06

Roberta:

Chego na delegacia e vou para a sala do delegado, que me atendeu com a maior educação e paciência.

— Então você é advogada do Vinícius Marinho?.

— Sim e vim aqui atrás de informações.

— Quais?.

— Como foi a prisão?, quanto tempo demorou a prendê-lo?, o que ligava ele ao assassinato?, sabe a motivação do crime?.

— Senhorita Roberta, a prisão foi normal, rastreamos ele e o prendemos em um prostíbulo, estava dormindo na hora da prisão. Demoramos a o prender, ele não é um homem de fácil acesso, sempre se escondendo, com inúmeros endereços, demoramos dias para conseguir o achar e efetuar a prisão. Achamos digitais, resto de cigarro de maconha, além da arma do crime, uma pistola calibre 38. E a motivação eu não sei, ele não disse nada em momento algum que esteve sob nossa custódia.

— Ele já cometeu outros crimes?.

— Sim, cinco anos atrás ele produzia e enviava drogas ilegais para outros países, ele mesmo entregava os produtos.

— Algum assassinato?.

— Esse é o primeiro.

— Me diga, depois da primeira prisão, tiveram mais prisões para com ele.

— Não.

— Me tira uma dúvida, senhor, acha que ele seria tão imprudente ao ponto de matar alguém e deixar provas irrefutáveis na cena do crime?.

— Criminosos são burros.

— Então, porque não houveram mais prisões de cinco anos para cá?.

— Ele se cuidou para não ser pego.

— Exato, ele largou a criminalidade ou se cuidou para não ser pego. Se largou, quer dizer que não mataria um homem "qualquer", mas se ele se cuidou durante cinco anos, quer dizer que ele não mataria alguém sem motivos e muito menos deixaria provas na cena do crime.

— Está querendo mudar com suas palavras as provas do crime?.

— Não é minha palavra, é a lógica.

— Toda lógica é derrubada com provas.

— E se alguém implantou as provas na cena do crime?, não passou essa hipótese por sua cabeça?.

— Não.

— Que bom, só essas que são minhas perguntas, obrigada pela atenção.

Sorrio amigável, aperto sua mão e vou para a clínica ver minha mãe, fico por um tempo com ela e tudo que saia de sua boca era a lamentação, ela andava cada vez mais impaciente em ficar ali, mas não tiro sua razão, já se passaram anos.

Quando acabou a visita eu fui para casa, estava cansada, andar de ônibus era muito chato e cansativo. Abro o portão, entro e depois tranco, caminho pela pequena trilha no quintal, na lateral havia um jardim, eu amava aquele pequeno espaço, lembro que pedi tanto ao meu pai um jardim e então ele comprou a terra, mudas e mais coisas necessárias para plantar e assim fizemos, criamos meu jardim juntos, foi meu melhor momento, me senti tão feliz, depois passei a cuidar do meu jardim, a buscar conhecimento e ele estava cada dia mais lindo.

Abro a porta, entro e tranco, aperto no botão para ligar a luz, mas a mesma não acende, então vou até o quadro e mexo no disjuntor, assim que a luz ascende algo b**e na minha cabeça me fazendo cair, sinto dor, olho para cima e logo vinha um homem todo de preto para cima de mim, ele era pardo, seu rosto eu não conseguia ver, estava encapuzado, eu tento o empurrar, mas ele era mais forte e pega em meu pescoço, eu bato diversas vezes em seu rosto, peito, até que lembro que na minha bolsa eu tinha um aparelho pequeno que eu apertava e chamava a polícia, era para quando meu alarme não funcionasse e eu achasse que tinha algo suspeito, procuro o botão com a mão, mexo e remexo na bolsa, até que acho, aperto quase que sem força e o alarme da casa toca, ele para e me olha assustado me deixando respirar.

— O que você fez, vadia?-pergunta irritado.

Eu levanto a mão e mostro o controle, além de dá um leve sorriso.

— 5 minutos-falo baixo.

Ele me larga e sai correndo e logo um carro de polícia estava em frente minha casa, arrombaram a porta e me encontraram ainda no chão, sentada e passando a mão direita na cabeça e massageando o pescoço com a outra.

— Tudo bem, senhorita?-pergunta um policial.

— Sim...

— O que houve?-pergunta outro.

— Entrei em casa, tranquei a porta, liguei a luz, mas ela não ligou, então fui até o quadro, levantei o disjuntor, a luz ligou, algo bateu na minha cabeça, caí no chão e um homem veio para cima de mim, me enforcou e tentou me matar, mas eu consegui apertar o botão e chamar vocês.

— Viu o rosto dele?.

— Não, estava encapuzado, vestia roupas pretas, a única coisa que pude perceber é que ele era de cor parda, maior que eu e mais forte por ser homem.

— Certo, anotamos tudo, mas como não temos tantas informações, fica difícil de encontrar, recomendamos que não fique em casa por essa noite, tem um local seguro para ficar?.

— Tem, a casa da minha funcionária, lá é bem seguro.

— Certo, a senhora precisa de mais alguma coisa?.

— Carona, por favor, meu carro está no mecânico.

— Tudo bem.

— Obrigada.

Vou ao quarto correndo, pego minhas coisas e saio de casa, fomos até a viatura e eles me levaram até a casa da Júlia, quando chegamos me despeço, além de agradecer, converso rápido com o porteiro e ele libera minha passagem, vou até o elevador, entro, aperto o número do andar e logo chego, caminho até a porta, bato algumas vezes e a mesma é aberta.

— Oi, será que posso dormir aqui essa noite?-pergunto sorrindo amarelo assim que ela abre.

— Sim, senhora Roberta, entra-ela dá espaço -, tudo bem?.

— Mais ou menos-entro-, mas falo disso depois, me desculpe chegar assim do nada, sem avisar.

— Tudo bem, vai tomar um banho, vou terminar de fazer o jantar.

— Está bem, obrigada.

Então eu tomei banho, depois jantamos e eu contei sobre tudo o que houve, ela ficou assustada e falou até de eu ter que contratar um segurança, mas eu não acho que seja para tanto. No fim escovei os dentes e dormi, amanhã cedo tinha um julgamento para comparecer e tinha que estar descansada e focada no meu trabalho.

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