Nora Lins observava a grandiosidade da Haartcorp através das amplas janelas de vidro que se erguiam até o teto. Paris parecia pequena vista dali, o topo do mundo corporativo, onde Andrew Haart reinava. Um homem que transformara uma simples empresa em um império, mas que, aos olhos dela, guardava algo mais do que poder e sucesso.
Ela foi recebida por uma assistente que a levou até o último andar, onde o CEO bilionário a aguardava. O elevador, envidraçado e silencioso, revelou a magnitude da estrutura que Andrew havia construído, mas, ao mesmo tempo, tudo parecia frio e vazio. Ao sair, a porta dupla do escritório abriu-se lentamente, revelando um espaço moderno e minimalista. No centro, Andrew estava sentado em sua poltrona de couro, os olhos fixos nela, como se já soubesse que aquele encontro era mais do que apenas uma negociação de trabalho. "Nora Lins", ele disse, levantando-se e estendendo a mão. "Obrigada por aceitar este projeto." Ela apertou a mão dele, notando o toque firme, mas gentil, e respondeu com um leve sorriso. "É uma honra. Sua história merece ser contada." Andrew a conduziu até a mesa de reuniões, onde o contrato estava à espera. Eles se sentaram frente a frente, um silêncio confortável preenchendo o espaço enquanto ambos se estudavam, cada um tentando desvendar o outro. Nora, acostumada a desvendar personagens fictícios, sentia que Andrew escondia algo mais profundo, algo sombrio, além da fachada pública. "Vamos direto ao ponto", Andrew começou, a voz firme, porém carregada de algo que Nora não conseguia decifrar completamente. "O motivo de você estar aqui... É um pouco mais complexo do que apenas escrever uma biografia." Nora arqueou as sobrancelhas, interessada. "O que quer dizer com isso?" "Eu tenho... pouco tempo." Ele fez uma pausa, os olhos brilhando por um segundo. "Câncer terminal. Ninguém sabe disso além de mim o médico e, agora, você." Ela ficou em silêncio, absorvendo a revelação. O coração dela acelerou, mas manteve a compostura. As palavras dele pesavam no ar, como se fossem mais do que uma simples confissão. Era uma entrega de confiança, de vulnerabilidade. "E eu quero que a minha história seja contada, mas não até que tudo tenha acabado. Quando o livro for publicado, eu já não estarei mais aqui." A voz dele se tornou grave, enquanto ele observava Nora atentamente, tentando medir sua reação. "Você quer que eu seja a guardiã desse segredo." Nora sentiu um arrepio na espinha. "Ninguém pode saber até o lançamento do livro." "Exato. Preciso da sua palavra." Andrew empurrou o contrato na direção dela, a tensão crescendo entre eles. "Você não pode contar para ninguém. Nem agora, nem durante a escrita." Nora pegou a caneta, mas hesitou. Ela sabia que, ao assinar, estava assumindo uma responsabilidade que ia além de seu trabalho como escritora. Era mais do que contar uma história; era guardar uma vida, preservar um segredo que, se revelado antes do tempo, poderia mudar tudo. Eles se encararam por um momento, seus olhares carregados de uma conexão que ela não esperava. O silêncio entre eles era espesso, como se ambos soubessem que aquela conversa não era apenas sobre negócios. Era pessoal. Havia algo entre eles que nenhum dos dois ousava nomear, mas que ambos sentiam. "Eu vou contar tudo a você", Andrew disse, sua voz quase um sussurro. "Mas você tem que confiar em mim. Assim como eu confio em você." Nora assinou o contrato, sentindo a caneta deslizar pelo papel, como se estivesse marcando o início de algo muito maior do que apenas uma história. Quando levantou os olhos, encontrou os de Andrew mais uma vez. "Estou dentro", ela disse, a voz firme, mas o coração acelerado. Andrew sorriu, um sorriso leve, mas carregado de algo profundo. "Então começamos." Nora colocou a bolsa sobre a mesa de madeira escura e, com movimentos rápidos, tirou de dentro dela o notebook e um caderno de anotações. Sentou-se com postura ereta, concentrada, seus dedos tocando o teclado enquanto se preparava para registrar cada palavra que Andrew diria. Ela estava acostumada a entrevistar pessoas, a mergulhar em suas histórias, mas algo naquele homem a deixava mais alerta do que o normal. "Você está pronta?" Andrew perguntou, seus olhos fixos nela, com um tom que era ao mesmo tempo profissional e quase íntimo. Nora confirmou com um breve aceno, seus olhos encontrando os dele por um segundo a mais do que o necessário. "Sim, pronta." Andrew se inclinou para trás na cadeira, respirando fundo antes de começar. "Minha história não