— Por que você escolheu esse filme? — Marina não estava satisfeita com a escolha dele. Não devia ser a única a achar o filme uma má escolha, afinal a quantidade de bancos vazios na sala de projeção já dizia o bastante.— Porque é chato.— Você me trouxe para assistir um filme bosta?— Sim, assim o cinema fica praticamente vazio — Marcelo respondeu prontamente, sorrindo.Marina o olhou, surpresa.— Você...Marina entendeu. A intenção dele era poder namorar em um local público, mas sem despertar muita curiosidade alheira. Por isso a escolha de um cinema vazio.— Se você quer saber, eu já namorei dentro de um cinema.— E o que você fazia?Ela o beijou apaixonadamente. Quando o soltou, ele ainda estava com os olhos fechados. Abriu-os bem lentamente.— Certo... Você é muito boa em beijar e abraçar, e reage muito bem aos meus avanços, mas não é muito generosa.— Sou, sim.Ele estalou a língua:— Então por que nas noites passadas minhas mãos e minha boca fizeram todo o serviço, sem a sua aju
Abraçaram-se na portaria do edifício de Marina para um beijo de despedida:— Amanhã não poderei vir. Vai sentir saudades?O rosto dela expressou a decepção.— Por que não poderá?— Amanhã vou cobrir o turno de um colega, então não sairei antes da meia noite.Marina se apertou a ele, afundando o rosto em seu peito.— Quero ver você amanhã, Marcelo.Marcelo ergueu o rosto dela com a ponta dos dedos.— Eu também quero ver você, amor, mas precisarei dormir. — O semblante dele tornou-se maroto: — A não ser que você tenha algo melhor a oferecer do que apenas uma boa noite de sono.Ela abanou a cabeça negativamente, sorrindo.— Nada? — Ele fez um muxoxo. — Seu poder de barganha não é muito bom.— Por que não posso simplesmente ir para a sua casa e ficar com você lá? Ainda não conheci seu apartamento.Marcelo fixou o olhar azul na namorada.— Você quer dizer, dormir no meu apartamento? Somente dormir?— É. Para ficarmos juntos.Ele moveu levemente o rosto, erguendo as sobrancelhas:— Você ach
Testemunhas, sim!— Testemunhas? Ele está ficando mais displicente, atacando em locais públicos, com gente em volta? — O modus operandi mudou, mas não sei se por displicência.Ela baixou o tom de voz, discreta:— Acha que ele pode estar mais confiante... Depois de mim?— Não sei. Mas alguma coisa mudou e essa pode ser a chance de pegá-lo, antes que consiga se readaptar novamente. ***Marcelo aproveitou seu horário de almoço para deixar um televisor no apartamento de Marina e Lorena. Seu desejo principal, porém, era que a TV pudesse manter as duas moças dentro de casa, bem longe das garras de um maníaco sexual.Sua preocupação era com todas as cidadãs, mas principalmente com as mulheres que conhecia. Depois que Simone, uma policial, tinha sido atacada, estava provado que o criminoso não conhecia limites e acreditava que estava acima de qualquer lei.Sentiu um calafrio ao pensar que um psicopata estava solto por aí, fazendo o que bem
Aproximadamente às duas horas da madrugada Marcelo tocou o interfone e Marina desceu.A bela visão animou Marcelo. A namorada estava linda usando um vestido azul, com uma bolsa grande a tiracolo.— Ooooopa, que princesa! Tem certeza que vamos apenas dormir essa noite?— Comporte-se, príncipe encantado. Seus olhos vermelhos indicam que precisa dormir.— Estou exausto. Vai precisar ficar falando comigo enquanto eu estiver ao volante, senão vou dormir enquanto dirijo.Porém Marcelo parecia habituado a dirigir de noite, mesmo cansado. Seus olhos mantiveram-se alerta durante toda a viagem.Não demoraram muito a chegar na posrta do condomínio onde morava Marcelo.— Bem-vinda à minha humilde morada! — Marcelo colocou as chaves, a carteira e a arma sobre a mesa da sala, assim que entraram. — Fique à vontade.— Que bonito é o seu apartamento! E é mais bem arrumado que o meu. Você é muito organizado. — Marina circulou pelos cômodos. O lugar era pequeno, mas organizado e decorado com simplicidad
