O aroma de café fresco preenchia a copa do escritório Ramos Advogados Associados. De volta ao trabalho no escritório, Guilherme segurava sua caneca preta enquanto observava a cidade pela janela, à mente nas duas pessoas que mais amava no mundo.— Quem diria, hein, Perez? — Julian começou, com o tom de sempre, entre o provocador e o divertido ao elaborar: — Virou um verdadeiro pai bobão. Acreditam que ele encheu a sala de fotos da nova família. Honestamente, é meio engraçado ver você assim tão babão pela esposa e filha.Pelo reflexo do vidro, Guilherme observou os três colegas que estavam na copa antes de se virar, tomando um gole do café. — Babão mesmo — Mila, recepcionista, concordou, rindo ao comentar com uma ponta de inveja: — E nem é casado. Julian não perdeu a oportunidade, inclinando-se na mesa com um sorriso travesso.— Ainda. Aposto que é só questão de tempo. — Piscou, exagerando no tom de brincadeira. — Daqui a pouco chega os convites, não é, Perez?Guilherme apenas deu um
Dias depois, Tábata continuava a não conseguir responder o enigma do interesse súbito de sua mãe e de Mateus em querer ela e Lean por perto, depois de ambos terem as expulsado de suas vidas. Mas uma conversa com a prima de Guilherme respondeu outra dúvida que perturbava seu coração.Logo após deixar a prima dele entrar, prendeu o cabelo em um coque frouxo observando Paulina esconder-se atrás de um olhar distante e visivelmente inchados. Algo estava errado. Lina sempre era discreta, mas nunca deixava de oferecer um sorriso educado. Hoje, no entanto, parecia carregada por uma nuvem de tristeza.— Lina? Você está bem? — perguntou interrompendo o varrer do chão da sala. Lean, acomodada no moisés, soltou um som de puro contentamento, contrastando com o sofrimento na face da Perez.Paulina forçou um sorriso enquanto colocava a bolsa sobre a mesa.— Estou bem, só um pouco cansada. Vou te ajudar a limpar a casa, assim não te atrapalho muito.Tábata sabia que era mentira, mas não insistiu. Pe
O silêncio reinava na casa quando Guilherme chegou do trabalho. Estranhando, franziu o cenho ao girar a chave na fechadura e perceber que nenhuma luz estava acesa. Deixou a pasta de trabalho na entrada e atravessou o corredor com passos cuidadosos, o ar denso de uma inquietação que não conseguia explicar.— Taby? — chamou, sem resposta.Seguiu diretamente para o quarto principal, empurrando a porta. A cama estava feita, o ambiente vazio, apenas o aroma leve do perfume dela pairava no ar. Seu coração acelerou e um frio intenso subiu por sua espinha. Ele respirou fundo, tentando ignorar o nó que começava a se formar no estômago.Desviou para o quarto de Lean. Ao abrir a porta, foi recebido pela penumbra, apenas o abajur dourado ao lado da poltrona iluminava fracamente o espaço. No canto do cômodo, ao lado do berço, Tábata estava sentada, os braços cruzados sobre o corpo, o olhar perdido.— Amor... — sussurrou, fechando a porta atrás de si. A tensão deu lugar a alívio ao vê-la, mas foi b
No dia seguinte, em seu escritório, Guilherme apoiou o copo de café na mesa, observando a fumaça subir e se dissipar no ar, o pensamento longe, em Tábata. Naquela manhã, ela esteve calada e, por mais que tenha insistido, não contou o que levou Paulina a discutir com ela. No entanto, obteve a resposta naquele mesmo dia, através de uma ligação de sua prima menor.— Gui! Você está sozinho? — perguntou Paola com um tom urgente, fazendo-o ajustar a postura na cadeira e olhar para a porta fechada. — Sim, no escritório. O que houve? — É sobre a Paulina. Você soube? — Sobre?! Do outro lado da linha, Paola suspirou pesadamente. — O noivado dela foi rompido ontem. Aquele bosta a traiu e engravidou outra mulher. Guilherme fixou os olhos em um ponto indefinido, tentando processar a informação, fazendo conexões com a conversa que teve com Tábata na noite anterior. — Isso explica muita coisa... — murmurou. Paulina foi rude com a Tábata por ter descontado nela a frustração pelo fim do noivad
