Ainda em choque pela chegada de Maximiliano ao seu casamento com Adriano, Dalila permanecia sentada na cama de seu novo quarto, extremamente pálida e trêmula. Kassandra, Carmem e Iago, que permaneciam ao seu lado, comentavam o ocorrido, buscando aliviar seu mal-estar. Sua mãe lhe deu mais um copo de água, conduzida pela sua declaração que a bebida ou algo que comeu não caiu bem em seu estômago. A pobre já havia lhe dado um remédio para suavizar a indisposição, achando que isso a deixaria bem. O que Dalila sabia que de nada adiantaria. Quase desmaiou de puro medo ao ver os olhos negros e ferozes de seu amante. Obviamente, jamais diria isso. Ouvindo a sugestão de chamarem um médico, Dalila ocultou o que sabia, voltando a associar sua situação às festividades. — Não é necessário, apenas estou muito cansada. — Deve ter sido pela emoção do casamento — Carmem concordou: — Após tantos meses correndo para prepara-lo, principalmente, nos últimos dias. — Talvez... — Kassandra disse observ
No piso inferior, dentro do escritório principal da mansão de Recanto Dourado, Maximiliano se entediava com a narrativa repetitiva de Adriano. Ao longo dos últimos oito anos, desde que o Orleans teve o controle dos negócios da família, sempre que estava na cidade, Adriano o perseguia com propostas de emprego, que sempre recusava. Ser empregado, ainda mais de um Orleans, não o agradava e, ouvindo os planos de Adriano para o futuro, entrelaçados a justificativa de realizar os desejos do falecido pai, Maximiliano lembrou-se de quando acreditou nas promessas bem intencionadas daquela família. ~ Quando chegou a Recanto Dourado, Maximiliano foi recebido com frieza por Kassandra e alegria por Adriano. Esse segundo, assim que teve permissão levou o Gonzalez para o quarto em que ficaria. Sem notar a apatia do amigo, Adriano dizia que não gostava de ser filho único, que era muito solitário, e considerava Maximiliano como um irmão, por isso não conseguia conter a o entusiasmo por poderem fica
Ajeitando-se em sua poltrona, tenso, o fazendeiro encarou Maximiliano a sua frente. Ainda sem acreditar no que acabará de ouvir, porém, a expressão determinada de Maximiliano, suas palavras e o modo que tratou Joana antes de iniciarem aquela conversa eram provas de não ser um engano. Pensando na ex, que sempre foi puritana e avessa a grandes demonstrações de afeto, algo que incomodaria qualquer homem, principalmente um com a fama de Maximiliano, questionou desconfiado: — Quando conheceu Joana? Suponho que antes de encontrá-la em Portugal, já que ela aceitou subir em seu barco e passar dias sem comunicar-se. — Não creio que isso te importe! — Maximiliano revidou aborrecido com a pergunta estúpida e com a acusação que pressentia nela. — Claro que me importa! Quero saber se a conheceu quando ela e eu estávamos comprometidos — insistiu. — Mas a deixou por sua irmã, não é? — Maximiliano relembrou sarcástico, causando o desconforto de Adriano. — Não se preocupe, se não pode me ajudar, n
Aborrecido pela insistência da filha em abrigar um criminoso em sua família, apertando os punhos, Iago segurou-se para não dar uma surra na pequena malcriada. E só não o fazia por receio de chamar a atenção de algum funcionário ou convidado da festa que aparecesse. Nunca planejou aceitar o Gonzalez como genro, nem mesmo aprovou o relacionamento dele com Dalila, só não pode se opor por capricho da filha. Tinha os apresentado só para a filha flertar e arrancar algum dinheiro dele, como fazia com outros ao longo dos últimos dois anos, em que ela descobriu seu vício em jogos e mulheres e usou isso contra ele. Dalila o manipulou para fazer o que quem bem entendesse e, vendo vantagens, usou a ganância dela para ter o perdão de algumas dívidas de jogo, incluindo a que tinha com o Gonzalez. O problema foi ambos não terem percebido que Maximiliano desejava mais que um flerte inconsequente de poucos dias e tivesse ideias de entrar no meio social deles. Tinha contado com a desenvoltura de Dal
