Sem imaginar o que a aguardava, Joana atendia obediente ao chamado de sua madrinha, se aproximando das duas mulheres no quarto sem reparar no olhar feroz da viúva. Levou um susto quando, ao chegar perto delas, Kassandra questionou furiosa: — Porque ocultou que sua irmã é amante de Maximiliano Gonzalez? — Confusa Joana fitou a irmã a procura de respostas. Seu gesto não passou despercebido por Kassandra. — Não diga que não sabe! Uma pessoa de minha confiança viu Dalila e esse homem em um encontro íntimo na minha fazenda, embaixo do meu nariz — A viúva avisou para impedir que a afilhada mentisse. — Eles tiveram um encontro íntimo aqui?! Joana segurou-se na beira de uma mesinha, a palidez tomando seu rosto ao imaginara Maximiliano encontrando sua irmã em algum ponto escondido da fazenda. — Exatamente. Esse bandido não tem um pingo de respeito e decência — Kassandra confirmou com aspereza. — Por isso declarou amar esse delinquente e o aceitou como noivo? Por medo que ele dissesse a Adri
Por não esperar o golpe certeiro em seu queixo, Dalila cambaleou para trás, batendo contra a mesinha. O vaso de flores em cima do móvel desabou, o cristal se partindo em mil pedaços e a água se espalhando pelo carpete, mas nenhuma das três reparou em meio à fúria e choque. — Cansei de você! — Joana disse balançando o punho dolorido, as lágrimas acumulando-se nos olhos. —Você tem uma pedra no lugar do coração — Joana disparou indignada. — É egoísta... Mentirosa... Só pensa em si mesma... — M*****a! — Dalila urrou com o semblante carregado de pura raiva, massageando o local dolorido. — Bateu em mim, sua louca! — É uma mostra do que vai ter se insistir em correr atrás dos homens das outras. Tem muita sorte de ser minha irmã — Joana disse sem se importar com o choque que causava em sua madrinha. — Quer saber madrinha? Descobri sobre Dalila bem antes dela noivar com seu filho. Calei por medo da família ser alvo da fofoca, desprezo e recriminações, de que me comparassem com esse lixo de i
Ao retornar para a fazenda com o último amigo desaparecido ao seu lado, Maximiliano alegrou-se ao ser avisado que Donato estava na fazenda, conversando com os demais amigos no quarto que ocupava com Joana. Ansioso em terminar sua estadia em Recanto Dourado, acompanhado por Cristiano atravessaram a passos largos a distância rumo aos demais amigos. Se juntariam para conversar com tranquilidade e definir os próximos passos antes de passar o que sabiam para Adriano. Esperava que o advogado tivesse boas notícias acerca da prisão dos amigos, precisava libertá-los antes de partir de Recanto Dourado. Além de garantir que não recairia sobre eles suspeitas da morte de Orlando. Faltava pouco para chegar ao seu destino, apenas precisava virar em um corredor, quando foi interceptado por um empregado da casa. Ao ouvir que a viúva o chamava a sua saleta privativa, Maximiliano encarou o rapaz com desconfiança. — Irei em alguns minutos — disse seguindo em frente. O destino de seus amigos era mais i
Ainda chocada com o comportamento insano de sua afilhada, Kassandra sobressaltou-se ao, enfim, ver que o Gonzalez atendeu seu pedido. Pensou em seguir a afilhada, impedi-la de cometer outro absurdo, após trocar t***s e pontapés com Dalila, mas não precisou. Um instante após a saída de Joana, Carmem apareceu poupando-a dessa missão. — Carmem, vá atrás de sua filha e a impeça de falar com Adriano. — O que houve? — Carmem perguntou olhando de Dalila erguendo-se do chão e depois para Maximiliano. — Apenas impeça sua filha de revelar à imundice que vocês derramaram sobre mim e meu filho — a viúva ordenou feroz, o que fez a Savoia sair correndo atrás da filha mais velha. — E você — iniciou se voltando para Dalila —, saia que preciso conversar a sós com ele. E não diga a ninguém o que aconteceu aqui — Kassandra ordenou. — Saia! — A ordem furiosa fez a nora encontrar forças para correr porta a fora. Querendo se recompor e aparentar despreocupação – o que estava longe de possuir –, sentou
