A boa garota do policial
A boa garota do policial
Por: Silvana Barbosa
Capítulo 1

Estavam a aproximadamente dois metros de distância um do outro. O casal se olhava nos olhos, intensamente. E caminhando lentamente foram se aproximando, pé ante pé.

Ela vinha dizendo, em voz alta e emocionada, enquanto seguia em direção ao amado:

— Eu te amei sempre, mesmo antes de te conhecer.

Ele respondia sorrindo, em voz igualmente clara:

— Eu te amarei sempre, mesmo quando não mais existir.

Pararam frente a frente, e suas mãos se ergueram até se tocarem.

Seus lábios aproximaram-se bem devagar, selando com um apaixonado beijo as juras de amor verdadeiro.

Houve um grande estrondo quando as palmas da plateia se ergueram no teatro. Mais uma vez, pela segunda semana consecutiva, o público aplaudia de pé ao espetáculo.

O casal de protagonistas curvou-se respeitosamente diante do público, em agradecimento. O restante do elenco e o diretor, todos aguardando sua deixa para entrar, juntaram-se a eles no palco e, de mãos dadas, agradeceram a ovação.

Depois que as cortinas se fecharam, Lorena correu na direção de Marina, a loira bonita que fazia a mocinha da história romântica. As duas começaram a gritar ensurdecedoramente e pular como crianças, assim que ficaram próximas.

— Eu, hein! — O diretor exclamou, ao passar por elas. E com um sorrisinho, completou: — Da próxima vez vou escalar vocês para um espetáculo infantil!

— Foi demais, Marina! Você estava perfeita!!!

— Você também! — A amiga Lorena fazia o papel de antagonista na trama. — E eles gostam mesmo da gente!

— Ei, Tiago! — Marina acenou para o seu par romântico na peça: — Quer parar de tentar enfiar a sua língua dentro da minha boca?

— Ah, o que é isso, gata? — O galã respondeu, de forma jovial. — O público ia gostar muito mais se o beijo fosse de verdade. E o meu beijo é gostoso, pode acreditar.

— É gostoso mesmo — cochichou Lorena. — O beijo e tudo o mais.

As duas amigas saíram em direção ao camarim de braços dados, rindo.

— O Tiago é um gostoso — repetiu Lorena, prendendo os longos cabelos negros em um rabo de cavalo, olhando-se diante do grande espelho do camarim.

Marina revirou os olhos:

— Esse gostoso é um pegador. E você sabe que eu não quero que seja assim...

— Pois eu vou te falar, esse negócio aí — apontou para a virilha da amiga: — vai acabar te atrapalhando. Já está na hora, Marina.

— Não vai atrapalhar nada. Cala a boca e vamos trocar de roupa.

— E vai dar teia de aranha.

Marina jogou um sapato em Lorena, que se esquivou e soltou uma gargalhada.

Foram para o camarim trocar de roupa e depois para o apartamento que dividiam já há alguns anos.

***

   

— Na televisão quase não existe beijo técnico — dizia Lorena, sentada na cama do quarto de Marina, observando a amiga escovar os cabelos louros e brilhantes que caíam lisos até os ombros.

— Ah, eu sei. No dia em que alguém da TV resolver me chamar para uma novela eu peço paro o Tiago treinar bastante comigo. Satisfeita?

— Você podia aproveitar e pedir para ele treinar outras coisas também. Você ia gostar.

— Há tempo para tudo.

Lorena sorriu, mostrando os dentes perfeitos que já haviam lhe rendido um comercial de pasta dental:

— Marina Costa, atriz, loira e linda, 25 anos e virgem! Dava até história.

— Ah, fica quieta! — Marina deu uma risada.

— Eu te falei que fui e uma cartomante diferente hoje? Caracaaaaa, ela é ótima!

— Você gasta o seu salário nessas bobagens, Marina.

Lorena fez uma careta, torcendo o narizinho:

— Quero saber o meu futuro. Queria que você viesse um dia comigo.

— Eu já disse que não gosto dessas coisas.

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