Enrico recostou-se na cadeira de couro de seu escritório, massageando as têmporas enquanto Leonardo, seu irmão, o fitava com olhos faiscantes. Do outro lado da sala, Matteo, seu assessor, cruzava os braços, impaciente.
— Então é isso? — Leonardo foi o primeiro a romper o silêncio. — Você simplesmente cancelou o show? O show, Enrico? A Sirena poderia ser a nossa galinha dos ovos de ouro!
— Ah, sim — Matteo interveio, erguendo as sobrancelhas. — E ela parecia bem empolgada com isso. O que exatamente você disse para ela aceitar desistir?
Enrico suspirou e ajeitou a gravata, tentando manter a compostura. Era como pisar em um campo minado. Ele precisava escolher bem as palavras.
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Aurora caminhava pelo longo corredor do terceiro andar, seguindo o segurança que Enrico havia designado para escoltá-la. A cada passo, seu coração batia mais forte, misturando a irritação e a ansiedade pelo que estava por vir. Ela ainda não acreditava no absurdo daquela situação. Acusada injustamente de roubo, forçada a aceitar um emprego que nunca havia cogitado e agora hospedada em um hotel cinco estrelas contra sua vontade. Se Enrico achava que estava lhe fazendo um favor, estava muito enganado.O segurança parou diante de uma porta de madeira escura e bem trabalhada. Ele deslizou o cartão-chave no painel e a porta se abriu com um discreto clique. Sem cerimônias, ele lhe entregou o cartão e assentiu antes de se retirar. Aurora suspirou, empurrando a porta e entrando no quarto. Enrico entrou no quarto da cobertura do hotel, fechando a porta atrás de si com um suspiro cansado. O dia havia sido longo, desgastante, e ele estava exausto demais para voltar para casa. Não era raro que acabasse dormindo ali. Na verdade, aquele quarto já era praticamente uma extensão de sua residência, sempre abastecido com o necessário para suas estadias frequentes.Sem perder tempo, desabotoou a camisa e a jogou sobre a poltrona próxima. Passou as mãos pelos cabelos, tentando aliviar a tensão acumulada nos ombros, e seguiu direto para o banheiro. O banho quente ajudou a relaxar os músculos rígidos, dissipando parte do cansaço. Depois de se secar, vestiu apenas uma calça de pijama e se jogou na cama macia, fechando os olhos, esperando pelo sono restaurador que tanto precisava. Enrico se recostou na cadeira de couro escuro do escritório, iluminado apenas pela luz suave que vinha da janela, criando um ambiente sombrio, refletindo o clima da conversa. Seu olhar estava fixo nos papéis que Lucius havia colocado sobre a mesa, como se já estivesse antevendo a vingança se concretizando diante de seus olhos. Ele esfregou as mãos, uma sensação de prazer quase palpável nas pontas dos dedos.Lucius, por outro lado, parecia cada vez mais desconfortável, os óculos escorregando sobre o nariz enquanto ele tentava não demonstrar a crescente indignação. Sabia o quanto Enrico era capaz de fazer para atingir seus objetivos, mas aquilo ia além de qualquer coisa que ele já havia imaginado. O tom de voz de Enrico era calmo, mas havia um gelo nas palavras que deixava claro que a decisão estava tomada. No fundo, Lucius também sabia que seria tolo em tentar dissuadi-lo, mas o peso da ética ainda o incomodava.— Eu entendo que você esteja arrasado por tudo o que aconteceu, Enrico. MaCapítulo 55
capítulo 1
Enrico Mansini era, sem dúvida, uma das figuras mais enigmáticas e influentes do setor de hotelaria e entretenimento de luxo, e sua ascensão ao topo não foi obra do acaso. Nascido em uma família de imigrantes italianos que se estabeleceram nos Estados Unidos, ele cresceu em um ambiente onde negócios e lealdades familiares se entrelaçavam de forma indissociável. Seu pai, um homem reservado e estrategista, foi quem fundou os alicerces do império de hotéis e cassinos, sempre mantendo uma estreita ligação com o submundo do crime organizado. Enrico, desde jovem, percebeu a importância dessa relação, e, ao contrário de muitos herdeiros que se distanciaram do legado familiar, ele mergulhou de cabeça nas complexas dinâmicas da máfia italiana, transformando essa herança em uma das maiores fontes de poder e influência do seu tempo.Sua habilidade de negociar com figuras do submundo, ao mesmo tempo que mantinha uma fachada impecável de empresário sofisticado, foi a chave para seu sucesso. Enrico