é algo fácil de contar. Cresci em uma família onde o dinheiro era escasso, mas o desprezo era abundante. Meus pais... eles não acreditavam que eu fosse capaz de nada. Meus irmãos, todos eles, me viam como um fardo, alguém sem futuro." As palavras dele ecoaram no ar, cada frase carregada de ressentimento e memória. Nora digitava rapidamente, seus dedos correndo pelo teclado enquanto absorvia cada detalhe da narrativa. O silêncio entre as falas de Andrew era pontuado apenas pelo som das teclas e da voz profunda dele, que, de alguma forma, parecia preencher o ambiente. Em um desses momentos, enquanto Andrew falava sobre as dificuldades da infância, Nora pausou por um instante para beber um gole de água. Foi quando ela o observou de forma mais atenta. Ele não era apenas um CEO poderoso. Não, havia algo mais. Andrew era um homem extremamente bonito, de um jeito quase hipnotizante. Seus cabelos negros estavam levemente bagunçados, mas com um ar elegante. A mandíbula forte, marcada, dava a ele um ar de força, enquanto os olhos, de um tom penetrante, pareciam capazes de ver através dela. Ele estava vestido de maneira impecável, um terno perfeitamente ajustado que destacava a postura ereta e a confiança que exalava. Sua presença dominava o ambiente de uma maneira que Nora não conseguia ignorar, e naquele momento, enquanto o observava de forma mais íntima, sentiu-se tentada de uma forma que não esperava. Havia algo nele que despertava nela uma mistura de curiosidade e desejo. Era o tipo de homem que atraía olhares por onde passava, e agora ela se via em uma situação vulnerável, tentando ignorar o calor que subia por sua pele enquanto seus olhos traçavam os contornos dele. Ela respirou fundo, tentando afastar os pensamentos que começavam a surgir, mas não conseguiu evitar a sensação de excitação que tomou conta dela por um breve momento. "Você anotou tudo?" A voz de Andrew interrompeu seus devaneios. Ele a observava com atenção, o leve arquejo das sobrancelhas indicava que ele notara sua distração. Nora piscou, voltando à realidade e rapidamente desviando o olhar para o notebook. "Ah, sim. Quer dizer... desculpe, me distraí por um segundo." Andrew sorriu, mas não era um sorriso comum. Era um sorriso sarcástico, como se ele soubesse exatamente o que havia causado a distração dela. "Distraída? Aqui? Não há nada para distrair você... Ou será que há?" A voz dele carregava um tom de provocação, e o sorriso continuava presente, nos lábios dele, como se estivesse se divertindo com a situação. Nora sentiu o rosto corar ligeiramente, tentando manter a compostura enquanto voltava ao trabalho. "Prometo que isso não vai se repetir." "Espero que não", ele disse, o sorriso ainda mais sutil agora, mas os olhos continuavam fixos nela, carregados de uma tensão que ela não conseguia negar. Depois de duas horas no escritório da Haartcorp, Nora sentia-se satisfeita com o material que havia reunido. O primeiro capítulo da biografia de Andrew prometia ser impecável, com detalhes íntimos e impactantes que ela já começava a organizar em sua mente. Andrew a observou enquanto ela revisava as anotações no notebook. "Você fez um ótimo trabalho. Acho que está pronto para o próximo passo. Que tal almoçarmos juntos para continuar a discussão?" Nora sorriu educadamente e fechou o laptop. "Eu adoraria, mas não posso. Já tenho um compromisso... Vou almoçar com meu noivo." A palavra "noivo" pareceu atingir Andrew de maneira inesperada. Por um breve momento, sua expressão endureceu, quase imperceptível, mas Nora, sempre atenta aos detalhes, notou. Ele desviou o olhar por um segundo, mas quando voltou a falar, sua voz soou diferente, como se escondesse uma leve perturbação. "Olha só, Nora... Acho que seria melhor almoçarmos juntos. Temos muitos detalhes do livro para discutir e, quanto mais rápido resolvemos isso, melhor será para o projeto." Ela hesitou. Estava claro que ele não queria aceitar um não como resposta, mas havia algo mais na insistência de Andrew que a fez reconsiderar. Talvez fosse o tom quase imperceptível de urgência em sua voz, ou talvez o fato de que ela própria não queria deixar aquele ambiente carregado de tensão mal resolvida. "Está bem", ela disse finalmente, suspirando. "Mas só por uma hora." Andrew deu um leve sorriso, satisfeito com a decisão. Eles se levantaram e caminharam juntos até o elevador. O silêncio entre eles era carregado de uma energia quase palpável, e Nora, apesar de tentar manter o foco no trabalho, não podia ignorar o que