Aquela semana Marcelo estava trabalhando de ótimo humor. A lembrança do rosto de Marina alcançando o clímax o deliciava. Aguardava ansioso o momento de reencontrá-la. No entanto, após a explosão de sensualidade entre eles, notara uma ligeira retração em Marina. Imaginou que deveria ir mais devagar, senão a assustaria. E estava com o pé no freio. Comportara-se bem todos os outros dias após aquele doce orgasmo, resumindo os encontros a beijos, conversas e carinhos inocentes. Contudo, já estava desesperado por um pouquinho mais de intimidade novamente. Talvez esta noite...Uma policial fardada aproximou-se dele no momento em que examinava alguns papéis. Anita estava na polícia havia mais tempo do que ele, era durona, respeitada e muito observadora. E não desperdiçava uma chance para opinar em qualquer assunto que julgasse pertinente, sempre de fora útil. Marcelo gostava dela, portanto quando ela parou diante dele, e baixou o tom de voz, ouviu-a com muita atenção:— Marcelo, eu estou preo
Quando Marina, Lorena e o restante do elenco saíram do teatro, após mais uma noite de ensaios, Marcelo já estava esperando, encostado em seu carro. Ele cumprimentou a amiga da namorada:— Lorena, quer que a gente te deixe em casa?— Não, obrigada, Marcelo. Dessa vez vou com o Tiago e o pessoal comer alguma coisa, depois eles me deixam em casa. Bom passeio para vocês! Aproveitem! ─ Ela deu um tchauzinho para ele antes de se afastar com os outros atores.— Pode apostar que vamos. — Deu um beijo em Marina. — Está com fome?— Um pouquinho.— Pensei em comprarmos um lanche para viagem. Quero te levar a um lugar bem bonito que eu conheço.— Por mim, tudo bem.Compraram os lanches e Marcelo dirigiu até um local íngreme, aonde não havia construções próximas. Depois que a ladeira findava havia uma área aberta, onde estacionaram o carro. Do plano mais alto era possível ver uma grande parte da cidade embaixo, com suas milhares de luzinhas brilhando. Acima deles descortinava-se um magnífico céu
Marcelo sacudiu a cabeça, meio descrente do que havia acontecido com ele. Olhando para baixo, passou a mão na parte da frente das calças.— Não consegui me segurar e gozei. Na cueca. Que merda...Marina deu uma sonora gargalhada e ele acabou rindo também.— A culpa é sua, mulher.Ela riu ainda mais.Marcelo esperou que ela ajeitasse a blusa, arrumou o banco e deu a partida no carro.Quando a deixou na porta de casa, o detetive avisou:— Amanhã coloque uma blusa menos complicada, amor. Essa de hoje estava muito difícil de tirar. E nem pensar em usar calça comprida.Marina ficou boquiaberta:— Você tem muita coragem e muita cara de pau para falar isso!Marcelo ignorou o protesto, e, com um sorrisinho provocativo a enlaçou pela cintura, unindo seus corpos num abraço caloroso. Inclinou a cabeça para que seus rostos ficassem ainda mais próximos e beijou-a suavemente. Marina esqueceu completamente a indignação que estava sentindo.— Amanhã venho por volta das sete horas. Que tal comermos alg
Marina havia passado todo o dia ansiando para rever Marcelo, e as horas pareciam se arrastar. Pensar nele a deixava em brasa, relembrar as sensações das noites anteriores era atordoante.Os dias pareciam um suplício, a rotina de sempre era entremeada com pensamentos para o namorado.Decorando o texto da peça.Pensando em Marcelo.Exercícios vocais.Pensando em Marcelo.Ensaio geral.Pensando em Marcelo.Exercícios de relaxamento.Pensando em Marcelo.Finalmente eram sete da noite. Quando o interfone tocou, ela ficou agradecida por Marcelo ser um alucinado por pontualidade.Ela estava se tornando refém do relógio. E por causa de Marcelo.— Já está pronta?— Já, mas estou comendo uma pizza com a Lorena. Quer subir e comer com a gente?Pizza e mulher bonita? Quem poderia recusar?— Agora mesmo.***Ele sentou-se no sofá servindo-se da pizza.— Aonde vocês dois vão hoje? — perguntou Lorena.— Ao cinema.Lorena o encarava.— Você mora sozinho?— Moro.— Você ganha bem? Marina resolveu
