Ela tomou fôlego antes de falar:
— Bom... É que eu não vou transar depois das bebidas.
Ele arqueou as sobrancelhas, sinceramente admirado com o comentário.
— Uh, eu tinha pensado em conversar, mas se você já está falando sobre sexo comigo, penso que devo começar a comprar umas cuecas novas.
Dessa vez foi ela quem deu uma boa risada. Ele parecia encantado ao vê-la rir, pois seu sorriso se abriu ainda mais. Ela continuou, sem rodeios:
— Não, é sério mesmo. Eu não transo.
— Você tem algum problema físico? — Ele a olhou com jeito travesso.
Aquela forma de conversar foi a escolha de Marina, e já que ela havia iniciado um diálogo direto, prosseguiu:
— Não. É que eu sou virgem.
O queixo de Marcelo caiu, mas ele se recuperou logo:
— Hum, uma raridade... É por alguma opção religiosa? Planeja se manter assim até o casamento?
Ela deu uma risadinha, enquanto balançava uma mão, em negativa.
— Não, nada disso. Na verdade, é que o tempo foi passando, passando, e simplesmente não aconteceu. Eu vivia no interior, quase não tive namorados lá. E acho que nenhum deles me achou atraente o suficiente para avançar o sinal.
— Então eram todos cegos. Mas, continue a falar. — Marcelo ainda estava desconcertado com Marina, porém procurou deixá-la à vontade para concluir sua resposta.
A moça suspirou, antes de continuar:
— Vim para a cidade grande com a Lorena aos 21 anos, e percebi que o sexo aqui era muito, muito banal.
Agora Marcelo compreendia tudo. Assentiu, lentamente.
— E aí, como já havia esperado até os 21 anos, resolveu deixar tudo assim mesmo e esperar até que surgisse um bom rapaz, disposto a ficar com você mais do que apenas uma noite. — Marcelo adivinhou.
— Exato.
— Mas esse cara nunca apareceu.
— Pois é. E eu estava sempre correndo para lá e para cá atrás de trabalho, viajando com as trupes. Os rapazes do teatro não levam nada muito sério, e a situação foi se estendendo...
— Então quando eu te chamei para sair, você achou que eu só queria te levar pra cama.
— Sim. Mas eu entendo, sei que é natural, é normal. E sei que como sou uma atriz, moro sozinha e já passei dos 20, os homens acham que já sou bem escolada.
Marcelo apertou os lábios, reprimindo uma careta.
— Você é bem franca.
— Só gosto de deixar as coisas bem claras. Geralmente quando eu falo de virgindade, os caras saem correndo.
Um sorriso lento foi se abrindo na face do policial:
— Eu não vou sair correndo, não me subestime. — Agora estava ainda mais interessado em Marina, pois sua postura o havia agradado enormemente. Sem falar no bônus de ter uma namorada que poderia permitir-lhe ensinar todos os nuances de fazer amor. Imaginar a expressão no rosto daquela linda mulher enquanto lhe apresentava os prazeres do sexo era algo que ele ansiava muito ver. — E certamente não penso em apenas uma noite com você, pois seria pouco.
Marina piscou, surpresa com a declaração.
E já que ela era uma pessoa franca, ele também seria.
— É um presente maravilhoso esse que guarda em si, e gostaria muito de ser o felizardo a ganhá-lo, Marina. Acho que sou esse bom rapaz que você estava esperando, e garanto que serei paciente e cavalheiro. Aceite sair comigo, meu bem. Não irá se arrepender. Prometo respeitar o seu tempo. E esperar até acharmos que está pronta, se você decidir que sou digno de ser o seu primeiro. — Talvez até acelerar um pouco este processo de espera, ele pensou, cheio de esperanças. ─ O que acha?
Marina considerou as palavras dele. Parecia realmente sincero, um homem correto. Talvez o ideal que ela tanto esperava.
— Tudo bem, eu aceito. Pode vir me buscar amanhã.
— Ótimo. Mas antes você precisa saber uma coisa sobre mim, também.
— Você é virgem. — Ela brincou.
— Ah, tem muito tempo que não. O que você precisa saber sobre mim é que eu sempre beijo no primeiro encontro.
— O quê?
Ele deu um passo à frente, enlaçou-a pela cintura e, volvendo o pescoço até que seus rostos se aproximassem o bastante, desceu sua boca sobre a dela, e a beijou.
Buscou a língua de Marina, enroscando-a deliciosamente na sua, a envolvendo numa disputa em que sentidos e sensualidade atuavam juntos.
Ela foi tomada de surpresa, mas não protestou. Não podia. Não queria. Suas mãos apenas apertaram com força a camisa de Marcelo.
Quando o beijo acabou, com um suspiro feminino e um ardente olhar por parte de Marcelo, não se afastaram.
