Iara LaurenRelaxo pensativa ao tomar meu café da manhã, estou tão feliz que às vezes nem sei como fiz para merecer tantas bençãos em minha vida. Meu bebê nasceu, é uma menina linda, é a perfeição em forma de miniatura, uma cópia perfeita de Joaquim. Ela tem os cabelos pretos e os olhos iguais ao do pai. É a coisa mais linda que eu já vi.Tantas coisas aconteceram tantas coisas se passaram e olhando lá atrás eu posso dizer que eu não tiraria nenhuma vírgula se quer, do que aconteceu comigo. Mesmo as coisas ruins, elas servem de aprendizado e todas elas me fizeram enxergar que eu valia a pena, que eu sempre mereci ser feliz e que eu posso fazer muito mais por mim e pelos outros. A vida me ensinou isso e sou extremamente grata a ela.Afinal tudo se ajeita.Tenho minha casa com meus três filhos e um marido que eu amo de paixão. Minha mãe bem de saúde na medida do possível. Meu pai também está bem. Aliás, desconfio que esteja se relacionando com ela mas nunca cheguei para eles e perguntei,
Joaquim Trevor:Mais um dia de merda. A mesma rotina de sempre. Acordar cedo, olhar para a cara de bunda da minha esposa, tomar um banho gelado e ir para o quartel. Estou contando os dias para isso tudo acabar.A única coisa boa que tenho na minha vida é minha filha. Sim, sou pai de uma linda garotinha de cinco aninhos. Ela é uma criança doce, mas infelizmente é muito quieta e reservada. Não tem muitos amigos na escolinha, come pouco, dorme mais do que tudo, não interage com as crianças do condomínio, não fala faz dois anos, enfim, eu morro por dentro por vê-la assim. Faria de tudo para ganhar todos os seus sorrisos.Não sei o que a prende de ser uma menina animada como quando nasceu. Rio com a lembrança. Desde os seus primeiros meses, ria para qualquer gracinha que eu fazia. Eram ótimos tempos.//Deixo Liandra dormindo, vou em direção ao banheiro e tomo uma ducha bem quente, pois hoje é o dia mais frio do ano, o que é muito atípico, afinal, estamos no Rio de Janeiro.Vim parar aqui
Saio do banheiro somente com a toalha enrolada na cintura. Liandra está lendo uma revista passando as páginas com total força ao ponto de quase rasga-las.— Liandra quero conversar com você.— Que é? Resmunga ainda sem me fitar.— Pode olhar para mim?Pergunto irritado. É sempre assim quando tento conversar sobre os nossos problemas, ela perde a paciência e trata como algo banal.Suspira fundo e abaixa a revista.— O que você quer Joaquim?— Quero falar sobre a nossa filha.Ela revira os olhos e se ajeita na cama.— Não vê que ela é uma menina sozinha, parada, não come, não brinca. Você acha normal uma criança de 5 anos agir assim?— Você quer que eu faça o quê? Cruza os braços sobre o corpo. — Viu muito bem que eu fiz a comida dela, tentei fazê-la comer, mas foi quase impossível, ela não quer.— Porque será isso? De quem é a culpa Liandra?— A minha que não é.Ponho a mão a cabeça sentindo uma dor forte. Vou andando até o armário e começo a colocar as minhas roupas.— Eu tento, mas e
Iara Lauren.Mais que merda de tempo!Acabei de chegar no Rio de Janeiro. Estava em um evento importantíssimo de moda na Itália, minha coleção foi um sucesso, todos amaram, normal. Mas infelizmente não pude aproveitar por muito tempo.Tive que voltar rapidamente ao Brasil afinal, hoje é o aniversário da minha mãe, e se eu não viesse Deus sabe o que ela faria comigo.Piso duro furiosa pela quantidade de lama que empreguina em minha bota, juro que pensei que quando chegasse pegaria um calor dos infernos como de costume, mas não, o tempo está péssimo e eu nem me preparei para isso.Estou somente com um vestido curto vermelho, e as botas negras que batem quase ao meu joelho, o frio que bate é cruel e nada generoso comigo.Seguro o guarda chuva em uma mão e arrasto a mala na outra. Eu só vim passar alguns dias mas como sempre exagero na bagagem, muitos vestidos, shorts e poucas calças, tradução estou ferrada se o tempo não mudar.-Já era tempo Bê, quanta demora.Reclamo o vendo vir apressa
