Aborrecida com a visita inconveniente, se livrando da presença de Adriano, Joana se virou apressada para seguir para a sala de jantar, quase trombando com Dalila. A irmã a encarou com tamanho ódio e desprezo que recuou, quase caindo pelo espanto. Imaginando que a irmã ouviu a estranha conversa que teve com Adriano, afastou qualquer sentimento de culpa pelas intenções do marido da outra e seguiu em frente, de queixo erguido, declarando mentalmente que era diferente da mulher que a encarava cheia de julgamentos e acusações. Em nenhum momento deu abertura para aqueles avanços e o único que queria era se unir a Maximiliano. ~*~ Apesar de Joana não responder positivamente seus avanços, confiante de que a timidez e a lealdade desmedida pelo criminoso que chamava de noivo eram os únicos empecilhos, Adriano saiu da casa dos Savoia e entrou em seu carro pelo lado do passageiro. — Vamos para a prisão, preciso falar com quem está cuidando da fuga — ordenou para Tarcísio que estava ao volante.
Sempre após seu trabalho, Tereza procurava Joana para atualizar a amiga do que acontecia na prisão. Naquele dia a diferença é que, no lugar de ir a casa dos Savoia, esperou a melhor amiga do lado de fora do colégio, nas costas uma mochila para passar o fim de semana na capital. Andando lado a lado rumo à rodoviária, Tereza seguia o relato do que viu e ouviu desde a fuga de Maximiliano e a chegada inusitada do novo juiz. Nos dias anteriores pouco poderia ser dito. Repetiam-se algumas informações: Continuavam as incansáveis buscas pela montanha da serpente. Alguns se machucavam e perdiam-se por horas durante o processo, normalmente peões de Recanto Dourado. A investigação sobre a noite da fuga seguia sem novos fatos e sem os nomes dos mascarados que ajudaram o capitão do Diablo. Alguns policiais tinham feito acusações contra o falecido delegado, de abuso de autoridade a propinas. Também se investigava o motivo do veículo de transporte carregar uma bomba, cujo dispositivo de acioname
Ainda espumando de raiva pelo juiz negar seu pedido, depois de confirmar com Tarcísio que vigiavam cada passo de Joana, Adriano entrou na casa da família em Sanmarino. Pensava em tomar um banho e se preparar para voltar à casa dos Savoia, conversar com seu sogro sobre os planos que tinha com Joana, mas Kassandra o parou antes que alcançasse seu quarto.— Filho, como estão as coisas na fazenda?— A colheita se encaminha para o fim — respondeu seco. Guardava rancor pelo que considerava uma traição da mãe ao esconder o que Dalila lhe fez.— Ficará quanto tempo intercalando seu tempo entre a cidade e a fazenda? Estou pensando em voltar em definitivo para a fazenda — Kassandra indicou esperando que o filho resolvesse acompanha-la.— Ficarei até que encontrem e cumpram a condenação do Gonzalez.— Aquele maldito deve estar longe — Kassandra falou para desmotivar Adriano.A viúva lamentava que Queiroz tivesse fracassado na missão de matar o Gonzalez, mantendo aquela constante preocupação sobr
Joana fechou os olhos por um momento, absorvendo o toque e os beijos, seus dedos se espalhando pelo tórax forte, sentindo a pulsação constante e em sintonia com seu coração.Moveu as mãos por dentro da camisa desabotoada, sentindo a textura de sua pele até chegar quase aos ombros. Foi quando sentiu a ferida no ombro direito, coberta por ataduras, e ouviu um urro baixo. Abriu os olhos e observou a face dele, percebendo o suor e a tensão, os sinais de dor que ele tentava ocultar.— Max, sua ferida...— Não se preocupe. Só não posso mover muito esse braço — assumiu quando ela analisou preocupada o local coberto por ataduras e o encarou com dúvida.— Deite-se. Vim para cuidar de você e não piorar seu estado — ordenou se movendo para ele mudar de lugar com ela.— Estou bem — ele disse, mas não hesitou em obedecê-la. — Gosto de ter você em cima de mim — comentou deslizando o polegar pela boca carnuda. — Em toda parte e posições, na verdade.Assumindo que gostava do mesmo, Joana lançou uma p
