Capítulo 5

Marcelo entrou no apartamento e conferiu todos os cômodos. Quando Marina informou qual era o seu quarto, o investigador se deteve ali, observando cada detalhe:

— Combina com você. E tem um cheiro gostoso. Deve ter retido o seu perfume. — Ele passou bem junto a ela, devagar, os corpos quase se tocando ao passarem de um cômodo ao outro.   

Lorena foi para a cozinha discretamente, enquanto a amiga voltava com o detetive para a sala.

Marcelo observava tudo, e comentou:

— Vocês são rápidas. Já mandaram até consertar a porta.

— Ah, o síndico foi bem legal, trouxe ferramentas e consertou para nós.

Houve um pequeno silêncio enquanto Marcelo a encarava, bem próximo. A tensão sexual entre eles era quase palpável. Marina tinha consciência de sua beleza, mas nunca imaginara que conseguiria atrair a atenção de um homem como aquele. Aliás, nunca ficara frente a frente com alguém tão bonito e com uma presença tão forte como a dele, que parecia dominar a sala.  

— Sei que pode parecer pouco profissional... — Ele quebrou o silêncio: — mas preciso dizer: você é linda.

Marina, sorriu, subitamente encabulada.

— Ah, obrigada... Você também é muito bonito.

Marcelo colocou as mãos nos bolsos, procurando achar mais espaço nas calças que haviam ficado mais apertadas desde que se aproximara de Marina.

— Eu... Estou em horário de trabalho, mas... Eu gostaria de saber se não estivéssemos nessa situação de policial e vítima de assalto... Se eu poderia visitá-la. Fora do expediente. Sem trabalho envolvido, entende?

Marina não hesitou por muito tempo. Juntando as mãos à frente do corpo, respondeu-lhe, com um sorriso tímido.

— Sim, poderia.  

Marcelo sorriu.

— Bom! Muito bom! Ah, não agora, nesse momento. Juro que normalmente eu não tento... hum... eu sou profissional, mas você... e eu... ─ Marcelo coçou a cabeça, encabulado: ─ Não quero parecer inconveniente, mas eu estou muito interessado em você. Então, depois que encerrarmos o caso, eu poderia vê-la, de modo informal...

— Eu não acharia nada de errado se fosse hoje.

— De verdade?

— De verdade.

Ele sorriu:

— Então, voltarei mais tarde, após meu expediente.

— Combinado.

Depois que ele saiu Marina percebeu que tinha aceitado rápido demais a sugestão de Marcelo, e ficou um pouco arrependida. Ele provavelmente pensaria que ela era uma garota fácil, e não poderia estar mais distante da verdade ao pensar tal coisa. Talvez o policial achasse que poderia se dar bem e levar uma atriz para cama rapidinho, mas isso não aconteceria. Não mesmo.

Marcelo apareceu após o expediente, como havia dito que faria.

Marina o convidou para entrar.

— Eu vou ser bem direto: Já que ficamos interessados um pelo o outro, que tal eu passar aqui amanhã e buscar você para gente beber alguma coisa juntos e se conhecer melhor? Tem uns lugares ótimos aqui perto.

Marina torceu os lábios, um pouco surpresa pela investida direta e rápida.

— Oh, eu não sei...

— Você tem namorado?

— Não. E você, tem namorada?

— Não.

— Ah, isso não é possível.

Ele sorriu outra vez.

Mais um sorriso devastador como esse e eu pulo no seu pescoço, pensou Marina.

— É verdade, não tenho namorada mesmo. Por que você não quer sair comigo? Eu não mordo. Bem, eu não mordo muito.

Marina sorriu. Chegara a hora de abrir o jogo e esclarecer de uma vez que apesar de aceitar a visita de Marcelo, e querer conhecê-lo melhor, não estava interessada em uma rapidinha só porque ele era bonito.

— Podemos até sair para tomar um chopp, mas tem uma coisa que você precisa saber sobre mim.

— Gostei. Uma garota direta. O que eu preciso saber antes?

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