Aurora Vidal é uma jovem enfermeira de espírito forte e um passado marcado por tragédias. Criada em um bordel pela mãe, que era prostituta, Aurora conheceu desde muito cedo o lado sombrio da vida. As dificuldades e a violência a moldaram, tornando-a uma mulher desconfiada, especialmente em relação aos homens e ao amor. No lugar onde cresceu, viu e ouviu muitas coisas, coisas essas que eram mais que traumatizantes para uma criança. Alguns clientes que esbarravam com ela nos corredores, acreditavam que ela também estava disponível, mesmo quando ainda era apenas uma menina, e não foram poucas as propostas que ela havia recebido. Alguns eram verdadeiramente insistentes, chegando até mesmo a se tornarem perigosos. Com todas essas dificuldades ,ela havia conseguido crescer sem maiores danos, mas verdadeiramente impactada com toda a tristeza e dor que via nas mulheres que trabalhavam com sua mãe. Quando a mãe faleceu, ela tinha quase dezoito anos, seguiu morando no bordel por algum tempo,
Aurora não podia negar que a situação estava ficando cada vez mais surreal. A proposta de Enrico Mancini era insana, mas ele não estava ali para brincar. Ele a havia encurralado, e a única maneira de salvar seu pai era jogar o jogo dele. Mas isso não significava que ela fosse deixar de ser astuta.Ela encarou o homem à sua frente, sem perder a postura, enquanto o contrato ainda estava sobre a mesa, com a tinta fresca de sua assinatura. O estômago de Aurora revirava com a ideia de se submeter àqueles termos, mas havia uma coisa que ela sabia melhor do que ninguém: nem tudo era o que parecia. E, ao que parecia, Enrico Mancini não era apenas um lunático. Ele era astuto, mas ela também sabia jogar o jogo.— Senhorita Vidal.. - Enrico começou com um olhar astuto, mas arrogante.— O contrato está assinado. Agora, temos um acordo.Aurora levantou o olhar devagar, observando-o com uma expressão que misturava desafio e uma leve frustração. Ele podia ter o poder agora, mas ela não se entregaria
Focada em seu objetivo, ela havia ido encontrá-lo no aeroporto, vestida totalmente a caráter. Deu um pouco de trabalho procurar, mas ela encontrou em uma loja de fantasias um vestido que era formado por um cropped branco e uma micro saia azul, ligados apenas por uma argola na frente. Ela também comprou botas de couro pretas que passavam bastante na altura dos joelhos, um sobretudo bege que ia quase até os pés e uma peruca loira com corte Chanel. Para completar o look, ela fez uma tatuagem de Henna, na parte que ficava amostra na barriga, com um enorme e visível, “Enrico” escrito. Aquela brincadeira não havia saído barata, mas ela fez questão de gastar o dinheiro que ele havia dado para que ela se preparasse para a viagem. Enquanto ela caminhava no saguão do aeroporto, indo de encontro a ele, devidamente trajada como um cosplay da Julia Roberts em uma linda mulher, Aurora não tinha certeza pela expressão de choque no rosto de Enrico, se ele a mataria ali mesmo ou sairia correndo em al
A casa de praia de Enrico não era nada menos que maravilhosa. Uma verdadeira mansão na praia Cala de São Vicente. Aurora deveria saber que ele não frequentaria nada menos que as praias de Ibiza. A casa era em estilo americano, porém bastante opulenta. Tinha cerca de vinte cômodos ao todo. Uma enorme sala de jogos, duas piscinas, uma na parte externa e uma aquecida em uma área interna. Os dois únicos cômodos da casa que ela ainda não havia entrado eram o quarto e o escritório de Enrico. Esses eram zona de risco, e por mais que ela fizesse de tudo para provocá-lo, inclusive ficar chamando-o de Dom Corleone,fazendo alusão ao famoso mafioso do cinema, invadir assim o espaço dele era demais até mesmo para ela.O seu lugar favorito na casa era a piscina, graças a ela já havia pegado um certo bronzeado, Enrico não gostava muito de frequentar praias populosas, e do jeito que ficava trancado naquele escritório, passava muito tempo imerso no trabalho. Aquilo nem poderia ser chamado de ferias na