— Foi bom, mas pode melhorar — ele sussurrou, com Marina ainda em seus braços. Pressionou-a suavemente contra a parede da sala. Colou totalmente seu corpo ao dela. O beijo foi mais provocante e demorado do que o primeiro, e quando enfim conseguiram se descolar um do outro, a moça estava ligeiramente ofegante.
— Isso não foi só um beijo — ela murmurou.
Marcelo respondeu, com um ligeiro sorriso:
— Eu não disse que tipo de beijo seria, mas já dá para notar que nós temos uma boa química.
O coração dela estava bastante acelerado, ele estava certo, e não adiantava contestar o óbvio.
— Creio que sim.
O sorriso de Marcelo aumentou, e ao fazer isto, seus olhos acompanharam, refletindo-lhe a alegria, e deixando-o ainda mais encantador. Marina sorriu de volta, quase sem perceber.
— Então agora já estamos oficialmente juntos, Marina. Amanhã eu venho às oito. ─ Ele se inclinou para frente, e repousou um leve beijo nos lábios de Marina.
E só ao fechar a porta à saída dele, Marina se deu conta de que levara a mão ao peito, e suspirara, como uma adolescente.
Lorena tinha os olhos arregalados ao ouvir Marina lhe contar sobre a conversa que tivera com Marcelo, e como ela havia terminado, em longos e sensuais beijos.Tamborilou os dedos sobre os lábios, antes de concluir:— Até que enfim você vai conseguir se dar bem, amiga.— Sossega, Lorena.— Não consigo! Depois que você contou sobre a forma como ele te pegou na sala, assim, logo no primeiro beijo... Você devia ir preparada. E coloca uma saia bem levinha e curta.— Não vou me preparar para nada, só vamos sair para conversar e comer alguma coisa. E de jeito nenhum vou colocar uma saia que possa provocá-lo. Ele já deu uma mostra de como é assanhadinho.— Eu vou gostar de acompanhar esse romance de vocês.— Não tem romance algum! Só vamos sair juntos. Nem sei o que vai dar isso.— Pois eu aposto que ele não quer sair só uma vez com você. E rapidinho ele ficará apaixonado. Você é maravilhosa!— Esse homem deve estar acostumado a ter todas as garotas aos pés dele, viu como é lindo? O que vai q
— Você colocou uma saia levinha e curta! — Lorena olhou por baixo da saia da amiga enquanto elas aguardavam Marcelo chegar: — E está usando uma calcinha branca rendada! Calcinha branca por baixo da saia? Que que é isso?Marina tentou se afastar de Lorena, mas sem cerimônia alguma a amiga ergueu a ponta da saia da outra e espiou de novo:— Ai, você até se depilou! Marinaaa! Não acredito! E ainda diz que ele é o assanhadinho?Marina bateu de leve na mão da amiga e conferiu sua imagem no espelho grande do quarto de Lorena. Usava blusa branca com decote discreto e uma saia florida de tecido leve.— Estou bonita?— Linda. O Marcelo vai cair de quatro por você.Os olhos castanhos da loira faiscavam, ansiosa pela chegada do namorado:— Estou um pouco nervosa.— Sabe o que eu acho, de verdade? Aquele monumento gostou mesmo de você, e você já gosta dele.— Acho que eu e você somos umas tontas românticas.— Não! Acho que você tirou a sorte grande mesmo.Marina deu uma risadinha nervosa.— É mes
Marcelo era pontual de fato, como Marina pôde atestar após 3 encontros, não que ela estivesse contando...Dessa vez escolheram um restaurante recém-inaugurado, pequeno e romântico, e decidiram sentar na área da penumbra.Depois de muita conversa, um jantar delicioso, e alguns copos de vinho, os comentários se tornaram mais provocantes, os beijos mais intensos e as carícias cada vez mais ousadas. Marina quase pulou ao perceber a mão de Marcelo embaixo de sua saia enquanto trocavam um beijo.— Ninguém vai notar, aqui é bem escuro — sussurrou ao ouvido dela.— Mas...— Só vou fazer carinho, não se preocupe. Meus dedos não vão tirar sua virgindade. Deixe, amor...É claro que ela sabia que carícias não iriam desvirginá-la, mas fazer algo tão íntimo em público... era tão transgressor! No entanto, viu-se desejando sentir Marcelo tocá-la. Sim, sabia que estavam indo rápido demais, mas não queria parar.Marcelo trouxe seus lábios junto aos dela, num beijo doce, sexy e longo.Ela entrecerrou os
