Joana fechou os olhos por um momento, absorvendo o toque e os beijos, seus dedos se espalhando pelo tórax forte, sentindo a pulsação constante e em sintonia com seu coração.Moveu as mãos por dentro da camisa desabotoada, sentindo a textura de sua pele até chegar quase aos ombros. Foi quando sentiu a ferida no ombro direito, coberta por ataduras, e ouviu um urro baixo. Abriu os olhos e observou a face dele, percebendo o suor e a tensão, os sinais de dor que ele tentava ocultar.— Max, sua ferida...— Não se preocupe. Só não posso mover muito esse braço — assumiu quando ela analisou preocupada o local coberto por ataduras e o encarou com dúvida.— Deite-se. Vim para cuidar de você e não piorar seu estado — ordenou se movendo para ele mudar de lugar com ela.— Estou bem — ele disse, mas não hesitou em obedecê-la. — Gosto de ter você em cima de mim — comentou deslizando o polegar pela boca carnuda. — Em toda parte e posições, na verdade.Assumindo que gostava do mesmo, Joana lançou uma p
Maximiliano acordou e ficou um instante observando Joana, dormindo profundamente, o corpo espalhado sobre o dele devido à cama diminuta.Lamentava que tivessem de recorrer ao esconderijo mais precário que nem mesmo os ajustes, feitos antes e após sua fuga, aumentavam o conforto para receber alguém como a Savoia.Dentro do esconderijo somente uma luz fraca filtrava-se pela abertura, o restante da iluminação ficando a cargo de uma lâmpada, carregada pelo gerador de energia portátil. Os móveis eram estreitos e com anos de uso. E as noites extremamente frias.Numerou todos esses motivos, acrescentando o fato que a polícia ficaria de olho nela, quando Joana propôs passar o fim de semana com ele. No entanto, negando-se a aceitar a argumentação dele, Joana insistiu, disse que tomaria cuidado e planejaria um modo de escapar da vigilância policial. Beto e Lucas se ofereceram para ajudá-la no que precisasse, e ele acabou concordando.Deslizou o dorso dos dedos pela bochecha macia, observando as
A caminho da casa de seus sogros, por celular Adriano se informava com Tarcísio a respeito da fazenda. Apesar das queixas de sua mãe, continuaria na cidade até obter o que queria: Joana. E esse era um dos motivos de naquele dia seguir para a casa dos Savoia. Sem tirar o aparelho do ouvido, cumprimentava com sorrisos forçados e acenos as pessoas pelo caminho, mantendo sua popular fama de alegre e bondoso, quando por dentro sentia-se o pior dos seres. — Como vão as coisas na lavoura? Algum problema? — Nenhum, patrão! — Tarcísio respondeu de pronto. — Teremos tudo finalizado antes do fim do mês. Chegando ao portão, tocou a campainha. — Alguma notícia de Joana? O vigia que está com ela disse se encontrou Maximiliano na capital? — Não. Ele não disse nada. Tudo está nos conformes, patrão. — Ótimo! Qualquer novidade, da fazenda ou sobre Joana, me ligue imediatamente. — Sim, patrão! Paula abriu o portão e o acompanhou para dentro da casa. Tagarela, informou: — Dalila não está. Saiu
Após conversarem sobre as aulas de tiro que recebeu dos amigos, Joana pediu para Maximiliano ajudá-la a prosseguir o treinamento e aprimorar a mira, que não estava nem perto de ser boa.Prometendo a si mesmo que não a deixaria colocar-se novamente em perigo – como ocorreu em sua fuga -, ele concordou. Logo as aulas se mostraram uma divertida atividade.No segundo dia o alvo, uma lata de ervilhas vazia estrategicamente equilibrada sobre um tronco caído, continuava sem nenhum abalo a sua estrutura. A mira ruim frustrava Joana, mas divertia Maximiliano, que apreciava as expressões fofas de sua noiva a cada erro.Posicionando-se atrás dela, também gostava de reparar em cada detalhe da face delicada, as micro expressões de alegria, nas poucas vezes que chegou perto de acertar, o olhar concentrado no alvo sempre acompanhado de um biquinho, no rosáceo que preenchia as maçãs do rosto quando se aproximava para falar o que ela tinha de fazer.Depois de ele indicar como deveria se posicionar, Jo
A dor na omoplata ainda era grande, mas Maximiliano insistiu em sentar na pequena cama e manter Joana em seu colo, o braço em volta de sua cintura, fazendo leves carinhos, enquanto os dedos da outra mão se entrelaçavam aos dela.Necessitava senti-la próxima a si, do calor dela junto ao seu, de comemorar a vida que esteve perto de perder, e o fazia da forma que podia com tantas pessoas por perto e com a ferida impossibilitando esforços.E por ter o corpo dela junto ao seu sentiu de imediato a tensão dela ao ouvir a proposta do novo juiz.— Voltar para a prisão? É perigoso — Joana contestou, alarmada com a possibilidade de ser uma armadilha. — Quem garante que não tentarão matá-lo? Sabia que encontraram uma bomba na viatura que o levava para fora de Sanmarino?— Sei e não me surpreendi ao descobrir — Maximiliano respondeu deslizando a mão carinhosamente pelo braço dela para tranquilizá-la.— Não quero que aconteça nada com você, meu amor.— Não se preocupe!— Como não vou me preocupar?
