Pamela
Sentei-me à minha mesa no escritório, a cabeça cheia de pensamentos que não me deixavam concentrar no trabalho. A pilha de documentos à minha frente parecia uma montanha intransponível. Meu olhar vagava pelas letras sem realmente processá-las. Tudo o que ecoava na minha mente eram as palavras de Flávia da noite anterior: "Nos salve da ruína."
Suspirei, sentindo o peso da decisão que parecia inevitável.
— Droga — murmurei para mim mesma, girando a caneta entre os dedos. — Vou ter que me casar.
A realidade da situação era tão absurda que quase dava vontade de rir. "Casar para salvar a família", parecia algo saído de um romance barato, não da minha vida real.
E com quem? Com Nicolas Belmont. Um garoto. Ele era mais novo que eu e, de todas as pessoas no mundo, seria meu futuro marido.
Passei a mão pelo rosto, frustrada. Pensar nisso fazia tudo parecer ainda mais surreal. A pior parte? Ser cunhada de Caleb Belmont.
Caleb.
Deixei a caneta cair sobre a mesa e me encostei na cadeira. Uma parte de mim se encolhia só de imaginar ter Caleb como cunhado, convivendo ainda mais de perto com aquele homem.
— Seria menos sofrido casar com ele — murmurei para mim mesma, quase rindo da ironia.
Caleb era o homem mais egoísta e impossível que eu conhecia, mas, pelo menos, eu já sabia lidar com ele. Já sabia o que esperar. Com Nicolas… ele era um desconhecido para mim. Um garoto. Não havia como imaginar uma vida ao lado dele.
O olhar, quase como se fosse puxado por um imã, caiu na gaveta da minha mesa. Sem pensar muito, abri e puxei a pequena foto de Caleb que eu guardava escondida. Era um retrato dele durante uma coletiva da empresa. Ele estava sério, elegante, com aquela expressão impassível que eu conhecia tão bem.
— Por que você? — perguntei à foto, como se ela pudesse responder.
Não sabia o que era mais frustrante: o fato de estar presa a esse casamento arranjado ou o fato de saber que, no fundo, Caleb Belmont ainda era a razão de tantas noites sem dormir minhas.
Fiquei olhando para a foto de Caleb em minha mão, e então uma ideia me atingiu como um raio. Ele sempre me chamou de "senhorita Gomes". Nunca pelo meu primeiro nome, nunca por nada além disso. Será que ele sabia quem eu realmente era?
Lembrei-me de quando éramos crianças. Caleb e eu nos conhecemos brevemente, mas ele foi enviado para estudar fora do país ainda muito jovem. Quando voltou, já era um homem feito, e nosso contato era puramente profissional. Ele provavelmente não fazia ideia de que eu, Pamela Gomes, era também Pamela Monteiro.
E, muito em breve, sua cunhada.
***
Caleb
Voltar de Londres sempre era uma experiência agridoce. Por um lado, Londres era onde eu podia respirar sem a pressão sufocante da minha família. Por outro, era impossível ignorar que meu lugar ainda era aqui, comandando os negócios e ouvindo meu pai insistir nas mesmas exigências de sempre.
Enquanto desarrumava minhas malas, tentando organizar as roupas no armário, ouvi uma batida discreta na porta. Era o mordomo. Ele me informou que meu pai queria falar comigo.
Suspirei e fechei a gaveta com força. Sabia exatamente sobre o que Bernardo Belmont queria conversar. Ele não era do tipo que largava uma ideia no meio do caminho.
Caminhei pelo corredor da casa em silêncio, a cada passo me preparando mentalmente para o que viria. Quando cheguei à porta do escritório, bati duas vezes antes de entrar.
— Pode entrar, Caleb — ouvi a voz firme do meu pai do outro lado.
Abri a porta, e lá estava ele, sentado em sua imponente cadeira de couro. Apesar da idade, Bernardo ainda tinha aquela postura autoritária, como se comandasse não apenas uma empresa, mas o mundo inteiro.
— Você pediu para me ver, pai? — perguntei, fechando a porta atrás de mim.
— Sente-se, Caleb — ele respondeu, apontando para a cadeira em frente à mesa.
Fiz o que ele pediu e cruzei as pernas, observando-o por um momento. Ele parecia mais pálido, mas seus olhos continuavam determinados como sempre.
— Como você está? — perguntei, sincero. Por mais que ele me irritasse, eu não podia ignorar que sua saúde vinha piorando.
— Estou bem, filho. Ainda me recuperando, mas isso não importa agora. Temos assuntos mais urgentes para discutir.
Ele foi direto ao ponto, como sempre.
— Caleb, já falei isso antes, e vou repetir. Estou velho. Meu tempo aqui está acabando, e eu preciso garantir que nossa família continue crescendo, que nosso legado seja preservado.
Suspirei, sabendo onde aquilo ia dar.
