Ao retornar para a fazenda com o último amigo desaparecido ao seu lado, Maximiliano alegrou-se ao ser avisado que Donato estava na fazenda, conversando com os demais amigos no quarto que ocupava com Joana. Ansioso em terminar sua estadia em Recanto Dourado, acompanhado por Cristiano atravessaram a passos largos a distância rumo aos demais amigos. Se juntariam para conversar com tranquilidade e definir os próximos passos antes de passar o que sabiam para Adriano. Esperava que o advogado tivesse boas notícias acerca da prisão dos amigos, precisava libertá-los antes de partir de Recanto Dourado. Além de garantir que não recairia sobre eles suspeitas da morte de Orlando. Faltava pouco para chegar ao seu destino, apenas precisava virar em um corredor, quando foi interceptado por um empregado da casa. Ao ouvir que a viúva o chamava a sua saleta privativa, Maximiliano encarou o rapaz com desconfiança. — Irei em alguns minutos — disse seguindo em frente. O destino de seus amigos era mais i
Ainda chocada com o comportamento insano de sua afilhada, Kassandra sobressaltou-se ao, enfim, ver que o Gonzalez atendeu seu pedido. Pensou em seguir a afilhada, impedi-la de cometer outro absurdo, após trocar t***s e pontapés com Dalila, mas não precisou. Um instante após a saída de Joana, Carmem apareceu poupando-a dessa missão. — Carmem, vá atrás de sua filha e a impeça de falar com Adriano. — O que houve? — Carmem perguntou olhando de Dalila erguendo-se do chão e depois para Maximiliano. — Apenas impeça sua filha de revelar à imundice que vocês derramaram sobre mim e meu filho — a viúva ordenou feroz, o que fez a Savoia sair correndo atrás da filha mais velha. — E você — iniciou se voltando para Dalila —, saia que preciso conversar a sós com ele. E não diga a ninguém o que aconteceu aqui — Kassandra ordenou. — Saia! — A ordem furiosa fez a nora encontrar forças para correr porta a fora. Querendo se recompor e aparentar despreocupação – o que estava longe de possuir –, sentou
Não querendo entrar em uma discussão inútil quando tinha tanto a fazer, respirou fundo para conter a indignação e conseguir convencer Maximiliano a ser sensato. — Não posso lhe dar a casa de Sanmarino — disse, cansada dos jogos de acusações. — O que diria a Adriano? — Invente algo. A senhora sempre foi ótima em mentiras — recordou, propondo em seguida: — Diga que me deu de presente. — Adriano não é ingênuo para acreditar. — Não falemos da ingenuidade de Adriano — retrucou Maximiliano com um sorriso sarcástico. A tensão tornou o ar pesado, dificultando que Kassandra respirasse normalmente. O medo e a raiva vibravam em seu corpo e, temendo que ele percebesse esses sintomas inconvenientes, ergueu-se e se afastou, ficando de costas ao Gonzalez por um instante para conseguir se estabilizar. — Contar sobre a traição não o beneficiaria em nada — informou a viúva irritada com a maneira que o Gonzalez falava de seu filho. Jurou a si mesma que Dalila pagaria por toda a humilhação que sofri
Voltando de um passeio pelo campo, Bruno surpreendeu Dalila próxima da sala de jantar. Parada do lado da cristaleira de mogno, a jovem enchia um copo com vinho tinto. — Boa tarde! — Assustada, Dalila abandonou o copo e a garrafa no vão que separava os copos das bebidas. — Pode continuar a beber — incentivou divertido com o comportamento incomum dela. Sem ver perigo em Bruno, Dalila resgatou sua bebida. — O que houve com seu rosto? — Ele perguntou apontando para o próprio queixo para sinalizar o lugar em que um hematoma se fazia presente. — Cai — ela disse tomando um gole de conhaque. Bruno estranhou, mas preferiu não interrogá-la e nem comentar que parecia que alguém a tinha socado. — Por causa dessa queda que está bebendo? — Mais ou menos — disse mantendo o copo apertado entre as mãos, O ferimento era metade do motivo para beber escondida naquela hora do dia. No entanto, Bruno era amigo de seu marido, a pior pessoa para confidenciar sobre a discursão no quarto da viúva sobre s