Aquela semana Marcelo estava trabalhando de ótimo humor. A lembrança do rosto de Marina alcançando o clímax o deliciava. Aguardava ansioso o momento de reencontrá-la. No entanto, após a explosão de sensualidade entre eles, notara uma ligeira retração em Marina. Imaginou que deveria ir mais devagar, senão a assustaria. E estava com o pé no freio. Comportara-se bem todos os outros dias após aquele doce orgasmo, resumindo os encontros a beijos, conversas e carinhos inocentes. Contudo, já estava desesperado por um pouquinho mais de intimidade novamente. Talvez esta noite...Uma policial fardada aproximou-se dele no momento em que examinava alguns papéis. Anita estava na polícia havia mais tempo do que ele, era durona, respeitada e muito observadora. E não desperdiçava uma chance para opinar em qualquer assunto que julgasse pertinente, sempre de fora útil. Marcelo gostava dela, portanto quando ela parou diante dele, e baixou o tom de voz, ouviu-a com muita atenção:— Marcelo, eu estou preo
Quando Marina, Lorena e o restante do elenco saíram do teatro, após mais uma noite de ensaios, Marcelo já estava esperando, encostado em seu carro. Ele cumprimentou a amiga da namorada:— Lorena, quer que a gente te deixe em casa?— Não, obrigada, Marcelo. Dessa vez vou com o Tiago e o pessoal comer alguma coisa, depois eles me deixam em casa. Bom passeio para vocês! Aproveitem! ─ Ela deu um tchauzinho para ele antes de se afastar com os outros atores.— Pode apostar que vamos. — Deu um beijo em Marina. — Está com fome?— Um pouquinho.— Pensei em comprarmos um lanche para viagem. Quero te levar a um lugar bem bonito que eu conheço.— Por mim, tudo bem.Compraram os lanches e Marcelo dirigiu até um local íngreme, aonde não havia construções próximas. Depois que a ladeira findava havia uma área aberta, onde estacionaram o carro. Do plano mais alto era possível ver uma grande parte da cidade embaixo, com suas milhares de luzinhas brilhando. Acima deles descortinava-se um magnífico céu
Marcelo sacudiu a cabeça, meio descrente do que havia acontecido com ele. Olhando para baixo, passou a mão na parte da frente das calças.— Não consegui me segurar e gozei. Na cueca. Que merda...Marina deu uma sonora gargalhada e ele acabou rindo também.— A culpa é sua, mulher.Ela riu ainda mais.Marcelo esperou que ela ajeitasse a blusa, arrumou o banco e deu a partida no carro.Quando a deixou na porta de casa, o detetive avisou:— Amanhã coloque uma blusa menos complicada, amor. Essa de hoje estava muito difícil de tirar. E nem pensar em usar calça comprida.Marina ficou boquiaberta:— Você tem muita coragem e muita cara de pau para falar isso!Marcelo ignorou o protesto, e, com um sorrisinho provocativo a enlaçou pela cintura, unindo seus corpos num abraço caloroso. Inclinou a cabeça para que seus rostos ficassem ainda mais próximos e beijou-a suavemente. Marina esqueceu completamente a indignação que estava sentindo.— Amanhã venho por volta das sete horas. Que tal comermos alg
Marina havia passado todo o dia ansiando para rever Marcelo, e as horas pareciam se arrastar. Pensar nele a deixava em brasa, relembrar as sensações das noites anteriores era atordoante.Os dias pareciam um suplício, a rotina de sempre era entremeada com pensamentos para o namorado.Decorando o texto da peça.Pensando em Marcelo.Exercícios vocais.Pensando em Marcelo.Ensaio geral.Pensando em Marcelo.Exercícios de relaxamento.Pensando em Marcelo.Finalmente eram sete da noite. Quando o interfone tocou, ela ficou agradecida por Marcelo ser um alucinado por pontualidade.Ela estava se tornando refém do relógio. E por causa de Marcelo.— Já está pronta?— Já, mas estou comendo uma pizza com a Lorena. Quer subir e comer com a gente?Pizza e mulher bonita? Quem poderia recusar?— Agora mesmo.***Ele sentou-se no sofá servindo-se da pizza.— Aonde vocês dois vão hoje? — perguntou Lorena.— Ao cinema.Lorena o encarava.— Você mora sozinho?— Moro.— Você ganha bem? Marina resolveu
Quando Marina voltou para sala, trouxe gelo e refrigerantes:— Você ainda está tentando se dar bem em cima da Lorena? — Ela brincou. Mas então notou a testa franzida dele. — O que foi?— Estou com uma impressão muito ruim sobre esse homem que vocês procuraram. A Lorena acabou de falar que ele parece obsceno. Ele adivinhou que você é virgem! Que tipo de gente é essa que vocês têm conhecido? Vocês por acaso deram o seu endereço para este cara? As duas se entreolharam, com ar culpado. — Sim. Temos que preencher um tipo de cadastro com a secretária antes de entrar para consultar o cigano.— Pelo amor de Deus, garotas! Vocês não devem passar o seu endereço e nem o seu telefone a desconhecidos. Isso é perigoso. Vocês são duas moças morando sozinhas! Há algumas coisas muito estranhas acontecendo na cidade. Prometam que não vão mais fazer isso.Elas voltaram a se olhar com cumplicidade e culpa. Marcelo se impacientou, e sua voz soou ainda mais severa:— Prometam que não vão mais pas