Dalila soltou uma gargalhada zombeteira, encarando Joana como se visse um verme sem importância. Sem pressa, puxou uma cadeira e sentou de frente para Joana, o sorriso confiante e frio fixo em sua boca.— Pense, Joana. Todos acreditam que fomos sequestradas — respondeu afastando nervosamente uma mecha acobreada para trás da orelha. — Direi que escapei, mas, ao não conseguir te salvar do cativeiro, resolvi buscar ajuda. Em prantos e súplicas, indicarei em que local ficamos, mas, quando chegarem aqui, será tarde para minha “preciosa e amada” irmã — musicou fingindo sofrimento. — Assim, além de uma vítima, serei uma heroína por ter buscado te ajudar. Eles irão me amar, você será esquecida e Maximiliano admitirá que nunca me esqueceu.— Maximiliano me ama e sabe que você é ardilosa, desconfiará.— Não! — Dalila bradou erguendo-se com o rosto avermelhado ao retrucar irada: — Ele não te ama, só é orgulhoso e burro demais para perdoar meu erro. Sou eu que ele ama — indicou batendo a mão no p
Exausta, assustada e aproveitando-se do mato alto para obter esconderijo. Agachada, com olhos aflitos buscou a origem do som. Por entre as folhas e galhos viu três carros se aproximando. Seu coração acelerou ao reconhecer o jipe de Maximiliano.Tentou erguer-se, mas suas pernas falharam na primeira tentativa, trêmulas e fracas após as angustiantes horas nas mãos dos sequestradores e do descontrole de sua irmã. Com cuidado e passos inseguros, devagar saiu do mato.Estacionando, Maximiliano tinha o olhar fixo na construção com metade desabada.— Não era para estar assim — Adriano murmurou ao seu lado, a preocupação destacada em sua feição.Maximiliano não notou, seu olhar recaiu sobre uma pessoa se movendo no meio do matagal. Saiu rápido do veículo seus olhos se encontraram com os de Joana.Com lágrimas de desespero e alegria percorrendo seu rosto, Joana correu para os braços dele quase desabando de exaustão.— Max!!!Emocionado em encontrar Joana, Maximiliano a segurou com firmeza, a e
Adriano engoliu em seco a desconfiança de Joana. Desconfiança refletida nos rostos dos outros três. Compreendia que duvidassem que Tarcísio tivesse atendido ao pedido de Dalila sem a autorização de um Orleans legítimo. E de fato autorizou que seu capataz obedecesse a sua futura ex-esposa. No entanto, o fez para se livrar de Maximiliano. Não que pudesse usar esse argumento naquele momento. Por isso limitou-se a uma meia verdade:— Garanto que não sabia de nada do que aconteceu...Maximiliano o interrompeu com um riso seco.— Pode mentir para si mesmo, mas nos poupe. Nem sequer quis ajudar quando pedi.— Mas ajudei — retrucou. — Tenho diferenças com você, mas me importo com Joana e jamais desejaria seu mal.— Agradeço a preocupação — Joana iniciou cáustica —, mas seu lugar é ao lado de Dalila. Por favor, vá embora.Adriano olhou para Carmem, esperando alguma reação dela, uma demonstração de estar do seu lado.— Joana está certa. Sei que pretende se divorciar de Dalila, mas ela ainda é s
Alertado por um guarda de Sanmarino – um dos fieis a memória de Queiroz e a viúva -, Tarcísio se escondeu durante todo o tempo em que a policia ficou rondando Recanto Dourado. Com a partida dos guardas, correu em busca do auxílio de Kassandra.Sempre elegante e aparentemente calma, Kassandra o ouviu narrar o pedido de Adriano, sua participação nos planos de Dalila e a informação que alguém da fazenda o entregou. O olhar desdenhoso se intercalava entre ele e o retrato de seu falecido marido na parede ao fundo.— Preciso de ajuda, patroa.— Não posso fazer nada — soltou recostando-se em sua poltrona. — Com a morte do Queiroz e a chegada desse juiz insuportável estou de mãos atadas. Estão me investigando e, óbvio, a você também. Foi burro em se envolver na vingancinha de Dalila.— Foi à ordem do seu filho.— Adriano mandou que ficasse a cargo e Dalila, não mandou sequestrar Joana. Isso não é um crime. — Kassandra cruzou os braços, a expressão inabalável e determinada a proteger seus inte