À volta a sua cabana não trouxe a satisfação de dever cumprido de outrora. Jogando-se em sua poltrona, Maximiliano fitou a lareira apagada sem vontade de levantar, a mente fixa em Joana, sua noiva. Ainda se arrependia de ter deixado ela em recanto Dourado. Enxergou no rosto de Adriano que, embora tentasse ser amigável, não aprovava o relacionamento da prima e ex-noiva com Maximiliano. Temia que os Orleans tentassem algo para Joana voltar atrás na palavra. Precisava de Joana. E admitia não era só por ser sua passagem para se infiltrar no território inimigo para destruí-lo quando menos esperasse. Necessitava de Joana ao seu lado, seu cheiro, sua suavidade, seus sorrisos e olhos gentis. E mesmo assim... Tinha receio de cometer um erro casando com ela. Joana possuía um bom coração, era gentil e quando amava se tornava zelosa, protetora e capaz de fazer tudo pelo ser amado. Era nesse ponto que residia o problema. Ela estaria disposta a carregar sua aliança, seu sobrenome e se deitar com
O porto encontrava-se entulhado de pessoas, de crianças a idosos, milhares de mercadorias sendo içadas para os navios ou retiradas deles, cães latindo e correndo de um lado para o outro, uma confusão de movimentação e barulho. Maximiliano estava entre seu irmão e sua mãe, amuado, como sempre acontecia quando seu pai e irmão zarpavam em seus navios, Palemon e Diablo, e o deixavam para trás. A desculpa de que ficava para estudar e cuidar de sua mãe não melhorava seu humor. Amava a mãe, mas ela ficaria bem com ou sem ele. E estudar era entediante quando comparado com a promessa de aventuras em alto mar. — Porque não posso ir? — Maximiliano questionou pela enésima vez desde que o pai anunciou a viagem. — Já sou um homem. — Quase um — retrucou Fernando, seu irmão cinco anos mais velho, com sorriso zombeteiro. — Quando fizer quinze — disse o pai, afastando-se para dar uma ordem a um homem corpulento carregando um enorme barril. Fungou, cruzando os braços e contorcendo os lábios em um bi
Pela manhã, enquanto se vestia, Adriano contou a esposa sobre sua conversa com Maximiliano, o relato em torno de Joana e seu noivado petrificando-a. — O que?! Noivos?! — Dalila murmurou aturdida, caindo sentada na manta sobre a cama. Maximiliano casaria com a insípida Joana? Jamais! Não permitiria tamanho absurdo. — Exato! E Maximiliano pediu meu auxílio para seus pais aceitarem ele na família. — Adriano confirmou sentando ao lado dela. — Disse que o ajudaria... — Não pode fazer isso — Bradou encarando-o em choque. — Sei disso. Por mais que tenha memórias com Maximiliano e que prometi ao meu pai pediu para ajudá-lo, não desejo ter nossa família atrelada a ele — Adriano afirmou com desgosto. — Ela passou a noite aqui. A chamarei para uma conversa séria, para que esqueça essa loucura. — Sim, faça isso, meu amor — ela implorou. — Também conhece a fama dele, né? — Adriano perguntou, creditando isso a expressão assustada da esposa. — Sim... Ele a grita aos quatro cantos de Sanmarino
Em busca de notícias dos amigos, junto com Beto e Lucas, Maximiliano seguiu até a casa de Donato, para compartilharem notícias sobre o paradeiro de seus amigos desaparecidos. E, infelizmente, não eram muitas e não levavam para lugar algum que solucionasse o mistério. O advogado narrou tudo que conseguiu juntar nos dias seguintes à apreensão e suposta fuga, trazendo junto relatórios dos locais que visitou e não encontrou resposta para o sumiço de Cristiano, Gilberto e Margô. Também indicou suas suposições, lugares que ainda faltava verificar e o temor que Queiroz houvesse eliminado os três. — Deve ter os escondidos no fundo da prisão — expressou Beto, desconfiado, como os demais, da informação de Queiroz sobre a fuga dos amigos e esperançoso de encontra-los com vida. — O que ganharia escondendo-os por tanto tempo? — Lucas questionou, temendo que Donato estivesse certo sobre a morte dos amigos. — Não sei... — Beto soltou num lamento, a dor acumulando-se em seu peito, mas logo respiro