Andrew ficou em silêncio por um momento, sentindo o peso da própria respiração. Sua mente ainda estava na sala de reuniões da Haartcorp, revivendo cada olhar de traição, cada palavra revestida de falsas preocupações. Ele sabia que esse dia chegaria. Só não imaginava que a ganância deles seria tão descarada. Agora, sentado no sofá ao lado de Nora, ele finalmente poderia dizer em voz alta o que aconteceu. Mas, por algum motivo, as palavras pareciam presas em sua garganta. Ele nunca teve medo de um confronto. Mas essa era uma guerra diferente. Nora manteve os olhos nele, esperando pacientemente. Ela sempre sabia quando ele precisava de espaço, mas também quando não podia deixá-lo se fechar. E Andrew apreciava isso mais do que conseguia expressar. Então ele respirou fundo, segurou a mão dela e finalmente disse: "Eles tentaram me tirar da Haartcorp." Nora piscou, surpresa. Seus olhos castanhos brilharam com um misto de incredulidade e irritação. "Eles o quê?" "Eles estavam esperan
A sala de reuniões estava montada no escritório de casa. O ambiente, antes um refúgio tranquilo, agora servia como quartel-general para a batalha que estava prestes a começar. O aroma sutil de café pairava no ar, mas ninguém parecia interessado na bebida. Ao redor da mesa, estavam aqueles em quem ele mais confiava. Pessoas que estiveram ao seu lado nos momentos mais difíceis e que, agora, estavam prontas para enfrentar essa guerra com ele. Ele se acomodou na cadeira principal, cruzou os dedos sobre a mesa e olhou para cada um ali presente antes de falar: "Imagino que todos saibam por que estamos aqui." O advogado mais experiente foi o primeiro a se manifestar. "A diretoria se reuniu novamente. O plano deles está cada vez mais claro: querem limitar seu poder dentro da empresa, mantê-lo afastado das decisões estratégicas e, eventualmente, tirá-lo de vez." A mulher ao lado deslizou um tablet para frente, ativando a tela. "Eles já começaram a sondar investidores e acionistas. Estão
A noite avançava silenciosa enquanto ele permanecia sentado na beira da cama, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos entrelaçadas. A conversa com ela ainda ecoava em sua mente. Ele prometeu que se cuidaria, mas a verdade era que cada fibra do seu ser queimava com a necessidade de agir. A porta do quarto se abriu suavemente, e ele ergueu o olhar ao sentir a presença dela novamente. Nora não disse nada de imediato. Apenas o observou por um instante antes de caminhar até ele. "Não consegue dormir meu amor?", ela perguntou, sua voz suave preenchendo o silêncio. Ele balançou a cabeça lentamente. "Minha mente não desliga." Ela suspirou e se sentou ao lado dele, seus ombros quase se tocando. "É sobre a corporação, não é?" Ele soltou um riso curto, sem humor. "É sempre sobre a corporação." Nora inclinou a cabeça, estudando-o. " Eu não aguento te ver assim!" Ele ficou em silêncio por um momento, respirando fundo antes de falar. "Vou lutar. Com tudo o que eu tenho. Eu passei
A sala estava abafada, o ar pesado, mas não apenas pelo calor. Andrew olhou para a pilha de papéis sobre a mesa, sem realmente ver os documentos ali. Sua mente estava longe, longe o suficiente para perceber, por um segundo, a sensação de vertigem tomando conta de seu corpo. Ele respirou fundo, tentando afastar a fraqueza que ameaçava dominar seu corpo, mas a dor era imensa. O câncer tinha se espalhado mais rápido do que os médicos haviam previsto. A quimioterapia, a radioterapia, tudo o que ele havia feito não foi suficiente. Ele ainda não havia aceitado, mas sabia que sua resistência estava chegando ao fim.Nora entrou na sala, e seus olhos imediatamente se fixaram nele, como sempre faziam. Ela parecia apreensiva, como se sentisse que algo estava errado, mas ele estava determinado a esconder. Não queria que ela soubesse. Não agora, não enquanto ele ainda tivesse controle.“Você está bem?” Ela perguntou com uma leveza forçada, como se tentasse quebrar a tensão no ar. “Você ficou quiet
