Pamela
Segui o anfitrião pelo salão, sentindo o chão sob meus pés parecer mais instável a cada passo. Meu coração já estava disparado, mas quando nos aproximamos da mesa, algo me fez parar por um instante. De costas, o homem sentado ali parecia muito com Caleb.
“Caramba, como o Nicolas parece o Caleb de costas…” pensei, tentando ignorar o nó que se formava no meu estômago. Eles tinham os mesmos trejeitos: ele passou a mão pelo cabelo do mesmo jeito casual e despreocupado que eu tinha visto Caleb fazer tantas vezes no escritório. Logo em seguida, começou a tamborilar os dedos na mesa de forma rítmica.
Quanto mais perto eu chegava, mais aquela impressão se tornava impossível de ignorar. Meu coração, que já estava acelerado, parecia prestes a sair pela boca. Minhas mãos estavam tão suadas que eu tive que esfregá-las disfarçadamente na lateral do vestido.
Quando o anfitrião parou ao lado da mesa, a voz dele soou alta e clara:
— Senhor Belmont, a senhorita Monteiro está aqui.
Foi aí que ele se levantou. E, no momento em que o fez, eu congelei. Meu cérebro deu um branco.
Era Caleb.
Ele virou na minha direção, e por um breve segundo nossos olhares se encontraram. Não dava para esconder a surpresa estampada no meu rosto, e o choque nos olhos dele também foi evidente.
— Pamela? — ele disse, claramente confuso, se levantando.
Eu não sabia o que fazer. Meu coração parecia ter parado e depois disparado de uma vez só. Minha garganta estava seca, e meu corpo inteiro tremia. Eu não conseguia dizer uma palavra sequer, apenas fiquei ali, olhando para ele, tentando processar o que estava acontecendo.
"Mais que caralhos está acontecendo aqui?"— Pensei comigo mesma.
Eu continuei encarando Caleb, ainda em choque, tentando fazer meu cérebro entender o que estava acontecendo. Mas, antes que eu pudesse me recuperar, as palavras saíram da minha boca quase sem pensar:
— Mas… por que o senhor está aqui?
Ele arqueou uma sobrancelha, parecendo tão confuso quanto eu.
— Sou eu quem deveria perguntar isso. Por que você está aqui?
— Eu… vim encontrar o meu futuro marido, também conhecido como Nicolas Belmont — respondi, minha voz saindo mais trêmula do que eu queria. — E você?Digo o senhor?
Ele me olhou fixamente, cruzando os braços.
— Eu vim encontrar a minha noiva, a senhorita Monteiro.
Naquele momento, o chão poderia ter se aberto e me engolido. Não, isso não podia estar acontecendo. Eu encarei Caleb, tentando encontrar algum sinal de que ele estava brincando, mas tudo que vi foi seriedade em seu rosto.
— Acho que aconteceu uma grande confusão aqui — murmurei, sentindo meu rosto queimar. Isso só podia ser um engano.
— Vamos nos sentar primeiro para esclarecer isso.
Eu hesitei, mas, sem saber o que fazer, acabei concordando com um aceno. Ele puxou a cadeira para mim, como um verdadeiro cavalheiro, ele sempre foi bem-educado, mas não comigo. Caleb sempre me fez capacho, sempre dirigindo para ele, sempre me fazendo carregar suas coisas pesadas, mas eu nunca reclamei, afinal precisava daquele emprego. Olhei para o seu gesto educado e eu me sentei, tentando controlar o nervosismo que fazia minhas mãos tremerem. Ele se sentou de volta em seu lugar, e nossos olhos se encontraram novamente.
— Olha senhor Belmont...
— Pode me chamar de Caleb,não estamos no escritório, e com certeza esse encontro não tem nada de profissional.— Caleb me interrompeu, mas não de uma forma rude, o que é muito estranho para mim.
— Caleb...— A palavra saiu quase rasgando a minha garganta.Já que eu só o chamava pelo nome durante as minhas fantasias, gritava seu nome sem parar, pra ser mais específica.—Eu vim encontrar o meu noivo, o seu irmão.
— Pamela, por favor me explique melhor. Conte tudo o que você sabe, assim nós podemos esclarecer esse mal-entendido.— A essa altura eu já estava ficando muito nervosa com toda essa situação.
— Tudo bem, deixa eu só...— Peguei o copo com água e levei a boca na esperança que esse líquido acalmasse os meus nervos.
Respirei fundo para tomar um pouco de coragem.
— Está se sentindo bem? — Caleb perguntou pousando a sua mão sobre a minha, que estava em cima da pequena mesa de jantar.
— Estou...— Respondi com um sorriso amarelo. — Então Caleb, o que eu sei é que a minha madrasta, a Flavia Monteiro, fechou um acordo,com o seu pai, o senhor Bernado Belmont, e me corrija se eu estiver errada.Esse acordo, diz respeito a um casamento entre as famílias, Belmont e Monteiro, nesse caso, casando eu, a filha mais velha da família Monteiro com o filho mais novo da família Belmont.— Contei resumindo a opera.