Maximiliano acordou e ficou um instante observando Joana, dormindo profundamente, o corpo espalhado sobre o dele devido à cama diminuta.Lamentava que tivessem de recorrer ao esconderijo mais precário que nem mesmo os ajustes, feitos antes e após sua fuga, aumentavam o conforto para receber alguém como a Savoia.Dentro do esconderijo somente uma luz fraca filtrava-se pela abertura, o restante da iluminação ficando a cargo de uma lâmpada, carregada pelo gerador de energia portátil. Os móveis eram estreitos e com anos de uso. E as noites extremamente frias.Numerou todos esses motivos, acrescentando o fato que a polícia ficaria de olho nela, quando Joana propôs passar o fim de semana com ele. No entanto, negando-se a aceitar a argumentação dele, Joana insistiu, disse que tomaria cuidado e planejaria um modo de escapar da vigilância policial. Beto e Lucas se ofereceram para ajudá-la no que precisasse, e ele acabou concordando.Deslizou o dorso dos dedos pela bochecha macia, observando as
A caminho da casa de seus sogros, por celular Adriano se informava com Tarcísio a respeito da fazenda. Apesar das queixas de sua mãe, continuaria na cidade até obter o que queria: Joana. E esse era um dos motivos de naquele dia seguir para a casa dos Savoia. Sem tirar o aparelho do ouvido, cumprimentava com sorrisos forçados e acenos as pessoas pelo caminho, mantendo sua popular fama de alegre e bondoso, quando por dentro sentia-se o pior dos seres. — Como vão as coisas na lavoura? Algum problema? — Nenhum, patrão! — Tarcísio respondeu de pronto. — Teremos tudo finalizado antes do fim do mês. Chegando ao portão, tocou a campainha. — Alguma notícia de Joana? O vigia que está com ela disse se encontrou Maximiliano na capital? — Não. Ele não disse nada. Tudo está nos conformes, patrão. — Ótimo! Qualquer novidade, da fazenda ou sobre Joana, me ligue imediatamente. — Sim, patrão! Paula abriu o portão e o acompanhou para dentro da casa. Tagarela, informou: — Dalila não está. Saiu
Após conversarem sobre as aulas de tiro que recebeu dos amigos, Joana pediu para Maximiliano ajudá-la a prosseguir o treinamento e aprimorar a mira, que não estava nem perto de ser boa.Prometendo a si mesmo que não a deixaria colocar-se novamente em perigo – como ocorreu em sua fuga -, ele concordou. Logo as aulas se mostraram uma divertida atividade.No segundo dia o alvo, uma lata de ervilhas vazia estrategicamente equilibrada sobre um tronco caído, continuava sem nenhum abalo a sua estrutura. A mira ruim frustrava Joana, mas divertia Maximiliano, que apreciava as expressões fofas de sua noiva a cada erro.Posicionando-se atrás dela, também gostava de reparar em cada detalhe da face delicada, as micro expressões de alegria, nas poucas vezes que chegou perto de acertar, o olhar concentrado no alvo sempre acompanhado de um biquinho, no rosáceo que preenchia as maçãs do rosto quando se aproximava para falar o que ela tinha de fazer.Depois de ele indicar como deveria se posicionar, Jo
A dor na omoplata ainda era grande, mas Maximiliano insistiu em sentar na pequena cama e manter Joana em seu colo, o braço em volta de sua cintura, fazendo leves carinhos, enquanto os dedos da outra mão se entrelaçavam aos dela.Necessitava senti-la próxima a si, do calor dela junto ao seu, de comemorar a vida que esteve perto de perder, e o fazia da forma que podia com tantas pessoas por perto e com a ferida impossibilitando esforços.E por ter o corpo dela junto ao seu sentiu de imediato a tensão dela ao ouvir a proposta do novo juiz.— Voltar para a prisão? É perigoso — Joana contestou, alarmada com a possibilidade de ser uma armadilha. — Quem garante que não tentarão matá-lo? Sabia que encontraram uma bomba na viatura que o levava para fora de Sanmarino?— Sei e não me surpreendi ao descobrir — Maximiliano respondeu deslizando a mão carinhosamente pelo braço dela para tranquilizá-la.— Não quero que aconteça nada com você, meu amor.— Não se preocupe!— Como não vou me preocupar?