Os dias seguintes foram um tormento silencioso para Nora. Andrew continuava se comportando como se nada tivesse acontecido, como se seu desmaio tivesse sido apenas um deslize insignificante e não um sinal claro de que seu corpo estava cedendo. Ele evitava o assunto sempre que ela tentava trazê-lo à tona, mergulhando ainda mais fundo no trabalho, nas reuniões e nas estratégias para garantir que ninguém tomasse o que era dele.Mas Nora via. Via como ele ficava cada vez mais pálido, como a exaustão se instalava em seu olhar mesmo quando ele tentava esconder. Via a maneira como ele apertava o maxilar quando uma dor inesperada o atingia e como suas mãos tremiam levemente quando achava que ninguém estava olhando.E tudo isso estava matando-a por dentro.Naquela noite, ela o encontrou no escritório de casa, como sempre, enterrado em pilhas de documentos e telas de computador, a luz do abajur projetando sombras duras em seu rosto. Ele estava sentado à mesa, tenso, o olhar fixo na tela como se
O escritório de Andrew nunca pareceu tão pequeno. Ele estava ali, sentado em sua poltrona de couro, mas não se sentia no controle. Não como antes. Seu computador estava aberto, mostrando relatórios, contratos, movimentações da Haartcorp… tudo acontecendo sem ele no comando. E aquilo o estava matando. Não fisicamente—embora seu corpo ainda carregasse as cicatrizes da batalha contra sua própria condição—mas mentalmente, emocionalmente. Ele era um homem de ação. Sempre foi. E agora, era forçado a assistir de longe enquanto seus aliados lutavam a guerra que deveria ser sua. Ele apertou as mãos contra as têmporas, sentindo a dor de cabeça latejar. Havia momentos em que se pegava pensando em simplesmente ignorar tudo. Em levantar da cadeira, vestir um terno e marchar até a Haartcorp para reassumir sua posição à força. Mas então se lembrava dos olhares preocupados de seus aliados. Da promessa que fez a Nora. Ele precisava repousar. Precisava se recuperar. E isso o irritava ma
Nora Lins observava a grandiosidade da Haartcorp através das amplas janelas de vidro que se erguiam até o teto. Paris parecia pequena vista dali, o topo do mundo corporativo, onde Andrew Haart reinava. Um homem que transformara uma simples empresa em um império, mas que, aos olhos dela, guardava algo mais do que poder e sucesso. Ela foi recebida por uma assistente que a levou até o último andar, onde o CEO bilionário a aguardava. O elevador, envidraçado e silencioso, revelou a magnitude da estrutura que Andrew havia construído, mas, ao mesmo tempo, tudo parecia frio e vazio. Ao sair, a porta dupla do escritório abriu-se lentamente, revelando um espaço moderno e minimalista. No centro, Andrew estava sentado em sua poltrona de couro, os olhos fixos nela, como se já soubesse que aquele encontro era mais do que apenas uma negociação de trabalho. "Nora Lins", ele disse, levantando-se e estendendo a mão. "Obrigada por aceitar este projeto." Ela apertou a mão dele, notando o toque fi
Andrew abriu a porta do carro para Nora com um gesto suave, mas calculado. Seus olhos cruzaram por um breve segundo, e ele fez questão de manter a compostura, ainda que algo dentro dele estivesse em constante alerta desde o momento em que haviam começado a trabalhar juntos. "Obrigada pela gentileza", Nora disse, sorrindo enquanto entrava no carro com a mesma elegância discreta que ele havia notado desde o início. Andrew deu um leve aceno de cabeça, fechando a porta atrás dela antes de dar a volta e entrar no lado oposto. O motorista já os aguardava, e assim que ambos se acomodaram, o carro começou a seguir em direção ao restaurante. Durante o trajeto, o silêncio se instalou entre eles, mas não era um silêncio desconfortável, pelo menos não para Andrew. Enquanto o carro deslizava pelas ruas de Paris, ele não conseguia evitar o olhar que lançava de forma sutil para Nora. A postura ereta dela, a maneira como os cabelos caíam suavemente sobre os ombros, a delicadeza de suas expressõ