estava acontecendo ali. Quando as portas do elevador se abriram e eles saíram no térreo, o som dos sussurros e das vozes ao redor se intensificou. "Essa não é a escritora famosa, Nora Lins?", "Será que eles estão tendo um caso?", "O que será que ela está fazendo com Andrew Haart?" Nora imediatamente sentiu o desconforto se espalhar pelo corpo. O olhar dos funcionários, as especulações sobre sua presença com Andrew, faziam-na lembrar de seu noivo e de como aquela situação poderia ser mal interpretada. Andrew, percebendo a tensão em Nora, inclinou-se ligeiramente em sua direção enquanto eles caminhavam para fora do prédio. "Não ligue para o que as pessoas falam. Elas sempre vão especular sobre tudo. O importante é o que você sabe que é verdade." Nora assentiu, mas ainda assim, não conseguia afastar a sensação de estar em uma posição delicada. Andrew, no entanto, parecia estranhamente confortável com os rumores, como se, de algum modo, soubesse que sua presença ao lado dela carregava um peso maior do que apenas o trabalho.Andrew abriu a porta do carro para Nora com um gesto suave, mas calculado. Seus olhos cruzaram por um breve segundo, e ele fez questão de manter a compostura, ainda que algo dentro dele estivesse em constante alerta desde o momento em que haviam começado a trabalhar juntos. "Obrigada pela gentileza", Nora disse, sorrindo enquanto entrava no carro com a mesma elegância discreta que ele havia notado desde o início. Andrew deu um leve aceno de cabeça, fechando a porta atrás dela antes de dar a volta e entrar no lado oposto. O motorista já os aguardava, e assim que ambos se acomodaram, o carro começou a seguir em direção ao restaurante. Durante o trajeto, o silêncio se instalou entre eles, mas não era um silêncio desconfortável, pelo menos não para Andrew. Enquanto o carro deslizava pelas ruas de Paris, ele não conseguia evitar o olhar que lançava de forma sutil para Nora. A postura ereta dela, a maneira como os cabelos caíam suavemente sobre os ombros, a delicadeza de suas expressõ
A água quente caía sobre o corpo de Andrew, escorrendo pelos músculos tensos, mas sua mente estava em outro lugar. As gotas quentes não conseguiam afastar os pensamentos insistentes que voltavam para Nora. Ele fechou os olhos e a imagem dela surgiu nítida em sua mente. Ele imaginou os dois ali, no banheiro, juntos, a água misturando-se com seus corpos entrelaçados, o calor aumentando. Sentiu o desejo pulsar, crescendo a cada detalhe que sua mente criava, e, por um instante, quase pôde tocá-la. Mas de repente, uma forte tontura o tomou de assalto. Andrew segurou-se na parede do chuveiro, respirando fundo enquanto a visão se tornava embaçada. O coração acelerou, e ele soube que não era apenas cansaço. Com esforço, ele desligou a água e saiu do chuveiro, pegando a toalha às pressas. Ainda com a cabeça girando, vestiu-se rapidamente e pegou o celular. O médico precisava vir. --- "Dr. Ramos? Sou eu, Andrew. Eu preciso que venha me ver. Agora." Do outro lado da linha, o médico resp
Nora se sentou em um banco próximo à piscina, tentando se concentrar no trabalho, mas a presença de Andrew a deixava inquieta. Ele deu um mergulho, a água fazendo pequenos círculos na superfície antes de ele emergir, aproximando-se da borda. Seu abdômen estava exposto, molhado pelas gotas de água que escorriam lentamente por sua pele. Nora, sem querer, sentiu-se tensa. Havia algo hipnotizante em vê-lo tão à vontade, vulnerável, mas ainda assim, cheio de uma energia que ela não conseguia ignorar. Andrew, percebendo a distração dela, que ainda estava com o notebook em mãos, falou casualmente: "Então, você pode escrever aí..." Ele deu uma pausa, deixando que ela se preparasse, e começou a contar mais de sua história. "Minha família me expulsou de casa assim que completei meus dezoito anos. Eu não tinha feito nada de errado... Mas eles não se importaram, queriam se livrar de mim." Sua voz ficou um pouco mais grave, como se relembrar aquilo ainda trouxesse dor. "Acabei morando na rua por
