O tempo também trouxe os julgamentos de Maximiliano e Margô, réus nos assassinatos dos primos Orlando e Queiroz. Para angústia de Joana, ocorreram em dias distintos, mas ambos foram abertos ao público e estiveram repletos de espectadores ansiosos no desenrolar dos crimes que abalaram a cidade, em especial o da morte do delegado. Margô foi a primeira a ser julgada. Foram apresentadas evidências contundentes do histórico de abuso físico e psicológico sofrido nas mãos de Orlando. Como prometido por Joana, as garotas do Salão Real foram chamadas como testemunhas, confirmando que todas sofriam há anos e que as autoridades não tomaram medidas adequadas para protegê-las devido o parentesco de Orlando com o delegado Queiroz. No caso de Maximiliano apresentaram a ilegalidade de sua detenção, o julgamento e transferência em questão de dias sem o devido processo legal. Também foram apresentadas provas que o caminho escolhido pelo delegado e a bomba no veículo de transporte eram claros sinais d
A realização do maior sonho de Maximiliano e Joana iniciou-se com um dia ensolarado, de brisa suave e céu claro. Transformando a cerimônia em um evento intimista, o Diablo foi escolhido como cenário para a união deles e somente as pessoas mais próximas, que torciam pelo amor deles, foram convidadas a subir a rampa. As cores escolhidas para a decoração foram os tons suaves de azul, branco e dourado, representando o mar, a pureza e o amor que unia o casal. Cada canto do navio foi decorado com lírios brancos e folhagens, tecidos suaves e iluminação delicada. No deck principal foi colocado um altar, um arco de lírios e ao fundo tinham a vista panorâmica do mar azul. Os acordes preencheram o ambiente e o ansioso noivo se posicionou no altar, observando sua encantadora noiva entrar de braço dado a sua mãe, aproximando-se pouco a pouco. No momento em que ela saiu da cabine, em seu longo vestido de seda branca, hipnotizado, Maximiliano Gonzalez só tinha olhos para ela, desejando que a ceri
O sol da manhã filtrava-se suavemente na cabine do navio Diablo, Joana abriu os olhos lentamente, sentindo-se embalada pelo suave balançar do navio, enquanto Maximiliano, seu marido, dormia tranquilamente ao seu lado. Com um sorriso carinhoso nos lábios, Joana observou o rosto sereno de Maximiliano. Tinha cada centímetro do corpo másculo grudado ao seu. As pernas dele estavam entrelaçadas às suas, sua mão esquerda segurava frouxamente a mão direita dela, o lindo rosto repousava em seus seios, os lábios próximos ao mamilo de seu seio esquerdo. Ondas de calor a percorreu quando se lembrou da noite anterior. Não havia um centímetro de seu corpo que não havia sido beijado ou tocado. As mãos atrevidas, ousadas, tocaram suas partes mais secretas e sensíveis. Joana abaixou os olhos para o rosto adormecido. Como o adorava! Como era lindo! Maximiliano possuía uma aura de poder que subjugava a todos. E era um homem encantador com ela, com olhos escuros que sempre irradiavam ternura e um sor
Amor é pureza, sagrado e precioso.Era dessa forma que Joana Savoia descrevia o calor que aquecia seu coração toda vez que apreciava a foto de seu noivo, Adriano Orleans, dentro do camafeu que ele lhe deu seis anos antes quando iniciaram o relacionamento.O namoro tinha evoluído para noivado três anos antes, quando passou alguns meses na casa da família dele na capital e aceitou a proposta de unir em definitivo as famílias, em que as matriarcas eram primas de terceiro grau.Em parte, o relacionamento só se iniciou por pressão de Kassandra, mãe do noivo, e pela paixão imediata de Joana pelo belo primo dez anos mais velho. Mesmo antes de iniciaram o namoro, quando Joana não passava de uma jovem deslumbrada de dezoito anos, a sogra, por ser sua madrinha, já trabalhava em sua educação, moldando o caráter e sonhos da jovem a sua vontade.Kassandra também controlava o filho, incitando-o ao compromisso, mostrando as vantagens de ter uma esposa preparada por eles. Mesmo assim, ao longo dos sei