Não querendo entrar em uma discussão inútil quando tinha tanto a fazer, respirou fundo para conter a indignação e conseguir convencer Maximiliano a ser sensato. — Não posso lhe dar a casa de Sanmarino — disse, cansada dos jogos de acusações. — O que diria a Adriano? — Invente algo. A senhora sempre foi ótima em mentiras — recordou, propondo em seguida: — Diga que me deu de presente. — Adriano não é ingênuo para acreditar. — Não falemos da ingenuidade de Adriano — retrucou Maximiliano com um sorriso sarcástico. A tensão tornou o ar pesado, dificultando que Kassandra respirasse normalmente. O medo e a raiva vibravam em seu corpo e, temendo que ele percebesse esses sintomas inconvenientes, ergueu-se e se afastou, ficando de costas ao Gonzalez por um instante para conseguir se estabilizar. — Contar sobre a traição não o beneficiaria em nada — informou a viúva irritada com a maneira que o Gonzalez falava de seu filho. Jurou a si mesma que Dalila pagaria por toda a humilhação que sofri
Voltando de um passeio pelo campo, Bruno surpreendeu Dalila próxima da sala de jantar. Parada do lado da cristaleira de mogno, a jovem enchia um copo com vinho tinto. — Boa tarde! — Assustada, Dalila abandonou o copo e a garrafa no vão que separava os copos das bebidas. — Pode continuar a beber — incentivou divertido com o comportamento incomum dela. Sem ver perigo em Bruno, Dalila resgatou sua bebida. — O que houve com seu rosto? — Ele perguntou apontando para o próprio queixo para sinalizar o lugar em que um hematoma se fazia presente. — Cai — ela disse tomando um gole de conhaque. Bruno estranhou, mas preferiu não interrogá-la e nem comentar que parecia que alguém a tinha socado. — Por causa dessa queda que está bebendo? — Mais ou menos — disse mantendo o copo apertado entre as mãos, O ferimento era metade do motivo para beber escondida naquela hora do dia. No entanto, Bruno era amigo de seu marido, a pior pessoa para confidenciar sobre a discursão no quarto da viúva sobre s
Joana tinha ouvido falar sobre a caminhada da vergonha, em que uma pessoa caminha sozinha em um ambiente hostil, vítima de olhares reprovadores, ao voltar para casa após uma noite em outro lugar, normalmente – nos filmes estadunidenses - festas com bebedeira em fraternidades que não terminavam bem. Nunca passou por nada igual. A faculdade escolhida por sua madrinha foi online, para que não saísse de Sanmarino, e nunca chegou perto de se embebedar antes da festa a fantasia em que beijou Maximiliano no jardim pensando ser outro. No entanto, imaginava que a pessoa que sofria tal situação sentia-se tão péssima como estava agora, retornando ao quarto em que uma ex.amante de Maximiliano estava após deixar outra para trás. E talvez nenhuma delas fosse tão ex assim, pensou cerrando os punhos, a dor em um deles lembrando-a de quão baixo desceu por alguém que não correspondia ao seu amor. Parou próximo do quarto, uma mão espalmando na parede, enquanto a dolorida apertava-se contra seu coração
Sem obter sucesso em fazer Joana desistir de partir de Recanto Dourado, e não podendo usar muitos argumentos por medo de acabarem citando a traição de Dalila, Carmem deixou a filha partir com Bruno e voltou aflita para a casa. Teria de ir ao quarto de Kassandra, já sabendo o motivo do chamado da viúva e morrendo de medo do que sua prima planejava para ela. Caminhando devagar para a forca que a aguardava, Carmem desejou que a terra a engolisse viva. Parecia um castigo brando perto do que a esperava se a prima revelasse para todos o caso de Dalila e Maximiliano. Seu marido, que deveria estar junto para tentar amenizar a raiva da viúva, tinha saído cedo e ainda não voltará. Temia que passasse outra noite fora como a anterior. Iago estava indignado com o compromisso de Joana, com raiva por isso macular o sobrenome Savoia. Mesmo ele tendo participação no caos que se abateu na família, ele a culpava e as filhas. Em Sanmarino as regras sociais continuavam arcaicas, mulheres tinham pouca o