Juntando coragem, Margô decidiu abordar Joana, pedindo para seguirem para um canto mais calmo a fim de conversarem.Imaginando se tratar de outra discussão, Joana preferiu não estragar ainda mais seu dia.— Margô, hoje não, por favor.— Sei que não mereço a sua consideração, mas precisamos conversar.Notando a tensão de Joana, e receoso do que Margô aprontava dessa vez, Maximiliano se aproximou das duas. Lançou seu braço em volta da cintura de sua noiva, enquanto fitava Margô com reserva.— O que está acontecendo?Margô olhou para Maximiliano e depois para Joana, respirou fundo e tomou uma decisão.— Na verdade minha conversa tem que ser com todos vocês — falou alto para sua voz ficar acima da conversação e risadas. Aguardou o silêncio antes de continuar determinada: — Minhas ações nos últimos meses foram egoístas, erradas e irresponsáveis, e eu gostaria de pedir desculpas para todos vocês. — Olhou fixamente para Joana. — Principalmente para você, Joana. — Envergonhada, contou o que f
O tempo também trouxe os julgamentos de Maximiliano e Margô, réus nos assassinatos dos primos Orlando e Queiroz. Para angústia de Joana, ocorreram em dias distintos, mas ambos foram abertos ao público e estiveram repletos de espectadores ansiosos no desenrolar dos crimes que abalaram a cidade, em especial o da morte do delegado. Margô foi a primeira a ser julgada. Foram apresentadas evidências contundentes do histórico de abuso físico e psicológico sofrido nas mãos de Orlando. Como prometido por Joana, as garotas do Salão Real foram chamadas como testemunhas, confirmando que todas sofriam há anos e que as autoridades não tomaram medidas adequadas para protegê-las devido o parentesco de Orlando com o delegado Queiroz. No caso de Maximiliano apresentaram a ilegalidade de sua detenção, o julgamento e transferência em questão de dias sem o devido processo legal. Também foram apresentadas provas que o caminho escolhido pelo delegado e a bomba no veículo de transporte eram claros sinais d
A realização do maior sonho de Maximiliano e Joana iniciou-se com um dia ensolarado, de brisa suave e céu claro. Transformando a cerimônia em um evento intimista, o Diablo foi escolhido como cenário para a união deles e somente as pessoas mais próximas, que torciam pelo amor deles, foram convidadas a subir a rampa. As cores escolhidas para a decoração foram os tons suaves de azul, branco e dourado, representando o mar, a pureza e o amor que unia o casal. Cada canto do navio foi decorado com lírios brancos e folhagens, tecidos suaves e iluminação delicada. No deck principal foi colocado um altar, um arco de lírios e ao fundo tinham a vista panorâmica do mar azul. Os acordes preencheram o ambiente e o ansioso noivo se posicionou no altar, observando sua encantadora noiva entrar de braço dado a sua mãe, aproximando-se pouco a pouco. No momento em que ela saiu da cabine, em seu longo vestido de seda branca, hipnotizado, Maximiliano Gonzalez só tinha olhos para ela, desejando que a ceri
O sol da manhã filtrava-se suavemente na cabine do navio Diablo, Joana abriu os olhos lentamente, sentindo-se embalada pelo suave balançar do navio, enquanto Maximiliano, seu marido, dormia tranquilamente ao seu lado. Com um sorriso carinhoso nos lábios, Joana observou o rosto sereno de Maximiliano. Tinha cada centímetro do corpo másculo grudado ao seu. As pernas dele estavam entrelaçadas às suas, sua mão esquerda segurava frouxamente a mão direita dela, o lindo rosto repousava em seus seios, os lábios próximos ao mamilo de seu seio esquerdo. Ondas de calor a percorreu quando se lembrou da noite anterior. Não havia um centímetro de seu corpo que não havia sido beijado ou tocado. As mãos atrevidas, ousadas, tocaram suas partes mais secretas e sensíveis. Joana abaixou os olhos para o rosto adormecido. Como o adorava! Como era lindo! Maximiliano possuía uma aura de poder que subjugava a todos. E era um homem encantador com ela, com olhos escuros que sempre irradiavam ternura e um sor