Eu não sei o que houve mais o carro já tinha saído a muito tempo da igreja e estacionava a mansão Johan.Era um dia chuvoso. Os jardins já estavam cheios de lama mas mesmo assim eu abri a porta e saí do carro. Saí pisando mesmo com os pé descalços, pisava duro consequentemente espalhando lama sobre o trapo que ainda restava do vestido branco.Em um certo ponto meus olhos se encheram de água e sem querer tropecei em meu pés caindo com tudo ao mar de lama. Sujei meu corpo por completo, mãos, pernas, cara. Eu estava no lixo.Reuni forças e me levantei recolhendo a mínima dignidade que ainda me restava.Eu me sentia o demônio de tanta raiva que me sugava, eu precisava de explicações, eu precisava ouvir de sua boca que era tudo engano, ele só tinha brincado comigo.Era esse mantra que reinava em minha cabeça, Rickson jamais me faria mal, ele me amava. É claro que amava.Abri a porta enorme da mansão como um estrondo. A primeira pessoa que vi foi Geane, estava com sua taça de champanhe, em
-Iara filha, está me ouvindo?Volto para realidade ao ouvir o chamado de minha mãe.-Sim, estou.Ela ri do meu jeito ainda perdido e vai andando para a cozinha. Verifica alguma coisa na geladeira. Mexe nas panelas e põe algo para cozinhar.-Princesa.-Sim mãe.Me sento em uma das banquetas em frente ao balcão.-Como anda sua vida amorosa querida?-A mesma de sempre, a senhora sabe que não gosto de falar sobre isso.Me mexo um tanto desconfortável no assento, não gosto que me questione, sempre acabamos em uma discussão.-Iara, não vai me dizer que anda sair com homens casados de novo?Bate na panela já transparecendo sua ironia.-E se eu estiver mãe, qual é o problema?Respondo um tanto ríspida.-Querida não foi isso que eu te ensinei. Repreende brava. -Já disse para você parar como isso e encontrar homens descomprometidos.Se põe virada para mim, com aquela cara típica de mãe durona que se pudesse me deixava de castigo.-Tantos que gostariam de ficar com você.Rio achando graça.-Eu n
-Claro que é.Encontramos o elevador do subsolo, velho e bem gasto, mas graça a Deus funciona e nos levará em direção ao meu apartamento.-Isso funciona?-Sim, vamos para o quinto andar. Aqui não tem escadas. Ou é isso ou teremos que ficar sentindo esse odor de mofo.Digo arqueando uma sobrancelha, impondo meu jeito autorário e mandão.Ele bufa e concorda.-O que foi? Tem medo de lugares abafados?Nega veemente.-Sou militar, não tenho medo de nada. Fico por você que parece ser uma mulher fresca, bem criada e mimada, me surpreende não sentir medo.Suas palavras sinceras me ferem de um jeito diferente. Em todos esses anos eu já ouvi tanta coisa, mas nunca alguém que falasse com tanta sinceridade.-Você não me conhece. Afirmo negando com cabeça. -Não fale o que não sabe.Entro no elevador e ele vem ao meu lado. Fecha a porta e sem querer apertamos o andar juntos. Merda de arrepio que sinto sempre quando o toco.Fico escorada em meu canto um tanto chateada. Todos me julgam por eu ser loi
-Entra por favor.Joaquim entra um pouco exitante. Entro em seguida acendendo as luzes da sala, vislumbrando o apartamento moderno que era para a minha mãe, mas que manejei como se fosse meu.É tudo bem claro e arejado, tem uma porta enorme de vidro dando para a varando se moldando perfeitamente com a paisagem do Rio de Janeiro. Não há visão mais bonita que essa, não há lugar mais apolínico que aqui.Viajei por diversos lugares, morei por muitos anos na Europa, por outros países no Ocidente, vezes no Oriente, mas nada que compare o ar fresco, o clima, a receptividade, resumindo a alegria. Mesmo que ela não se atenha a mim.-Sente-se por favor, vou só tomar um banho rápido, tirar essa roupa rasgada e já venho aqui.Pisco rápido algumas vezes com o nervosismo um tanto inquietante por dentro. Um nervosismo que por agora ignoro. Não sei se refere-se sobre ao fato dele ser militar, um homem que exala poder, presença. Dou um meio sorriso com o fato, sim, ele tem presença, e o pior, é que se