Marcelo despertou sentindo um agradável aroma de café. Foi ao banheiro e depois seguiu para a sala:— Que maravilha, você preparou café da manhã para nós! — Olhou satisfeito para a mesa arrumada. — Geralmente tomo meu café de pé, encostado na pia da cozinha.Marina lhe deu um beijo rápido.— Hoje será diferente. Vamos sentar.O olhar de Marcelo correu rapidamente pela sala.— Aonde você colocou as coisas que deixei ontem sobre a mesa, Marina?— Quer dizer as chaves, carteira e arma? Coloquei na cômoda do quarto. Não se preocupe, pois tomei cuidado ao manusear a arma.— Tudo bem. — Ele começou a servir-se.— Gostaria de perguntar uma coisa.O olhar dele estava direto sobre ela, e parecia já saber que tipo de pergunta viria. Acenou com a cabeça, incentivando-a a falar.— Você atira bem?Ele sorriu.— Muito bem. Também sou instrutor de tiro, essa é uma das razões da minha carga horária ser tão pesada. Mas o dinheiro extra compensa bastante, e posso viver confortavelmente. Minha mira é tã
— Vou entender isso como um “sim” — disse, mergulhando o rosto entre as pernas de Marina. Ela arfou em resposta, contorcendo-se sobre o sofá, com o peso de Marcelo por cima, abrindo suas pernas e aceitando a doce tortura que ele começou a fazer, lento no começo, mas exigente desde o início.Marina desconhecia aquelas sensações intensas. Tudo era novo, e maravilhoso, melhor do que sorvete, que chocolate, que passeio em shopping, festa de aniversário ou dia de pagamento.Ela queria rir, queria chorar, queria gritar!Provavelmente gritou.Ou apenas gemeu alto, não sabia dizer, perdeu-se em si mesma, quase perdeu os sentidos de tanto prazer.Era insano, incrível, e assustador, de certa forma, que alguém pudesse provocar nela tanta coisa ao mesmo tempo, provocando sua coerência e tentando seu juízo. Cada dia com Marcelo a fazia compreender melhor o que perdera até então, e porque as amigas gostavam tanto de sexo e a incentivavam a se soltar mais. Alheio à confusão dos pensamentos de
Ele realmente precisava ir trablhar, e seu horário estava começando a ficar apertado. — Está bem, estraga-prazer... — Ele levantou-se do sofá e foi tomar banho. Quando voltou, já vestido, alguns minutos depois, Marina o aguardava, também pronta.— Você não quis tirar a roupa na minha frente dessa vez. Teve medo que eu pudesse mudar de ideia e atacar você.— Não, bobinho. Eu só quis poupar tempo. Tomarei banho na minha casa.Marcelo assentiu, compreensivo. Ela estava certa, evidentemente:— Então, vamos.Saíram do prédio de mãos dadas, e seus dedos se tocaram várias vezes durante o trajeto até a residência de Marina, sempre que Marcelo tirava a mão da marcha ou do volante. O aconchego do toque um do outro, o calor e a certeza de que estavam bem juntos enchia os corações de afeto e de certeza de que estavam seguindo o caminho certo, e que a felicidade estava lhes sorrindo.Parando diante do edifício de Marina, o namorado esperou que ela entrasse, e apenas quando ela lhe acenou e fechou
Ele balançou a cabeça, afirmativamente.— Sim. Alguma de vocês viu algo estranho, ou alguém diferente?— Não.— Não vi nada estranho.— Se houvesse algo suspeito, eu me lembraria.— Nenhum outro homem, que chamasse atenção, muito alto talvez, e de boa aparência, de quem pudessem se lembrar? Mais velho, talvez até mais velho do que eu.Elas pensaram um pouco, depois sacudiram as cabeças, em negativa.— Não, senhor.— Não, mesmo.— Desculpe, não lembro de alguém assim, que chamasse a atenção.— Também não lembro.— Está bem. Então, acho que vocês já podem ir... — disse o investigador.— Ooooh! — Elas lamentaram ao mesmo tempo.Marcelo levantou-se, bateu palmas duas vezes e depois sacudiu as mãos, despachando as garotas:— Vão, senhoritas! Circulando, circulando!Elas se afastaram, sorrindo. Marcelo trocou de banco, e repetiu o mesmo tipo de diálogo durante toda tarde, para outros grupos de garotas. Abordou também algumas pessoas mais velhas, apresentando-se antes como policial. Ninguém