A chave da liberdade
A chave da liberdade
Por: Label
01

Roberta Albuquerque:

Na matéria do dia, estava lá, meu noivo nu em uma sacada de hotel, com outra mulher da mesma forma que ele, não tinham pudor algum dos outros verem e tinham a lascívia estampada no rosto, nojentos.

Eu olhava a matéria vestida de noiva, faltava pouco para a consumação do casamento, eu estava com raiva, ódio e triste por ver o homem que eu achava ser o amor da minha vida, transando com outra, sem contar a forma, sempre me dizia ser reservado, agora todos viam seu corpo nu, sem contar que estava com uma prostituta local, que todos conheciam e já se deitaram.

— Eu odeio eles-falo em voz baixa.

— O objetivo de voltarmos ao passado, é você se curar da mágoa e ódio Roberta, não o sentir com mais força ainda-diz minha psicóloga.

— Não consigo me curar, ele me traiu dias antes do nosso casamento, eu descobri tudo isso uma hora antes de casar, gastei um puto dinheiro para essa merda de casamento e no fim, só me fu**!-falo novamente irritada.

— Mas isso já faz quase um ano, Roberta, deve largar os sentimentos ruins, perdoá-los, se perdoar e seguir em frente, quando foi a última vez que saiu com um novo rapaz?.

— Cinco meses, eu acho.

— E não me disse o que houve, não era um rapaz legal?.

— Legal de mais, tão legal que cheguei a desconfiar e não quis mais, cansei de ser enganada. Sabia que o Oliver já me traia há meses?, e pelo que soube depois, não foi uma ou duas, ele me traiu várias vezes, com várias pessoas diferentes. Sabia que para mim ele se mostrava ser um anjo, super legal e me enganou por meses.

— Já percebeu que sua vida gira em torno do passado, em torno da traição?, viva e deixe ele viver longe de você e de seus pensamentos.

— Mas ele tem que pagar pelo que fez comigo.

— Fique tranquila, tudo que plantamos iremos colher, não precisa se preocupar em ver ou ficar ansiosa para ver ele se dando mal, algo vai acontecer um dia. Mas fique tranquila, foque em você, na sua vida, já notou que faz tempo que não tira um tempo para você, para se cuidar, se sentir bonita, só sabe trabalhar e seguir seu ex em todas as redes sociais e às vezes até presencialmente.

— Eu não consigo me arrumar, não com ele feliz por aí.

— Tire um momento para você, tire de dentro de você a culpa, no fundo, se culpa por ser traída, mas isso aconteceu porque ele é um mau-caráter, ele nunca te amou de verdade. Ele deu a você o que ele tinha para dar e você deu o que tinha para dar, não se culpe por ter o respeitado e o amado, isso faz parte de você, é o que é.

— Fácil para você falar, ninguém te traiu-a mesma rir.

— Deixe ele ir, liberte ele, perdoa-os, se perdoe e só assim vai parar de vir aqui toda semana.

— Achei que gostava de ganhar meu dinheiro.

— Já estou cansada de te ver aqui, Roberta-ela gargalha-, e o pior é quando tem as crises e eu tenho que largar tudo para te ajudar.

— Você é minha única esperança para me curar.

— Está aí a questão, meu amor, você não quer se curar, não quer se libertar, toda semana eu dou os mesmos conselhos e você nem tenta os seguir, sempre tentamos acessar o triste dia para te curar, mas ao invés disso, você só fica mais furiosa, não amolece esse coração, sempre é racional de mais e deixa seu ego te dominar.

— Ninguém me ama, todos me querem longe, até você.

— Todos te amam, mas você só pensa em Oliver, esquece a família e que você tem o poder de todas as soluções em suas mãos.

— Por mais que ache injusto, seguirei seus conselhos e vou esquecer o que o Oliver fez e até mesmo ele.

— Isso é o melhor que irá fazer.

— Discordo, mas vou tentar.

Ela sorri e logo acaba meu tempo, então saio de sua sala e vou para meu carro, tento pensar em outras coisas, mas vem na minha mente o mesmo que veio na sala dela, e agora eu chorava, talvez sentisse culpa, acho que se fosse mais "dada", promíscua, ele talvez estivesse comigo até hoje, mas não, eu sempre fui recatada, minha mãe disse que era necessário isso para se ter um bom casamento, no começo acreditei, mas agora, não sei se foi a melhor escolha e conselho a se seguir.

Resolvo ir ver minha mãe, ela estava em uma clínica de reabilitação, a mesma teve alguns problemas com bebidas, depois drogas e eu tive que a colocar em uma clínica.

Dirijo por minutos e logo chego ao local, estaciono, desligo, saio, tranco o carro e caminho até a recepção, na hora a moça já faz um sinal com a cabeça e eu entro, ela me conhecia, já fazia três anos que minha mãe estava aqui, eu pretendia a tirar quando casasse, achei que ia ser bom ela me ver casar e assim iria poder cuidar dela, iria largar meu trabalho para ficar em casa.

— Boa tarde, doutor!-falo ao vê-lo.

— Boa tarde, Roberta, como vai?.

Ele era bonito, um bom partido, médico em dois hospitais e atendia de graça na clínica e por um acaso, hoje é dia dele aqui. 

— Bem e minha mãe, como está?.

— Melhorando, presumo que veio vê-la.

— Sim, posso?.

— Claro-ele sorri gentilmente.

Ele me conduz até o local que eu já conhecia, e assim que chegamos ao quarto, ele me deixa ali sozinha, eu bato na porta e me aproximo.

— Boa tarde, dona Késia-sorrio, caminho até ela, abraço e depois beijo sua testa.

— Boa tarde, filha, tudo bem?.

— Sim, a senhora que não parece bem, o que houve?.

— Fora está ficando louca nesse lugar?, estou bem.

— Até queria tirar a senhora daqui, mas no momento não posso.

— Me tira, já te disse que não vou cometer o mesmo erro.

— Qual, o de beber, ou se drogar, ou o de tentar esfaquear meu pai?.

— Ele me traiu...-eu mordo os lábios.

Eu amava minha mãe, mas não queria me tornar uma cópia sua nesse momento, que só quer vingança e preencher seu vazio com bebidas e drogas. Ela foi igual eu, reservada, e talvez também se sentia culpada pela traição do meu pai e até do meu noivo, acho que ela também duvidava de que ser reservada era o melhor.

— Se me prometer não se entregar de novo para todas as coisas ruins, eu prometo te tirar daqui, mas também prometo que se não cumprir com nosso acordo e fizer tudo de novo, eu coloco a senhora novamente aqui, até que se cure por completo, entendeu?.

— Por mais que não esteja doente, eu entendi.

— Te amo tanto-abraço a mesma e beijo sua testa.

Ficamos assim por minutos e depois eu fui conversar novamente com o médico, queria pedir permissão e saber se ela estaria pelo menos um pouco apta para retornar para casa.

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