Marcelo entrou no apartamento e conferiu todos os cômodos. Quando Marina informou qual era o seu quarto, o investigador se deteve ali, observando cada detalhe:
— Combina com você. E tem um cheiro gostoso. Deve ter retido o seu perfume. — Ele passou bem junto a ela, devagar, os corpos quase se tocando ao passarem de um cômodo ao outro.
Lorena foi para a cozinha discretamente, enquanto a amiga voltava com o detetive para a sala.
Marcelo observava tudo, e comentou:
— Vocês são rápidas. Já mandaram até consertar a porta.
— Ah, o síndico foi bem legal, trouxe ferramentas e consertou para nós.
Houve um pequeno silêncio enquanto Marcelo a encarava, bem próximo. A tensão sexual entre eles era quase palpável. Marina tinha consciência de sua beleza, mas nunca imaginara que conseguiria atrair a atenção de um homem como aquele. Aliás, nunca ficara frente a frente com alguém tão bonito e com uma presença tão forte como a dele, que parecia dominar a sala.
— Sei que pode parecer pouco profissional... — Ele quebrou o silêncio: — mas preciso dizer: você é linda.
Marina, sorriu, subitamente encabulada.
— Ah, obrigada... Você também é muito bonito.
Marcelo colocou as mãos nos bolsos, procurando achar mais espaço nas calças que haviam ficado mais apertadas desde que se aproximara de Marina.
— Eu... Estou em horário de trabalho, mas... Eu gostaria de saber se não estivéssemos nessa situação de policial e vítima de assalto... Se eu poderia visitá-la. Fora do expediente. Sem trabalho envolvido, entende?
Marina não hesitou por muito tempo. Juntando as mãos à frente do corpo, respondeu-lhe, com um sorriso tímido.
— Sim, poderia.
Marcelo sorriu.
— Bom! Muito bom! Ah, não agora, nesse momento. Juro que normalmente eu não tento... hum... eu sou profissional, mas você... e eu... ─ Marcelo coçou a cabeça, encabulado: ─ Não quero parecer inconveniente, mas eu estou muito interessado em você. Então, depois que encerrarmos o caso, eu poderia vê-la, de modo informal...
— Eu não acharia nada de errado se fosse hoje.
— De verdade?
— De verdade.
Ele sorriu:
— Então, voltarei mais tarde, após meu expediente.
— Combinado.
Depois que ele saiu Marina percebeu que tinha aceitado rápido demais a sugestão de Marcelo, e ficou um pouco arrependida. Ele provavelmente pensaria que ela era uma garota fácil, e não poderia estar mais distante da verdade ao pensar tal coisa. Talvez o policial achasse que poderia se dar bem e levar uma atriz para cama rapidinho, mas isso não aconteceria. Não mesmo.
Marcelo apareceu após o expediente, como havia dito que faria.
Marina o convidou para entrar.
— Eu vou ser bem direto: Já que ficamos interessados um pelo o outro, que tal eu passar aqui amanhã e buscar você para gente beber alguma coisa juntos e se conhecer melhor? Tem uns lugares ótimos aqui perto.
Marina torceu os lábios, um pouco surpresa pela investida direta e rápida.
— Oh, eu não sei...
— Você tem namorado?
— Não. E você, tem namorada?
— Não.
— Ah, isso não é possível.
Ele sorriu outra vez.
Mais um sorriso devastador como esse e eu pulo no seu pescoço, pensou Marina.
— É verdade, não tenho namorada mesmo. Por que você não quer sair comigo? Eu não mordo. Bem, eu não mordo muito.
Marina sorriu. Chegara a hora de abrir o jogo e esclarecer de uma vez que apesar de aceitar a visita de Marcelo, e querer conhecê-lo melhor, não estava interessada em uma rapidinha só porque ele era bonito.
— Podemos até sair para tomar um chopp, mas tem uma coisa que você precisa saber sobre mim.
— Gostei. Uma garota direta. O que eu preciso saber antes?
