O vento suave daquela tarde balançava os galhos das árvores na praça, espalhando folhas secas pelo chão, quando Tábata chegou ao local com Lean no colo. Guilherme estava ao seu lado, um braço sobre seus ombros, enquanto no outro carregava a bolsa com as coisinhas da bebê. A pracinha era um ponto de encontro das famílias do condomínio, cheia de risadas infantis e conversas amenas entre pais e cuidadores. Mas, para ela, o ambiente parecia mais sufocante do que acolhedor naquele diz. — Ele já chegou? — perguntou Guilherme, olhando em volta, atento. Tábata respirou fundo, apontando discretamente para um homem encostado em um dos bancos mais afastados.— Vamos logo, antes que eu desista — murmurou ela. Quando se aproximaram, Mateus levantou o olhar, analisando-os. Seu olhar demorou um segundo a mais sobre Guilherme, que o encarou de volta. — Finalmente — disse Mateus se erguendo com um largo sorriso. — Então, essa é a minha filha, Lean? — Sim — respondeu Tábata, segurando a bebê de fo
Guilherme despejava o café pelo coador, o aroma quente e acolhedor preenchendo o ambiente. O celular, apoiado no balcão de granito que separava a cozinha da sala, O celular estava apoiado no balcão, a tela acesa com a chamada em viva-voz. — Não aceito um não como resposta, Guilherme! — insistiu Paola, do outro lado da linha, animada e imperativa. — Todo mundo que amo vai estar lá, e vocês precisam ir também. Vocês têm que vir!Guilherme deu um leve sorriso, olhando de relance para a sala, onde Tábata estava sentada no sofá com Lean aninhada em seus braços. A bebê, com suas bochechas rechonchudas e olhos atentos, brincava com os dedos de Tábata, concentrada na filha, mas podia escutar a conversa, e ele notou a tensão em seus ombros. — Perguntarei para Taby — ele respondeu terminando se passar o café.— É um advogado, sua função é convencer as pessoas — Paola retrucou indignada. — Vai ser só uma comemoração simples na área da piscina. Nada de grandioso, só a família e uns amigos pró
No dia da comemoração, Tábata fez questão de escolher uma roupinha especial para sua filha. O tecido macio do body rosa com babados parecia ainda mais delicado contra a pele rechonchuda de Lean. Ajustou a touca combinando, sorrindo fascinada pelo quando sua bebê estava adorável. O presente de Paola era uma escolha perfeita. O coração de Tábata se aqueceu, mesmo enquanto uma tensão latente pulsava em suas veias. A ideia de rever Paulina na comemoração deixava-a inquieta.— Está pronta, minha abelhinha — murmurou, acariciando a barriguinha da filha, que respondeu com um balbucio doce, os olhinhos amendoados brilhando. Guilherme entrou no quarto, usando uma camisa leve de botões e bermuda. Seus olhos âmbar encontraram os de Tábata, e um sorriso brotou em seu rosto. — Vocês duas estão lindas — disse, caminhando até ela para lhe dar um beijo. —Lean parece uma princesinha — comentou fazendo um carinho na bochecha da bebê. Tábata corou, ajeitando uma mecha do cabelo que insistia em cair s
A falta da amizade de Paulina pesava no coração de Tábata por se tratar de uma parente de Guilherme. Ter inimizade com qualquer um dos Perez não lhe traria vantagem alguma em seu futuro ao lado dele. Mas, além disso, gostava das longas conversas, da ajuda gentil e sempre presente. Algo que recordou até nas apresentações e inteirações propostas por Mirela, sendo uma delas o irmão do patrão de Paulina.Estava próxima à mesa de comes e bebes, Tábata conversava com Pedro brincando com Lean no colo, quando Mirela se aproximou com o filho mais velho e uma mulher que tinha visto no chá de bebê.— Tábata, quero que conheça meu filho mais velho, Alessandro — Mirela O homem alto, de cabelo e olhos escuros lhe estendeu a mão.— Finalmente nos encontramos. Iolanda, minha esposa — apontou para a mulher ao seu lado —, não poupou elogios sobre você depois do chá de bebê. Tábata sorriu agradecida para Iolanda.— Agradeço. Ela foi muito gentil comigo. — Assim que Simon aparecer, vou apresentá-lo tam