O vento suave daquela tarde balançava os galhos das árvores na praça, espalhando folhas secas pelo chão, quando Tábata chegou ao local com Lean no colo. Guilherme estava ao seu lado, um braço sobre seus ombros, enquanto no outro carregava a bolsa com as coisinhas da bebê. A pracinha era um ponto de encontro das famílias do condomínio, cheia de risadas infantis e conversas amenas entre pais e cuidadores. Mas, para ela, o ambiente parecia mais sufocante do que acolhedor naquele diz. — Ele já chegou? — perguntou Guilherme, olhando em volta, atento. Tábata respirou fundo, apontando discretamente para um homem encostado em um dos bancos mais afastados.— Vamos logo, antes que eu desista — murmurou ela. Quando se aproximaram, Mateus levantou o olhar, analisando-os. Seu olhar demorou um segundo a mais sobre Guilherme, que o encarou de volta. — Finalmente — disse Mateus se erguendo com um largo sorriso. — Então, essa é a minha filha, Lean? — Sim — respondeu Tábata, segurando a bebê de fo
Guilherme despejava o café pelo coador, o aroma quente e acolhedor preenchendo o ambiente. O celular, apoiado no balcão de granito que separava a cozinha da sala, O celular estava apoiado no balcão, a tela acesa com a chamada em viva-voz. — Não aceito um não como resposta, Guilherme! — insistiu Paola, do outro lado da linha, animada e imperativa. — Todo mundo que amo vai estar lá, e vocês precisam ir também. Vocês têm que vir!Guilherme deu um leve sorriso, olhando de relance para a sala, onde Tábata estava sentada no sofá com Lean aninhada em seus braços. A bebê, com suas bochechas rechonchudas e olhos atentos, brincava com os dedos de Tábata, concentrada na filha, mas podia escutar a conversa, e ele notou a tensão em seus ombros. — Perguntarei para Taby — ele respondeu terminando se passar o café.— É um advogado, sua função é convencer as pessoas — Paola retrucou indignada. — Vai ser só uma comemoração simples na área da piscina. Nada de grandioso, só a família e uns amigos pró
No dia da comemoração, Tábata fez questão de escolher uma roupinha especial para sua filha. O tecido macio do body rosa com babados parecia ainda mais delicado contra a pele rechonchuda de Lean. Ajustou a touca combinando, sorrindo fascinada pelo quando sua bebê estava adorável. O presente de Paola era uma escolha perfeita. O coração de Tábata se aqueceu, mesmo enquanto uma tensão latente pulsava em suas veias. A ideia de rever Paulina na comemoração deixava-a inquieta.— Está pronta, minha abelhinha — murmurou, acariciando a barriguinha da filha, que respondeu com um balbucio doce, os olhinhos amendoados brilhando. Guilherme entrou no quarto, usando uma camisa leve de botões e bermuda. Seus olhos âmbar encontraram os de Tábata, e um sorriso brotou em seu rosto. — Vocês duas estão lindas — disse, caminhando até ela para lhe dar um beijo. —Lean parece uma princesinha — comentou fazendo um carinho na bochecha da bebê. Tábata corou, ajeitando uma mecha do cabelo que insistia em cair s
A falta da amizade de Paulina pesava no coração de Tábata por se tratar de uma parente de Guilherme. Ter inimizade com qualquer um dos Perez não lhe traria vantagem alguma em seu futuro ao lado dele. Mas, além disso, gostava das longas conversas, da ajuda gentil e sempre presente. Algo que recordou até nas apresentações e inteirações propostas por Mirela, sendo uma delas o irmão do patrão de Paulina.Estava próxima à mesa de comes e bebes, Tábata conversava com Pedro brincando com Lean no colo, quando Mirela se aproximou com o filho mais velho e uma mulher que tinha visto no chá de bebê.— Tábata, quero que conheça meu filho mais velho, Alessandro — Mirela O homem alto, de cabelo e olhos escuros lhe estendeu a mão.— Finalmente nos encontramos. Iolanda, minha esposa — apontou para a mulher ao seu lado —, não poupou elogios sobre você depois do chá de bebê. Tábata sorriu agradecida para Iolanda.— Agradeço. Ela foi muito gentil comigo. — Assim que Simon aparecer, vou apresentá-lo tam