Ela tomou fôlego antes de falar:— Bom... É que eu não vou transar depois das bebidas.Ele arqueou as sobrancelhas, sinceramente admirado com o comentário.— Uh, eu tinha pensado em conversar, mas se você já está falando sobre sexo comigo, penso que devo começar a comprar umas cuecas novas.Dessa vez foi ela quem deu uma boa risada. Ele parecia encantado ao vê-la rir, pois seu sorriso se abriu ainda mais. Ela continuou, sem rodeios:— Não, é sério mesmo. Eu não transo.— Você tem algum problema físico? — Ele a olhou com jeito travesso.Aquela forma de conversar foi a escolha de Marina, e já que ela havia iniciado um diálogo direto, prosseguiu:— Não. É que eu sou virgem.O queixo de Marcelo caiu, mas ele se recuperou logo:— Hum, uma raridade... É por alguma opção religiosa? Planeja se manter assim até o casamento?Ela deu uma risadinha, enquanto balançava uma mão, em negativa.— Não, nada disso. Na verdade, é que o tempo foi passando, passando, e simplesmente não aconteceu. Eu vivia
Lorena tinha os olhos arregalados ao ouvir Marina lhe contar sobre a conversa que tivera com Marcelo, e como ela havia terminado, em longos e sensuais beijos.Tamborilou os dedos sobre os lábios, antes de concluir:— Até que enfim você vai conseguir se dar bem, amiga.— Sossega, Lorena.— Não consigo! Depois que você contou sobre a forma como ele te pegou na sala, assim, logo no primeiro beijo... Você devia ir preparada. E coloca uma saia bem levinha e curta.— Não vou me preparar para nada, só vamos sair para conversar e comer alguma coisa. E de jeito nenhum vou colocar uma saia que possa provocá-lo. Ele já deu uma mostra de como é assanhadinho.— Eu vou gostar de acompanhar esse romance de vocês.— Não tem romance algum! Só vamos sair juntos. Nem sei o que vai dar isso.— Pois eu aposto que ele não quer sair só uma vez com você. E rapidinho ele ficará apaixonado. Você é maravilhosa!— Esse homem deve estar acostumado a ter todas as garotas aos pés dele, viu como é lindo? O que vai q
— Você colocou uma saia levinha e curta! — Lorena olhou por baixo da saia da amiga enquanto elas aguardavam Marcelo chegar: — E está usando uma calcinha branca rendada! Calcinha branca por baixo da saia? Que que é isso?Marina tentou se afastar de Lorena, mas sem cerimônia alguma a amiga ergueu a ponta da saia da outra e espiou de novo:— Ai, você até se depilou! Marinaaa! Não acredito! E ainda diz que ele é o assanhadinho?Marina bateu de leve na mão da amiga e conferiu sua imagem no espelho grande do quarto de Lorena. Usava blusa branca com decote discreto e uma saia florida de tecido leve.— Estou bonita?— Linda. O Marcelo vai cair de quatro por você.Os olhos castanhos da loira faiscavam, ansiosa pela chegada do namorado:— Estou um pouco nervosa.— Sabe o que eu acho, de verdade? Aquele monumento gostou mesmo de você, e você já gosta dele.— Acho que eu e você somos umas tontas românticas.— Não! Acho que você tirou a sorte grande mesmo.Marina deu uma risadinha nervosa.— É mes
Marcelo era pontual de fato, como Marina pôde atestar após 3 encontros, não que ela estivesse contando...Dessa vez escolheram um restaurante recém-inaugurado, pequeno e romântico, e decidiram sentar na área da penumbra.Depois de muita conversa, um jantar delicioso, e alguns copos de vinho, os comentários se tornaram mais provocantes, os beijos mais intensos e as carícias cada vez mais ousadas. Marina quase pulou ao perceber a mão de Marcelo embaixo de sua saia enquanto trocavam um beijo.— Ninguém vai notar, aqui é bem escuro — sussurrou ao ouvido dela.— Mas...— Só vou fazer carinho, não se preocupe. Meus dedos não vão tirar sua virgindade. Deixe, amor...É claro que ela sabia que carícias não iriam desvirginá-la, mas fazer algo tão íntimo em público... era tão transgressor! No entanto, viu-se desejando sentir Marcelo tocá-la. Sim, sabia que estavam indo rápido demais, mas não queria parar.Marcelo trouxe seus lábios junto aos dela, num beijo doce, sexy e longo.Ela entrecerrou os
