Eduarda parecia ansiosa para contar o tal segredo ao avô e depois de olhar para os lados, como se fosse para ver se alguém os escutava, ela sussurra com medo de mais alguém escutar. — Estou escrevendo um livro para o papai. — E seu pai ainda não sabe? — João pergunta, também olhando a sua volta de forma engraçada. — Não, vovô — Ela sorri com o jeito que o avô pergunta é olha para os lados — Eu vou contar quando estiver todo pronto.— Faça isso, eu tenho certeza que o deixará muito feliz. O avô a abraça, vendo e ouvindo o carinho que ela demonstrava ao falar do pai, assim como pelas histórias criadas por ele. — Esse será o nosso segredo, mas agora eu quero ser o primeiro a saber quando estiver finalizado. — Eu prometo vovô, o senhor será o primeiro a saber. Para Paulina a mudança dos pais foi uma surpresa que a deixou muito feliz, além de ter os pais por perto, tinha a mãe que lhe ajudava com os seus menores, já que Eduarda já era totalmente independente, e sempre quando ela
PASSAGEM DO TEMPO Aos vinte e dois anos Eduarda havia se tornado uma escritora de livros infantis, desde quando ganhou o concurso literário na escola, decidiu ser escritora e conseguiu realizar o seu sonho de menina. Começou a escrever contando primeiro as histórias que o pai lhe contava, isso foi por querer homenagear o pai, por isso o título do seu primeiro livro foi Histórias contadas por meu querido papai. Com a ajuda do avô o livro havia sido impresso e quando ela presenteou o pai o fez se emocionar, pelas lembranças que aquele livro lhe trouxera. Não havia como ele não se recordar de quando as inventou, Eduarda sendo uma criança de cinco anos, acreditava nas histórias que ele lhe contava e isso o fazia ver a inocência de uma criança, o fazendo amar a cada dia mais a sua filha. Erick ao ver o talento da filha, decidiu patrocina-la e para surpresa de todos, o livro foi sucesso em venda, esgotando todos na primeira tiragem. A única história que não estava inclusa no primeiro l
Eduarda estava em seu quarto com a mãe e com a irmã Isabella. — Mamãe, me ajuda a escolher a minha roupa — Eduarda pede aflita, com várias roupas sobre a cama — Quero estar muito bonita nesse evento. — Você já é bonita, é impossível ficar mais — Isabella comenta, ela não havia nascido com os olhos verdes do pai apenas os seus cabelos eram negros e espessos como os dele. Soltos criavam ondas que emolduravam o seu bonito rosto, ela se parecia com a mãe. Quanto a Eduarda, parecia ter ficado ainda mais bonita depois de adulta, os seus cabelos loiros, longos e ondulados, e os seus olhos verdes como duas esmeraldas, chamava a atenção de qualquer um, tamanha a sua beleza. Arthur era a cópia do pai, até a estatura, mesmo ainda estando na adolescência, já era mais alto do que muitos jovens da sua idade. — Obrigada irmãzinha, mas acredito que eu posso ficar mais bonita — Comenta rindo, colocando um vestido a frente do seu corpo. — Lembre-se você escreve para crianças, por isso é melh
Paulina estava se arrumando para uma entrevista de emprego, iria concorrer a uma vaga de babá. Babá, ela sorri com essa possibilidade, em nenhum do seus devaneios pensou em tal coisa, mas ali estava elá decidida a conseguir aquela vaga, sabendo ser uma oportunidade única, soube da vaga através de uma amiga, que havia ligado para ela perguntando se conhecia alguém para indicar como babá, visto que, Paulina conhecia muitas pessoas que trabalhavam com crianças. Ao questionar sobre a vaga, viu ali uma oportunidade de por o seu plano em prática e deixar definitivamente Paulina Albuquerque para trás. Depois de descobrir as informações que queria, não foi dificil enviar um currículo e depois disso, foi só torcer para ser chamada e assim aconteceu. Paulina quase soltou fogos de tão feliz que ficou ao receber uma ligação avisando sobre o dia e o horário da entrevista. Saiu de casa disposta a dar o seu melhor para ser aprovada, apenas não diria a sua qualificação, não queria que alguém a q
