Juntando coragem, Margô decidiu abordar Joana, pedindo para seguirem para um canto mais calmo a fim de conversarem.Imaginando se tratar de outra discussão, Joana preferiu não estragar ainda mais seu dia.— Margô, hoje não, por favor.— Sei que não mereço a sua consideração, mas precisamos conversar.Notando a tensão de Joana, e receoso do que Margô aprontava dessa vez, Maximiliano se aproximou das duas. Lançou seu braço em volta da cintura de sua noiva, enquanto fitava Margô com reserva.— O que está acontecendo?Margô olhou para Maximiliano e depois para Joana, respirou fundo e tomou uma decisão.— Na verdade minha conversa tem que ser com todos vocês — falou alto para sua voz ficar acima da conversação e risadas. Aguardou o silêncio antes de continuar determinada: — Minhas ações nos últimos meses foram egoístas, erradas e irresponsáveis, e eu gostaria de pedir desculpas para todos vocês. — Olhou fixamente para Joana. — Principalmente para você, Joana. — Envergonhada, contou o que f
O tempo também trouxe os julgamentos de Maximiliano e Margô, réus nos assassinatos dos primos Orlando e Queiroz. Para angústia de Joana, ocorreram em dias distintos, mas ambos foram abertos ao público e estiveram repletos de espectadores ansiosos no desenrolar dos crimes que abalaram a cidade, em especial o da morte do delegado. Margô foi a primeira a ser julgada. Foram apresentadas evidências contundentes do histórico de abuso físico e psicológico sofrido nas mãos de Orlando. Como prometido por Joana, as garotas do Salão Real foram chamadas como testemunhas, confirmando que todas sofriam há anos e que as autoridades não tomaram medidas adequadas para protegê-las devido o parentesco de Orlando com o delegado Queiroz. No caso de Maximiliano apresentaram a ilegalidade de sua detenção, o julgamento e transferência em questão de dias sem o devido processo legal. Também foram apresentadas provas que o caminho escolhido pelo delegado e a bomba no veículo de transporte eram claros sinais d
A realização do maior sonho de Maximiliano e Joana iniciou-se com um dia ensolarado, de brisa suave e céu claro. Transformando a cerimônia em um evento intimista, o Diablo foi escolhido como cenário para a união deles e somente as pessoas mais próximas, que torciam pelo amor deles, foram convidadas a subir a rampa. As cores escolhidas para a decoração foram os tons suaves de azul, branco e dourado, representando o mar, a pureza e o amor que unia o casal. Cada canto do navio foi decorado com lírios brancos e folhagens, tecidos suaves e iluminação delicada. No deck principal foi colocado um altar, um arco de lírios e ao fundo tinham a vista panorâmica do mar azul. Os acordes preencheram o ambiente e o ansioso noivo se posicionou no altar, observando sua encantadora noiva entrar de braço dado a sua mãe, aproximando-se pouco a pouco. No momento em que ela saiu da cabine, em seu longo vestido de seda branca, hipnotizado, Maximiliano Gonzalez só tinha olhos para ela, desejando que a ceri
O sol da manhã filtrava-se suavemente na cabine do navio Diablo, Joana abriu os olhos lentamente, sentindo-se embalada pelo suave balançar do navio, enquanto Maximiliano, seu marido, dormia tranquilamente ao seu lado. Com um sorriso carinhoso nos lábios, Joana observou o rosto sereno de Maximiliano. Tinha cada centímetro do corpo másculo grudado ao seu. As pernas dele estavam entrelaçadas às suas, sua mão esquerda segurava frouxamente a mão direita dela, o lindo rosto repousava em seus seios, os lábios próximos ao mamilo de seu seio esquerdo. Ondas de calor a percorreu quando se lembrou da noite anterior. Não havia um centímetro de seu corpo que não havia sido beijado ou tocado. As mãos atrevidas, ousadas, tocaram suas partes mais secretas e sensíveis. Joana abaixou os olhos para o rosto adormecido. Como o adorava! Como era lindo! Maximiliano possuía uma aura de poder que subjugava a todos. E era um homem encantador com ela, com olhos escuros que sempre irradiavam ternura e um sor