— E isso é tudo o que sabe sobre isso?— Ele perguntou como se estivesse reunindo informações.
— Sim, é tudo o que eu sei.
— Entendi. Olha Pamela, realmente esse acordo existe, e sim, existirá um casamento entre a familia monteiro e a família Belmont. — Nesse momento eu pensei, então ele deve estar aqui para falar em nome da família dele. Talvez seja esse o motivo dele estar aqui e não o Nicolas.
— Mas houve um pequeno equivoco nisso tudo, acredito que não deve ter ficado claro na conversa que meu pai teve com a sua madrasta.
— Um equívoco? — Perguntei na esperança desse equivoco me livrar desse casamento.
— Sim. A parte em que você acredita que vai se casar com o Nicolas.
— Ah, ok. Legal. Tudo bem, mas se eu não vou me casar com o Nicolas..— Falei devagar processando as informações.— Com quem eu vou me casar então?— perguntei encarando o Caleb, que se ajeitou a sua postura e o endireitando o nó da sua gravata, e quase como uma pose ele passou a mão no cabelo. Parecia que ele queria dizer algo mas não disse.
— Comigo Pamela! Comigo! Você vai se casar comigo.— Caleb deu aquele sorriso sedutor que sempre me dava borboletas no clitóris.
— C-c-com você? — Fiquei gaga no momento em que consegui sair do transe. Não sabia se ria ou chorava.
CalebCheguei ao restaurante me sentindo um pouco nervoso, mesmo não sendo uma pessoa ansiosa, eu preciso admitir que conhecer a mulher com quem vou me casar por livre e espontânea pressão me deixou um pouco aflito.— Boa noite! — Cumprimentei o anfitrião que já vi uma centena de vezes, mas não recordo o nome.— Boa noite, senhor Belmont, em que posso lhe ser útil?— O homem respondeu de uma forma tão condescendente que pensei que fosse fazer uma reverência. — Fiz uma reserva para as 17h30.— Ah sim, mesa para duas pessoas, em um lugar um pouco mais reservado. Confere?— Ele conferiu as informações em um tablet de ultima geração.— Isso,exatamente.— Respondi.— Tudo bem, senhor Belmont, sua mesa já está pronta. Por favor, siga-me para que eu possa te levar até ela.— Ele falou de uma forma quase robótica e eu o segui.Andamos pelo restaurante em silêncio até uma parte mais reservada do salão, uma area que eu tinha costume de estar. Me sentei de costas para a entrada do restaurante, pois
CalebTerminamos o jantar e fomos ao meu apartamento ou como meu irmão gosta de chamar "o matadouro", onde eu costumava levar algumas mulheres que acabava me interessando, mas isso já fazia muito tempo, um tempo distante, acho que fazia mais de 2 anos que eu não levava ninguém lá. Destranquei a porta e a abri, fazendo um gesto com as mãos para que ela entrasse. — Por favor, entre. — Falei com um sorriso que tentei deixar casual, mas não consegui disfarçar a minha vontade de devorar a Pamela. Eu não iria fazer nada, mas se ela quisesse eu não iria recusá-la.Pamela hesitou por um segundo antes de cruzar a porta, os ombros tensos, o olhar curioso, mas cauteloso. Era intrigante ver a senhorita Gomes, digo, senhorita Gomes Monteiro, vulnervél daquele jeito, porque eu estava mais acostumado a ver o mulherão da porra que sempre resolve os meus problemas, dos minimos como mandar lavar meu terno,ou comprar o meu café, como conseguir uma reunião com o maior investidor da empresa. Essa mulher
Pamela—Já sei,está demitida!Problema resolvido.— O Caleb teve a audácia de falar isso.— Como é?Demitida? Tá ficando maluco?—Perguntei furiosa.— Maluco? —Caleb me olhou com uma expressão engraçada no rosto.— Você não pode me demitir! Depois de tudo o que eu fiz por você?—Me levantei completamente emputecida.—Ei ei ei ei. Calma senhorita Monteiro. Só estou brincando com você. — Apenas depois que o Caleb se levantou que eu percebi que tinha alterado a minha voz.— Eu não vou demitir você! Só estava tentando descontraindo um pouco. Você parece tensa.—Ah, tudo bem, me desculpe por isso então.Eu não queria gritar.—Não se desculpe, eu não deveria ter brincado com isso. Eu não queria ter feito você gritar. Pelo menos não por isso.— Caleb provocou. O Caleb nunca havia flertado comigo antes, pelo menos não fora das minhas fantasias.Voltei a me sentar e o Caleb também. — Está um pouco mais calma?—Caleb me perguntou tomando um gole do vinho.—Estou.— Ótimo,então vamos conversar sobre
CalebMe aproximei lentamente, sentindo a tensão sexual entre nós aumentar a cada movimento meu. Levei minha mão até a sua nuca, os dedos encostando suavemente sua pele quente. Pamela congelou, seus olhos arregalados encontrando os meus, a sua respiração acelerada deixava bem claro como ela estava nervosa.E Sinceramente isso me divertia muito. Eu sei que a Pamela sente atração por mim, sei que já fantasiou comigo, assim como eu sempre penso nela batendo uma.Ela não recuou, e também não disse nada, e isso só tornava tudo ainda mais excitante para mim. Se eu quisesse beija-la ela cederia, aquele foi o momento que eu descobrir um controle sobre ela que eu nem sabia que poderia ter.Eu não pude conter o sorriso que se formou levemente em meus lábios quando a minha secretaria fechou os olhos, eu podia jurar que ela fez um biquinho com os lábios, ela realmente queria aquele beijo.— Conseguiu o que você queria, não é?— Sussurei em seu ouvido. Pamela abriu os olhos levemente decepcionada.