Paulina prefere acreditar que conseguiria lidar com uma patroa problemática. Faria o seu trabalho com perfeição e tentaria ignorar a mulher a sua frente, afinal não pretendia ficar muito tempo ali. — O seu quarto será ao lado do quarto da minha filha, mas isso é apenas para você não dar desculpa de deixa-la chorando, não é para pensar ser importante por estar em um dos quartos de hóspede. Eu não sei cuidar de criança e com você aqui, não há necessidade de eu aprender, afinal de contas estará sendo paga para isso, e acredito que será muito bem paga — Paulina prefere nada dizer, apenas ouviria. Queria saber onde a louca daquela mãe iria chegar — Como babá, usará uniforme e não usará maquiagem, nada de unhas pintadas, e quando Henrique vier aqui, mantenha distância, ele estará sempre aqui para ver a filha, mas quando isso acontecer eu mesma cuidarei de Eduarda, e outra coisa — Sofia a olha de cima a baixo — Mantenha esses cabelos presos e não use essas joias baratas — Sofia fala olhan
Paulina entra em seu novo quarto, não era grande, mas era confortável. Ela abre o armário e lá estavam alguns cabides com roupas rosa, Paulina balança a cabeça em negação, o uniforme não era nada bonito. A última vez que usou uniforme foi quando estava no ensino médio, pensa pegando um uniforme para vestir depois do banho. Antes de entrar no banheiro, ela se olha no espelho. Se acha diferente, mas não se sentia incomodada com isso, pelo contrário, se sentia satisfeita com a imagem que via. Vestia uma calça Jeans, e uma camisa creme com os primeiros botões abertos. Nos pés uma sapatilha confortável. Suas roupas eram comuns mas não foram baratas, poucos saberiam disso, mas seria melhor visitar uma loja de departamento e comprar coisas mais simples para a sua nova vida, pensa decidida. Os seus cabelos estavam soltos e ela sabia que eles eram bonitos e sedosos, e talvez tenha sido isso que desagradou a patroa. Paulina tira o seu cordão barato, como Sofia havia pensado e, o guarda em
Paulina soube exatamente quando a avó de Eduarda foi embora, pois o seu nome nunca foi por tantas vezes gritado. — Toma essa criança, estou morta de cansada, nunca imaginei que um ser tão pequeno desse tanto trabalho — Paulina foi chamada assim que Lurdes vai embora, Sofia parecia não suportar mais se passar por boa mãe. — Recém nascidos não dão trabalho, já que eles geralmente dormem muito e só acordam para mamar. — Se ela chorar dê leite, já mamou muito por hoje — Sofia fala jogando os cabelos para o lado — Você está sendo paga para isso, cuidar dela. Minha sogra disse que você tem experiência, mas se não provar que tem, terei que dizer a ela sobre sua incompetência. — Senhora, a sua bebê ainda é muito pequena, tem apenas poucos dias, por isso o melhor é continuar a alimentando com o leite materno — A vontade que Paulina tinha era dizer: "Então boa sorte, se vira, porque eu estou indo embora" mas se fizesse tal coisa, com certeza sobraria para a coitada da Ivone que teria q
Com a atitude dele, Paulina sente vontade de ri, não havia com o que se preocupar, ninguém a reconheceria vestida com aquele uniforme, com os cabelos presos em um coque e sem nenhuma maquiagem, não podia estar mais diferente do que sempre foi. —Bom dia, senhor — Paulina o cumprimenta para diminuir a tensão.— Bom dia — O homem se aproxima com as mãos no bolso — Me chamo Henrique — Paulina enfim conhece o pai de Eduarda, mas o estranho foi ele não se apresentar como pai.— Quer pegar ela um pouco? — Paulina pergunta, ao ver ele olhando Eduarda sem mais nada dizer, mas a pergunta o faz dar um passo para trás — Eu o ajudo. — Não, não é necessário — Henrique pareceria não saber o que fazer ali, era como se ele estivesse ali apenas por obrigação — Eu preciso ir, mas antes... — Henrique passar as mãos pelos cabelos e vai até o berço vazio e meche em um dos enfeites. Paulina apenas o observa, e sem muito esforço, nota que a alegria estava a quilômetros de distância daquele homem, sua postu