Capítulo 6

Ela tomou fôlego antes de falar:

— Bom... É que eu não vou transar depois das bebidas.

Ele arqueou as sobrancelhas, sinceramente admirado com o comentário.

— Uh, eu tinha pensado em conversar, mas se você já está falando sobre sexo comigo, penso que devo começar a comprar umas cuecas novas.

Dessa vez foi ela quem deu uma boa risada. Ele parecia encantado ao vê-la rir, pois seu sorriso se abriu ainda mais. Ela continuou, sem rodeios:

— Não, é sério mesmo. Eu não transo.

— Você tem algum problema físico? — Ele a olhou com jeito travesso.

Aquela forma de conversar foi a escolha de Marina, e já que ela havia iniciado um diálogo direto, prosseguiu:

— Não. É que eu sou virgem.

O queixo de Marcelo caiu, mas ele se recuperou logo:

— Hum, uma raridade... É por alguma opção religiosa? Planeja se manter assim até o casamento?

Ela deu uma risadinha, enquanto balançava uma mão, em negativa.

— Não, nada disso. Na verdade, é que o tempo foi passando, passando, e simplesmente não aconteceu. Eu vivia no interior, quase não tive namorados lá. E acho que nenhum deles me achou atraente o suficiente para avançar o sinal.

— Então eram todos cegos. Mas, continue a falar. — Marcelo ainda estava desconcertado com Marina, porém procurou deixá-la à vontade para concluir sua resposta. 

A moça suspirou, antes de continuar:

— Vim para a cidade grande com a Lorena aos 21 anos, e percebi que o sexo aqui era muito, muito banal.

Agora Marcelo compreendia tudo. Assentiu, lentamente.

— E aí, como já havia esperado até os 21 anos, resolveu deixar tudo assim mesmo e esperar até que surgisse um bom rapaz, disposto a ficar com você mais do que apenas uma noite. — Marcelo adivinhou.

— Exato.

— Mas esse cara nunca apareceu.

— Pois é. E eu estava sempre correndo para lá e para cá atrás de trabalho, viajando com as trupes. Os rapazes do teatro não levam nada muito sério, e a situação foi se estendendo...

— Então quando eu te chamei para sair, você achou que eu só queria te levar pra cama.

— Sim. Mas eu entendo, sei que é natural, é normal. E sei que como sou uma atriz, moro sozinha e já passei dos 20, os homens acham que já sou bem escolada.

Marcelo apertou os lábios, reprimindo uma careta.

— Você é bem franca.

— Só gosto de deixar as coisas bem claras. Geralmente quando eu falo de virgindade, os caras saem correndo.

Um sorriso lento foi se abrindo na face do policial:

— Eu não vou sair correndo, não me subestime. — Agora estava ainda mais interessado em Marina, pois sua postura o havia agradado enormemente. Sem falar no bônus de ter uma namorada que poderia permitir-lhe ensinar todos os nuances de fazer amor. Imaginar a expressão no rosto daquela linda mulher enquanto lhe apresentava os prazeres do sexo era algo que ele ansiava muito ver. — E certamente não penso em apenas uma noite com você, pois seria pouco.

Marina piscou, surpresa com a declaração.

E já que ela era uma pessoa franca, ele também seria.

— É um presente maravilhoso esse que guarda em si, e gostaria muito de ser o felizardo a ganhá-lo, Marina. Acho que sou esse bom rapaz que você estava esperando, e garanto que serei paciente e cavalheiro. Aceite sair comigo, meu bem. Não irá se arrepender. Prometo respeitar o seu tempo. E esperar até acharmos que está pronta, se você decidir que sou digno de ser o seu primeiro. — Talvez até acelerar um pouco este processo de espera, ele pensou, cheio de esperanças. ─ O que acha?

Marina considerou as palavras dele. Parecia realmente sincero, um homem correto. Talvez o ideal que ela tanto esperava.

— Tudo bem, eu aceito. Pode vir me buscar amanhã.

— Ótimo. Mas antes você precisa saber uma coisa sobre mim, também.    

— Você é virgem. — Ela brincou.

— Ah, tem muito tempo que não. O que você precisa saber sobre mim é que eu sempre beijo no primeiro encontro.

— O quê?

Ele deu um passo à frente, enlaçou-a pela cintura e, volvendo o pescoço até que seus rostos se aproximassem o bastante, desceu sua boca sobre a dela, e a beijou.

Buscou a língua de Marina, enroscando-a deliciosamente na sua, a envolvendo numa disputa em que sentidos e sensualidade atuavam juntos.

Ela foi tomada de surpresa, mas não protestou. Não podia. Não queria. Suas mãos apenas apertaram com força a camisa de Marcelo.

Quando o beijo acabou, com um suspiro feminino e um ardente olhar por parte de Marcelo, não se afastaram.

— Foi bom, mas pode melhorar — ele sussurrou, com Marina ainda em seus braços. Pressionou-a suavemente contra a parede da sala. Colou totalmente seu corpo ao dela. O beijo foi mais provocante e demorado do que o primeiro, e quando enfim conseguiram se descolar um do outro, a moça estava ligeiramente ofegante.

— Isso não foi só um beijo — ela murmurou.

Marcelo respondeu, com um ligeiro sorriso:

— Eu não disse que tipo de beijo seria, mas já dá para notar que nós temos uma boa química.  

O coração dela estava bastante acelerado, ele estava certo, e não adiantava contestar o óbvio.

— Creio que sim.

O sorriso de Marcelo aumentou, e ao fazer isto, seus olhos acompanharam, refletindo-lhe a alegria, e deixando-o ainda mais encantador. Marina sorriu de volta, quase sem perceber.

— Então agora já estamos oficialmente juntos, Marina. Amanhã eu venho às oito. ─ Ele se inclinou para frente, e repousou um leve beijo nos lábios de Marina.

E só ao fechar a porta à saída dele, Marina se deu conta de que levara a mão ao peito, e suspirara, como uma adolescente.

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