05

Roberta:

Depois que volto para o escritório, encontro o Ernesto, ele parecia um pouco aflito.

— Encontrou algo?-pergunto indo para minha sala e ele me segue.

— Temos um grande problema-me sento na cadeira em frente a mesa aonde tinham diversos papéis.

— Qual?-encaro o mesmo.

— É difícil descobrir algumas coisas, mas no submundo do crime dá para saber tudo de muitos.

— E então?.

— Já sabemos que ele foi incriminado, pelo nosso tempo de trabalho e análise do caso, porém ele não é flor que se cheire, disseram que é um narcotraficante, que mata qualquer um que lhe for incomodo e quando quer tirar alguma informação de alguém, seus métodos de tortura são piores que dos militares ditadores.

— Devo me preocupar em defender um criminoso, que nesse caso é inocente?.

— O problema aqui é quem teria coragem de incriminar um criminoso famoso e perverso?.

— Outro criminoso?.

— Isso Roberta, se outro criminoso, do mesmo jeito que o Vinícius está incriminando ele para tirá-lo da jogada, quer dizer que pode fazer coisas horríveis com quem entrar no caminho dele ou tentar mudar o curso de seus planos.

— Acha que não devo o defender?.

— Não importa o que acho, você irá fazer o que quiser, mas saiba, pode ser perigoso, tem que se cuidar.

— Pode deixar, sou cuidadosa e o que me trouxe foi muito útil.

— Vou buscar mais informações que possam te ajudar.

— Ok, obrigada Ernesto.

Ele sai e eu fico pensativa, mas logo minha mente traz a imagem do homem forte sem camisa que vi mais cedo, ele era perfeito, acho que se um dia escolhesse alguém, seria desse jeito, forte, bonito, sexy, atraente, mas a questão aqui era que eu me sentia atraída por um cliente e vendo que era um criminoso, eu andava me atraindo só por pessoas que não prestam. Que vida, Roberta, que vida.

Trabalho até que dê meu horário de ir embora, logo estava indo para meu carro, me despedindo dos funcionários, vou dirigindo de vagar, até que sai um maluco e b**e no meu carro do nada, ele cortou um sinal e por isso b**eu em mim. Paro o carro na hora e saio, olho para a frente do mesmo e estava até pouco batida, se ele tivesse vindo com mais força, até teria me machucado.

— Desculpa moça, não foi a intenção bater em você-diz um homem saindo do carro e vindo até mim.

— Tudo bem, pretende pagar quando, o dano que causou ao meu carro?.

Olho séria para seu rosto, ele era claro, cabelos arrepiados e roupas frescas, seu relógio era de uma marca cara e seus olhos um pouco puxados, parecia ter algum parentesco com indígenas devido ao olho e rosto arredondado.

— Me dê seu número e o valor, pode me dar seu endereço também, que levo o dinheiro e te dou um trato-diz com duplo sentido.

— Quer que eu te ponha na cadeia?, se quiser te processo, entro como minha advogada e te prendo, além de te obrigar a pagar o dobro do que deve no carro.

— Calma moça, estava só brincando.

Vou até meu carro, pego uma caneta e uma agenda no porta luva, anoto o número da minha conta e o valor que daria o conserto, rasgo o papel, saio do carro e dou em sua mão.

— Tem três dias para me mandar o dinheiro, se não eu te procuro.

— Você nem me conhece.

— Mas fique tranquilo que eu te acho.

Entro no meu carro novamente, fecho a porta, dirijo para casa e vou descansar, amanhã teria que ir ao mecânico cedo e depois ir trabalhar.

[Dia seguinte]

Acordo e vou logo me arrumar, depois que pego minhas coisas, saio de casa, entro no carro, fecho o portão e levo meu carro para o mecânico, ele era conhecido meu e costumava fazer milagres com os carros, o valor era alto, mas isso nunca me importou, o que era importante é eu ter meu carro como novo novamente.

— Bom dia seu Jorge-falo saindo do carro.

— Bom dia, Roberta, tudo bem?.

— Mais ou menos, consegue consertar?-pergunto olhando para a frente do meu carro.

— Consigo.

— Quantos dias?.

— O restante da semana, tudo bem?.

— Sim. Quanto fica?.

— O de sempre.

— Está bem, obrigada.

— Nada doutora.

Saio dali e corro para o ponto de ônibus, assim que vejo o meu faço sinal, entro e vou para o escritório espremida como uma sardinha. Após minutos chego ao meu destino, saio do ônibus e logo estava entrando no escritório.

— Bom dia-falo aos meus funcionários.

— Bom dia chefa-fala a Érica, ela limpava o local.

— Bom dia, Roberta-diz o Ernesto.

— Bom dia, senhora, o que houve?-, pergunta a Júlia assustada.

— Bateram no meu carro ontem, então vim de ônibus, esse e o horário da tarde são os piores.

— Da para ver, está toda desgrenhada e amassada.

— Nem me fale, mas vamos focar no trabalho, preciso das informações do caso Ari, amanhã é o julgamento e eu preciso ter tudo em mãos.

— Sim, senhora-diz a Júlia.

Eu vou para sala, tiro o blazer e ponho o mesmo pendurado no encosto da minha cadeira, hoje eu vestia uma blusa justa de cor branca, ela era de alça, usava uma saia social de cor preta.

Faço um coque e logo vou analisar o caso para o julgamento de amanhã, também iria mais tarde conversar com os policiais, eu não achava tão bom estudar dois casos ao mesmo tempo, porém, eu andava sem tempo e tinha que correr.

— Conseguiu?-questiona o Ernesto me vendo sair da sala.

— Sim, ele esteve no hotel naquele dia, porém, passou a noite quase toda no banheiro, teve diarreia, temos a camareira como "testemunha" e quem matou a ex dele, que estava no mesmo hotel naquela noite, foi um homem que ela se encontrou algumas vezes, as conversas que me trouxe estavam certas, só fora de ordem, mas foi ele, a vizinha disse que naquela noite ele não voltou para casa, além de passar a se esconder, fora que a polícia achou cinzas de cigarro e o Ari nunca fumou, pois sua mãe morreu de câncer devido ao consumo de tabaco.

— Não temos DNA de ninguém, como fazer eles condenarem o homem?.

— Isso não cabe a mim, porém, oferecer o encurtamento da pena, pode fazer ele confessar, está estudando para ser astronauta, não vai querer passar o resto dos dias na prisão.

— Boa jogada.

— Espero que dê tudo certo, às vezes a acusação só quer colocar alguém na prisão, não liga para a inocência e faz normalmente com que todos só sintam raiva do réu, e se sentirem raiva, será condenado no júri popular.

— Não acredita mesmo em imparcialidade.

— Acredito, mas não coloco minha mão no fogo pelo júri popular, eles estão com a mente cheia de mortes, tragédias, impunidade, crimes, maldade, isso aparece toda hora na TV.

— Verdade, por isso não assisto mais.

— Exatamente. Bom, eu vou à delegacia conversar com os policiais que efetuaram a prisão do Vinícius, podem fechar tudo e ir para casa a hora que quiserem, de lá vou ver minha mãe e depois ir para casa.

— Está bem.

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