O cheiro doce da massa de panqueca enchia a cozinha, enquanto Tábata virava uma das porções na frigideira com cuidado. Seguia concentrada no passo a passo que aprendeu com o pai de Guilherme. Treinava para quando o visse no fim de semana, em que pretendia fazer essa surpresa para ele, mostrando que aprendeu.Em pé a sua esquerda, de avental sobre a roupa social, Guilherme fazia uma salada de frutas antes de sair para o trabalho. De tempos em tempos, ele olhava para ela, um sorriso discreto surgindo sem que conseguisse controlar. Ela sentia aquele olhar como um toque em sua pele.— Você está cortando essas frutas grandes demais, Gui. — Tábata riu, apontando a faca que ele segurava. — A abelhinha não vai conseguir comer pedaços tão grandes quando crescer, sabia?— Ainda bem que ela não vai comer isso agora. — Ele arqueou uma sobrancelha, mordendo um pedaço de maçã. — E, sinceramente, você também cortaria pedaços grandes se estivesse vendo a beleza que vejo.Ela riu, se erguendo na ponta
O mundo de Tábata parou e aflita apertou Lean contra si, querendo proteger ambas dos desejos egoístas daquele homem. Guilherme deu um passo à frente, a expressão endurecida, os punhos fechados e o olhar carregado fixo em Mateus. — Você nunca quis assumir a paternidade. Até me pediu para Taby tirar a bebê. Por que isso agora? — questionou Guilherme, firme e acusador. — As circunstâncias mudaram. — Mateus deu de ombros. — Estou casado a mais de cinco anos e minha esposa não pode ter filhos. Assim que tiver a prova de que o problema não está em mim, levarei a menina para ser criada ao meu lado — disse encarando Tábata com um semblante frio. — Pode morar na casa que providenciarei por perto, assim poderá vê-la de vez em quando. Ou, se preferir, pode trabalhar como empregada na minha casa. É bom que ela tenha contato com a mãe biológica. O choque fez o sangue de Tábata gelar. Apertou Lean ainda mais contra si, protegendo-a instintivamente. Guilherme, ao seu lado, tinha a expressão endur
As súplicas de Tábata logo foram atendidas. O sedan que trazia Paulina todo dia estacionou, de dentro saiu a prima de Guilherme acompanhada pelo motorista, Simon, que correu para apartar a briga. Um dos vizinhos, um homem corpulento com uma expressão alarmada, se juntou ao Salvatore. Com esforço, conseguiram separar os dois. Simon segurando Mateus, o vizinho puxando Guilherme.Mateus ainda tentava avançar, mas o Simon o segurava firme.— Já chega! Não é assim que se resolve as coisas! — repreendeu, comentando friamente: — E sou amigo da outra parte, então é melhor se acalmar.Mais pessoas surgiram das casas, curiosas e preocupadas com o pandemônio no meio da rua. Paulina foi para junto de Tábata, que apertava uma chorosa Lean contra o peito.— Suma da minha frente, cretino — urrou Guilherme, ainda sendo contido pelo vizinho. — Nunca mais
Decidido a impedir que tirassem de Tábata a guarda da filha, assim que chegou no trabalho, armado com a documentação entregue por Mateus, Guilherme procurou a melhor advogada do Direito da Família do escritório Ramos Advogados Associados.Bateu na porta do escritório de Sara Lopes, aguardando a advogada permitir sua entrada.— Guilherme, que surpresa! — Sara o recebeu com um sorriso profissional, organizando alguns papéis em sua mesa.— Bom dia, Sara. Desculpe aparecer sem avisar, mas preciso da sua ajuda. É sobre um caso de guarda.Ela apontou a cadeira a sua frente. — Fique a vontade e me diga do que se trata.Guilherme sentou-se e inspirou profundamente antes de falar:— É para a minha namorada — iniciou gostando de poder enfim usar o termo sem pesar se chegaria aos ouvidos de seus parentes. — Ela foi notificada hoje de manhã pelo ex, que ameaçou pedir a guarda exclusiva da filha dela se for provado a paternidade.Entregou para a colega o documento analisar. Sara colocou seu óculo