Aquela semana Marcelo estava trabalhando de ótimo humor. A lembrança do rosto de Marina alcançando o clímax o deliciava. Aguardava ansioso o momento de reencontrá-la. No entanto, após a explosão de sensualidade entre eles, notara uma ligeira retração em Marina. Imaginou que deveria ir mais devagar, senão a assustaria. E estava com o pé no freio. Comportara-se bem todos os outros dias após aquele doce orgasmo, resumindo os encontros a beijos, conversas e carinhos inocentes. Contudo, já estava desesperado por um pouquinho mais de intimidade novamente. Talvez esta noite...Uma policial fardada aproximou-se dele no momento em que examinava alguns papéis. Anita estava na polícia havia mais tempo do que ele, era durona, respeitada e muito observadora. E não desperdiçava uma chance para opinar em qualquer assunto que julgasse pertinente, sempre de fora útil. Marcelo gostava dela, portanto quando ela parou diante dele, e baixou o tom de voz, ouviu-a com muita atenção:— Marcelo, eu estou preo
Quando Marina, Lorena e o restante do elenco saíram do teatro, após mais uma noite de ensaios, Marcelo já estava esperando, encostado em seu carro. Ele cumprimentou a amiga da namorada:— Lorena, quer que a gente te deixe em casa?— Não, obrigada, Marcelo. Dessa vez vou com o Tiago e o pessoal comer alguma coisa, depois eles me deixam em casa. Bom passeio para vocês! Aproveitem! ─ Ela deu um tchauzinho para ele antes de se afastar com os outros atores.— Pode apostar que vamos. — Deu um beijo em Marina. — Está com fome?— Um pouquinho.— Pensei em comprarmos um lanche para viagem. Quero te levar a um lugar bem bonito que eu conheço.— Por mim, tudo bem.Compraram os lanches e Marcelo dirigiu até um local íngreme, aonde não havia construções próximas. Depois que a ladeira findava havia uma área aberta, onde estacionaram o carro. Do plano mais alto era possível ver uma grande parte da cidade embaixo, com suas milhares de luzinhas brilhando. Acima deles descortinava-se um magnífico céu
Marcelo sacudiu a cabeça, meio descrente do que havia acontecido com ele. Olhando para baixo, passou a mão na parte da frente das calças.— Não consegui me segurar e gozei. Na cueca. Que merda...Marina deu uma sonora gargalhada e ele acabou rindo também.— A culpa é sua, mulher.Ela riu ainda mais.Marcelo esperou que ela ajeitasse a blusa, arrumou o banco e deu a partida no carro.Quando a deixou na porta de casa, o detetive avisou:— Amanhã coloque uma blusa menos complicada, amor. Essa de hoje estava muito difícil de tirar. E nem pensar em usar calça comprida.Marina ficou boquiaberta:— Você tem muita coragem e muita cara de pau para falar isso!Marcelo ignorou o protesto, e, com um sorrisinho provocativo a enlaçou pela cintura, unindo seus corpos num abraço caloroso. Inclinou a cabeça para que seus rostos ficassem ainda mais próximos e beijou-a suavemente. Marina esqueceu completamente a indignação que estava sentindo.— Amanhã venho por volta das sete horas. Que tal comermos alg
Marina havia passado todo o dia ansiando para rever Marcelo, e as horas pareciam se arrastar. Pensar nele a deixava em brasa, relembrar as sensações das noites anteriores era atordoante.Os dias pareciam um suplício, a rotina de sempre era entremeada com pensamentos para o namorado.Decorando o texto da peça.Pensando em Marcelo.Exercícios vocais.Pensando em Marcelo.Ensaio geral.Pensando em Marcelo.Exercícios de relaxamento.Pensando em Marcelo.Finalmente eram sete da noite. Quando o interfone tocou, ela ficou agradecida por Marcelo ser um alucinado por pontualidade.Ela estava se tornando refém do relógio. E por causa de Marcelo.— Já está pronta?— Já, mas estou comendo uma pizza com a Lorena. Quer subir e comer com a gente?Pizza e mulher bonita? Quem poderia recusar?— Agora mesmo.***Ele sentou-se no sofá servindo-se da pizza.— Aonde vocês dois vão hoje? — perguntou Lorena.— Ao cinema.Lorena o encarava.— Você mora sozinho?— Moro.— Você ganha bem? Marina resolveu