─ Que reviravolta, hein? Você achando que iria vir a uma festa... e depois apenas ficar tranquilinha, recebendo uma boa e relaxante massagem nos pés do padrinho de casamento mais bonito que você já viu... ─ Alan ergueu as sobrancelhas várias vezes, brincalhão.Simone riu, e se sentiu bem com isso. Alan conseguia, até nos momentos de extrema tensão, fazer com que ela se sentisse bem. Estavam de pé perto de uma das portas do salão, aguardando o parecer da equipe antibomba, que estava no momento fazendo uma verificação e, talvez até desmontando algum artefato explosivo lá dentro.─ E veja só, você está de pé já faz um tempão, e seus pezinhos nem estão doendo... O olhar malicioso e o sorrisinho sagaz de Alan denunciou que ela sabia muito bem da farsa de Simone. Ela deu de ombros, sem se sentir realmente constrangida por ter sido pega em uma mentira descarada.─ Culpada. Eu devia imaginar que você, dentre todas as pessoas, iria notar que eu não estava sendo realmente sincera...Alan fez u
E, tão rápido e inesperadamente como começou, acabou. Simone se soltou dos braços de Alan e saiu correndo em direção ao primo.Alan ficou parado, em meio a tantas pessoas, mas sem notar ninguém. Seus olhos seguiam Simone, o coração disparado.Ela o havia beijado!Um beijo de verdade, delicioso! Ele queria muito mais!Como um autômato a seguiu, apressando-se para alcançá-la logo.Marcelo estava de mão dadas com Marina, e ambos estavam rodeados pelos amigos, ansiosos para saber o que havia acontecido de fato.─ Não havia nada! Aparentemente, fomos vítimas de uma pegadinha!Um dos colegas da delegacia indagou:─ O que havia na bolsa?Marcelo fez uma careta:─ Roupas! A bolsa era de um dos primos de Marina, que se atrasou na viagem e precisou vir direto para a festa, trazendo a bagagem com ele.─ Ah, meu pai do céu... ─ Uma policial cobriu a boca com a mão. ─ Reviraram a bolsa do coitado...─ Nós vamos arrumar, ele nem vai precisar ficar sabendo. ─ Marina soltou uma risada. ─ Ou explicare
Simone sorria, observando os amigos se beijarem e receberem uma salva de palmas como retribuição ao espetáculo dado. Lorena é mesmo uma estrela, naturalmente não estava se importando nem um pouco com a plateia. Já se fosse com ela, Simone morreria de vergonha.Ainda bem que, ao que parecia, apenas Marcelo havia assistido ao pequeno show que ela deu minutos antes, agarrando Alan e tascando um beijo nele, assim, do nada.Recordando o que havia feito, se sentiu envergonhada. O sorriso em seus lábios morreu, e ela começou a se afastar, buscando novamente o refúgio de uma mesa de canto no salão, que agora estava liberado para ser preenchido outra vez.─ Ei, eu, onde você vai? ─ Alan chamou Simone, mas ela continuou andando para longe. Ele foi atrás dela.De novo.Ao alcançá-la, estendeu a mão, tocando o braço feminino:─ Simone, espere!Ela se voltou para ele:─ Oi, o que foi?O olhar frio e o tom de voz seco pegaram Alan de surpresa. Pouco tempo antes ela estava simpática, gentil, e o bei
Uma queima de fogos era a surpresa programada por Marcelo para comemorar seu casamento da maneira mais espetacular possível.Ele não imaginava que precisaria usar o momento dos fogos como desculpa para atrair seus amigos para fora do salão de festas, muito menos que tomaria um grande susto no dia mais importante na sua vida, e na vida da mulher que tanto amava. Mas, o que era viver a não ser um monte de imprevistos, alguns agradáveis, e outros nem tanto?O que importava realmente é que ninguém havia se machucado, nenhum parente mais velho soubera do ocorrido e nem corrido o risco de enfartar no meio da recepção, e Marina não tinha ficado brava porque a festa que vinham planejado havia meses quase tinha sido estragada.Ela continuava olhando para ele apaixonadamente.E ele sentia o coração tão cheio de amor que ele mal podia acreditar em sua tamanha sorte.Mai cedo um de seus amigos havia tocado a manga de seu paletó e comentado:─ Dá aqui um pouquinho da sua sorte, seu malandro afortu