Joana tinha ouvido falar sobre a caminhada da vergonha, em que uma pessoa caminha sozinha em um ambiente hostil, vítima de olhares reprovadores, ao voltar para casa após uma noite em outro lugar, normalmente – nos filmes estadunidenses - festas com bebedeira em fraternidades que não terminavam bem. Nunca passou por nada igual. A faculdade escolhida por sua madrinha foi online, para que não saísse de Sanmarino, e nunca chegou perto de se embebedar antes da festa a fantasia em que beijou Maximiliano no jardim pensando ser outro. No entanto, imaginava que a pessoa que sofria tal situação sentia-se tão péssima como estava agora, retornando ao quarto em que uma ex.amante de Maximiliano estava após deixar outra para trás. E talvez nenhuma delas fosse tão ex assim, pensou cerrando os punhos, a dor em um deles lembrando-a de quão baixo desceu por alguém que não correspondia ao seu amor. Parou próximo do quarto, uma mão espalmando na parede, enquanto a dolorida apertava-se contra seu coração
Sem obter sucesso em fazer Joana desistir de partir de Recanto Dourado, e não podendo usar muitos argumentos por medo de acabarem citando a traição de Dalila, Carmem deixou a filha partir com Bruno e voltou aflita para a casa. Teria de ir ao quarto de Kassandra, já sabendo o motivo do chamado da viúva e morrendo de medo do que sua prima planejava para ela. Caminhando devagar para a forca que a aguardava, Carmem desejou que a terra a engolisse viva. Parecia um castigo brando perto do que a esperava se a prima revelasse para todos o caso de Dalila e Maximiliano. Seu marido, que deveria estar junto para tentar amenizar a raiva da viúva, tinha saído cedo e ainda não voltará. Temia que passasse outra noite fora como a anterior. Iago estava indignado com o compromisso de Joana, com raiva por isso macular o sobrenome Savoia. Mesmo ele tendo participação no caos que se abateu na família, ele a culpava e as filhas. Em Sanmarino as regras sociais continuavam arcaicas, mulheres tinham pouca o
— Ela não irá com você para lugar nenhum — esbravejou com a voz aumentando de raiva. — Quem me impedirá? Você? — Maximiliano zombou. — Sim, eu. — Arrogante Bruno enfrentou o Gonzalez. — Não sei o que tramou para envolver Joana, mas ela não quer mais nada com você. — Se Joana quer terminar comigo que o faça depois que conversarmos a sós — ele exigiu irritado com a interferência de Bruno. — Não briguem! — Joana pediu, mas nenhum dos dois homens lhe deu ouvidos. — Você não esta a altura de Joana. Não passa de um delinquente — Bruno prosseguiu com desdém. — Ela tem a minha proteção e a dos Orleans, que são contra o noivado de vocês. Sua má reputação o precedia, porém tinha mais dinheiro que Bruno e, embora tivesse cometido inúmeros erros, não se arrependia de nenhum deles, pois todos foram para encher sua barriga e as dos amigos. Só os que moravam na parte humilde e esquecida de Sanmarino, que sofriam com o descaso, os maus-tratos e desprezo da classe alta poderiam julgá-lo. — Pois
Por um instante a jovem titubeou incerta diante da fúria que emanava do Gonzalez, mas logo se refez do espanto e ergueu a cabeça com o que lhe restava de dignidade e respeito próprio. — No altar da capela, Dalila tomou uma decisão perante Deus e os homens. Ela abandonou a promessa que te fez e escolheu casar com o Adriano — frisou na esperança de magoa-lo como estava magoada. — Sei disso — ele retrucou sem compreender o motivo de Joana trazer esse fato à tona quanto pedia explicação para o fim do noivado deles. — Se sabe, porque insiste em correr atrás dela? Não é justo que pisem os sentimentos dos demais... — Joana declarou desesperada, a beira das lágrimas e sentindo um bolor doloroso na garganta. Notando o pranto se formando nos olhos femininos, ele questionou aborrecido: — Suas lágrimas são por ele, não é? Uma raiva irracional correu pelas veias do Gonzalez frente à patética adoração de Joana pelo Orleans, pelo homem que a largou por outra. Era óbvio que ela continuava apaixo