— Pai, nós já conversamos sobre isso...
— Sim, e agora vamos resolver — ele me interrompeu, com aquele tom que não deixava espaço para discussão. — Você vai se casar com uma das filhas dos Monteiros.
Encarei-o por alguns segundos. Ele não parecia disposto a ceder. Sua determinação, combinada com sua saúde debilitada, pesava sobre mim.
— Você quer mesmo que eu aceite isso? Que me case apenas porque você acha que é o melhor para a família?
— Não só quero, Caleb. Eu preciso. É o único jeito de garantir que nossa linhagem continue forte. Eu preciso disso para morrer em paz.
Seus olhos encontraram os meus, e pela primeira vez senti algo diferente. Ele não estava apenas ordenando; ele estava implorando.
Depois de um longo momento de silêncio, respirei fundo e assenti.
— Tudo bem, pai. Eu aceito. Vou me casar com uma das Monteiros.
Os olhos dele brilharam por um instante, e, mesmo que não demonstrasse, pude sentir seu alívio. Ele não disse nada, apenas acenou com a cabeça, como se já esperasse minha resposta.
E assim, o destino da minha vida estava decidido.
Caleb Levantei-me mais cedo do que o habitual hoje. Não que eu tenha dormido muito, afinal, passei boa parte da noite encarando o teto, perdido em pensamentos. A ideia de me casar contra a minha vontade me atormenta. Casamento nunca esteve nos meus planos. Apesar de meus pais terem um relacionamento sólido e feliz, eu nunca me vi nesse papel. Não sou o tipo de homem que sonha em construir uma família ou ser o marido perfeito. Agora, no entanto, não tenho escolha. Meu pai deixou bem claro: ou me caso ou perco tudo. E o pior de tudo é que terei que me casar com uma mulher que sequer conheço, escolhida por ele. É absurdo, mas minha única esperança é que essa mulher aceite manter um casamento de fachada por alguns anos. Só preciso de tempo. Tempo para meu pai desistir dessa obsessão por um neto e para que eu consiga assumir o controle da empresa como acionista majoritário. Quando isso acontecer, ele não terá mais poder para me forçar a nada, e eu poderei finalmente me livrar desse peso
PamelaPamelaDesliguei o celular, ainda em choque. A ligação de Flávia tinha arruinado meu humor por completo. Nem se o próprio Caleb aparecesse nu na minha frente agora, com aquele corpo esculpido por deuses, conseguiria me fazer sorrir. Não que isso fosse acontecer, mas o pensamento me arrancou um suspiro irritado.Como Flávia pode ser tão irresponsável? Hipotecar a casa e esconder isso de mim? E agora, empurrar um casamento arranjado como solução? Ainda me custa acreditar que vou ser usada como moeda de troca. Tudo isso para salvar uma casa que, no fundo, era a única lembrança verdadeira dos meus pais.Sacudi a cabeça, tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Meu olhar caiu sobre o relógio na parede. Ainda faltavam algumas horas para o fim do expediente, mas, pelo menos, Caleb havia me liberado às 16h. Uma rara folga concedida por aquele homem metódico. Soltei um suspiro de alívio. "Pelo menos essa folga vai servir para alguma coisa", murmurei para mim mesma.Levantei-me da ca
PamelaSegui o anfitrião pelo salão, sentindo o chão sob meus pés parecer mais instável a cada passo. Meu coração já estava disparado, mas quando nos aproximamos da mesa, algo me fez parar por um instante. De costas, o homem sentado ali parecia muito com Caleb.“Caramba, como o Nicolas parece o Caleb de costas…” pensei, tentando ignorar o nó que se formava no meu estômago. Eles tinham os mesmos trejeitos: ele passou a mão pelo cabelo do mesmo jeito casual e despreocupado que eu tinha visto Caleb fazer tantas vezes no escritório. Logo em seguida, começou a tamborilar os dedos na mesa de forma rítmica.Quanto mais perto eu chegava, mais aquela impressão se tornava impossível de ignorar. Meu coração, que já estava acelerado, parecia prestes a sair pela boca. Minhas mãos estavam tão suadas que eu tive que esfregá-las disfarçadamente na lateral do vestido.Quando o anfitrião parou ao lado da mesa, a voz dele soou alta e clara:— Senhor Belmont, a senhorita Monteiro está aqui.Foi aí que ele