Quantas fotos!Marina adorava tirar fotos, eram registros maravilhosos para o futuro, que poderia consultar sempre que desejasse, principalmente se mandasse imprimir todas as imagens. O que ela, com certeza, faria, ainda que lhe custasse um rim.Ela sorriu mais uma vez para a câmera, ladeada por algumas amigas do curso de teatro que ministrava na Escola de Artes, o trabalho que mais amava fazer, mais até do que atuar nos palcos.Só não amava mais sua profissão do que amava Marcelo. Isso era óbvio.O amara praticamente desde o primeiro momento em que o viu, só não tinha percebido na época. E, de pouquinho, em pouquinho, ele foi se infiltrando em seu coração, sua mente, sua pele, e colocando dentro dela a certeza do amor.E ele também a amava.Com ele tinha sido do mesmo jeito.Marcelo gostou de Marina desde a primeira vista. E batalhou para que ficassem juntos, para concretizar a paixão que os inflamava, lhe dando lições de amor até deixá-la total e completamente arrebatada.Marina não
O casamento de Marina e Marcelo aconteceu em uma agradável tarde de primavera, se estendeu pela noite, e a celebração só terminou quando os primeiros raios da manhã surgiram no horizonte.A noiva usou um vestido branco, bem simples. Era comprido, mas leve. Dispensou o véu, e colocou pequenas margaridas nos cabelos, iguais ao do buquê delicado que levava nas mãos. O noivo usou camisa branca, gravata, e colete cinza, o terno foi dispensado logo após as fotos. Ambos reluziam.A família do noivo não era muito grande, em compensação a quantidade de policiais, bombeiros, socorristas e também o número de médicos que atendia na emergência de um hospital situado próximo à Delegacia onde Marcelo trabalhava, e que compareceram em massa à cerimônia, seguida da recepção, era de impressionar.Do lado da noiva veio a família do interior, junto com um punhado de velhas amigas. Terminavam de lotar os bancos para o cerimonial algumas trupes de Teatro, que já haviam atuado com Marina. Depois da benção
Estavam a aproximadamente dois metros de distância um do outro. O casal se olhava nos olhos, intensamente. E caminhando lentamente foram se aproximando, pé ante pé.Ela vinha dizendo, em voz alta e emocionada, enquanto seguia em direção ao amado:— Eu te amei sempre, mesmo antes de te conhecer.Ele respondia sorrindo, em voz igualmente clara:— Eu te amarei sempre, mesmo quando não mais existir.Pararam frente a frente, e suas mãos se ergueram até se tocarem.Seus lábios aproximaram-se bem devagar, selando com um apaixonado beijo as juras de amor verdadeiro.Houve um grande estrondo quando as palmas da plateia se ergueram no teatro. Mais uma vez, pela segunda semana consecutiva, o público aplaudia de pé ao espetáculo.O casal de protagonistas curvou-se respeitosamente diante do público, em agradecimento. O restante do elenco e o diretor, todos aguardando sua deixa para entrar, juntaram-se a eles no palco e, de mãos dadas, agradeceram a ovação.Depois que as cortinas se fecharam, Loren
Simone bateu a porta do carro se sentindo aborrecida. Estava investigando uma queixa sobre sumiço de gatos! Só a designaram para um caso tão bobo porque era mulher, e pior, recém-formada da academia de polícia. Ela ansiava por uma oportunidade de trabalhar em equipe numa grande operação, do tipo que se vê em filmes. Ao invés disso tinha que submeter-se — e agradecia a seu super-protetor primo Marcelo por isso — a verificar queixas de velhinhas solitárias que viviam rodeadas de felinos.Francamente!Quem pode sentir falta de um gato quando existem tantos desses por aí, deixando sua sujeira fedorenta em todos os canteiros de plantas da cidade?Simone não conseguia compreender!Mas a culpa de estar naquela missão sem graça e sem sentido era de Marcelo, quanto a isso não havia dúvidas.Tudo bem que Marcelo trabalhava na delegacia há muito mais tempo que ela, e tinha conquistado uma posição privilegiada por lá, mas ele precisava mesmo juntar-se ao delegado para decidir sempre o que Simone