Ela tinha namorado.

Como eu não pensei nisso antes?

Nicolas se perguntou intrigado, ele já devia ter pensando nessa possibilidade. Emelly era bela demais, era uma mulher maravilhosa, perfeita, atraente, deslumbrante e elegante demais para ser solteira. Novamente, aquela frustração invadiu seu coração. Um rancor cresceu, uma sanha atacou seu ser, seu corpo todo, a sua esperança de vê-la sorrir para ele foi arrancada. Ele tomou todo o líquido do seu copo e se virou para pedir mais um. Sua raiva era notável, até Rafael pensou em perguntar o que houve, mas vendo o estado do amigo deixou de lado.

Nicolas se virou novamente para admirar a bela mulher, que já tinha namorado. Quando olhou em sua direção, ela lhe olhou de volta. Seus olhares se cruzaram, como na outra noite. Emelly entreabriu os lábios, espantada com aquilo. A sensação, o desejo alcançou seu corpo mesmo estando tão longe dele. A eletricidade que percorreu por seu torso na outra noite alcançou-a, deixando-a tonta.

Emelly parou no meio daquela música alta assustando seu companheiro, que apenas sorriu e voltou a dançar, enquanto Emelly ficara pálida de repente. Ele estava lindo, não usava aquele terno que a deixou incomodada, porém, um suéter da cor… de seus olhos. Verde claro, definido lividamente seus ombros largos e seu rosto gélido. Emelly ofegou com tanto deleite para sua vista, como ele era maravilhoso.

— Emelly, está tudo bem? – Raissa chegou perto da amiga e tocou em sua mão, Emelly nem a olhou. — Emelly?

— Sim... – Disse em um sussurro inaudível. Raissa estreitou os olhos, encarou a amiga que entreabriu seus lábios ofegantes, quase babando, e olhando para um ponto talvez que ela ainda não tinha visto. Raissa ficou ao seu lado e seguiu sua visão. Foi quando ela pôde enxergar o moreno da outra noite, fuzilando Emelly com olhares intensos e bem profundos. Raissa levou suas mãos à boca sorrindo e depois olhou a amiga, que o encarava surpresa. — Aquele homem de ontem está aqui outra vez.

— Hm… Será que ele veio atrás de você, não para de encarar.

— Cala essa boca – Emelly resmungou saindo da visão de Nicolas e distanciando-se de Raissa que arregalou os olhos quando, de repente, perdeu-a de vista.

— Emelly? – Chamou tarde demais.

Emelly caminhou entrando e saindo de grupinhos de dança, e empurrando quem tivesse pela frente para poder chegar ao seu destino: o banheiro. Ao empurrar o último grupo e chegar à porta do banheiro feminino, ela entrou fechando a porta atrás de si. A música abafou lá dentro e Emelly pôde respirar, ela encostou-se na porta e suspirou profundamente. Seu peito subia e descia, como se ela tivesse acabado de correr uma maratona, tudo isso porque o viu novamente. Emelly pôs a mão no peito para controlar suas emoções, ela não podia. Ela desvencilhou-se da porta e foi até as pias, se olhou no espelho extenso ali grudado na parede e respirou profundamente.

O que aquele olhar fez a ela? A garota estava pálida e sem conseguir respirar, ofegava, tremia, e se sentia... Livre e feliz, tudo ao mesmo tempo. Ela tocou em seu rosto e percebeu que estava suando frio e tudo era por causa do olhar intenso daquele homem. A porta do banheiro abriu de repente, revelando uma Raissa bem preocupada, ela fechou logo em seguida e foi até à amiga. Raissa analisou Emelly da cabeça aos pés, e foi para sua frente.

— Você está bem Emelly? – Perguntou preocupada e tirou um pequeno lenço de sua bolsa e passou sobre a testa de Emelly. – Emelly, fala comigo.

— Eu estou bem. Só... – Ela ergueu seu olhar para o espelho, e pôde enxergar algo diferente em seus próprios olhos. Ela sorriu de canto e abaixou a cabeça. — O que deu em mim? – Raissa tentou segurar a risada e arrumou os cabelos dela. — Eu nunca senti isso. Parece que tem alguma coisa no meu coração, está batendo tão forte e latejando como se eu... – Ela se interrompeu e olhou a amiga sorrir, e depois mordeu os lábios.

— Você quer ir embora? – Ela perguntou meio tristonha. Afinal, tinham acabado de chegar.

— Não, eu não quero ir embora eu quero beber. – Disse determinada e virou as costas para sair do banheiro, deixando Raissa assustada com sua atitude repentina.

— Hã? – Raissa abriu a boca chocada. — Ei espera. Ai senhor porque sou eu que tenho que cuidar dela.

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