Amor é pureza, sagrado e precioso.Era dessa forma que Joana Savoia descrevia o calor que aquecia seu coração toda vez que apreciava a foto de seu noivo, Adriano Orleans, dentro do camafeu que ele lhe deu seis anos antes quando iniciaram o relacionamento.O namoro tinha evoluído para noivado três anos antes, quando passou alguns meses na casa da família dele na capital e aceitou a proposta de unir em definitivo as famílias, em que as matriarcas eram primas de terceiro grau.Em parte, o relacionamento só se iniciou por pressão de Kassandra, mãe do noivo, e pela paixão imediata de Joana pelo belo primo dez anos mais velho. Mesmo antes de iniciaram o namoro, quando Joana não passava de uma jovem deslumbrada de dezoito anos, a sogra, por ser sua madrinha, já trabalhava em sua educação, moldando o caráter e sonhos da jovem a sua vontade.Kassandra também controlava o filho, incitando-o ao compromisso, mostrando as vantagens de ter uma esposa preparada por eles. Mesmo assim, ao longo dos sei
Confuso com a saída intempestiva da jovem, Maximiliano deu-se conta que havia beijado a mulher errada. Ficou evidente, pelo tremor do corpo e dos lábios contra os seus, que a jovem em seus braços não tinha a experiência sedutora de sua atual amante. E havia o sabor daquele beijo... Doce, delicado e envergonhado. Nunca a provara antes. Algo incomum para ele que todos apontavam como Don Juan da cidade. Analisou a casa dos Orleans sem vontade de retornar ao salão. As luzes nas janelas, a música chegando fraca no jardim, a recordação das pessoas rindo, bebendo e dançando o entediava e despertava lembranças desagradáveis de seu passado. Nem mesmo sua vontade de encontrar sua atual amante, Dalila Savoia, foi o suficiente para voltar aquela casa. Moveu-se sorrateiro até o muro que rodeava a propriedade, o pulou e partiu da mesma forma sorrateira que chegou. ~*~ Envergonhada pela cena decadente ao fugir do noivo, tendo abandonado a festa sem falar com ninguém, Joana decidiu ir para sua ca
Depois de superada a embriaguez, Joana lamentou ainda mais ter abandonado a festa. Deveria ter se refeito do mal estar e desfilado de braços dado ao noivo, mostrando a todos que em breve estariam casados. Pensou em retornar à festa, mas, temendo o que seu noivo pensaria após a fuga, preferiu deixar que ele a procurasse. Depois de um banho e trocar de roupa, restou-lhe aguardar até o retorno de sua família. Inquieta, desceu até a sala de estar e ficou andando de um lado para o outro até o retorno de seus pais e sua irmã. — Essas estradas estão cada dia piores — ouviu Dalila reclamar mal-humorada ao entrar na residência seguida pelos pais. — Deveríamos ter pedido carona aos Castanhare. — É só uma distância de quinze minutos, filha — Carmem, mãe delas, disse cansada da caminhada e mais ainda das reclamações da caçula. — Estou suando e a caminhada não é fácil de salto alto — a jovem continuou a reclamar. — Joana, o que deu em você para sair corrida da festa? — Irritado, Iago, pai del
Vendo a irmã empalidecer, Dalila foi atingida por uma sensação ruim. — Quando estiveram no jardim, ele te fez algo? Tentou algo? — Não houve nada... — Joana negou levando a mão ao camafeu, o medo do que aconteceria se descobrissem que traiu, mesmo sem querer, seu noivo dominando-a. Os olhos de Dalila foram para a joia com desenho de rosa, consciente do que havia em seu interior, a suspeita aumentando com a evidente tensão dominando as feições da irmã. — Não me engana Joana. Esse homem tentou algo, não tentou? — Dalila insistiu na pergunta irritada só em pensar que o amante, seu Maximiliano, pudesse ter tocado Joana como a tocava. — Esteve se agarrando com outro homem na casa de seu noivo? Joana ficou chocada com o que a irmã disse, com o tom acusatório, como se soubesse o deslize que cometeu. — Não houve nada e sua acusação é obscena e injusta! — Alterada caminhou em direção à saída. — Vou deixa-la para que descanse. Antes que abrisse a porta, Dalila veloz se levantou e a seguro