Confuso com a saída intempestiva da jovem, Maximiliano deu-se conta que havia beijado a mulher errada. Ficou evidente, pelo tremor do corpo e dos lábios contra os seus, que a jovem em seus braços não tinha a experiência sedutora de sua atual amante. E havia o sabor daquele beijo... Doce, delicado e envergonhado. Nunca a provara antes. Algo incomum para ele que todos apontavam como Don Juan da cidade. Analisou a casa dos Orleans sem vontade de retornar ao salão. As luzes nas janelas, a música chegando fraca no jardim, a recordação das pessoas rindo, bebendo e dançando o entediava e despertava lembranças desagradáveis de seu passado. Nem mesmo sua vontade de encontrar sua atual amante, Dalila Savoia, foi o suficiente para voltar aquela casa. Moveu-se sorrateiro até o muro que rodeava a propriedade, o pulou e partiu da mesma forma sorrateira que chegou. ~*~ Envergonhada pela cena decadente ao fugir do noivo, tendo abandonado a festa sem falar com ninguém, Joana decidiu ir para sua ca
Depois de superada a embriaguez, Joana lamentou ainda mais ter abandonado a festa. Deveria ter se refeito do mal estar e desfilado de braços dado ao noivo, mostrando a todos que em breve estariam casados. Pensou em retornar à festa, mas, temendo o que seu noivo pensaria após a fuga, preferiu deixar que ele a procurasse. Depois de um banho e trocar de roupa, restou-lhe aguardar até o retorno de sua família. Inquieta, desceu até a sala de estar e ficou andando de um lado para o outro até o retorno de seus pais e sua irmã. — Essas estradas estão cada dia piores — ouviu Dalila reclamar mal-humorada ao entrar na residência seguida pelos pais. — Deveríamos ter pedido carona aos Castanhare. — É só uma distância de quinze minutos, filha — Carmem, mãe delas, disse cansada da caminhada e mais ainda das reclamações da caçula. — Estou suando e a caminhada não é fácil de salto alto — a jovem continuou a reclamar. — Joana, o que deu em você para sair corrida da festa? — Irritado, Iago, pai del
Vendo a irmã empalidecer, Dalila foi atingida por uma sensação ruim. — Quando estiveram no jardim, ele te fez algo? Tentou algo? — Não houve nada... — Joana negou levando a mão ao camafeu, o medo do que aconteceria se descobrissem que traiu, mesmo sem querer, seu noivo dominando-a. Os olhos de Dalila foram para a joia com desenho de rosa, consciente do que havia em seu interior, a suspeita aumentando com a evidente tensão dominando as feições da irmã. — Não me engana Joana. Esse homem tentou algo, não tentou? — Dalila insistiu na pergunta irritada só em pensar que o amante, seu Maximiliano, pudesse ter tocado Joana como a tocava. — Esteve se agarrando com outro homem na casa de seu noivo? Joana ficou chocada com o que a irmã disse, com o tom acusatório, como se soubesse o deslize que cometeu. — Não houve nada e sua acusação é obscena e injusta! — Alterada caminhou em direção à saída. — Vou deixa-la para que descanse. Antes que abrisse a porta, Dalila veloz se levantou e a seguro
Sem desconfiar dos planos insensíveis de sua irmã, Joana acordou cedo para dar aulas de catequese no colégio religioso, anexo ao convento e a igreja da cidade, como pedido por sua madrinha logo após se formar em licenciatura. Naquele dia, após finalizar as aulas do dia, seguiu para outra tarefa que adquiriu após anos com os religiosos, decorar o altar para a pregação da tarde, o que costumava fazer com alegria. Mas, mesmo sendo uma tarefa que gostava, sua mente estava longe, no jardim, no homem que a beijou e que ela aceitou imaginando ser seu noivo. Ao termino da função, encontrou sua melhor amiga, Tereza Braga do lado de fora da igreja, que se ofereceu para acompanha-la na volta para casa, aproveitando para conversar sobre as últimas novidades da cidade e questioná-la sobre a festa. Bastou alguns segundos para Tereza notar seu abatimento. Tinha ido ao encontro da amiga no fim de seu expediente como secretaria da prisão da cidade, sedenta por informações da festa da noite anterior,