Quando Marina voltou para sala, trouxe gelo e refrigerantes:— Você ainda está tentando se dar bem em cima da Lorena? — Ela brincou. Mas então notou a testa franzida dele. — O que foi?— Estou com uma impressão muito ruim sobre esse homem que vocês procuraram. A Lorena acabou de falar que ele parece obsceno. Ele adivinhou que você é virgem! Que tipo de gente é essa que vocês têm conhecido? Vocês por acaso deram o seu endereço para este cara? As duas se entreolharam, com ar culpado. — Sim. Temos que preencher um tipo de cadastro com a secretária antes de entrar para consultar o cigano.— Pelo amor de Deus, garotas! Vocês não devem passar o seu endereço e nem o seu telefone a desconhecidos. Isso é perigoso. Vocês são duas moças morando sozinhas! Há algumas coisas muito estranhas acontecendo na cidade. Prometam que não vão mais fazer isso.Elas voltaram a se olhar com cumplicidade e culpa. Marcelo se impacientou, e sua voz soou ainda mais severa:— Prometam que não vão mais pas
— Por que você escolheu esse filme? — Marina não estava satisfeita com a escolha dele. Não devia ser a única a achar o filme uma má escolha, afinal a quantidade de bancos vazios na sala de projeção já dizia o bastante.— Porque é chato.— Você me trouxe para assistir um filme bosta?— Sim, assim o cinema fica praticamente vazio — Marcelo respondeu prontamente, sorrindo.Marina o olhou, surpresa.— Você...Marina entendeu. A intenção dele era poder namorar em um local público, mas sem despertar muita curiosidade alheira. Por isso a escolha de um cinema vazio.— Se você quer saber, eu já namorei dentro de um cinema.— E o que você fazia?Ela o beijou apaixonadamente. Quando o soltou, ele ainda estava com os olhos fechados. Abriu-os bem lentamente.— Certo... Você é muito boa em beijar e abraçar, e reage muito bem aos meus avanços, mas não é muito generosa.— Sou, sim.Ele estalou a língua:— Então por que nas noites passadas minhas mãos e minha boca fizeram todo o serviço, sem a sua aju
Abraçaram-se na portaria do edifício de Marina para um beijo de despedida:— Amanhã não poderei vir. Vai sentir saudades?O rosto dela expressou a decepção.— Por que não poderá?— Amanhã vou cobrir o turno de um colega, então não sairei antes da meia noite.Marina se apertou a ele, afundando o rosto em seu peito.— Quero ver você amanhã, Marcelo.Marcelo ergueu o rosto dela com a ponta dos dedos.— Eu também quero ver você, amor, mas precisarei dormir. — O semblante dele tornou-se maroto: — A não ser que você tenha algo melhor a oferecer do que apenas uma boa noite de sono.Ela abanou a cabeça negativamente, sorrindo.— Nada? — Ele fez um muxoxo. — Seu poder de barganha não é muito bom.— Por que não posso simplesmente ir para a sua casa e ficar com você lá? Ainda não conheci seu apartamento.Marcelo fixou o olhar azul na namorada.— Você quer dizer, dormir no meu apartamento? Somente dormir?— É. Para ficarmos juntos.Ele moveu levemente o rosto, erguendo as sobrancelhas:— Você ach
Testemunhas, sim!— Testemunhas? Ele está ficando mais displicente, atacando em locais públicos, com gente em volta? — O modus operandi mudou, mas não sei se por displicência.Ela baixou o tom de voz, discreta:— Acha que ele pode estar mais confiante... Depois de mim?— Não sei. Mas alguma coisa mudou e essa pode ser a chance de pegá-lo, antes que consiga se readaptar novamente. ***Marcelo aproveitou seu horário de almoço para deixar um televisor no apartamento de Marina e Lorena. Seu desejo principal, porém, era que a TV pudesse manter as duas moças dentro de casa, bem longe das garras de um maníaco sexual.Sua preocupação era com todas as cidadãs, mas principalmente com as mulheres que conhecia. Depois que Simone, uma policial, tinha sido atacada, estava provado que o criminoso não conhecia limites e acreditava que estava acima de qualquer lei.Sentiu um calafrio ao pensar que um psicopata estava solto por aí, fazendo o que bem