Na noite de domingo, em visita a Adriano Orleans, Bruno encontrou o fazendeiro sentado em um canto escuro de seu escritório, um copo na mão e uma garrafa de conhaque vazia pousada ao lado. Tão desnorteado como da última vez que o visitou, só que agora com a letargia do álcool nublando sua expressão.— Tem visto e falado com Dalila? — perguntou sentando ao lado de Adriano.— Não, mas amanhã irei à casa dos meus sogros para que assine o divórcio — respondeu erguendo-se ainda segurando o copo, movendo-se a passos cambaleantes em direção ao barzinho no escritório. — E aproveitarei para falar com Joana.Bruno conteve a vontade de rir do absurdo de Adriano pretender divorciar-se da esposa para casar com a cunhada, pois, além de não ajudar a devolver a racionalidade ao Orleans, podia ofender o orgulho já chamuscado de seu amigo.— Acho insana essa sua determinação de correr atrás da sua cunhada — Bruno limitou-se a indicar pela enésima vez desde que ouviu os planos futuros do amigo. — Com su
Não se passou nem meia hora que Joana estava em sua casa, conversando com Carmem e Tereza sobre a viagem, em que pouco falava por não querer mentir para sua mãe, quando a campainha fez Paula passar correndo pela sala.Não estranhou ao ver Adriano entrar com um ramalhete de rosas.— Tão clichê — Tereza murmurou fazendo Joana segurar o riso.O Orleans trocou algumas palavras com Paula e depois se aproximou delas, estendendo o ramalhete para Joana.— Obrigada! — Joana agradeceu sem se mover do lugar e nem aceitando as flores. — Mas creio que deveria dar essas rosas a sua esposa — indicou evitando olhá-lo.— Ah, Paula, leve as flores para a sala de jantar — Carmem pediu querendo quebrar o clima tenso. Mesmo não querendo dar esperanças aos avanços do genro sobre Joana, aceitou as flores para não despertar a raiva de seu marido. — Vai ficar para o almoço? — questionou pela aproximação do horário da refeição.Apertando as mãos no colo, Joana estava esperançosa que a resposta fosse negativa.
Os três homens na sala do falecido delegado Ônix Queiroz, se encararam após o juiz Marcus Martin fechar a porta, isolando-os da plateia de policiais ávidos em saber o que aconteceria.Um clima de tensão pairava no ar enquanto o juiz ocupava um assento após indicar os outros, seus olhos perspicazes intercalavam entre o fugitivo Maximiliano Gonzalez, conhecido como o temido capitão do barco Diablo, e o advogado Donato Herrera.— Revisei seu caso. O juiz anterior e o falecido delegado cometeram grave delito ao ditar a sentença antes dos procedimentos de lei e marcar a transferência para o presídio estadual — o juiz Martin iniciou com uma expressão austera focada em Maximiliano. — As provas são circunstanciais e as testemunhas não são confiáveis. Como seu advogado me mostrou enquanto o senhor esteve foragido. — O juiz colocou sobre o tampo da escrivaninha dados do processo. — O certo seria prendê-lo imediatamente e reiniciar o processo, mas ficou claro que o estado falhou em seu caso — o