CalebCheguei ao restaurante me sentindo um pouco nervoso, mesmo não sendo uma pessoa ansiosa, eu preciso admitir que conhecer a mulher com quem vou me casar por livre e espontânea pressão me deixou um pouco aflito.— Boa noite! — Cumprimentei o anfitrião que já vi uma centena de vezes, mas não recordo o nome.— Boa noite, senhor Belmont, em que posso lhe ser útil?— O homem respondeu de uma forma tão condescendente que pensei que fosse fazer uma reverência. — Fiz uma reserva para as 17h30.— Ah sim, mesa para duas pessoas, em um lugar um pouco mais reservado. Confere?— Ele conferiu as informações em um tablet de ultima geração.— Isso,exatamente.— Respondi.— Tudo bem, senhor Belmont, sua mesa já está pronta. Por favor, siga-me para que eu possa te levar até ela.— Ele falou de uma forma quase robótica e eu o segui.Andamos pelo restaurante em silêncio até uma parte mais reservada do salão, uma area que eu tinha costume de estar. Me sentei de costas para a entrada do restaurante, pois
CalebTerminamos o jantar e fomos ao meu apartamento ou como meu irmão gosta de chamar "o matadouro", onde eu costumava levar algumas mulheres que acabava me interessando, mas isso já fazia muito tempo, um tempo distante, acho que fazia mais de 2 anos que eu não levava ninguém lá. Destranquei a porta e a abri, fazendo um gesto com as mãos para que ela entrasse. — Por favor, entre. — Falei com um sorriso que tentei deixar casual, mas não consegui disfarçar a minha vontade de devorar a Pamela. Eu não iria fazer nada, mas se ela quisesse eu não iria recusá-la.Pamela hesitou por um segundo antes de cruzar a porta, os ombros tensos, o olhar curioso, mas cauteloso. Era intrigante ver a senhorita Gomes, digo, senhorita Gomes Monteiro, vulnervél daquele jeito, porque eu estava mais acostumado a ver o mulherão da porra que sempre resolve os meus problemas, dos minimos como mandar lavar meu terno,ou comprar o meu café, como conseguir uma reunião com o maior investidor da empresa. Essa mulher
Pamela—Já sei,está demitida!Problema resolvido.— O Caleb teve a audácia de falar isso.— Como é?Demitida? Tá ficando maluco?—Perguntei furiosa.— Maluco? —Caleb me olhou com uma expressão engraçada no rosto.— Você não pode me demitir! Depois de tudo o que eu fiz por você?—Me levantei completamente emputecida.—Ei ei ei ei. Calma senhorita Monteiro. Só estou brincando com você. — Apenas depois que o Caleb se levantou que eu percebi que tinha alterado a minha voz.— Eu não vou demitir você! Só estava tentando descontraindo um pouco. Você parece tensa.—Ah, tudo bem, me desculpe por isso então.Eu não queria gritar.—Não se desculpe, eu não deveria ter brincado com isso. Eu não queria ter feito você gritar. Pelo menos não por isso.— Caleb provocou. O Caleb nunca havia flertado comigo antes, pelo menos não fora das minhas fantasias.Voltei a me sentar e o Caleb também. — Está um pouco mais calma?—Caleb me perguntou tomando um gole do vinho.—Estou.— Ótimo,então vamos conversar sobre
CalebMe aproximei lentamente, sentindo a tensão sexual entre nós aumentar a cada movimento meu. Levei minha mão até a sua nuca, os dedos encostando suavemente sua pele quente. Pamela congelou, seus olhos arregalados encontrando os meus, a sua respiração acelerada deixava bem claro como ela estava nervosa.E Sinceramente isso me divertia muito. Eu sei que a Pamela sente atração por mim, sei que já fantasiou comigo, assim como eu sempre penso nela batendo uma.Ela não recuou, e também não disse nada, e isso só tornava tudo ainda mais excitante para mim. Se eu quisesse beija-la ela cederia, aquele foi o momento que eu descobrir um controle sobre ela que eu nem sabia que poderia ter.Eu não pude conter o sorriso que se formou levemente em meus lábios quando a minha secretaria fechou os olhos, eu podia jurar que ela fez um biquinho com os lábios, ela realmente queria aquele beijo.— Conseguiu o que você queria, não é?— Sussurei em seu ouvido. Pamela abriu os olhos levemente decepcionada.
Pamela Cheguei em casa por volta das 22h, quando abri a porta me assustei com o grito de Flávia que veio em minha direção louca para saber o que havia acontecido. — E aí? boa notícia? Como foi lá? Quado vão se casar?Já posso mandar fazer o meu vestido? claro eles que precisam pagar, eu não tenho nem um tostão furado. — Flávia por favor! Posso pelo menos entrar em casa antes de ter que responder ao seu interrogatório?— Falei cansada. O encontro já tinha sido estressante o suficiente sem a ajuda dela. Passei por ela e andei diretamente para as escadas, a última coisa que eu iria querer naquele momento era responder os questionamentos malucos da Flávia. Ainda mais que eu sequer tinha certeza se eu iria me casar com o Caleb. Ao chegar no andar de cima encontrei Valentina Deitada na minha cama. —O que a senhorita pensa que está fazendo no meu quarto?—Perguntei cruzando os braços. —Esperando você! Porque demorou tanto pra chegar? Você dormiu com ele? —Valentina cai fora.—Se