Pamela Cheguei em casa por volta das 22h, quando abri a porta me assustei com o grito de Flávia que veio em minha direção louca para saber o que havia acontecido. — E aí? boa notícia? Como foi lá? Quado vão se casar?Já posso mandar fazer o meu vestido? claro eles que precisam pagar, eu não tenho nem um tostão furado. — Flávia por favor! Posso pelo menos entrar em casa antes de ter que responder ao seu interrogatório?— Falei cansada. O encontro já tinha sido estressante o suficiente sem a ajuda dela. Passei por ela e andei diretamente para as escadas, a última coisa que eu iria querer naquele momento era responder os questionamentos malucos da Flávia. Ainda mais que eu sequer tinha certeza se eu iria me casar com o Caleb. Ao chegar no andar de cima encontrei Valentina Deitada na minha cama. —O que a senhorita pensa que está fazendo no meu quarto?—Perguntei cruzando os braços. —Esperando você! Porque demorou tanto pra chegar? Você dormiu com ele? —Valentina cai fora.—Se
CalebMe joguei no sofá, girando a taça de vinho na mão e soltando um riso baixo. Pamela tinha acabado de sair, e a única coisa que eu conseguia pensar era: Então eu vou me casar com a minha secretária gostosa. Isso está ficando cada vez melhor.Enchi a taça novamente, levando o vinho aos lábios. Parecia até mais doce agora. Talvez fosse o sabor da vitória.Nunca imaginei que um casamento arranjado poderia ter alguma vantagem, mas, honestamente, casar com Pamela não parecia um sacrifício. Pelo contrário. Eu finalmente podeira conseguir saciar os meus desejos mais sórdidos.A imagem dela não saía da minha cabeça. O jeito que ficou nervosa no jantar, como evitava me olhar por muito tempo... E aquela tensão no ar quando estávamos no meu apartamento?Soltei um suspiro e balancei a cabeça, rindo sozinho. Isso vai ser interessante. Muito interessante.Eu sempre me controlei para não ultrapassar limites no trabalho, mas agora... agora ela seria minha esposa.E não havia mais nada que nos impe
PamelaDirigir até o escritório deveria ser um momento tranquilo para organizar meus pensamentos, mas minha mente estava fervendo de raiva.As palavras de Valentina e Flávia ecoavam na minha cabeça como um disco riscado, repetindo-se sem parar."A Pamela é patética.""Merece alguém tão patético quanto ela."Meus dedos apertaram o volante com força. Senti o coração acelerar, a raiva borbulhando dentro de mim como lava prestes a transbordar. Quem elas pensavam que eram para falar assim de mim? Sempre me diminuindo, como se eu fosse um estorvo, como se não tivesse valor algum.Mas sabe de uma coisa?Que se foda.Se acham que sou tão patética assim, então vão ter que engolir o fato de que vou me casar com Caleb Belmont.Sorri sozinha, sentindo uma onda de satisfação me invadir. Elas jamais imaginariam que eu teria coragem de tomar essa decisão. Se estavam esperando que eu ficasse de cabeça baixa, sofrendo, lamentando a minha "falta de sorte", iam se decepcionar.O trânsito parecia mais rá
Um mês DepoisPamelaJá fazia um mês desde que aceitei me casar com Caleb Belmont. O tempo passou tão rápido que, quando me dei conta, já estava arrumando minhas coisas para me mudar para o apartamento dele. A cerimônia aconteceria em apenas três dias, e hoje seria minha última noite nesta casa.Fechei a tampa da última caixa com fita adesiva e soltei um longo suspiro. Meu quarto, que antes era cheio de coisas espalhadas, agora parecia vazio. Estranho pensar que, em poucas horas, eu estaria morando em outro lugar, dividindo o espaço com o meu chefe delicioso.Ainda não sabia exatamente como me sentia sobre isso. Parte de mim estava ansiosa, outra parte ainda tinha dúvidas. Mas, acima de tudo, eu estava decidida. Não havia mais volta.Valentina, no entanto, não se conformava. Desde o dia em que tudo foi decidido, ela tentava me convencer a cancelar o casamento. Era quase cômico ver o desespero dela. Como se realmente tivesse sido um erro ter me colocado no lugar dela. No momento em que