Momentos depois, o médico de Andrew estava prestea chegar, e Andrew, meio desconfortável, perguntou: "Você quer ficar comigo ver o que ele vai dizer?" Sem pensar, Nora respondeu rapidamente: "Acho melhor não... estou sem nada por baixo dessa roupa, me sinto um pouco desconfortável." Assim que as palavras saíram, ela corou imediatamente, percebendo o que havia acabado de dizer. Andrew, por sua vez, imaginou Nora por baixo do conjunto de moletom, sua mente traindo-o com imagens que ele tentou controlar, mas que o deixaram um pouco excitado. Antes que a situação pudesse se prolongar, a campainha tocou. "Vou subir," Nora disse rapidamente, fugindo da tensão. Andrew foi até a porta, e, após o médico entrar, eles se sentaram para conversar. O médico não perdeu tempo e deu uma bronca em Andrew, preocupado com sua saúde precária. "Você precisa de alguém para cuidar de você, Andrew. Não pode continuar me chamando sempre que desmaiar. Isso é sério." Enquanto o médico estava com Andrew, No
A luz suave da manhã iluminava o quarto quando Nora acordou. O silêncio era tranquilo, e ela se virou lentamente, vendo Andrew ainda dormindo ao seu lado. Um sorriso involuntário apareceu em seus lábios ao observar os traços relaxados dele. Com cuidado, ela passou os dedos pelos cabelos dele, acariciando suavemente, e inclinou-se para dar um beijo carinhoso na sua cabeça. Andrew suspirou levemente, mas continuou dormindo. Levantando-se, Nora pegou uma das camisas de Andrew jogadas na cadeira e a vestiu, a camisa larga caindo até a metade das suas coxas. Ela saiu do quarto silenciosamente, descendo as escadas e indo direto para a cozinha. Lá, começou a preparar o café da manhã. Cortou algumas frutas frescas e fez um ovo mexido. O aroma do café recém-passado logo se espalhou pela casa, criando uma atmosfera acolhedora. Andrew, ainda no quarto, despertou lentamente, puxado pelo cheiro do café. Ele abriu os olhos, percebendo a ausência de Nora ao seu lado, e estendeu a mão automatic
O motorista de Andrew, estacionou o carro em frente à casa de Nora, sentindo o peso da tensão em seus ombros. Andrew saiu ao seu lado. Ela caminhou em direção à porta, respirando fundo antes de destrancá-la. Assim que abriu, gesticulou para Andrew entrar. “Pode entrar,” disse ela, com a voz um pouco hesitante, mas mantendo a postura firme. Ao dar os primeiros passos para dentro da sala, Nora foi imediatamente confrontada com uma cena que jamais imaginaria ver. No sofá da sala, seu ex, Victor, estava aos beijos e carícias com uma mulher, ambos seminus, completamente alheios ao fato de que não estavam sozinhos. Nora parou, o choque estampado em seu rosto. Seu estômago revirou, e sua voz saiu gelada e cheia de incredulidade. “Victor, o que você pensa que está fazendo?” Sua voz cortou o ar, seca e firme, enquanto o silêncio tomou conta da sala. Victor e a amante congelaram, o rosto dele imediatamente ficando pálido ao ver Nora na porta. Andrew, percebendo a situação, virou o rosto
Nora ficou em silêncio por alguns instantes, apoiada no ombro de Andrew, enquanto seus pensamentos a levavam de volta ao passado. Ela fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas que teimavam em cair de novo. Victor havia sido seu primeiro amor, e isso era algo que não se apagava facilmente. Os últimos anos de relacionamento tinham sido cada vez mais complicados, com o trabalho afastando-os e a rotina drenando o que antes era paixão e cumplicidade. O tempo e a distância tinham esgotado seus sentimentos aos poucos, mas mesmo assim, ela jamais imaginou que ele seria capaz de trai-la. A dor não vinha apenas da traição física; era o golpe emocional de saber que o homem que ela havia amado tanto, com quem sonhou construir uma vida, havia rompido a confiança de maneira tão cruel. Ela sempre acreditou que, mesmo com as dificuldades, eles ainda tinham algo para salvar. Mas ver Victor com outra mulher em seu próprio sofá foi como um tapa que a trouxe de volta à realidade. Andrew, sentindo
Alguns dias haviam se passado desde que Nora decidiu se mudar para a casa de Andrew. Ela estava determinada a deixar o passado para trás, especialmente as memórias dolorosas com Victor. Viver com Andrew parecia uma chance de começar de novo, e ela precisava disso mais do que nunca. Naquela manhã, eles chegaram juntos à empresa de Andrew, mas desta vez seria diferente. Ele queria mostrar mais do que os corredores e os escritórios. Andrew queria que Nora conhecesse cada detalhe da corporação que ele havia construído. Não era apenas um passeio pelo império dele, era uma introdução aos bastidores de sua vida, algo que seria crucial para a biografia que ela escreveria sobre ele. “Eu sei que você já esteve aqui, mas hoje eu vou te mostrar o que faz tudo isso funcionar de verdade,” disse Andrew, com um sorriso de confiança enquanto eles atravessavam o lobby luxuoso. Nora o seguiu, sentindo a familiaridade daquele ambiente, mas ao mesmo tempo curiosa sobre o que ele tinha preparado para a